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Há 10 anos atrás os coletivos autônomos apareciam na grande mídia apenas nas Ações Globais, mas não éramos e não somos apenas "Ações Globais". Éramos e somos coletivos envolvidos com as mais diversas lutas - feministas, vegan, anarquistas, de rádios livres, zapatistas, ambientalistas, de okupas, artísticas, indígenas, de educação popular, etc - que encontraram nas Ações Globais uma maneira de se unir em lutas comuns mais amplas e se conectar em redes de comunicação e solidariedade. Essa construção de autonomias e aprendizagens locais nunca acabou: estamos aqui criando, amadurecendo, ganhando experiência. Por outro lado, a visibilidade propiciada pela grande mídia nunca nos representou. Foi por causa desse grande obstáculo que é o monopólio da comunicação de massa por grandes corporações capitalistas e estados nacionais que nasceu o CMI. Inicialmente era apenas um sítio criado para compartilhar arquivos e informações entre manifestantes. Uma solução para a comunicação entre as lutas das ruas de cidades e países diferentes. Depois consolidou-se como uma enorme malha na internet de sítios de jornalismo de publicação aberta - qualquer leitor pode publicar -, autogerida por uma ampla e horizontal rede mundial de coletivos autônomos do CMI (ou Indymedia). Para além da internet, estes coletivos conectaram-se também com experiências de rádio livre, comunitária, vídeo popular, e tantas outras lutas...
Quando os coletivos autônomos estamos dispersos, fragmentados, nem por isso estamos deixando de nos comunicar. Apenas não temos uma visão de conjunto. Os nossos e muitos outros movimentos tanto acumulamos experiência, sabedoria e arte nos últimos anos que novamente conseguimos juntos ocupar as ruas no planeta inteiro. Desta vez com uma nova estratégia que é tudo que já foi feito antes e um mundo de novidades, mas com um pequeno detalhe que está gerando todo um novo encanto e abrindo possibilidades inexploradas: a permanência por tempo indeterminado nas praças, modelo de ação que nasceu no Egito durante a Primavera Árabe. O principal fruto desta tática está sendo a revalorização da oralidade como forma de luta, pois é ela que predomina nas praças e ruas quando nelas fixamos pontos permanentes de encontros, debates, oficinas, teatro, pintura coletiva, e tantas outras formas de construção de lutas comuns. A palavra falada, cantada, encenada, fofocada, é a forma de comunicação mais descentralizada que existe. Falar todo mundo fala, e cada falante pode selecionar, interpretar, criar sua versão, e ainda desaparecer no anonimato da multidão de falantes. Há também vantagens contra a repressão: "na cultura popular não há ortodoxia, nem centro, já que não existe um texto primário que sirva de medida para a heresia (...) Parte da relativa impunidade da palavra falada se deve ao seu baixo nível tecnológico. As gráficas e máquinas copiadoras, e inclusive as máquinas de escrever e os gravadores podem ser confiscados; os transmissores de rádio podem ser localizados, mas, a menos que se elimine o falante, a voz humana é incontrolável" (James C. Scott).
Porém, todos e todas sabemos que o controle sobre os usos das tecnologias de comunicação continua sendo uma arma poderosa contra os povos, e experiências como a do CMI continuam necessárias onde quer que tenhamos que superar distâncias no tempo e no espaço para nos comunicar do modo mais democrático que pudermos. O CMI é aberto à publicação e à participação de qualquer pessoa. Aproveitamos para fazer um convite especial para que as/os compas das Ocupações Mundiais do Brasil façam do CMI-Brasil mais um dos seus instrumentos de luta e comunicação, publicando as suas próprias versões dos fatos e controlando a gestão da informação através da participação em algum dos nossos coletivos locais, ou criando novos coletivos. Estamos junt@s! As corporações e empresas estatais de mídia não nos representam! Democracia real já!
Voluntári@s em resistência da rede CMI Brasil
Fonte: http://www.midiaindependente.org/
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