Sábado, 9 de dezembro, a partir das 10 horas, Rua Mauá, 350, República, São Paulo – SP
Nenhuma
escolha é neutra ou inofensiva, práticas de silêncio e de silenciamento podem
ser, e com muita frequência são mesmo, cúmplice de quem pertence a um seleto
grupo de pessoas privilegiadas e que podem dar-se ao luxo de não refletir sobre
questões complexas e que são muito caras para quem ocupa os lugares de opressão
numa sociedade capitalista, heteronormativa, misógina e racista.
A
partir da análise coletiva e histórica de muitos grupos compostos por mulheres
de que nenhuma organização está isenta de reproduzir ou coadunar com agressões
contra nós, acreditamos que chegou o momento de nos organizar por nós mesmas e
deixar de ter como parâmetro o que é imaginado, elaborado e composto por
homens, com métodos pensados e desenvolvidos por homens.
Inclusive
porque estamos bastante cansadas de não encontrar circulação adequada de
materiais sobre apontamentos e realidades que dizem respeito a qualquer pessoa
que se identifique com uma política libertária, mas que constantemente são
relegados aos assuntos de mulheres, tais como violência doméstica (praticada
por homens), descriminalização do aborto e suas consequências (com a
participação de homens), heterossexualidade compulsória (que beneficia a classe
dos homens), métodos de segurança para mulheres vítimas de diversos tipos de
agressões psicológicas (praticadas por homens), entre tantos outros temas que
não constam na agenda anarquista enquanto pauta essencial para a constituição
de uma sociedade igualitária, baseada na liberdade e no apoio mútuo. Estamos
cansadas também de encontrar nossos agressores denunciados ano após ano
circulando tranquilamente enquanto somos obrigadas a nos retirar seja por
trauma, por falta de apoio, cansaço ou constantes assédios morais daqueles que
defendem seus parceiros agressores até o fim.
Portanto,
é nessa perspectiva de endurecer nossos corações contra o patriarcado, aprender
a matar aquilo que não desejamos colaborar e com a convicção de que fortalecer
a nós mesmas entre as nossas é a melhor solução para inúmeras questões que
sequer são abordadas em espaços mistos, organizamos a I Feira de Mulheres
Anarquistas de São Paulo.
Temos
como princípios básicos o apoio mútuo e solidariedade política entre mulheres,
a maior diminuição possível da existência de hierarquias, ação direta e
auto-organização como práticas autogestionárias, antipatriarcalismo e
antirracismo.
Todas
as mulheres que quiserem construir conosco da forma como puderem, serão bem
vindas. Basta entrar em contato pela página, pelo site ou pelo e-mail. Força
para todas nós e seguimos na resistência!
E-mail: fdma@riseup.net
Site: www.fdma.noblogs.org
FB: Feira
de Mulheres Anarquistas
agência
de notícias anarquistas-ana
o
fogo partiu saciado
a floresta de luto
soluça
a floresta de luto
soluça
Eugénia
Tabosa
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