terça-feira, 13 de novembro de 2012

Desobediência Vegana: A construção da arte de ser vegano – parte 1 - por Ellen Augusta Valer de Freitas

Desobediência Vegana: A construção da arte de ser vegano – parte 1
No livro ‘A arte de amar’, o psicólogo Erich Fromm aborda de forma simples e clara como construir o amor. Explica que amar é uma arte e não somente um dom, restrito a poucos, como se houvesse caído do céu. A sociedade encara o ato de amar como mais uma mercadoria a ser adquirida, trocada, vendida ou conquistada, como mais um equívoco do modo capitalista de viver que atinge a todos, mesmo os que se consideram ‘contra’ o sistema em que vivem. Até mesmo o amor materno é questionado e o autor mostra-nos como podemos praticar a arte de amar. Para construir um estilo de vida, um sentimento, um modo de ser, é preciso muito mais que novas roupas, som maneiro ou novas tatuagens. Um modo de viver passa por pequenas construções ao longo da vida. Se uma pessoa pensa em ter filhos, em fazer uma longa viagem, em cursar uma faculade ou outro projeto de valor, com certeza deveria se preparar para tal, incluindo aí o preparo de sua saúde física.

Para ser vegano, há um mínimo de preparo intelectual necessário, leituras, pesquisa por informações corretas e ler rótulos, a fim de não usar nada que tenha vindo da exploração animal. Esse passo não é executado por muita gente, mas é básico. Há uma preparação que considero importante para que se permaneça vegano, que é a construção do veganismo.

É importante estar atento à saúde, ao tipo de vida que leva, às relações que construiu. Muita gente virou vegetariano e voltou atrás, por que levava uma vida tóxica – expressão usada pela filósofa Sonia T. Felipe, se obriga a usar produtos que o mercado oferece e se dobra ao sistema que oferece opções de liberdade, como afirma de maneira brilhante Erich Fromm. Ou seja, leva aquela vida infeliz, carregada de muletas psíquicas, que não se vê nem com um pouco de liberdade para dizer não. É a cerveja que não posso deixar de tomar, é a churrascada com os amigos da firma a quem tenho medo de dizer não, pois posso perder o emprego.

A atitude de ser vegano passa primeiramente por uma construção do caráter, que vai ensinar a dizer não, quando quiser, e a enfrentar a sociedade que fica a controlar os indivíduos mesmo quando não há ninguém olhando. O controle social é tão forte que muitas pessoas procuram desculpas para continuar a usar determinada marca, mesmo sabendo que faz horríveis testes em animais, que patrocina rodeios e outras barbáries – é muito mais fácil arrumar desculpas do que falar um sonoro e claro não. Uma pessoa bem resolvida pode conviver pacificamente num lugar onde existam pessoas não-veganas e não-vegetarianas. É o ideal, desde que as outras também saibam respeitar diferenças. Pessoalmente acho desnecessário conviver com pessoas que ficam o tempo todo debochando, fazendo piadinhas ou criticando como se fossem o exemplo de coerência.

Há pessoas respeitosas em todos os círculos e cabe a nós escolhermos com quem queremos conviver. Mas é importante essa escolha.

Todos os meus amigos são completamente diferentes entre si, mas possuem uma única coisa em comum: respeitam e se fazem respeitar.

Nenhum comentário: