domingo, 9 de janeiro de 2011

Cesare Battisti: antes que seja tarde demais

Cesare Battisti: antes que seja tarde demais

É necessário alertar a opinião pública de esquerda para a possibilidade, cada dia mais próxima, de um golpe de Estado judicial que coloque Cesare Battisti num avião rumo à Itália. Por Passa Palavra
As declarações feitas à imprensa pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Cezar Peluso, além de artigos como o do jurista Wálter Maierovitch e da ação popular apresentada por Fernando Destito Francischini, deputado federal eleito pelo PSDB do Paraná, mostram que a direita está seguindo um caminho inescrupuloso para tentar, com uma pirueta jurídica, passar por cima de uma decisão legal de Lula e colocar Cesare Battisti num avião para a Itália. Aliás, era precisamente isto que desde há algum tempo previam vários ativistas defensores de Cesare. A direita tenta fazer passar como algo normal este verdadeiro golpe de Estado judicial.

Na última sexta-feira, o advogado de defesa Luís Roberto Barroso afirmou em nota pública que a negação do Habeas Corpus pelo presidente do Supremo Tribunal Federal viola “o princípio da separação de poderes e o Estado democrático de direito” e que a “manifestação do Presidente do Supremo, sempre com o devido e merecido respeito (afirmação que é sincera e não meramente protocolar), constitui uma espécie de golpe de Estado”. O ex-ministro da Justiça Tarso Genro igualmente denunciou a manobra de julgar a decisão de Lula: “Quando o Supremo Tribunal Federal, que é a instância máxima do Judiciário, age de forma absolutamente ilegal e ditatorial como agora, cria-se a pior das situações, pois não há mais a quem recorrer”, disse ao site iG.

Logo após a decisão de Lula, viu-se as raivosas declarações das autoridades italianas, “as passeatas e as sugestões publicadas na imprensa de que Cesare Battisti deveria ser seqüestrado no Brasil e levado à força para a Itália, apenas confirmam o acerto da decisão presidencial”, comentou Barroso. No Brasil, a decisão foi recebida com furor pela direita. Para Tarso, “os que chamam Battisti de terrorista são os mesmos que defendem a impunidade aos torturadores, que vivem soltos e impunes pelo País afora.”
Já não dá mais para tratar com meias palavras a situação de Cesare Battisti. Infelizmente, desde o momento em que Cesare foi preso ouvimos vários dos seus defensores, tanto no Brasil como na Europa, defenderem uma política do silêncio e pretenderem que as pressões nos corredores seriam mais eficazes do que as pressões públicas. Ainda na véspera de Lula ter tomado a decisão de não extradição algumas dessas pessoas faziam campanha para que os defensores de Cesare se mantivessem em absoluto silêncio, nem sequer prestando declarações a jornalistas, com o perverso argumento de que tudo o que dissessem só estimularia a má vontade do governo italiano. Como se a má vontade do governo italiano pudesse ser estimulada!

E, assim, o alheamento em que os movimentos sociais e os partidos políticos da extrema-esquerda se mantiveram acerca da situação de Cesare Battisti — alheamento que nós, no Passa Palavra, sempre temos criticado, tanto em público como em privado — foi objetivamente estimulado por aqueles que viam nessa atitude uma caução da política do silêncio e das pressões nos bastidores.

Mas hoje todos podem entender claramente que a política do silêncio é a política do avestruz.

É necessário alertar a opinião pública de esquerda para a possibilidade, cada dia mais próxima, de um golpe de Estado judicial que coloque Cesare Battisti num avião rumo à Itália antes de a defesa de Cesare ter qualquer possibilidade de reação.

Fonte: http://passapalavra.info/

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