domingo, 2 de janeiro de 2011

Cesare quase livre? Estamos contentes. Estamos insatisfeitos - Por Passa Palavra

Cesare quase livre? Estamos contentes. Estamos insatisfeitos

Estamos contentes. Mas estamos insatisfeitos porque a extrema-esquerda alheou-se da questão e entregou a solução a um presidente classificado como favorável ao capitalismo. Por Passa Palavra
O presidente Lula decidiu, no último dia do seu mandato, recusar a extradição de Cesare Battisti e conceder-lhe refúgio. Mas como o presidente do Supremo Tribunal Federal declarou que esta instância irá apreciar os argumentos invocados por Lula e que isso só ocorrerá em Fevereiro, a luta pela libertação de Battisti continua. Apesar de tudo, a situação tornou-se mais favorável.

Estamos contentes. Desde o primeiro dia lutámos pela liberdade de Cesare Battisti. Para nós não se tratava apenas de alguém sujeito a uma injustiça. Na pessoa de Cesare o Estado italiano pretende atingir toda uma geração de combatentes, toda uma história de que nós resultamos, toda uma luta contra o capitalismo que é a nossa luta.

Mas estamos profundamente insatisfeitos. Estamos insatisfeitos porque os partidos de extrema-esquerda perderam uma oportunidade de mostrar que o internacionalismo deve ser mais do que uma palavra de ordem abstracta. Estamos insatisfeitos porque os movimentos sociais perderam uma oportunidade de mostrar que os seus objectivos particulares devem inserir-se em frentes de luta muito mais amplas.

Estamos insatisfeitos porque a extrema-esquerda preferiu alhear-se deliberada e sistematicamente de uma questão que sabia ser polémica e entregou a solução a um governo e a um presidente classificados como favoráveis ao capitalismo. E assim a decisão de Lula, favorável a Cesare Battisti, corresponde a uma derrota — mais uma — da extrema-esquerda.

Ao lado de Cesare não têm estado organizações, mas pessoas devotadas e solidárias. Para elas vão as nossas saudações.

E a luta não termina aqui. Mesmo que a decisão de Lula seja aplicada, o Estado italiano mostrou ter uma memória tão persistente quanto rancorosa e certamente continuará a reivindicar a extradição de Battisti. E a extrema-direita, tanto italiana quanto brasileira, goza de protecções que lhe dão em audácia o que lhe pode faltar em coragem. É indispensável prosseguir a campanha pela libertação de Cesare Battisti e assegurar-lhe depois condições de sobrevivência e de segurança. Será que de agora em diante Cesare continuará a deparar com a mesma indiferença das organizações de extrema-esquerda?
Fonte: http://passapalavra.info

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