segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Democracia de fachada: Um “recado” a quem apoia o WikiLeaks - por Natalia Viana

Um “recado” a quem apoia o WikiLeaks

Mal começa o ano, e a primeira grande notícia em relação ao WikiLeaks é que o governo americano decidiu apertar o cerco contra colaboradores da organização.

Uma ordem expedida pela justiça do estado da Virgínia em 12 de dezembro de 2010 exigiu ao site Twitter entregar ao governo americano informações sobre 5 usuários, incluindo: endereço, telefone, emails, histórico de uso, incluindo horários, IP dos computadores usados, e meios de pagamento de serviços pagos, como informações sobre as contas em bancos ou cartões de crédito.

Para ver em PDF a liminar a da justiça, clique aqui. A ordem foi mantida em segredo até o dia 5 de janeiro, quando outra ordem judicial determinou a sua publicação por ser “de interesse da investigação”. Veja essa ordem aqui.

Além de Julian Assange e de Bradley Manning – o jovem analista de inteligência do Exército acusado de vazar milhares de documentos para o WikiLeaks – também são objeto da ação uma deputada da Islândia, Brigitta Jonsdottir, e um hacker holandês chamado Rop Gonggrijp.

Eles teriam sido voluntários na “produção” do primeiro vídeo sobre o Iraque postado este ano pelo site. O vídeo mostrava um helicóptero Apache da força aérea dos EUA matando civis e jornalistas em Bagdá.

“Não é só sobre minha informação”, afirmou a deputada Brigitta Jonsdottir. “É um aviso a qualquer um que tenha tido qualquer coisa a ver com o WikiLeaks. É totalmente inaceitável que o departamento de Justiça do EUA estenda seus músculos dessa maneira. Eu tenho sorte, sou uma representante do parlamento. Mas e as outras pessoas? É minha obrigação fazer o que puder para parar com esse abuso”.

Agora, o WikiLeaks quer que o Google e o Facebook tornem público qualquer ordem semelhante que tenham recebido. A organização acredita que essas empresas receberam a mesma ordem.

Dá medo. A ordem judicial mostra como a empreitada americana não se limita ao grupo que faz parte do WikiLeaks, mas também a quem ousa colaborar com essa iniciativa. É no mínimo uma intimidação velada.

Além disso, a ordem expõe que a internet está longe de ser um território livre e seguro a iniciativas ousadas. É uma arena dominada por empresas americanas suscetiveis a variados tipos de pressão. Um a um, os sites e empresas mais populares estão tendo que se curvar à obstinação americana de punir o WikiLeaks pelo serviço público que tem prestado.

Fonte: http://cartacapitalwikileaks.wordpress.com/

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