sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Estado Assassino: Ativistas palestinos defendem boicote a Israel - por Sâmia Gabriela Teixeira

Ativistas palestinos defendem boicote a IsraelLíderes do campo político e social da Palestina participaram de debate no I Encontro Nacional de Solidariedade ao Povo Palestino, na scola Nacional Florestan Fernandes, em Guararema (SP)

Novembro é tradicionalmente um mês em que são discutidas questões sobre a situação do povo palestino que vive em refúgio ou sob ocupação israelense há mais de 60 anos. O I Encontro Nacional de Solidariedade ao Povo Palestino aconteceu nos dias 25, 26 e 27 de novembro, no interior de São Paulo, em Guararema, na Escola Nacional Florestan Fernandes. O evento, que foi promovido por diversos movimentos do Brasil, pela CUT e MST, trouxe para mesas de debate líderes palestinos que são referência no campo político e social na Palestina.

Dentre os convidados, estavam representantes da UPWC (União dos Comitês das Mulheres Palestinas), do UAWC (União dos Comitês do Trabalho Agrícola), sindicalistas, camponeses e estudantes. Tiveram destaque as mesas com Leila Khaled, ativista conhecida por ser a primeira mulher a realizar sequestros de aviões na década de 70, como negociação para a liberdade de presos palestinos, e Abla Saadat, ativista que articula programas de educação política para as mulheres na Palestina.

As mulheres e a ocupação
Para Ruba Odeh, representante da União de Comitês das Mulheres Palestinas, estar perto de uma líder política tão forte na Palestina era como um sonho. A líder, no caso, era Leila Khaled, que assistia as apresentações. “Todas as meninas da minha geração sonham em estar perto da Leila. Com ela aprendemos a lutar não só pela Palestina, mas pela igualdade entre mulheres e homens, contra o militarismo da ocupação discriminalização da mulher”, relata Ruba.Ruba Odeh relatou a situação das mulheres na Palestina ocupada

Para ela, o principal objetivo do movimento do qual faz parte é, por meio de um programa político, fortalecer a autonomia da mulher na Palestina ocupada. “Como os homens estão presos, hoje a mulher assume novas tarefas, e devemos ajudá-las a compreender a situação política e a buscar autonomia, seja individualmente ou em trabalhos coletivos como as cooperativas”, explicou.

O reconhecimento do Estado Palestino
Taha Rifai, representante da União dos Comitês do Trabalho Agrícola, utilizou mapas que mostravam de maneira gradual o confisco de terras palestinas pelo Estado de Israel e, a partir da diferença de proporção entre terras árabes e israelenses, ele colocou em pauta a questão da divisão da Palestina em dois Estados. “Com estas imagens podemos notar como perdemos a soberania destas terras. Quanto a criação de dois Estados, não preciso dizer nem que sou a favor e nem que sou contra. Basta olhar a imagem e vemos a impossibilidade disso”, afirmou.

Além dessa questão, Rifai comentou sobre a taxa alarmante de desemprego entre os palestinos. Segundo Atef Saed, há 87 mil palestinos trabalhando em empresas israelenses. No entanto, Rifai e Leila Khaled ressaltaram que 7 mil palestinos registrados como funcionários em empresas israelenses.

Presos políticos
Segundo Abla Saadat, líder represenante dos movimentos que lutam pela libertação dos presos políticos palestinos, há em cárcere atualmente 11 mulheres, 176 crianças – 31 delas com menos de 16 anos – 23 parlamentares 175 de Jerusalém , 165 dos territórios de 1948, 496 de Gaza, 523 sem julgamento e 270 presos administrativos. Destes, 23 estão presos há mais de 25 anos, muitas das vezes sem ter o direito de visita ou qualquer contato com os familiares.Série de debates na Escola Nacional Florestan Fernandes reuniiu líderes palestinos, sindicalistas da CUT, militantes do MST e de outros movimentos

Boicotes e desinvestimentos
O representante do movimento Stop the Wall, Jamal Jaafreh, explicou que uma das estratégias mais importantes para enfraquecer a violação de direitos humanos cometida por Israel é divulgar e executar campanhas de boicote e desinvestimento. “O boicote a Israel não é só bom para a Palestina, mas antes de tudo para o próprio Brasil”, defendeu.

“Um país que lutou contra o imperialismo e a ditadura militar, que conquistou seu espaço, não pode ser conivente com um Estado que não respeita os direitos humanos. Não pode aceitar empresas bélicas israelenses em seu território. O valor da liberdade está enraizado na cultura brasileira e este país deve liderar o continente, sendo exemplo de respeito aos direitos humanos”, concluiu Jaafreh.
Fonte: www.revistaforum.com.br/

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