sexta-feira, 20 de julho de 2018

Famílias brasileiras veem o risco de voltar ao mapa da fome da ONU. Com a redução de políticas sociais e a grave crise econômica do país, a situação de miséria volta a atormentar - por Latuff

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A sacerdotisa do deserto - por Jota Camelo

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O apartheid e a limpeza étnica são agora oficiais em Israel - por Latuff

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[São Paulo-SP] Chamado para uma Feira de Materiais Independentes – Atividades da “sexta semana internacional em solidariedade pelxs anarquistas presxs” – por A.N.A.

[São Paulo-SP] Chamado para uma Feira de Materiais Independentes – Atividades da “sexta semana internacional em solidariedade pelxs anarquistas presxs".
Em resposta ao chamado da “sexta semana internacional em solidariedade pelxs anarquistas presxs“, que acontecerá do dia 23 ao 30 de agosto, haverá uma primeira Feira de Inverno de Materiais Independentes no dia 25 deste mês.

Este é um chamado aberto para quem quiser nos enviar propostas com o foco antiautoritário para somar na atividade. Além disso, é principalmente um convite para participar dessa iniciativa no espaço Tia Estela, situado debaixo do “Viaduto Alcântara Machado” em São Paulo. Toda contribuição para autogestão do espaço é bem-vinda.

A luta pela liberdade não acontece sem a luta contra as prisões. Estes espaços repugnantes estão cercados por muralhas, formas violentas de controle, dispositivos de segurança e vigilância constante. Sem uma estrutura como estas seria impossível de algum Estado ou qualquer governo manter-se no poder. É necessário enxergar as cadeias não só como a principal ferramenta da dominação contra as pessoas subversivas que preferem a guerra à passividade das massas, mas também como laboratório do sistema e um dos principais meios para perpetuar a escravidão e o trabalho.

Uma batalha foi perdida porém mesmo atrás das grades a luta continua. Dentro das cadeias está, de maneira contida e continuada, os conflitos contra os aparatos jurídicos dos Estados nação e toda sociedade moralista que lhe dá suporte. Essa realidade prolonga a caminhada pela destruição da civilização, das máquinas predatórias do mundo cibernético e industrial, de todas as grades, muros e fronteiras que massacram a vida na terra.

Por essas e muito mais coisas, é necessário apoiar xs anarquistas presxs, não deixá-los sós e, com isso, voltar nosso olhar para as pedras pilares que dão corpo ao inimigo.

“Viver a anarquia comporta o risco de acabar no cárcere” – Marco, cárcere de Alexandria.

O cronograma completo estará disponível no dia 23 de Agosto. Envie uma mensagem, envie uma contribuição!

Inverno Anárquico


Conteúdo relacionado:
https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2018/07/13/6a-semana-internacional-de-solidariedade-aos-prisioneiros-anarquistas/

agência de notícias anarquistas-ana

O frêmito cessou.
A árvore abre-se
para conter a lua.

Eugenia Faraon

Fonte: https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2018/07/19/sao-paulo-sp-chamado-para-uma-feira-de-materiais-independentes-atividades-da-sexta-semana-internacional-em-solidariedade-pelxs-anarquistas-presxs/

Arte para Mães em Luto da Zona Leste, movimento que reúne mães que perderam filhos assassinados pelo polícia na zona leste de São Paulo - por Latuff

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segunda-feira, 16 de julho de 2018

Anticapitalismo, ecossocialismo e movimentos sociais: uma entrevista com Michael Löwy – por Marco Álvarez*

Anticapitalismo, ecossocialismo e movimentos sociais: uma entrevista com Michael Löwy

Pensador marxista fala sobre América Latina e os desafios do Anticapitalismo
Michael Löwy, sociólogo brasileiro radicado na França / José Eduardo Bernardes/Brasil de Fato

O franco-brasileiro Michael Löwy é um dos mais destacados intelectuais revolucionários em nível mundial. O sociólogo e filósofo marxista é um dos principais impulsionadores da alternativa ecossocialista. Em uma entrevista exclusiva para a Fundação Miguel Enríquez, do Chile, ele dialoga sobre o marxismo na América Latina, movimentos sociais, o novo internacionalismo e os desafios do anticapitalismo.

Fundação Miguel Enríquez: Michael, no seu livro O Marxismo na América Latina, você assinala três períodos na história do marxismo na região: um “período revolucionário”, a partir dos anos de 1920 até meados dos anos 30, no qual se sobressaem o aporte teórico de [José Carlos] Mariátegui e a experiência de insurreição em El Salvador, em 1932; um “período stalinista”, iniciado em meados dos anos 1930 até 1959, marcado pela hegemonia soviética; e um terceiro que você denomina “novo período revolucionário”, iniciado com o triunfo da revolução cubana. Continuando com essa classificação, como você denominaria a etapa do marxismo na América Latina dos últimos 25 anos e quais seriam suas principais características?
Michael Löwy: Boa pergunta… É difícil saber se o período revolucionário aberto pela Revolução Cubana segue até hoje, de alguma forma, ou se ele terminou logo depois de 1990 (derrota dos Sandinistas [Nicarágua], dos Acordos de Paz em El Salvador). Talvez o futuro nos dê a resposta. Outra hipótese é considerar terminado o capítulo iniciado em 1959 e definir os últimos 25 anos como “a batalha antineoliberal”: é um período no qual se ensaia, em vários países do continente, saídas do inferno neoliberal. Uma hipótese mais otimista seria falar de um período de “socialismo do século 21”, mas isso é, por enquanto, mais um horizonte de esperanças que uma realidade social. O que caracteriza esse período é: 1) a grande dispersão da referência marxista, que já não é limitada às correntes “clássicas” da esquerda; 2) a vitória eleitoral da esquerda na maioria dos países, mas com uma diferenciação muito clara entre os governos social-liberais (Brasil, Uruguai, Chile) e os anti-imperialistas (Venezuela, Bolívia, Equador), com várias situações intermediárias.

No prefácio da reedição do livro A Teoria da Revolução no Jovem Marx, você se refere às “numerosas lacunas, limitações e insuficiências de Marx e da tradição marxista” e sugere corrigi-las “por meio de um comportamento aberto, uma disposição a aprender e se enriquecer com as críticas e contribuições de outros setores”. Nesse contexto, como se expressaria esse comportamento aberto e quais são esses “outros setores” chaves para corrigir a teoria marxista e suas contribuições?
Em primeiro lugar, acredito que nós, os marxistas, temos que estar dispostos a aprender com os movimentos sociais: sejam os mais “clássicos”, como o movimento operário e o camponês, ou os mais “heterodoxos”, como o feminismo, o indigenismo, as redes de luta contra o racismo. Trata-se, nestes últimos casos, de problemáticas – as formas não classistas de opressão – pouco desenvolvidas na tradição marxista. Vale a pena também “reinventar” as outras correntes revolucionárias do socialismo – incluindo as que Marx e Engels já haviam “refutado” – como os socialistas utópicos, os anarquistas e o que eu chamaria de “socialistas românticos”: William Morris, Georges Sorel, Charles Péguy. Temos também que estar abertos às contribuições do pensamento social não marxista, de Max Weber a Sigmund Freud, ou de Karl Mannheim a Hannah Arendt, o que não significa, claro, aceitar todos seus apontamentos.

Mas penso que a principal insuficiência da tradição marxista – ainda que se encontrem alguns elementos importantes sobre essa temática na obra de Marx e Engels – é a questão ecológica. Uma reflexão marxista no século 21 tem que dar a isso uma importância central pela ameaça que representa, para a humanidade, o processo de destruição capitalista acelerada do meio ambiente e dos equilíbrios ecológicos (mudança climática); isso implica uma revisão da visão tradicional do “desenvolvimento das forças produtivas” e mesmo do socialismo. O conceito de “ecossocialismo” busca traduzir essa nova visão ecológica e antiprodutivista da revolução socialista.

No Chile, desde 2011, encontramos um forte protagonismo dos movimentos sociais, como o estudantil, os regionalistas, etc. Que avaliação você faz desses movimentos sociais e qual deve ser, na sua opinião, a relação entre eles e as organizações anticapitalistas?
O movimento da juventude estudantil no Chile e a luta dos Mapuches são alguns dos movimentos sociais mais importantes da América Latina nos últimos anos. Creio que os anticapitalistas devem apoiar sem reservas essas mobilizações, tratando de impulsionar sua dimensão antissistêmica e fazendo propostas concretas que enfrentem a lógica do capitalismo neoliberal.

Duas das referências históricas do marxismo que você estudou são Walter Benjamin e Rosa Luxemburgo. Quais seriam, na atualidade, as principais contribuições ao marxismo dessas referências?
O que os dois têm em comum é a ênfase na luta de classes como eixo central do pensamento e da ação marxista. Rosa Luxemburgo representa uma das formas mais radicais da filosofia da práxis: é na ação coletiva, na luta, que se desenvolve a consciência de classe e a auto-organização dos oprimidos. Por isso, a democracia, ou seja, a participação efetiva da classe explorada nas decisões, é uma condição fundamental do processo de transformação revolucionária da sociedade. 

Walter Benjamin se propôs a entender a história “à contramão”, do ponto de vista dos oprimidos. A partir dessa perspectiva, ele rechaça a visão burguesa – compartilhada por boa parte da esquerda – da história como “progresso”. Para ele, a revolução não é a conclusão de uma longa evolução “progressista”, mas a interrupção da cadeia milenar da dominação.

Você militou junto com Daniel Bensaïd [filósofo francês, teórico do movimento trotskista na França e dirigente da Quarta Internacional] durante muitos anos. Qual é, no seu ponto de vista, o principal legado teórico dele?
São muitas as contribuições de Daniel Bensaïd, mas a mais importante me parece ser seu apontamento – inspirado por Pascal e pelos trabalhos do marxista heterodoxo Lucien Goldmann – da revolução como “aposta melancólica”. “Aposta” porque não há nenhuma certeza no triunfo do socialismo, na emancipação dos oprimidos. O revolucionário só pode apostar em um futuro possível, jogando sua vida e sua ação nessa esperança, correndo o risco da derrota. E “melancólica” porque, até agora, os grandes revolucionários – Rosa Luxemburgo, León Trotsky, Che Guevara, Miguel Enríquez – foram derrotados e assassinados.

Você também escreveu bastante sobre Che Guevara. Onde você acredita que se encontra a vigência de seu pensamento?
Por um lado, no seu apontamento estratégico: “não há outra revolução a fazer – ou é revolução socialista ou caricatura de revolução”. Por outro lado, em sua tentativa, durante sua estadia em Cuba, de propor um caminho em direção ao socialismo alternativo ao modelo soviético, com maior democracia e um conteúdo ético comunista. É um erro reduzir Guevara ao “guerrilheiro heroico”. Ele foi um dos pensadores marxistas mais importante da América Latina. O humanismo marxista dele encontra sua máxima expressão em seu internacionalismo, na convicção de que um comunista tem que sentir como uma agressão pessoal um golpe que atinge um lutador em qualquer país do mundo.

Você sempre foi um internacionalista. Existe um novo internacionalismo? De que forma se expressa hoje esse novo internacionalismo?
Parece-me que o novo internacionalismo, tal como se apresenta em movimentos como a Via Campesina, em iniciativas como o altermundialismo ou nos levantes dos “indignados”, tem um conteúdo anticapitalista e/ou antissistêmico. Já não apresenta, como nos anos 1960, a “solidariedade” com as lutas do Sul, mas sim uma aliança entre movimentos do Norte e do Sul contra seus inimigos comuns: o neoliberalismo, o FMI [Fundo Monetário Internacional], o Banco Mundial, as multinacionais, o imperialismo. Os herdeiros das melhores tradições do internacionalismo do passado – os anarquistas, os marxistas da Quarta Internacional, os guevaristas – participam das mobilizações do novo internacionalismo.

Você é um dos grandes impulsionadores da alternativa ecossocialista. O livro O Que É o Ecossocialismo? compila vários artigos seus sobre o tema. A respeito disso, poderia explicar brevemente o que é o ecossocialismo e quais são seus principais fundamentos teóricos?  
O ecossocialismo reivindica a herança marxista, da crítica da economia política capitalista por Marx e o programa socialista. Ao mesmo tempo, se dissocia das vertente produtivistas do marxismo – que predominaram no curso do século 21 – e rompe com o modelo soviético (antidemocrático e antiecológico) de pretensa “construção do socialismo”.

Muitos ecologistas criticam Marx por considerá-lo um produtivista. Tal crítica nos parece equivocada: ao fazer a crítica do fetichismo da mercadoria, é justamente Marx quem coloca a crítica mais radical à lógica produtivista do capitalismo, a ideia que a produção de mais e mais mercadorias é o objeto fundamental da economia e da sociedade.

O objetivo do socialismo, explica Marx, não é produzir uma quantidade infinita de bens, mas sim reduzir a jornada de trabalho, dar ao trabalhador tempo livre para participar da vida política, estudar, jogar, amar. Portanto, Marx proporciona as armas para uma crítica radical do produtivismo e, notavelmente, do produtivismo capitalista. No primeiro volume de O Capital, Marx explica como o capitalismo esgota não só as forças do trabalhador, mas também as próprias forças da terra, extinguindo as riquezas naturais. Assim, essa perspectiva, essa sensibilidade, está presente nos escritos de Marx, e, no entanto, não foi suficientemente desenvolvida.

Uma reorganização do conjunto dos modos de produção e de consumo é necessária, baseada em critérios exteriores ao mercado capitalista: as necessidades reais da população e a defesa do equilíbrio ecológico. Isso significa uma economia de transição ao socialismo ecológico, na qual a própria população – e não as “leis de mercado” ou um comitê político central autoritário – decidam, em um processo de planejamento democrático, as prioridades e os investimentos. Essa transição conduziria não só a um novo modo de produção e a uma sociedade mais igualitária, mais solidária e mais democrática, mas também a um modo de vida alternativo, uma nova civilização ecossocialista, para além do reino do dinheiro e da produção ao infinito de mercadorias inúteis.

Quais seriam, na sua opinião, as principais tarefas das e dos militantes ecossocialistas nos países da América Latina?
Participar em todas as lutas e mobilizações socioecológicas, dos indígenas e dos camponeses contra a fúria destruidora do agronegócio e das multinacionais, com a juventude e a população periférica pelo transporte público e gratuito, etc. No seio dessas lutas, contribuir na tomada de consciência anticapitalista e na apresentação de propostas concretas e uma perspectiva alternativa radical, o ecossocialismo.

Para finalizar, você poderia falar sobre a importância que, na atualidade, adquire a unidade das e dos anticapitalistas?
Permita-me citar um bonito artigo de José Carlos Mariátegui para o Primeiro de Maio de 1924: “Uma variedade de tendências e grupos bem definidos e distintos não é um mal; ao contrário, é um sinal de um período avançado no processo revolucionário. O que importa é que esses grupos e essas tendências saibam como atuar em conciliação, frente à realidade concreta do dia a dia. (…) Que não empreguem suas armas (…) para ferir um ao outro, mas sim para combater a ordem social, suas instituições e seus crimes”.

É importante constituir, em um primeiro momento, uma Frente Única das e dos anticapitalistas, com base nas tarefas concretas da luta social e ecológica; e, em um segundo momento, tratar de criar, pela convergência de múltiplas correntes, uma Federação Anticapitalista capaz de atuar com uma perspectiva de transformação revolucionária da sociedade.

*Marco Álvarez é diretor da Fundação Miguel Enríquez.

Edição: Fundação Miguel Enríquez | Tradução: Vivian Neves Fer

terça-feira, 10 de julho de 2018

Game Over - The Paraibanos de Subúrbio - por Laerçon

Fonte: https://blogdolaercon.blogspot.com/

Brasil, uma metamorfose ambulante ... (Charge – jota camelo)

Fonte: https://jornaloexpresso.wordpress.com/2017/06/23/jota-camelo-e-os-dramas-contemporeneos-do-brasil/

Latuff aponta o crime de Lula: ser favorito nas eleições

Fonte: https://twitter.com/LatuffCartoons

NOS – Comunicado 1 – por A.N.A.

NOS – Comunicado 1

A todxs

O mundo capitalista está em crise. E o Brasil também, no pior momento de sua História. Crise econômica, política, moral, desemprego, violência, corrupção, destruição da natureza, desesperança.

A última tentativa de resistir foi a greve dos caminhoneiros, que apesar de ter caráter reacionário, derrotou o governo brasileiro e podia virar a greve geral defendida por sindicatos e centrais sindicais. Mas nada aconteceu! Não teve nem greve dxs petroleirxs, ameaçadxs por terceirização, demissões e privatização. Nem precisava piquete, centenas de caminhoneiros nas portas das refinarias da estatal Petrobras eram o piquete. E aí? Deixaram a greve dos caminhoneiros acabar para fazer uma grevinha fraca logo encerrada pela proibição autoritária e imoral de uma juíza qualquer. E o povo? Em vez de parar, ficaram horas em filas de postos pagando combustível mais caro!

E o pior é as burocracias sindicais acovardadas “justificar” sua covardia alegando seguir um “calendário”. Só se for o calendário de Temer. Pois o que não falta é traidorxs do povo que falam “fora Temer” da boca pra fora. Eles querem “fica Temer”, pois ele não tem futuro, e por não ter nada a perder é o único que pode fazer a nojenta “reforma” da Previdência, assim como fez a criminosa “reforma” trabalhista que destrói empregos. Bom só para as grandes empresas que pagam salários miseráveis, e banqueiros, que querem obrigar o povo a ter previdência privada. Para esses patifes, danem-se dezenas de milhões de pobres que não podem pagar previdência privada, que trabalhem até morrer.

Xs militantes honestxs sindicais, sociais e de partidos e movimentos sociais e populares são enganadxs pelas burocracias traidoras que não querem mudanças. Assim como a maioria do povo, são levadxs a crer que a farsa das eleições é a solução. Mentira! Pois os dois primeiros colocados nas pesquisas estão sendo postos fora da eleição: um foi preso por um juiz a serviço de um partido político (protege seus comparsas de partido enquanto condena adversários), sem provas (não é prova o apartamento de praia que mais parece um chiqueiro) e é mantido preso por decisão política e contra a Constituição (uma das ministras do STF, suprema corte do Estado Burguês, disse que votava contra o habeas corpus mesmo sendo inconstitucional, após pressão do comandante do exército, uma vergonha) só para não concorrer. O outro candidato (criado pela direita e hoje rejeitado por ela pois virou uma ameaça em potencial) é um fascista acusado de homofobia, machismo e outros crimes, e sofre processo para ter mandato e candidatura cassados. Golpe contra a vontade da maioria dxs eleitorxs, que o sistema diz obedecer! As corporações e seus lacaios da mídia empresarial e do podre judiciário não querem que povo eleja presidentx, querem impor um gerente de seus negócios que lhes seja totalmente confiável.

E o pior é que ninguém faz nada para mudar isso.

Até agora.

Não somos políticxs, não somos ligadxs a partidos, não acreditamos em eleições, não obedecemos leis, não seguimos calendários: somos anarquistas, agimos pelo que é certo e só obedecemos ao tribunal de nossa consciência. Fazemos “ação direta”, atacando o sistema via seus pilares de sustentação em guerra de baixa escala.

E já começamos a agir. Para nossa estreia, escolhemos o bairro burguês de Perdizes, zona oeste da cidade de São Paulo em 08.04.2018, horas após a prisão do ex-presidente Lula. Na madrugada, acordamos xs burguesxs de um quarteirão de Perdizes de seu sono tranquilo com artefato explosivo sonoro e nos retiramos pelas sombras sem sermos vistos por câmeras de segurança ou testemunhas.

Não somos seguidorxs de Lula nem cremos em eleição, mas vemos sua prisão como precedente para perseguir todxs que enfrentam o sistema, inclusive nós. E a podre burguesia desse bairro bateu panela e tocou vuvuzela tanto para entregar o Brasil nas mãos da quadrilha de Temer quanto para comemorar a prisão de Lula. Por isso receberam nossa incômoda visita.

Mais ataques virão. Sem-terra, sem-teto, sindicalistas e militantes de esquerda honestxs, anarquistas, antifas, nihilistas, eco-extremistas… chamamos todxs a esquecer diferenças, organizar-se e lutar contra o sistema! A HORA É AGORA!

FOGO AO ESTADO, ÀS CORPORAÇÕES E SEUS LACAIOS!

NOS – Núcleo de Oposição ao Sistema

agência de notícias anarquistas-ana

Nos olhos da libélula
refletem se
montanhas distantes.

Issa

Fonte: https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2018/07/07/nos-comunicado-1/

quarta-feira, 4 de julho de 2018

terça-feira, 3 de julho de 2018

Chomsky vê a decadência dos EUA além de Trump - Entrevista a C.J. Polychroniou

Chomsky vê a decadência dos EUA além de Trump 

Bufão e desastrado, presidente é apenas um sintoma. Poder geopolítico de Washington declina, sistema político está em frangalhos e democratas investem em tola perseguição aos russos…

Depois de 18 meses com Trump na Casa Branca, a política norte-americana encontra-se numa encruzilhada. Os Estados Unidos adotaram, inequivocamente, uma nova forma de fascismo que serve aos militares e aos interesses corporativos, enquanto promovem, ao mesmo tempo, uma agenda social altamente reacionária, impregnada de conotações nacionalistas violentas e religiosas, tudo com um sinistro toque de encenação política. Nesta entrevista exclusiva à Truthout, o intelectual e linguista mundialmente renomado Noam Comsky analisa alguns dos últimos acontecimentos nos EUA e suas consequências para a democracia e a ordem mundial.

Gostaria de começar perguntando qual é a sua leitura do que aconteceu no encontro entre Trump e Kim Jong-Un, em Singapura, e o modo como esse evento foi coberto pela mídia dos EUA

Faz lembrar Sherlock Holmes e o cachorro que não latia. O importante foi o que não aconteceu. Ao contrário de seus antecessores, Trump não minou as perspectivas de avançar. Especificamente, não interrompeu o processo iniciado pelas duas Coreias em sua histórica Declaração de 27 de abril [Panmunjom], na qual elas “afirmaram o princípio de determinação do destino da nação coreana conforme seu próprio acordo” (repito: conforme seu próprio acordo), e pela primeira vez apresentaram um programa detalhado sobre como proceder. Trump tem um crédito por não minar esses esforços, e na verdade ele fez um movimento para facilitá-los ao cancelar as manobras militares EUA-Coreia do Sul, as quais, como disse ele com razão, são “muito provocadoras”. Nós com certeza não toleraríamos nada semelhante em nossas fronteiras – e em lugar algum do planeta – mesmo que eles não fossem feitos por uma superpotência que há não muito tempo tivesse devastado completamente nosso país com os pretextos mais frágeis, depois da guerra já ter efetivamente terminado, orgulhando-se dos grandes crimes de guerra que cometeu, como o bombardeio de grandes barragens, quando que não havia mais nada para bombardear.

Além do mérito de deixar as coisas prosseguirem, que não foi pequeno, nenhuma “habilidade diplomática” esteve envolvida no triunfo de Trump. A cobertura foi bastante instrutiva, em parte por causa dos esforços do Partido Democratas, para atacar Trump pela direita.

Depois de meses de retórica dura contra as práticas comerciais chinesas, Trump decidiu impor tarifas de 50 bilhões de dólares nas importações da China, levando Pequim a declarar que os EUA embarcaram numa guerra comercial e a anunciar que fará uma retaliação contra as importações norte-americanas. Primeiro, não é verdade que a China está hoje meramente praticando o mesmo tipo de políticas mercantis que os EUA e a Grã Bretanha praticaram no passado, no seu caminho para a ascendência global? Segundo, há expectativa de que mirar nas tarifas terá algum impacto na economia chinesa ou no tamanho do déficit comercial dos EUA? Finalmente, se uma nova era de protecionismo está para começar, quais poderiam ser as consequências desse fato para o reino do neoliberalismo global?

Quanto às políticas econômicas da China, sim, elas são semelhantes àquelas que foram usadas pelas sociedades desenvolvidas em geral, a começar pela Grã Bretanha e depois por sua ex-colônia norte-americana. Semelhante, porém mais limitada. A China não tem disponíveis os meios de seus predecessores. A Grã Bretanha roubou tecnologia superior à sua da Índia, Países Baixos, Irlanda e, por força de severo protecionismo, minou a economia indiana — então, a mais avançada do mundo, junto com a da China. Os Estados Unidos, sob o sistema hamiltoniano, recorreram a altas tarifas para barrar os produtos britânicos, e também apropriaram-se de tecnologia britânica de formas proibidas pelo atual sistema de comércio global liderado pelos EUA. O historiador de economia Paul Bairoch descreve os EUA como “o país-mãe e bastião do protecionismo” nos anos 1920 — bem depois de se tornarem, de longe, o país mais rico do mundo.

A prática é em geral chamada “chutar a escada” pelos historiadores de economia. Primeiro, os países usam ceras práticas para desenvolver-se; depois, impedem que os outros façam o mesmo.
(…)

Como fez, antes deles, a Grã Bretanha, os EUA passaram a reivindicar “livre comércio”, mais tarde, quando observaram que a tendência natural era tornarem-se predominantes. Depois da Segunda Guerra Mundial, quando os EUA tinham um poder incomparável, eles promoveram a “ordem mundial liberal”, a qual tem sido de enorme vantagem para o sistema corporativo dos EUA, que agora possui cerca de metade da economia global – um sucesso político espantoso.

De novo seguindo o modelo britânico, os EUA firmaram seu compromisso com o “livre comércio” em favor do poder privado doméstico. O “livre comércio” dominado pela Grã Bretanha manteve a Índia como um protetorado em grande parte fechado. Os sistema dominado pelos EUA impõe um mecanismo de patentes radical (“propriedade intelectual”), que proporciona um poder virtualmente monopolista às maiores empresas norte-americanas. O governo dos EUA fornece também enormes subsídios a indústrias de energia, ao agronegócio e a instituições financeiras. Embora os EUA reclamem da política industrial chinesa, foi crucial para a indústria moderna de alta tecnologia contar com pesquisa e desenvolvimento feitos com subsídios públicos, a tal ponto que a economia pode ser considerada como um sistema de subsídios públicos e lucros privados. E há muitos outros mecanismos para subsidiar a indústria. As compras governamentais, por exemplo, têm se mostrado poderosas. Na verdade, só o enorme sistema militar, através de aquisições, oferece um gigantesco subsídio estatal à indústria. Esses comentários apenas tocam a superfície do problema.
(…)

O governo Trump está agindo muito rápido para reprimir a imigração não autorizada no país, ao separar crianças imigrantes de seus pais. Mais de duas mil crianças viveram este drama nas últimas sete semanas, e o Procurador Geral Jeff Sessions tentou justificar esta política citando um verso da Bíblia. O que se pode dizer de uma sociedade ocidental avançada em que a religião continua a banir a razão na construção de políticas e atitudes públicas? E não é verdade que os nazistas, embora não fossem crentes, também usaram o cristianismo para justificar seus atos criminosos e imorais?

A política migratória dos EUA, sempre grotesca, desceu a níveis tão revoltantes que até mesmo muitos daqueles que promovem e exploram a xenofobia estão correndo para se proteger – como Trump, que está tentando desesperadamente culpar os democratas por ela, e a primeira-dama, que está apelando para que “ambos os lados” se unam para acabar com a obscenidade. Não deveríamos, contudo, negligenciar o fato de que a Europa está rastejando na mesma sarjeta.

Pode-se citar as escrituras para quase qualquer coisa que se queira. Sabe-se, sem dúvida, que “toda a lei” se baseia em dois mandamentos: amar a Deus e “amar ao próximo como a si mesmo”. Mas esse não é o pensamento apropriado à ocasião. É verdade, contudo, que, desde que os puritanos desembarcaram, os EUA são únicos, entre as sociedades desenvolvidas, no papel desempenhado pela religião na vida social.

Embora esteja claro que os EUA estão a caminho de se tornar uma nação pária, os democratas continuam a concentrar sua atenção principalmente no suposto conluio de Trump com a Rússia e comportamento antiético. Ao mesmo tempo, tentam ultrapassar o presidente na agenda chauvinista, adotando novas restrições para as eleições de 2020 de modo a sabotar o apoio a Bernie Sanders. Diante disso, como você descreveria a natureza da política contemporânea dos EUA?

Assim como na Europa, nos Estados Unidos as políticas de centro, que predominam há muito, estão em decadência. As razões não são obscuras. As pessoas que enfrentaram os rigores do assalto neoliberal – austeridade, na recente versão europeia – percebem que as instituições estão trabalhando para poucos, não para si. Nos EUA, as pessoas não precisam ler ciência política acadêmica para saber que uma grande maioria, aqueles que não estão próximos do alto da pirâmide de renda, estão efetivamente marginalizados, no sentido de que seus próprios representantes prestam pouca atenção às suas opiniões, dando ouvidos, ao contrário, às vozes dos ricos, à classe dos doadores. Na Europa, qualquer um pode ver que as decisões básicas são tomadas pela não eleita Troika, em Bruxelas, com os bancos do Norte espreitando por cima de seus ombros.

Nos EUA, há muito tempo o respeito pelo Congresso está num só dígito. Nas recentes primárias republicanas, quando os candidatos emergiram da base, o establishment conseguiu derrotá-los e nomear seu próprio candidato. Em 2016, isso falhou pela primeira vez. É verdade que não escapa muito da norma um bilionário com enorme apoio da mídia e fundos de campanha de quase um bilhão de dólares vencer uma eleição, mas Trump dificilmente seria a escolha das elites republicanas. O resultado mais espetacular dessas eleições não foi o fenômeno Trump. Foi, sim, o extraordinário sucesso de Bernie Sanders, rompendo drasticamente com a história política dos EUA. Sem o apoio das grandes corporações ou da mídia, Sanders bem poderia ter vencido a nomeação democrata, não fosse pelas maquinações dos dirigentes do partido de Obama-Clinton. Processos similares são visíveis nas recentes eleições europeias.

Goste-se ou não, Trump está indo bastante bem. Tem o apoio de 83% dos republicanos, algo sem precedentes a não ser em raros momentos. Quaisquer que sejam seus sentimentos, os republicanos não ousam contrariá-lo abertamente. Seu apoio geral de aproximadamente 40% não está longe da norma, mais ou menos como o de Obama em seu primeiro mandato. Ele tem sido pródigo em presentear o mundo dos negócios e os super-ricos, o autêntico eleitorado republicano (a liderança democrata não fica muito atrás). Jogou migalhas suficientes para manter os evangélicos felizes e tocou os acordes certos para os partidários do supremacismo branco. Até agora tem conseguido convencer os mineiros do carvão e os trabalhadores do aço de que é um deles. Na verdade, seu apoio entre trabalhadores sindicalizados aumentou para 51%.

Quase não há dúvidas de que Trump não dá a mínima importância ao destino do país ou do mundo. “O que importa sou eu”. Isso fica suficientemente claro por sua atitude em relação ao aquecimento global. Ele está perfeitamente consciente da terrível ameaça – às suas propriedades. Seu pedido de um paredão para proteger seu campo de golfe irlandês baseia-se explicitamente na ameaça do aquecimento global. Mas a busca pelo poder o impele a conduzir a corrida à destruição, bastante feliz, como fica evidente em suas aparições. O mesmo acontece com outras ameaças sérias, embora menores, entre elas a de que o país possa ficar isolado, desprezado, decadente – com dívidas a pagar que não serão mais de sua conta.

Os democratas estão agora divididos entre uma base popular de maioria social democrata e uma liderança dos Novos Democratas, que cede à classe dos doadores. Sob Obama, o partido foi reduzido a ruínas nos níveis local e estadual, uma questão particularmente séria porque as eleições de 2020 determinarão o redistritamento, oferecendo oportunidade ainda além da escandalosa situação de hoje para manipulações.

A falência da elite democrata é bem ilustrada pela obsessão com a suposta intromissão russa em nossas sagradas eleições. Qualquer que tenha sido – aparentemente muito pequena –, ela não pode ser comparada a “intromissão” dos fundos de campanha, que determinam os resultados eleitorais amplamente, de modo tão extenso quanto demonstraram as pesquisas, particularmente o cuidadoso trabalho de Thomas Ferguson – que ele e seus colegas estenderam agora para as eleições de 2016. Como aponta Ferguson, quando as elites republicanas se deram conta de que ia dar Trump ou Hillary, elas responderam com uma enorme onda de dinheiro de última hora, o que não só levou Hillary a cair no fim de outubro como teve também o mesmo efeito nos candidatos democratas para o Senado, numa “manobra de bloqueio”, virtualmente. É “estranho”, observa Ferguson, que o ex-diretor do FBI James Comey ou os russos “pudessem ser responsabilizados por ambos os colapsos” nos estágios finais da campanha: “Pela primeira vez em toda a história dos Estados Unidos, o resultado partidário das eleições para o Senado coincidiu perfeitamente com os resultados da votação presidencial em todos os estados.” O resultado está exatamente conforme a bem fundamentada “teoria do investimento da competição partidária” de Ferguson.

Mas fatos e lógica pouco importam. Os democratas estão empenhados em vingar-se pela derrota de 2016, tendo executado uma campanha tão podre que uma vitória que parecia “certa” escorreu entre os dedos. Evidentemente, o implacável ataque de Trump contra o bem comum é de interesse secundário, ao menos para a elite do partido.

Às vezes observa-se que os EUA não somente se intrometem, com regularidade, em eleições estrangeiras, inclusive russas, como também agem para subverter, e às vezes derrubar governos de que não gostam. Não faltam até agora consequências terríveis, da América Central ao Oriente Médio. A Guatemala tem sido uma história de horror desde que o golpe apoiado pelos EUA derrubou um governo reformista eleito em 1954. Gaza, mergulhada na miséria, pode tornar-se inviável para viver em 2020, prevê a ONU — e não pela mão de Deus.. Em 2006, os palestinos cometeram um crime grave: promoveram as primeiras eleições livres no mundo árabe, e fizeram a escolha “errada”, entregando o poder ao Hamas. Israel reagiu com a escalada da violência e um cerco brutal. Os EUA retrocederam a uma operação de procedimentos padão e prepararam um golpe militar, programado para derrubar o Hamas. Em punição por mais este crime, aumentou muito a tortura de Gaza perpetrada por Israel-EUA, não apenas pelo estrangulamento como também pelos assassinatos regulares e invasões destruidoras feitas por Israel com o apoio dos EUA, sob pretextos que não resistem a qualquer exame. Eleições com resultado errado não podem obviamente ser toleradas sob nossa política de “promoção da democracia”.

Nas recentes eleições europeias houve muita preocupação com a possível intromissão russa. Isso foi particularmente verdadeiro nas eleições alemãs de 2017, quando o partido de extrema direita Alternative für Deutschland (AfD) saiu-se surpreendemente bem, ao conquistar, pela primeira vez na História 94 assentos no Parlamento (Bundestag). Pode-se imaginar facilmente a reação, no caso de descobrir-se intromissão russa por trás desses resultados assustadores. Ocorre que foi, sim, descoberta intromissão estrangeira, mas não da Rússia. A AfD contratou uma empresa de mídia texana (Harris Media), conhecida pelo apoio a candidatos nacionalistas de direita (Trump, Le Pen, Netanyahu). A empresa está entre as que cooperam com o escritório de Berlim do Facebook, oferecendo informação detalhada sobre eleitores potenciais para uso em microabordagem daqueles que poderiam ser receptivos à mensagem da AfD. Pode ter funcionado. A história parece ter sido ignorada fora da imprensa econômica.

Se o Partido Democrata não puder superar seus profundos problemas internos e a lenta expansão da economia sob os governos Obama e Trump continuar sem interrupção ou desastre, um bola de demolição republicana pode estar balançando as fundações de uma sociedade decente, e as perspectivas de sobrevivência, por um longo tempo.

Entrevista a C.J. Polychroniou, no Truthout | Tradução: Inês Castilho
Fonte: https://outraspalavras.net/capa/chomsky-ve-a-decadencia-dos-eua-alem-de-trump/