quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Estão destruindo nosso país pouco a pouco ...

Estão destruindo nosso país pouco a pouco ...

O tal do “pré-sal” que não valia nada lá atrás (lembrem-se, tinha um monte de “desinformador-de-opinião” fazendo artigos atrás de artigos dizendo que isso era uma fantasia do governo) ... venderam tudo a preço de banana para o Capital Estrangeiro ...

Logo mais venderão o país inteiro .... teremos que procurar outro lugar para viver ...

Cadê os otários da Paulista com a camiseta da CBF/GLOBO?

Provos Brasil

Hoje é o dia internacional de solidariedade com o povo palestino ...

Fonte: https://twitter.com/LatuffCartoons

Altar - por Jota Camelo

Fonte: https://ciclistasemdeus.wordpress.com/

quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Metade dos trabalhadores brasileiros recebe menos que o salário mínimo

Metade dos trabalhadores brasileiros recebe menos que o salário mínimo
Uma pesquisa divulgada nesta quarta-feira (29) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revela que 50% dos trabalhadores brasileiros recebem por mês, em média, 15% menos que o salário mínimo. Além disso, o rendimento daqueles que ganham mais é 360 vezes maior do que o dos trabalhadores que têm renda mais baixa.

O levantamento foi feito ao longo de 2016 por meio da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD). Naquele ano, o salário mínimo era de R$ 880. Dos 88,9 milhões de trabalhadores ocupados no ano, 44,4 milhões recebiam, em média, R$ 747 por mês.

A lei brasileira prevê um salário mínimo para os trabalhadores com carteira assinada. O rendimento abaixo desse valor é possível entre a população com emprego informal e os trabalhadores por conta própria, como vendedores ambulantes e donos de pequenos negócios.

Do total de trabalhadores, 4,4 milhões (5%) recebiam, em média, apenas R$ 73 mensais. Já 889 mil (1%) recebiam, em média, R$ 27 mil. “Isso significa que aqueles com maiores rendimentos recebiam 360 vezes mais que os com menores rendimentos”, enfatizou a pesquisadora.

[São Paulo-SP] Feira de Mulheres Anarquistas: convite para a construção entre nós! – por A.N.A.

[São Paulo-SP] Feira de Mulheres Anarquistas: convite para a construção entre nós!
Sábado, 9 de dezembro, a partir das 10 horas, Rua Mauá, 350, República, São Paulo – SP

Nenhuma escolha é neutra ou inofensiva, práticas de silêncio e de silenciamento podem ser, e com muita frequência são mesmo, cúmplice de quem pertence a um seleto grupo de pessoas privilegiadas e que podem dar-se ao luxo de não refletir sobre questões complexas e que são muito caras para quem ocupa os lugares de opressão numa sociedade capitalista, heteronormativa, misógina e racista.

A partir da análise coletiva e histórica de muitos grupos compostos por mulheres de que nenhuma organização está isenta de reproduzir ou coadunar com agressões contra nós, acreditamos que chegou o momento de nos organizar por nós mesmas e deixar de ter como parâmetro o que é imaginado, elaborado e composto por homens, com métodos pensados e desenvolvidos por homens.

Inclusive porque estamos bastante cansadas de não encontrar circulação adequada de materiais sobre apontamentos e realidades que dizem respeito a qualquer pessoa que se identifique com uma política libertária, mas que constantemente são relegados aos assuntos de mulheres, tais como violência doméstica (praticada por homens), descriminalização do aborto e suas consequências (com a participação de homens), heterossexualidade compulsória (que beneficia a classe dos homens), métodos de segurança para mulheres vítimas de diversos tipos de agressões psicológicas (praticadas por homens), entre tantos outros temas que não constam na agenda anarquista enquanto pauta essencial para a constituição de uma sociedade igualitária, baseada na liberdade e no apoio mútuo. Estamos cansadas também de encontrar nossos agressores denunciados ano após ano circulando tranquilamente enquanto somos obrigadas a nos retirar seja por trauma, por falta de apoio, cansaço ou constantes assédios morais daqueles que defendem seus parceiros agressores até o fim.

Portanto, é nessa perspectiva de endurecer nossos corações contra o patriarcado, aprender a matar aquilo que não desejamos colaborar e com a convicção de que fortalecer a nós mesmas entre as nossas é a melhor solução para inúmeras questões que sequer são abordadas em espaços mistos, organizamos a I Feira de Mulheres Anarquistas de São Paulo.

Temos como princípios básicos o apoio mútuo e solidariedade política entre mulheres, a maior diminuição possível da existência de hierarquias, ação direta e auto-organização como práticas autogestionárias, antipatriarcalismo e antirracismo.

Todas as mulheres que quiserem construir conosco da forma como puderem, serão bem vindas. Basta entrar em contato pela página, pelo site ou pelo e-mail. Força para todas nós e seguimos na resistência!

E-mail: fdma@riseup.net


FB: Feira de Mulheres Anarquistas

agência de notícias anarquistas-ana

o fogo partiu saciado
a floresta de luto
soluça

Eugénia Tabosa

Administração de Trump usando leis injustas dos EUA para pressionar os Palestinos! – por Latuff

Fonte: https://twitter.com/LatuffCartoons

terça-feira, 28 de novembro de 2017

Chomsky: “Os EUA são a origem do problema do tráfico de drogas”

Chomsky: “Os EUA são a origem do problema do tráfico de drogas”
O intelectual ataca a incapacidade da classe política liberal de seu país em se conectar com a classe trabalhadora

Um governante habilidoso e demagógico, que soube se conectar com os “medos legítimos” de parte da sociedade, “como Hitler e Mussolini fizeram antes”. Assim Noam Chomsky, o intelectual vivo da esquerda clássica mais importante de seu país, desenhou Donald Trump na quarta-feira, em uma breve entrevista coletiva na Cidade do México.

“Trump é um fenômeno que reflete o momento em que o país se encontra depois de décadas de políticas que concentraram o poder político e econômico em alguns poucos, e que deformaram a capacidade das instituições para servir seus cidadãos”, acrescentou o professor emérito do Massachusetts Institute of Technology (MIT), convidado pela universidade mais emblemática do México, a UNAM, para o ciclo de conferências Los Acosos a la Civilización. De Muro a Muro, organizado em parceria com a Universidade do Estado do Arizona.

A ascensão do magnata republicano é - para o linguista de 88 anos, que começou seu ativismo político contra a Guerra do Vietnã - resultado do vazio, do desamparo e até da humilhação sentida pela classe trabalhadora branca diante do establishment político norte-americano. “Especialmente o Partido Democrata, que se esqueceu de abordar as questões materiais e às vezes tratou essas camadas da sociedade como estúpidas”.

“Trump conseguiu fazê-los sentir que ele é o único político que lhes dá voz, que defende suas tradições e sua cultura, que sentem ameaçadas. Além disso, construiu um inimigo externo: os mexicanos, os asiáticos, os migrantes. É a mesma lógica que Hitler usou com os judeus, embora, obviamente, nem os judeus iriam destruir a Alemanha nem os migrantes farão isso com os EUA”.

Sobre a renegociação do Tratado de Livre Comércio da América do Norte (TLC), o filósofo interpretou a posição intransigente dos EUA como uma oportunidade para os outros dois parceiros: “México e Canadá deveriam aproveitar para introduzir elementos que favoreçam seus cidadãos, como direitos sindicais”, além de enfatizar que “a origem do problema da droga no México é os Estados Unidos”, lembrando que do vizinho do Norte vem a maior demanda de drogas e a maior oferta de armas.

“O Partido Democrata tratou a classe trabalhadora branca como uma estúpida”

O surgimento dos novos movimentos sociais contra as políticas neoliberais do fim dos anos noventa, conhecidos como antiglobalização, recuperaram a figura do veterano filósofo com títulos como El Miedo a la Democracia ou Como nos Venden la Moto (com Ignacio Ramonet), em que explica, com linguagem simples e vontade pedagógica, os perigos da desregulamentação dos mercados, da entronização das finanças e do enfraquecimento dos sindicatos.

Aplicadas, por exemplo, ao fenômeno do aquecimento global, suas teses ecoaram assim nesta quarta-feira na Cidade do México: “Se você é uma empresa de petróleo, seu único interesse e objetivo é o lucro imediato. Em seus planos operacionais você não concebe que o que está fazendo pode acabar com a vida dos seus filhos. Tudo o que não é benefício é considerado uma externalidade, algo acessório. Esse é o coração da economia capitalista, um sistema destinado à autodestruição”.

Midiotas ....


segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Bom dia pra quem ACHA que vai se aposentar com as novas regras do Temer... por Latuff

Fonte: https://twitter.com/LatuffCartoons

Sobre lucros, raposas e galinhas - por José Álvaro de Lima Cardoso

Sobre lucros, raposas e galinhas
A família Setúbal, maior acionista do Itaú, quando o patriarca Olavo ainda era vivo: as raposas
Em meio à crise, ganhos dos bancos não param de crescer. Enquanto isso, Itaú recebe perdão de R$ 25 bilhões de impostos devidos — quase o orçamento do Bolsa Família em 2017 

O país atravessa a mais grave recessão da história, com quase três anos de queda da produção industrial, diminuição da renda e elevação do desemprego. O lucro líquido dos quatro maiores bancos do Brasil cresceu 10,4% no 3º trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2016. Segundo estudo da empresa Economatica, a soma dos lucros do Itaú, Bradesco, Banco do Brasil e Santander no período entre julho e setembro, alcançou R$ 13,6 bilhões ante R$ 12,3 bilhões no mesmo período do ano passado. O maior lucro foi o do Itaú Unibanco, que chegou a R$ 6,077 bilhões. Dos três bancos, dois são privados, um inclusive, estrangeiro.

Os bancos privados no Brasil quase não emprestam, ou seja, não cumprem a função que deveria ser a razão de sua existência, a intermediação e disponibilização do crédito. Em Santa Catarina, por exemplo, os bancos privados respondem por apenas 10% do crédito disponível, não intermedeiam os programas sociais do governo e empregam apenas 30% dos bancários. Ademais, pagam salários que equivalem a 86% dos salários dos trabalhadores dos bancos públicos, segundo a RAIS 2016. Esse é o quadro em todo o país: os bancos privados praticamente não disponibilizam crédito, exploram seus trabalhadores acima da média do setor, não desempenham função social nenhum e faturam lucros exorbitantes, totalmente descolados da situação econômica geral do País. O que mostra que algo está profundamente errado. O sistema financeiro é um dos principais grupos de interesse do golpe de Estado que está em curso no País. O golpe foi desferido por interesses econômicos muito concretos. Por exemplo, recentemente foi concedido ao banco Itaú (que teve mais de R$ 6 bilhões de lucros líquidos no terceiro trimestre deste ano, como vimos), pelo Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), ligado à Receita Federal, o perdão de impostos que totalizavam R$ 25 bilhões. A doação é feita ao mesmo tempo em que, usando como pretextos a crise e a falta de dinheiro, o governo empreende o maior ataque aos direitos sociais e trabalhistas registrados na história do Brasil.

Só para efeito de comparação do que representa o valor doado, a Lava Jato, que os ingênuos dizem que investiga o maior caso de corrupção da história do pais, apurou desvios totais da ordem de R$ 6,2 bilhões. Valores que foram superestimados visando obter o apoio da opinião pública para a Operação, verdadeiro Cavalo de Troia e elemento chave para a operacionalização do golpe contra a democracia em 2016. Os recursos doados pelo Carf ao Itaú, que vão beneficiar meia dúzia de super ricos, equivale praticamente ao orçamento do Bolsa Família para este ano, Programa que retira do flagelo da fome quase 50 milhões de compatriotas. Isso num ano em que o governo terá o maior déficit fiscal da história, pretexto a partir do qual o governo ilegítimo está vendendo empresas públicas estratégicas, à preço de banana.

A chamada Emenda da Morte (EC 95), que limitou os gastos da despesa primária federal a partir de 2017 à inflação, foi claramente uma inspiração direta do capital financeiro. A Emenda atinge diretamente a soberania nacional. O congelamento do gasto público, que valerá por 20 anos, tem o objetivo expresso de pagar ainda mais juros da dívida pública, o que é de uma subserviência absoluta ao capital financeiro. As despesas públicas irão decrescer a sua participação relativa no PIB, toda vez que houver crescimento econômico, o que só poderia vir mesmo através de um golpe contra o povo. A proposta não aplica aos juros a mesma lógica de corrigi-los pela inflação, o que revela que o objetivo é mesmo transferir recursos da sociedade para o setor financeiro, já que os juros praticados no Brasil são os mais elevados do mundo.

Noticia a imprensa que o governo golpista está para enviar ao Congresso a nova lei de resolução bancária, que tornará legal a injeção de dinheiro público, via Tesouro Nacional para salvar bancos com problemas financeiros. Atualmente isso é proibido pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), que veio numa situação de grave crise fiscal
na década de 1990, para, supostamente garantir por parte dos governantes maior responsabilidade no tratamento dos gastos públicos. Um detalhe “quase sem importância” é que o atual presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, foi economista-chefe do banco Itaú e tem laços estreitos com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Mundial. Há fortes indicações que a nomeação de Goldfajn, após o golpe em 2016, foi aprovada pelo FMI, pelo Tesouro norte-americano e pelos representantes do sistema financeiro de Wall Street. Ou seja, são as raposas mais ardilosas, administrando o galinheiro. O pior é que boa parte das “galinhas” ainda têm dúvidas, ou ignora completamente que o Brasil sofreu o pior golpe de Estado de sua história.

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

E ainda tem gente (brasileiro) que acredita na mídia ... que horror!

Fonte: https://jornalggn.com.br/noticia/pitaco-na-imagem

VIII Feira Anarquista de São Paulo: “A solidariedade é fundamental para seguirmos em frente” – por A.N.A.

VIII Feira Anarquista de São Paulo: “A solidariedade é fundamental para seguirmos em frente”
No último dia 05 de novembro de 2017, ocorreu a Feira Anarquista de São Paulo. Essa foi sua oitava edição, sendo sua sétima consecutiva (a primeira ocorreu em 2006 e desde 2011 a Feira é organizada anualmente). Uma vez mais, seguimos com o objetivo de construir um espaço que seja, ao mesmo tempo, tanto um encontro entre anarquistas de variadas localidades e diferentes correntes como um evento no qual os coletivos possam expor seu trabalho realizado ao longo de todo o ano para um público amplo. Acreditamos que cerca de 1500 pessoas estiveram presentes na Feira durante todo o dia.

Além das bancas de exposição, a Feira contou com debates, exibições de filmes e peças teatrais sobre variados temas, desde autonomia em caso de gestações não desejadas até os impactos da Revolução Russa no Brasil, passando por encarceramento em massa, pedagogia libertária, entre outros. Também fez parte da Feira a programação voltada para as crianças, com atividades lúdicas e contações de história, além de um debate sobre “Responsabilidade e cuidado com as crianças”, com pais, mães e responsáveis.

Nesse ano, a Feira organizou uma caixa de contribuições voluntárias em prol da campanha “Uma casa para Rafael Braga“. Processado injustamente desde 2013, hoje Rafael Braga se encontra em prisão domiciliar. Seu caso revela uma realidade brasileira: a justiça não é cega e persegue a população negra e pobre. Assim como Rafael Braga, há milhões de outras pessoas em situação semelhante, presas sem fundamento nenhum. Toda solidariedade é necessária, por isso saudamos a ação organizada pela campanha “Pela Liberdade de Rafael Braga“. As doações chegaram ao montante de R$ 366,00 e a organização da VIII Feira Anarquista de São Paulo acrescentou R$ 144,00, totalizando a quantia de R$ 500,00 para Rafael Braga e sua família.

Agradecemos a todos e a todas que propuseram e participaram das atividades, ajudando a fortalecer a Feira e mostrando como é rico e construtivo o trabalho do anarquismo para a sociedade. Também agradecemos a todas pessoas que compareceram e apoiaram mais uma edição do evento. Na presente conjuntura em que sofremos ataques dos de cima, que retiram os parcos direitos sociais conquistados após décadas de lutas árduas e criminalizam toda e qualquer forma de oposição, a solidariedade é fundamental para seguirmos em frente.

Biblioteca Terra Livre




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Adeus ao consumismo? – por Ignácio Ramonet

Adeus ao consumismo?
Avança, em todo mundo, crítica à obsessão por acumular e ostentar mercadorias. Um pilar psíquico das sociedades capitalistas pode estar em risco

O fenômeno está em expansão. Em nossas sociedades desenvolvidas, um número cada vez maior de cidadãos planeja modificar seus hábitos de consumo. Não só dos hábitos alimentares, já individualizados ao ponto de ser quase impossível reunir oito pessoas numa mesa para comer um mesmo cardápio. Mas do consumo de modo geral: a roupa, a decoração, a limpeza, os eletrodomésticos, os fetiches culturais (livros, DVDs), etc. Todas as coisas que até recentemente acumulavam-se em nossas casas como símbolos, mais ou menos medíocres, de sucesso social e de opulência (e, até certa medida, de identidade), hoje sentimos que nos sufocam. A nova tendência aponta à redução, ao desapego, à supressão, à eliminação… Enfim, à desintoxicação. Portanto, ao detox. Como se começasse o declínio da sociedade de consumo — estabelecida por volta dos anos 1960 a 1970 – e entrássemos no que começa a chamar-se de “sociedade do desconsumo”.

Certamente, pode-se defender que as necessidades vitais de consumo continuam sendo enormes em muitos países em desenvolvimento ou em regiões pobres do mundo desenvolvido. Porém, essa realidade indiscutível não impede de enxergar o movimento de “desconsumo” que se expande com um impulso cada vez mais intenso. Um estudo recente (1), realizado no Reino Unido, mostra que, desde o começo da Revolução Industrial, as famílias acumulavam bens materiais em suas casas, na medida em que seus recursos iam aumentando. O número de objetos reunidos traduzia seu nível de vida e seu status social. Assim ocorreu até 2011. Naquele ano, atingiu-se o que poderíamos chamar de “pico dos objetos” (peak stuff). Desde então, a quantidade de objetos que as pessoas possuem não deixa de diminuir. E essa curva, no formato de sino, conhecida como “curva de Gauss”, passaria a ser uma lei geral. Hoje, isso pode ser verificada nos países desenvolvidos (e em muitas regiões ricas dos países ao sul), mas também parece começar a refletir a inevitável evolução nos países em desenvolvimento (China, Índia, Brasil).

A consciência ecológica, a preocupação geral com o meio ambiente, o medo das mudanças climáticas e, particularmente, a crise econômica de 2008, que atingiu com violência os países ricos, têm, sem dúvida, influenciado essa nova austeridade zen. Desde então, nas redes sociais têm sido divulgados muitos casos espetaculares de detox anticonsumista. Por exemplo, o de Joshua Becker, um estadunidense que decidiu há nove anos, com sua esposa, reduzir radicalmente o número de bens materiais que possuíam, para viver melhor e obter tranquilidade mental. Em seus livros (Living with Less, The more of Less) e em seu blog “Becoming minimalist” [“Virando minimalista”, em tradução nossa], Becker conta: “Limpamos a bagunça de nossa casa e de nossa vida. Foi uma viagem na qual descobrimos que a abundância consiste em ter menos”. E afirma que “as melhores coisas da vida não são coisas”.

Porém, não é fácil se desintoxicar do consumo e converter-se ao minimalismo: “Comece aos poucos – aconselha Joshua Fields Millburn, que escreve no blog TheMinimalists –, tente se desapegar de uma só coisa durante 30 dias, começando pelos objetos mais fáceis de eliminar. Desprenda-se das coisas óbvias. Começando por aquelas que claramente não precisa: as xícaras que nunca usa, aquele presente horrível que ganhou, etc.”

Outro caso famoso de desapego voluntário é o de Rob Greenfield (2), um norteamericano de 30 anos, protagonista da série-documentário Free Way (“Viajante sem dinheiro”, do Discovery Channel), que, sob o lema “menos é mais”, abriu mão de todos seus pertences, inclusive de sua casa. E anda pelo mundo com apenas 111 pertences (incluindo a escova de dentes)… Ou a designer canadense Sarah Lazarovic, que passou um ano sem comprar roupa e cada vez que sentia vontade, desenhava a peça em questão. Resultado: um belo livro de esboços chamado Um montão de coisas lindas que não comprei (3). Também há o exemplo de Courtney Carver, que propõe, em seu site Project 333, um desafio de baixo orcamento, convidando os leitores a se vestirem com somente 33 peças de roupa durante três meses.

Na mesma linha, temos o caso da blogueira e youtuber francesa Laetitia Birbes, 33 anos, que ficou famosa pelo seu desafio de nunca mais comprar roupa novamente: “Eu era uma consumidora compulsiva. Vítima das promoções, das tendências e da tirania da moda – diz. Tinha dias em que chegava a gastar 500 euros em roupas… Toda vez que tinha problemas com meu parceiro ou com os exames, comprava roupa. Cheguei a compor perfeitamente o discurso dos publicitários: confundia sentimentos com produtos…” (4). Até que um dia decidiu esvaziar seu armário e doar tudo. Sentiu-se livre e leve; liberta de um peso emocional antes não suspeitado: “agora vivo com dois vestidos, três calcinhas e um par de meias”. E dá conferências por toda a França para ensinar sobre a disciplina do “lixo zero” e do consumo minimalista.

O consumismo é consumir consumo. É uma atitude impulsiva onde não importa o que é comprado, a questão é comprar. Na realidade, vivemos na sociedade do desperdício, desperdiçamos absurdamente. Ante essa aberração, o minimalismo de consumo é um movimento mundial que propõe comprar somente o necessário. O exercício é simples: devemos olhar para as coisas que temos em casa e determinar quais usamos realmente. O resto é acúmulo: veneno.

Duas jornalistas argentinas, Evangelina Himitian y Soledad Vallejos, passaram da teoria para a prática. Depois de terem vivido como milhões de outros consumidores, que acumulam sem nenhum critério, decidiram questionar seu próprio comportamento. Claro que ambas compravam por outros motivos, menos por necessidade. E propuseram-se ficar um ano sem consumir nada que não fosse absolutamente indispensável, para depois contar com grande talento as suas experiências (5).

Não se tratava somente de não consumir, como também de se desintoxicar, de libertar-se do consumo acumulado. As duas jornalistas começaram se auto impondo uma disciplina detox: cada uma tinha que extrair de sua casa dez objetos por dia, durante quatro meses: 1.200 ao todo. Tiveram de descartar, doar, se desprender, se desfazer… Como uma espécie de faxina, para passarem a ser “desconsumistas”: “Nos últimos cinco anos – contam Evangelina e Soledad – acendeu-se uma luz de consciência coletiva no mundo sobre a forma de consumir. É uma maneira de controlar os abusos do mercado. Porque é também uma estratégia para escancarar os pontos cegos do sistema econômico capitalista. Por mais que pareça pretensioso, é exatamente isso: o capitalismo apoia-se na necessidade de fabricar necessidades. E para cada necessidade é fabricado um produto… Isto é ainda mais palpável em países de economia desenvolvida, nos quais os indicadores oficiais medem a qualidade de vida de acordo com a capacidade de consumo das famílias…”.

Este aborrecimento, cada vez mais universal, com o consumismo, também atinge o universo digital. Surge o que poderíamos chamar de digital detox, que consiste em abandonar as redes sociais por um tempo e por diversos motivos. Expande-se o movimento dos “ex-conectados” ou “desconectados”, uma nova tribo urbana composta por pessoas que decidiram virar as costas para a internet e viver offline. Não possuem WhatsApp, não querem nem ouvir falar em Twitter, não usam Telegram, odeiam o Facebook, não simpatizam com o Instagram e quase não podem ser encontrados na Internet. Alguns sequer possuem uma conta de e-mail, e aqueles que têm, acessam-na somente de vez em quando… Enric Puig Punyet (36 anos), doutor em Filosofia, professor e escritor, é um dos novos “ex-conectados”. Escreveu um livro (6) no qual reúne casos verídicos de pessoas que, empenhadas em recuperar o contato direto com os outros e com elas mesmas, tomaram a decisão de se desconectar. “A internet participativa, modalidade na qual vivemos, procura nossa dependência – explica Enric Puig Punyet. Por se tratar quase totalmente de plataformas vazias, nutridas por nosso conteúdo, interessa-lhes que estejamos conectados o tempo inteiro. Essa dinâmica é facilitada pelos smartphones, os quais fizeram com que constantemente estivéssemos disponíveis e alimentássemos as redes. Tal estado de hiperconexão, traz consigo os problemas que estamos começando a perceber: subtrai nossa capacidade de atenção, de processar profundamente e de socializar. Uma grande parte do atrativo das tecnologias digitais é planejada por companhias que querem nosso consumo e conexão contínua, como ocorre em tantas outras esferas – porque essa é a base do consumismo. Todo ato de desconexão, seja parcial ou total, deve ser compreendido como uma medida de resistência que procura compensar uma situação que se encontra desequilibrada” (7).

O direito à desconexão digital já existe na França. Em parte, como resposta à grande quantidade de casos de burnout (exaustão por excesso de trabalho) ocorridos nos últimos anos, como consequência da pressão laboral (8). Agora os trabalhadores franceses podem optar por não responder às mensagens digitais enquanto estão fora de sua jornada de trabalho. A França tornou-se pioneira neste tipo de leis, embora ainda existam dúvidas sobre o modo como esta será executada. A nova norma obriga as companhias que tiverem mais de 50 funcionários a abrirem as negociações sobre o direito de ficar offline, ou seja, a não atender e-mails ou mensagens digitais profissionais em suas horas vagas. Porém, o texto não especifica que deva chegar-se a um acordo, nem fixa nenhum prazo para as negociações. As empresas poderiam limitar-se a redigir um guia de orientações, sem participação dos trabalhadores. Mas a necessidade do digital detox, de sair das redes e se permitir uma folga da internet, está proposta.

A sociedade de consumo, em todos seus aspectos, já não seduz mais. Intuitivamente, sabemos hoje que tal modelo, associado ao capitalismo predatório, é sinônimo de desperdício e esbanjamento irresponsável. Os objetos desnecessários nos asfixiam. E asfixiam o planeta. É algo que o planeta já não pode suportar. Porque os recursos se esgotam. E se contaminam. Inclusive aqueles que existem em abundância (ar, água doce, oceanos…). E frente à cegueira de muitos governos, é chegada a hora de uma ação coletiva dos cidadãos, a favor de um desconsumo radical.

(1) Chris Goodall, “‘Peak Stuff’. Did the UK reach a maximum use of material resources in the early part of the last decade?” http://static.squarespace.com/static/545e40d0e4b054a6f8622bc9/t/54720c6ae4b06f326a8502f9/1416760426697/Peak_Stuff_17.10.11.pdf
(2) https://mrmondialisation.org/rob-greenfield-le-forest-gump-de-lecologie/
(3) http://www.dailymail.co.uk/femail/article-2178944/Sarah-Lazarovic-How-woman-saved-2-000-PAINTING-clothes-wants-instead-buying-them.html
(4) http://www.lemonde.fr/m-perso/article/2017/09/15/consommation-trop-c-est-trop_5186310_4497916.html
(5) Leia Evangelina Himitian y Soledad Vallejos, Deseo consumido, Editorial Sudamericana, Buenos Aires, 2017.
(6) Enric Puig Punyet, La gran adicción. Cómo sobrevivir sin Internet y no aislarse del mundo, Arpa editores, Barcelona, 2017.
(7) http://www.bbc.com/mundo/noticias-39216905
(8) Em 2008 e 2009 ocorreram 35 suicídios numa companhia como France Telecom (agora Orange). Também ocorreram na Renault. Desde o dia 1 de janeiro de 2017, a lei permite ao assalariado de uma empresa de mais de 50 trabalhadores, não atender e-mails fora do horário de trabalho.

Tradução: Simone Paz Hernández

terça-feira, 21 de novembro de 2017

A arte da insurreição e o gênio de Trotsky em Outubro de 1917 – por André Augusto

A arte da insurreição e o gênio de Trotsky em Outubro de 1917
Estava amanhecendo o dia 24 de outubro. Eu ia de andar em andar, para não ficar quieto em um lugar, para ver se tudo estava em ordem e para levantar a moral de quem o necessitasse. Pelos intermináveis corredores ainda envoltos em sombras [do Smolny], ouvia-se rolarem as metralhadoras arrastadas valentemente pelos soldados, com um estrépito alegre e buliçoso. Era o novo destacamento que havia chamado. Pelas portas se assomavam, com cara de terror, os poucos socialistas revolucionários e mencheviques que haviam permanecido no Smolny. Aquela música não prenunciava nada bom para seus ouvidos. Pouco a pouco, um atrás do outro, se apressaram a deixar o Smolny. Ficávamos como donos absolutos daquele edifício que se dispunha a plantar a bandeira bolchevique na capital e em todo o país”.

Assim iniciava Trotsky um dos capítulos de sua autobiografia, Minha Vida, dedicado a recordar as noites decisivas em Outubro que antecederam a tomada do poder pelo proletariado russo em Petrogrado, em 1917.

Este episódio, que desencadeou sob diversos pontos de vista o evento mais importante da história universal, dando nascimento ao primeiro Estado operário da história – continuando a tradição da Comuna de Paris de 1871 que resistiu em Paris durante dois meses – e que provaria a validez da teoria e da estratégia marxista, muitas vezes se perde na rotina do dia que passa. Deve, em verdade, ser lembrado como motivo de nossa paixão histórica e o sentido de existência daqueles que militamos diariamente para por fim à sociedade de exploração e opressão capitalista.

A insurreição de Outubro não surgiu como desenlace automático da luta de classes, nem como uma resposta espontânea dos trabalhadores russos à tirania da guerra e da fome. Foi preparada e dirigida minuciosamente em seus mais sólidos detalhes como movimento revolucionário das massas.

Uma vez conquistada, com os testes de aço da revolução e da contrarrevolução, a imensa maioria dos trabalhadores organizados nos sovietes – ou conselhos operários e de soldados, principalmente dos dois mais importantes centros industriais do país, Petrogrado e Moscou – para a idéia da tomada do poder da classe operária como única forma de resolver os problemas imediatos impostos pela história, a tarefa dos bolcheviques passava a ser “desencadear os elementos ofensivos da defesa, transformar a defesa em ataque” e combinar a conspiração como parte integrante da insurreição de massas.
A estratégia revolucionária conduz à conclusão do momento insurrecional como necessidade, como condição para desobstruir o desenvolvimento humano e de suas forças criadoras interrompido pela burguesia. Isso não quer dizer que seja automático encontrar o ponto em que se deva passar “das palavras aos fatos” e transformar a energia e a vontade revolucionária de operários e soldados, temperadas por anos, numa força ofensiva para destruir o Estado burguês. A teoria e a estratégia dão a solidez de granito para a tarefa; mas esta capacidade de percepção é uma arte. O homem – poderíamos chamar de artífice da revolução – que arquitetou o plano de Outubro foi Leon Trotsky.

Segundo as palavras do estudioso militar norteamericano Harold Walter Nelson, Trotsky aproveitou brilhantemente uma combinação favorável das circunstâncias (a ira das massas contra a guerra e contra o Governo Provisório de Kerensky que a mantinha, a debilidade militar deste governo, a segregação no Exército russo e a crescente disposição dos camponeses em por fim à guerra, a recém conquistada hegemonia dos bolcheviques nos sovietes operários) para diminuir a quase zero a possibilidade de fracasso da insurreição.

Esta obra-prima de um verdadeiro gênio militar, que criaria anos depois das ruínas do exército czarista derrotado na Primeira Guerra o poderoso Exército Vermelho, mostra a importância de levantar um marxismo com predominância da estratégia e orientado a fazer a revolução no século XXI. A “arte da insurreição” constitui um elemento fundamental para a fusão da teoria marxista com as novas gerações de trabalhadores e jovens que despertam depois da crise mundial.

A arte da insurreição em 1917
A grande lição da revolução russa é que a tomada do poder, a insurreição das massas exploradas e oprimidas, libera uma enorme quantidade de energia social que deve ser canalizada e conduzida pelos trilhos que levam ao triunfo da revolução.

Cabe destacar que Petrogrado era uma cidade ocidentalizada. Com pouco mais de 1 milhão de habitantes, uma quarta parte correspondia a trabalhadores assalariados, em sua grande maioria industrial metalúrgicos – o complexo metalúrgico de Putilov tinha entre 15 e 20 mil trabalhadores. Os bairros operários de Ovukhovsky, Putilovsky, Baltiisky e Trubotchnyi, além do famoso bairro de Viborg, evidenciavam uma genuína cidade capitalista moderna. De fato, já em 1911, 54% dos trabalhadores russos trabalham em fábricas com mais de 500 assalariados, enquanto as cifras correspondentes nos Estados Unidos eram de 31%.
A insurreição de Petrogrado, através da ocupação de todos os pontos estratégicos de comunicação e abastecimento da capital e a posterior tomada do Palácio de Inverno, constituiu a prova da necessidade de planificar com clarividência a ofensiva para conseguir um objetivo determinado. A audácia de Trotsky residiu em sua capacidade de aproveitar o Segundo Congresso dos Sovietes como antesala preparatória da insurreição. Como afirmou Isaac Deutscher, a sutileza e a perspicácia tática de Trotsky impedia que seus inimigos soubessem com certeza o que sucederia nos dias seguintes.

Ante o possível ataque alemão à cidade imperial, a 9 de outubro de 1917 se constituiu o Comitê Militar Revolucionário, sob a iniciativa de um jovem socialista revolucionário de esquerda, Lizimir. Este Comitê ficou sob as ordens de Trotsky. A função deste organismo foi organizar a guarnição que tomaria conta da capital, estabelecendo contatos com as tropas do Báltico, da fortaleza de Kronstadt e a marinha finlandesa; contabilizar os recursos humanos disponíveis e as munições; e elaborar um plano de defesa. Imediatamente gozou da autoridade de ser um organismo do Soviete de Petrogrado.

Deste modo, de 10 a 17 de outubro, Trotsky se encarregou de transformar a tarefa de defesa da cidade na insurreição proletária. Ante a notícia de que o Governo Provisório queria abandonar a cidade, o Comitê se pronunciou contrário à decisão do governo e declarou a obrigação das tropas estacionadas na capital de defender a cidade até as últimas conseqüências, exortando o Comitê Executivo a convocar o II Congresso dos Sovietes. Trotsky fez um chamado a rádio a todos os sovietes da Rússia para que enviassem delegados a Petrogrado. Se Kerensky era impotente para garantir a realização do Congresso, isso seria feito pelo Comitê Militar Revolucionário.

O Comitê conquistou a confiança das guarnições de Petrogrado, incluindo os reticentes soldados da Fortaleza de Pedro e Paulo, cárcere dos revolucionários durante décadas. Finalmente, o Soviete deu instruções para que as guarnições obedecessem exclusivamente as decisões do Comitê Militar. Os regimentos e as guardas vermelhas ficaram sob a direção indiscutível de Trotsky.
Nas vésperas da realização do II Congresso, a 23 de outubro o Comitê Militar colocou em marcha o plano de defesa da cidade. Ocuparam-se na madrugada as posições estratégicas da cidade, como a Central de Correios e Telégrafos. De todos os distritos da cidade se lançam destacamentos armados, batendo às portas ou entrando sem bater e ocupando militarmente os edifícios públicos. Em quase toda a parte os trabalhadores os esperam ansiosos.

Nas estações de trem, o Comitê Militar Revolucionário enviou comissários nomeados especialmente para vigiar a chegada e partida de trens, principalmente os que transportam soldados.

Enquanto os periódicos burgueses clamavam furiosamente pela violência, os saques e rios de sangue que correriam com a insurreição, os soldados, marinheiros e operários das guardas vermelhas, executando as ordens vindas do Smolny, sem disparar um tiro e sem derramamento de sangue, iam ocupando todos os prédios públicos.

Trotsky propagandeou e “legalizou” o armamento das guardas vermelhas e da guarnição de Petrogrado para defender a cidade de um possível ataque alemão e garantir a realização do II Congresso dos Sovietes, a 24 de outubro de 1917. Com isso, preparou as condições para transformar uma tática defensiva em uma manobra ofensiva (um rápido golpe fulminante ao que restava do aparato estatal burguês) o que lhe permitiu tomar o poder na capital imperial sem disparar um único tiro. Dito de outra maneira, a insurreição de Petrogrado constituiu a expressão máxima da combinação de manobras de posição (defesa) com a guerra de movimento (ataque). Isto fez com que Harold Nelson definisse o plano de Trotsky como “praticamente inexpugnável: por trás de uma defensiva tática, ele escondia uma ofensiva estratégica”.

Entre 24 e 25 de outubro as guardas vermelhas e a guarnição de Petrogrado tomaram a cidade. O único edifício que ainda não fora tomado era o Palácio de Inverno. Enquanto os delegados debatiam e tomavam decisões no II Congresso, o cruzeiro Aurora bombardeou o Palácio com balas de festim. A rendição das últimas sombras políticas da burguesia encasteladas no velho prédio estava garantida. Os bolcheviques contaram com 2/3 dos delegados no Congresso, que somados aos socialistas revolucionários de esquerda resultavam 75% da representação soviética.

"A tomada do poder político estava consumada. Era o triunfo da revolução de Outubro. Seu maestro, Trotsky. Segundo Deutscher, em seu retorno da clandestinidade em Viborg, Lênin “reconheceu Trotsky, sem reservas, como um companheiro monumental numa ação também monumental”.

Uma contribuição chave para o marxismo na época imperialista
Uma das maiores contribuições de Trotsky ao marxismo foi ser o teórico (e prático) da insurreição proletária, ou seja, da tomada do poder político. Seus escritos enfatizaram como as posições conquistadas da classe operária devem servir ao combate que – dirigido por um partido revolucionário – concentre num ponto determinado a tensão de todas as forças para desferir um golpe mortal no Estado burguês. Trotsky analisou caso a caso distintos processos revolucionários e os momentos históricos de desagregação do poder burguês, definindo as situações precisas da articulação entre a preparação defensiva e a ofensiva da classe operária, para tomada do poder ou para conquistar novas posições preparatórias visando a batalha decisiva: a insurreição revolucionária de massas e a tomada do poder.

A não preparação e utilização das posições conquistadas para fortalecer a classe trabalhadora como sujeito político independente para a revolução é a base do fracasso de distintas correntes da esquerda que vislumbram posições na democracia burguesa como “fins em si mesmas”. Enquanto revolucionários, devemos pensar, pelo contrário, cada posição em função de sua utilidade para o combate e no fragor das lutas atuais, em meio à crise mundial, desenvolver a tarefa apaixonante de dotar os trabalhadores da ferramenta política que destruirá o capitalismo.

Como diz Trotsky, “O marxismo se considera como expressão consciente de um processo histórico inconsciente. Mas o processo ‘inconsciente’ em sentido histórico-filosófico só coincide com sua expressão consciente nos pontos culminantes, quando as massas, pelo impulso de suas forças elementares, arrebentam as comportas da rotina social e dão uma expressão vitoriosa às necessidades mais profundas da evolução histórica. A consciência teórica mais elevada que se tem de uma época, em um determinado momento, se funde com a ação direta das camadas mais profundas das massas oprimidas, afastadas de toda teoria. A fusão criadora do consciente com o inconsciente é o que se chama comumente inspiração. A revolução é um momento de impetuosa inspiração da história”.

O Congresso Nacional oficializou a cleptocracia no #Brasil. A Alerj fez hoje a mesma coisa no Rio - por Latuff

Fonte: https://twitter.com/LatuffCartoons

Governo Trump distribui licenças para a importação de troféus de caça de leões – por ANDA

Governo Trump distribui licenças para a importação de troféus de caça de leões
A permissão – que era direcionada para a caça de elefantes – está sendo aplicada aos leões também. Crédito: WAN

O governo americano está emitindo licenças para a importação de troféus de caça de leões da Zâmbia e do Zimbábue.

A administração anunciou recentemente que seria novamente permitido que caçadores trouxessem para o país “troféus” de elefantes mortos na África.

O argumento é de que a caça regulamentada de elefantes irá beneficiar os esforços de conservação, e esta lógica equivocada está sendo aplicada aos leões também.

Além da Zâmbia e do Zimbábue, a importação de troféus de caça da África do Sul já é permitida, enquanto a de Moçambique, Namíbia e Tanzânia ainda está sendo discutida.

Atualmente, a população de elefantes na África é 30 por cento menor do que era há sete anos. A população de leões também está diminuindo, e, hoje, restam cerca de 17 mil leões na natureza.

A African Wildlife Foundation (AWF) criticou a decisão do governo, afirmando que ela compromete o papel de liderança dos Estados Unidos na luta contra o tráfico de animais selvagens.

De acordo com a AWF, o Conselho para a Conservação da Vida Selvagem Mundial – que será organizado pelo governo nos próximos meses – será dominado pelo lobby da indústria da caça e das armas.

Assim, o conselho se tornará um órgão de promoção da caça que poderá incentivar a expedição de licenças e enfraquecer a Lei de Espécies Ameaçadas de Extinção.

Por isso, AWF está pedindo para que nenhuma ONG entre no conselho até que todos os membros com interesses comerciais no enfraquecimento da legislação de proteção aos animais sejam excluídos dele.

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Falo de um Jesus que se tornou fonte de enriquecimento de pastores inescrupulosos - por Latuff

Fonte: https://twitter.com/LatuffCartoons

Confira a programação da sexta edição do Festival do Filme Anarquista e Punk de SP – por A.N.A.

Confira a programação da sexta edição do Festival do Filme Anarquista e Punk de SP
Quando: 2 e 3 de dezembro de 2017. Onde: Centro de Cultura Social (CCS-SP). Endereço: Rua General Jardim, 253 – Sala 22. Metrô República, São Paulo (SP).

SÁBADO, 2 DE DEZEMBRO

13h30 | 16a2015 – DOOM no Chile + Punky Mauri: Formosamente Violento

16a2015 – DOOM no Chile [Documentário | 43” | 2017 | Basura Existencia | Chile]

Documentário em memória de Fabian, Gaston, Ignacio, Daniel e Robert, mortos durante uma gig onde acontecia a apresentação da banda Doom no Chile. A cada 16 de abril na Alameda 776, punks, amigxs e parentes seguem relembrando-os, e este registro mostra um pouco do que ocorreu naquela fatídica noite, bem como as atividades em memória deles.

Punky Mauri: Formosamente Violento [Documentário | 13” | 2017 | Chile]

Um pequeno registro em memória de Mauricio Morales, anarquista que morreu em 2009 em decorrência da explosão de uma bomba que transportava, e cuja morte foi usada como desculpa para toda uma operação policial de criminalização e montagem contra okupas, anarquistas e punks no Chile. Esta operação, que ficou conhecida como Caso Bombas, foi posteriormente desmontada, ante às inúmeras provas falsas apresentadas pela promotoria.

14h40 | No Gods No Masters Fest 2017 + La Forma: Videofanzine de Contracultura

La Forma: Videofanzine de Contracultura [Documentário | 18” | 2016 | Arlen Herrera | Equador]

Projeto autogestionado e contrainformativo de colaboração conjunta e apoio mútuo, de distintos indivíduos e espaços de Quito, Equador, que em diferentes entornos tem resistido e atuado ali. Este vídeo conta com vários temas dentro da contracultura, como forma de vida, ação, criação e crítica. Partindo de uma crítica comum ao sistema capitalista e a heteronorma imposta, nascem iniciativas e ideias para buscar caminhos diferentes de combatê-la.

No Gods No Masters Fest 2017 [Documentário | 15” | 2017 | Anarco.Filmes | São Paulo/SP]

Autonomia, relações horizontais, faça-você-mesma, senso de comunidade, criação de redes, diálogo, respeito, apoio mútuo… Em imagens, sentidos e palavras, um pouco da segunda edição do No Gods No Masters Fest, em Itanhaém, litoral de São Paulo.

15h20 | Oficina: Um guia prático Anarquista e Punk para uma Autodefesa Digital, por HACKistenZ

Para nós, anarquistas e punks, é mais que necessário nos comunicarmos, de maneira rápida e segura. Pois precisamos planejar ações e fortalecer nossos vínculos e nossa resistência. No entanto, estamos sendo vigiadxs. E pior, estamos sob um tipo de vigilância discreta e silenciosa. Não vemos claramente quem nos vigiam. Pois estes estão muito bem camuflados na internet e até mesmo estão embutidos dentro de nossos computadores e em nossos telefones celulares.

Vivemos em tempos que o combate à vigilância deve ser integrado em nossos hábitos diários. Assim como preparamos nossa comida antes de comê-la, também devemos criptografar nossas informações antes de enviá-las. Assim como escolhemos qual roupa vestir, também devemos nos preocupar com quais softwares usar. Do mesmo jeito que não saímos por ai, pelas ruas, expondo informações sobre nossas vidas e sobre as vidas de compas e de quem amamos para todo o mundo ficar sabendo, também não devemos fazê-lo no ciberespaço.

Se não estamos ainda nos protegendo contra essa vigilância toda, devemos mudar nossos hábitos agora! Mesmo que não consigamos a proteção total, pelo menos dificultaremos a vida de quem nos vigiam. Isto será nossa oficina: “Um guia prático Anarquista e Punk para uma autodefesa digital”. Basicamente discutiremos os seguintes temas, Autonomia diante os softwares, Anonimato na rede, Cypherpunks (criptografia) e Desobediência digital. Cada momento do debate aprenderemos juntxs as ideias fundamentais, quais as principais medidas a serem tomadas por nós, quais programas utilizar e como utilizá-los.

16h30 | Ovarian Psycos

Ovarian Psycos [Documentário | 72” | 2016 | Joanna Sokolowski e Kate Trumbull-LaValle | EUA]

Pedalando a noite pelas ruas perigosas do leste de Los Angeles, as Ovarian Psycos usam suas bicicletas para confrontar a violência em suas vidas. Guiando o grupo está a fundadora Xela de la X, mãe e poeta M.C., dedicada a recrutar mulheres indígenas e negras para o movimento. O filme conta a história de Xela, mostrando sua luta em encontrar um balanço entre o ativismo e sua filha de 9 anos; de Andi, que distante de sua família caminha em direção à liderança do grupo; e de Evie, quem apesar da pobreza e das preocupações de sua mãe salvadorenha, descobre uma nova confiança.

18h00 | Andale! + She´s a Punk Rocker UK

Andale [Curta experimental | 4” | 2017 | Canibal Filmes | Palmitos/SC]

Um filme sobre o mundo de hoje, sobre a necessidade de uma revolução, um levante das massas contra os exploradores, para que o sistema financeiro possa ser todo repensado. Uma visão anarquista do caos que necessitamos para essa mudança ocorrer.

She´s a Punk Rocker UK [Documentário | 67” | 2010 | Zillah Minx | Inglaterra]

Dirigido por Zillah Minx, integrante da banda anarcopunk Rubella Ballet, o documentário retrata um pouco das ideias e histórias de mulheres punks que viveram e participaram da cena punk/squatter inglesa, como Poly Styrene (X-Ray Spex), Eve Libertine e Gee Vaucher (Crass), Olga Orbit (Youth in Asia), entre outras.

DOMINGO, 3 DE DEZEMBRO

13h00 | Dias de Cultura Punk em Fortaleza (30min) + Espaço Korpo Sem Órgãos – Autonomia e Autogestão (50min)

Dias de Cultura Punk em Fortaleza [Documentário | 30” | 2017 | Kalango | Fortaleza/CE]

A cena punk/anarquista no nordeste sempre teve como forte característica a realização de atividades com apoio e participação de grupos/bandas de diversas localidades da região, unindo esforços, sonhos e movidas. Este ano aconteceu o Dia de Cultura Punk, com atividades em Fortaleza/CE, Natal/RN e Campina Grande/PB. Este documentário é um pequeno registro do que rolou na cidade de Fortaleza.

Espaço Korpo Sem Órgãos – Autonomia e Autogestão [Documentário | 50” | 2017 | Korpo Sem Órgãos | Fortaleza/CE]

Relatos, imagens, experiências e vivências deste espaço okupado e autogerido que resistiu na cidade de Fortaleza/CE, em um documentário feito pelas pessoas que passaram pela casa e contribuíram para sua existência.

14h40 | Mais Amor (4min) Noise and Resistence (90min)

Mais Amor [Curta experimental | 4” | 2017 | Biblioteca Terra Livre | São Paulo/SP]

O quanto esse discurso de “mais amor” não esconde uma exigência por passividade e aceitação das desigualdades sociais? Enquanto o capitalismo tortura, pede amor em troca. Enjoados desse falso amor, nos resta exercitar o ódio. É preciso nutrir o ódio de classe. O filme, de maneira tosca e metafórica, propõe uma reflexão sobre essa frase que habita o discurso da manutenção. Mais amor pra quem? Guerra ao sistema!

Noise and Resistence [Documentário | 90” | 2011 | Francesca Araiza Andrade e Julia Ostertag | Alemanha]

Documentário que retrata uma cena política e musical globalmente interconectada, construída a partir de autonomia, solidariedade e da ideia de faça-você-mesma, que declara guerra ao capitalismo e a cultura mainstream. Entre okupas em Barcelona, antifascistas em Moscou, habitantes de parques de trailers autogeridos, garotas de bandas punks suecas, e outros grupos de diversos países, o filme conta um pouco sobre integrantes desta cena, suas motivações, aspirações compartilhadas e ideias de utopia.

16h30 | Debate: A prática do cineclube na era do isolamento digital, com Daniel Fagundes, Sheyla Maria Melo e Gabriel Barcelos

Os cineclubes e mostras surgem como espaços onde as pessoas se reúnem para assistir filmes coletivamente e, muitas vezes, debater e refletir em conjunto sobre as produções e temas que as envolvem. A era da internet, porém, ao mesmo tempo em que possibilitou e facilitou contatos, tem gerado cada vez mais isolamento neste sentido: ao invés de priorizar estes momentos coletivos, o ato de assistir filmes se torna cada vez mais algo para se fazer em computadores pessoais e celulares, muitas vezes individualmente. Como se inserem os cineclubes e sua prática neste contexto?

Sheyla Maria Melo | Co-gestora do grupo Arte Maloqueira, articuladora do projeto Rua de Fazer e do Projeto Comunicação Alternativa, estudante de jornalismo e pedagoga.

Daniel Fagundes | Cinegrafista e Pedagogo, integrante do Núcleo de Comunicação Alternativa.

Gabriel Barcelos | Jornalista sindical, pesquisador, videoativista, ex-organizador da Mostra Luta de Campinas, autor do blog CineMovimento (cinemovimento.wordpress.com)

18h15 | Curdistão: Garotas em Guerra (53min) + Caoticidade (9min)

Caoticidade [Documentário experimental | 9” | 2017 | Diego Duenhas | São João da Boa Vista/SP]

Documentário experimental que propõe uma abordagem diferente sobre o assunto da gentrificação e seus resultados para as cidades e para as pessoas que vivem nelas.

Curdistão: Garotas em Guerra [Documentário | 53” | 2016 | Mylène Sauloy]

O documentário olha para a luta ideológica e militar das mulheres curdas em Rojava, Shengal e Qandil, bem como a história do movimento de mulheres que surge com o PKK. De Paris a Sinjar, mulheres curdas estão tomando em armas contra o ISIS para defender o seu povo. Um grupo de mulheres que se negam a ser vítimas e se mantêm fortes com outras mulheres que são maltratadas.

> Lançamento do zine #1 do Festival do Filme Anarquista e Punk | Depois de 6 anos organizando o Festival, reunimos no papel um pouco de nossas inquietações, questionamentos e visões sobre audiovisual anarquista, prática e produção de vídeo e o uso dessa ferramenta em nossas lutas para compartilhar e ampliar os debates sobre o tema. O zine estará disponível na banquinha durante os dias do Festival!

> Exposição | Festivais de Filme Anarquista pelo mundo | Já tradicional em todas as edições do Festival, estarão expostas imagens de cartazes de festivais de filme anarquista e punk mundo afora.

> Exposição | Crass e faça-você-mesma nas colagens de Gee Vaucher (Inglaterra) | Exposição de colagens e artes enviadas por Gee Vaucher, artista, ex-integrante da banda inglesa Crass e moradora da comunidade Dial House em Essex/Inglaterra, que foram feitas durante o período de existência da banda para as capas, encartes e materiais produzidos na época.

> Venda de salgados e lanches veganos por No Cruelty Vegan Foods.

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agência de notícias anarquistas - ana

Pra que respirar?
posso ouvi-la, fremindo,
maciez de noite.

Soares Feitosa