terça-feira, 30 de novembro de 2010

Charge do Dia!


Fonte: http://blogdolute.blogspot.com/

O teatro do governo do Rio e sua mídia - por Marcelo Salles

O teatro do governo do Rio e sua mídia - por Marcelo SallesCartaz afixado no Morro do Alemão, em 2007

“Dia histórico para o Rio de Janeiro”. “Dia D”. “Vitória do bem contra o mal”. Esses foram alguns chavões utilizados pelas corporações de mídia para descrever a incursão das “forças de segurança” ao Complexo do Alemão, neste domingo, como a complementar a imagem da bandeira do Brasil no alto de uma das estações do teleférico recém-construído na favela. É incrível como se assemelham a narrativa do governo estadual e o discurso adotado pelas Organizações Globo. Juntos comemoram vitória no Alemão, ao tempo que varrem pra debaixo do tapete o sangue derramado no meio da semana da passada. Acham que ninguém vai questionar?

De acordo com o Fantástico, da TV Globo, os 2.600 homens da polícia militar, polícia civil, polícia federal, exército e marinha apreenderam 40 toneladas de maconha e 50 fuzis. No entanto, na fotografia publicada no site do Globo aparecem apenas 3 fuzis. Os dados oficiais da operação não foram divulgados, e as primeiras informações davam conta de 15 prisões no sábado, antes, portanto, da invasão do conjunto de favelas.

A conta não fecha. No meio da semana passada foram divulgadas, repetidamente e com assombro, imagens de traficantes fugindo da Vila Cruzeiro para o Alemão. Falavam em duzentos homens fortemente armados. Dados do próprio governo dão conta de que no Alemão existiam pelo menos mais 450 traficantes. Para onde foram os 650? Estariam entocados em algum lugar da Serra da Misericórdia? Ou fugiram milagrosamente, já que todas os acessos estavam fechados? O número de fuzis apreendidos divulgado pelo Fantástico inclui os que foram encontrados na Vila Cruzeiro? Ou estão querendo nos fazer acreditar que os bandidos os deixaram para que fossem encontrados no Alemão? Onde foi que a TV Globo aprendeu a somar?

E, mais importante: onde estão os corpos dos cerca de 40 mortos nas operações realizadas na Vila Cruzeiro e no Jacarezinho, no meio da semana passada? E os laudos cadavéricos, que podem indicar se houve ou não execuções sumárias? Qual o nome dessas pessoas? Será possível que nenhuma mãe tenha chorado essas mortes? Sua dor não é notícia? Seria prudente que essas informações fossem divulgadas, inclusive para debelar qualquer dúvida com relação à legalidade da ação policial.

Sobre as drogas que foram apreendidas, o “comentarista de segurança” da Rede Globo frisou em todos os programas da emissora, inclusive no Faustão: os crimes vão diminuir; a paz voltará ao Rio de Janeiro. Duvido, por uma razão muito simples. Se a maior parte dos traficantes varejistas está solta, e perderam grande quantidade de uma mercadoria, a droga, o que será que eles vão fazer para recuperar o dinheiro? Fundar um banco? Não. Apostar na Bolsa de Valores? Não. O mais provável é que recorram a assaltos, seqüestros relâmpagos e outros crimes, muitas vezes tão sujos quanto as opções anteriores.

As “forças de segurança”
O temido Bope parece já não ser suficiente para satisfazer o fetiche da violência da burguesia. O baile macabro dos tanques de guerra em favelas do Rio é um terrível precedente para todos nós que lutamos por democracia e Direitos Humanos. Depois disso o que vem? Vale consultar os livros de Mike Davis, sobretudo o “Planeta Favela”. Eis um trecho da resenha, pela Boitempo Editorial:

“Cada aspecto dessa ‘nova cidade’ é analisado: informalidade, desemprego, criminalidade; o gangsterismo dos senhorios que lucram com a miséria; a incapacidade do Estado de oferecer infra-estrutura e casas populares, e em contrapartida sua atuação nas remoções de ‘revitalização’ que abrem caminho para a especulação imobiliária; as soluções ilusórias de ONGs e organismos multilaterais.

“Um ‘proletariado informal’, ainda não compreendido pelo marxismo clássico e tampouco pelo neoliberalismo. A materialização extrema desse conflito está no último capítulo do livro, que trata das análises do Pentágono sobre a guerra do ‘futuro’ nas megafavelas do Terceiro Mundo, e o presente do exército norte-americano tentando monitorar as vielas de Sadr City, a maior favela de Bagdá”.

No Haiti, onde lidera uma missão das Nações Unidas, há alguns o Brasil “treina” militares para usar em favelas aqui. Parece que a hora chegou. O país onde houve a primeira revolução dirigida por escravos foi usado para preparar a repressão militar em espaços habitados por descendentes de escravos. É o recrudescimento da tese do “inimigo interno”, doutrina remanescente da ditadura de 1964 que foi dissecada pela presidente do Grupo Tortura Nunca Mais, Cecília Coimbra, no livro “Operação Rio – o mito das classes perigosas”, onde analisa o uso das Forças Armadas para o policiamento da cidade durante a Eco-92.

Entre as dezenas de mortes na Vila Cruzeiro e no Jacarezinho, no meio da semana passada, até agora não consta que as “forças da ordem” tenham tido alguma baixa, felizmente. No entanto, este fato deveria ser mais do que suficiente para derrubar a ideia de “guerra”, o que pressupõe equivalência de forças e disputa pelo poder político – o que também está fora de cogitação, pois quem trafica drogas não quer chegar ao governo, quer apenas manter os lucros com esse negócio privado pra lá de capitalista.

Um fato, porém, deveria inverter a tendência encampada com entusiasmo pelas corporações de mídia, aquela que faz apresentadores de telejornal chegarem próximos ao orgasmo: vasculhar e destruir! As mais de trinta pessoas que morreram – incluindo uma adolescente de 14 anos e outras três pessoas que nada têm a ver com o negócio da droga – morreram durante operações das “forças de segurança”. Por esta razão, a Anistia Internacional divulgou nota pedindo que as autoridades brasileiras “ajam com força proporcional e dentro da lei”, e recorda a mega-operação realizada em 2007 na mesma favela do Alemão.

Breve histórico
A preocupação não é infundada. Em 2007, a mega-operação policial deixou mais de 40 mortos no Alemão, 19 num único dia, sendo que depois da ação não houve melhora na segurança pública da região. O detalhe perverso: uma perícia independente constatou que muitas dessas mortes foram execuções sumárias. Eu estive lá. Passei algumas semanas percorrendo quatro das treze favelas do Alemão, cheguei a dormir no Morro do Alemão, favela que dá nome a todo o conjunto, que se estende por cinco bairros da zona norte carioca. Tive a oportunidade de ouvir cerca de 100 pessoas, e a reportagem foi publicada em cinco páginas na edição de agosto de 2007 da revista Caros Amigos, então editada por Sérgio de Souza. Resumo da ópera: os traficantes varejistas são cruéis, sim, relatam os moradores, mas o medo maior é da polícia, que perpetrava uma série de violações aos direitos humanos. Uma informação importante: naquela ocasião, apenas uma semana depois da invasão policial o tráfico varejista já operava normalmente.

Aqui tem algumas fotos que fiz para além da reportagem: http://www.fazendomedia.com/diaadia/protoblog6.htm

E aqui uma matéria publicada no Fazendo Media, um contraponto à pesquisa Ibope divulgada à época, que “mostrava” apoio da “população” às mega-operações: http://www.fazendomedia.com/novas/politica240707.htm

O papel das corporações de mídia
As corporações de mídia jogam um papel essencial em situações como essa. Podem ser importante instrumento de denúncia contra violações dos Direitos Humanos, da mesma forma que podem legitimar uma matança indiscriminada. A inclinação do noticiário dependerá sempre dos interesses da empresa que o comanda, apesar de todas se declararem imparciais e a serviço da sociedade. Assim, não importa que as “forças de segurança” contem com 2,6 mil homens, helicópteros, tanques de guerra e preparação profissional, enquanto, do outro lado, seriam 600 homens, de chinelo e bermuda. Para diluir a desigualdade, o que fazem os donos da mídia que “adoram matadores”, conforme definição do jurista Nilo Batista? Reproduzem “ad infinutum” as imagens da fuga cinematográfica de bandidos da Vila Cruzeiro para o Complexo do Alemão.

E apresentadores de televisão perguntam, com sangue escorrendo pelos lábios: “por que a polícia não cercou os bandidos? Não sabiam que iriam fugir por ali?”.

Não há uma linha sequer criticando qualquer aspecto da operação patrocinada pelo governo. Seriam anjos enviados por Deus, incapazes de errar? Por que não se investigam as denúncias da Rede Contra a Violência, que em nota afirma que policiais invadiram e saquearam residências na Vila Cruzeiro? Parece que em se tratando de perseguir o crime em áreas pobres, o olhar crítico, fundamental à prática jornalística, dá lugar ao engajamento cego, típico dos vassalos da ditadura.

Relato crítico de uma moradora
Neste sábado, dia 27 de novembro de 2010, parte do Alemão ficou sem luz. A repórter da Globo tentou explicar: “por questão de segurança”. Milhares de pessoas tiveram a energia elétrica cortada em nome da perseguição de centenas. Quem me conta é a Renata, que mora na favela e vem denunciando uma série de arbitrariedades em seu Facebook. E se faltasse luz no Leblon, em quanto tempo voltaria? Mas as corporações de mídia não irão ouvir a Renata. Usarão todo o espaço com aqueles dispostos a corroborar a opinião que interessa às “forças da ordem”. Acho que nem na invasão do Iraque a mídia brasileira, pelo menos a televisiva, esteve tão “embeded”, embutida, afinada com as “forças da ordem”.

Por outro lado, chegam informações de que os bandidos estão expulsando moradores de suas casas e entrando à força. Que os policiais estão pedindo comida e água para os moradores, porque o governo não lhes fornece as necessidades básicas. Que até agora os moradores, no Alemão, estão sendo tratados com educação pelas “forças de segurança”, que só permitem que os moradores entrem e saiam da favela se apresentarem documento de identidade. Seria mais honesto se todos esses aspectos fossem mostrados, e não apenas este ou aquele.

Renata não poupa críticas à “imprensa sensacionalista, a Globo, que não mostra a nossa situação real”. Ela conta a história de um casebre que fica no caminho da Vila Cruzeiro para o Alemão, e que foi marcado a partir de imagens de um helicóptero da Globo como local de traficantes. Na verdade, a habitação pertence a Anderson e Patrícia, que são muito pobres, mas, apesar disso, coleguinhas, não são bandidos e lá vivem com os filhos. Resultado: os dois tiveram que fugir e estão abrigados numa igreja próxima, já que sua casa virou alvo.

Por fim, Renata desabafa: “Estou cansada. É sempre a gente que sofre”.
Na favela, vale lembrar, não se fabricam armas e nem drogas. Por que não perguntamos como elas chegam lá? Por que a inteligência da polícia não detectou os incêndios? A reconfiguração da cidade para a Copa do Mundo, os Jogos Olímpicos e os Jogos Militares estão por trás da barbárie? Por fim, e indo além: e as mal chamadas milícias? Já se converteram definitivamente em “milídias”, aguardando pacientemente o fim da “guerra” para ampliar o seu “mercado” no Rio de Janeiro?

O povo brasileiro não deve se deixar iludir pela operação casada entre governo do Rio e corporações de mídia. Não se pode vencer o tráfico de drogas nas favelas, nem com tanques de guerra, nem mesmo com bombas atômicas. Por um motivo muito simples: os donos do negócio não estão lá.
Fonte: http://www.fazendomedia.com/

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Contra Mão Zine # 01


Contra Mão Zine # 01
Já esta nas ruas deste Brasil afora o primeiro número do Fanzine “Contra Mão Zine”, um zine coletivo que surgiu a partir do primeiro encontro dos Zineiros que aconteceu em Janeiro deste ano – capitaneado pelo sempre competente The Katz.

Aqueles que quiserem o zine é só postar o endereço eletrônico que enviarei o mesmo!

Provos Brasil

Atividades marcam Semana de Solidariedade ao Povo Palestino

Atividades marcam Semana de Solidariedade ao Povo Palestino
As principais manifestações serão realizadas na segunda-feira (29), data que marca o Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino

Da redação
Organizações sociais brasileiras, juntamente com a comunidade árabe-palestina no país, promovem a Semana de Solidariedade ao Povo Palestino. As principais manifestações serão realizadas na segunda-feira (29), data que marca o Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino.

Em 29 de novembro de 1947, em Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas, foi aprovada a Resolução nº 181, que decidiu pela partilha do território da Palestina histórica para o estabelecimento de um estado judeu e um árabe, sem consulta aos habitantes locais. Como consequência, o Estado de Israel foi implementado em 15 de maio de 1948 e o da Palestina não foi assegurado, culminando na chamada nakba (catástrofe), em que foram expulsos mais de 700 mil palestinos de suas casas e centenas de vilas foram destruídas.

Anualmente, em todo o mundo, ocorrem várias ações durante esse período, a fim de reivindicar o fim imediato da ocupação na Palestina. Veja, a seguir, algumas atividades que acontecerão no Brasil.

Programação:
São Paulo (SP)
29 de novembro

Horário: 14h
Local: FEA-USP Sala G-1
Instituto de Relações Internacionais
Exibição do documentário: Palestina Espera (Palestine is waiting, EUA-Palestina, 2001, cor, 10 min -documentário). Direção: Annemarie Kattan Jacir. Há mais de 5 milhões de refugiados palestinos, muitas vezes indesejados, vivendo em condições-limite em todo o mundo.

Participação: Maren Mantovani - Analista política, diretora de Relações Internacionais da Campanha Palestina contra o Muro do Apartheid e Representante para a América Latina do Comitê Nacional Palestino por Boicotes, Sanções e Desinvestimento (BNC)

Dia: 29 de novembro
Horário: 19h
Local: Auditório Franco Montoro - Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo - Av. Pedro Álvares Cabral, 201

Atividade: Ato político com convidados e autoridades, exibição de curta-metragem e poesias árabes. Participação de representante do movimento Stop the Wall.

Organização: Frente em Defesa do Povo Palestino - frentepalestina@yahoo.com.br

Dia: 4 de dezembro
Horário: 16h
Local: Matilha Cultural - Rua Rego Freitas, 542
Atividade: Exibição dos filmes: Ponto de Encontro (Encounter Point) - Direção: Júlia Bacha e Ronit Avni. Documentário, 85 min, 2008 e Nós e os Outros (Selves and Others, A Portrait of Edward Said) - Direção: Emmanuele Hamon. Documentário, 54 min, 2003. Haverá debate com a participação de companheiros que participaram do Fórum Mundial da Educação na Palestina

Realização: Núcleo de Estudos Edward Said - Instituto da Cultura Árabe, Oboré e Matilha

Apoio: Frente em Defesa do Povo Palestino - contato@icarabe.org

Campinas (SP)
Dia: 29 de novembro de 2010 - segunda-feira
Locais e atividades: Câmara Municipal de Campinas - homenagem à data Parque da Paz e Memorial Yasser Arafat - visitação pública
Colóquio - Mostra Afro-brasileira - Secretaria Municipal de Educação
Realização: Instituto Jerusalém do Brasil - institutojerusalembr@terra.com.br

Porto Alegre (RS)
Dia: 29 de novembro
Horário: 19h
Local: Plenarinho da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul - Praça Mal. Deodoro, 101

Atividade: Sessão com convidados, Embaixada da Autoridade Palestina na República Federativa do Brasil e Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados)

Organização: Comitê Gaúcho de Solidariedade ao Povo Palestino - comitepalestinars@gmail.com

Florianópolis (SC)
Dia: 30 de novembro
Horário: 19h
Local: Câmara de Vereadores - Plenário do Centro Legislativo Municipal
Rua Anita Garibaldi, 35 - Centro

Atividade: Sessão solene e Ato político com convidados e autoridades

Lei 34/40 PMF - 1990 - 29 de novembro - Dia Municipal de Solidariedade ao Povo Palestino em Florianópolis

Lei nº 13850 - 2006 - Dia Estadual de Solidariedade ao Povo Palestino em Santa Catarina

Organização: Comitê Catarinense de Solidariedade ao Povo Palestino - comitepalestinasc@yahoo.com.br

Balneário Camboriú (SC)
Dia: 25 - quinta-feira
Horário: 17h
Local: Câmara de Vereadores de Balneário Camboriú
Atividade: Acompanhamento da votação da legislação municipal que institui o "Dia 29 de novembro como o Dia de Solidariedade ao Povo Palestino no município de Balneário Camboriú - SC"

Dia: 26 - sexta-feira
Horário: 20h
Local: Restaurante Pharol - Av. Atlântica Barra Sul, 5.740
Atividade: Jantar árabe - comidas típicas da gastronomia árabe, músicas, apresentações de danças folclóricas


Dia: 27 - sábado
Horário: 18h
Local: Livraria Nobel - Av. Alvim Bauer, 250, sl. 04 - Centro
Atividade: Cultura e lazer, exposição de livros, sugestão de roteiros de viagem, apresentações de dança do ventre e degustação de pastas e doces árabes

Organização: Instituto Amigos da Cultura ramoniga@hotmail.com e www.amigosdaculturasc.com

Rio de Janeiro (RJ)
Dia: 29 de novembro de 2010 - segunda-feira
Horário: 18h
Local: IFCS-UFRJ (Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal do Rio de Janeiro) - Largo de São Francisco

Atividade: Ato político em defesa do povo palestino. Lançamento da Campanha Mundial de BDS - Boicote, Desinvestimento e Sanções contra Israel e da Campanha de Boicote Acadêmico e Cultural. Exposição do livro "Impressões de uma brasileira na Palestina"

Organização: Comitê de Solidariedade à Luta do Povo Palestino - vivaintifada@gmail.com

Belo Horizonte (MG)
Dia: 26 de novembro
Horário: 9h30
Local: Auditório do Instituto de Ciências Exatas Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG

Atividade: Seminário de Solidariedade Internacional. Palestrante: Jadallah Safa Comitê Democrático Palestino

Coordenação: UJC e Casa da América Latina - www.seminariodesolidariedadeinternacional.blogspot.com

Dia Internacional de Soliariedade com a Luta do Povo Palestino!!!

Dia Internacional de Soliariedade com a Luta do Povo Palestino!!!
Dia Internacional de Solidariedade ao Povo PalestinoResolução nº 32/40 da ONU "Em 1977, a Assembléia Geral do ONU determinou que fosse celebrado, todos os anos, a 29 de novembro, o Dia Internacional de Solidariedade para com o Povo Palestino Resolução nº 32/40 da ONU Com efeito, foi nesse dia que, no ano de 1947, que a Assembléia Geral aprovou a resolução sobre a divisão da Palestina [resolução 181(II)].

O COMITÊ DE SOLIDARIEDADE DO RIO DE JANEIRO CONVIDA:
Queremos convidar a todos os partidos, sindicatos, movimentos sociais e populares, além dos companheiros e companheiras para prestar um dia de solidariedade ao perseguido povo palestino que há 63 anos resiste heroicamente ante todas as arbitrariedades (bombas, humilhações, perseguições políticas, torturas legalizadas...) cometidas pelo Estado terrorista de Israel.

29 de novembro é dia de Manifestação de Solidariedade Internacional com o Povo Palestino, realizadas simultaneamente em várias capitais do mundo. Nesta data o território histórico da Palestina foi arbitrariamente dividido, favorecendo a criação do Estado de Israel.

Território onde havia uma sociedade construída por árabes, e que a partir daí passaram a ser vítimas da limpeza étnica promovida pelas milícias sionistas. No ano de 1948, quase a totalidade das terras palestinas (cerca de 94%) foram tomadas militarmente pelo Estado de Israel. Hoje mais de seis milhões de palestinos vivem em campos de refugiados espalhadas pelos países árabe e no mundo. Ainda hoje, Israel controla 65% da Cisjordânia e 40% da Faixa de Gaza, com seu exército e sua força paramilitar (os colonos) implementando um regime de terror cujos métodos de crueldade se assemelham aos dos nazistas alemães.

Até quando ficaremos indiferentes aos veículos militares e tratores invadindo bairros e destruindo casas onde moram os palestinos? Até quando vamos permitir a construção de outros “muros da vergonha” como o que Israel está construindo dentro do território da palestina ocupada, transformando-a num verdadeiro campo de concentração, vigiado sistematicamente, usurpando terras e destruindo a teia social palestina?

É preciso somar forças e nos solidarizarmos com a heróica luta do povo palestino que teimosamente insiste em dizer não a essas arbitrariedades. É necessário e urgente dizer que “terrorismo” não é resistir (usando quaisquer formas de luta) ao Estado terrorista de Israel. Terrorismo é impedir um povo de desfrutar de sua própria terra, é impedir a existência de uma pátria livre do colonialismo e do imperialismo. Terrorismo é matar crianças com bombas e mísseis disparados de helicópteros e aviões nos bairros onde vive a população civil palestina. Terrorismo é barrar uma mãe grávida num posto policial ou do exército, impedindo que a mesma tenha a atenção necessária na hora do nascimento de seu filho.

Por tudo isso o COMITÊ DE SOLIDARIEDADE À LUTA DO POVO PALESTINO convida todos aqueles que estão ao lado da heróica resistência palestina para a realização de um ato político no dia 29 de novembro de 2010, a partir das 17:30h, no Instituto de Filosofia e Ciências Humana (IFCS) – Largo de São Francisco.

Neste ato, o lançamento e a exposição do livro “Impressões de uma brasileira na Palestina”, de Maristela R Santos, produzido pela Editora Achmé,: Depoimentos emocionantes do cotidiano do povo palestino, suas relações com as organizações políticas, como se organizam para autodefesa, a vida dos prisioneiros, das crianças, dos beduínos e a vida nas aldeias, relacionado com a ocupação permanente de suas terras e a expulsão de suas casas, bairros e vilas. Além de fazer um breve relato e análise do caráter e da natureza do estado de Israel e a relação dos estrangeiros judeus, os colonos, com o Estado Judeu e o povo palestino.

Por fim, o Comitê de Solidariedade fará um panorâmico histórico e uma introdução da Campanha Mundial de BDS – Boicote, Desinvestimento e Sanções contra Israel, em particular, o Boicote Acadêmico e Cultural que esta ganhando corações e mentes nas universidades da Europa e EUA.
VENHA CONHECER MELHOR A HISTÓRIA DESSA LUTA!
Fonte: http://somostodospalestinos.blogspot.com/

sábado, 27 de novembro de 2010

Operação militar, vista pela classe média e pelo morador da favela - por Latuff


Fonte: http://twitpic.com/photos/CarlosLatuff

Muito longe do equilíbrio - por José Luís Fiori

Muito longe do equilíbrio
Não é fácil de prever o futuro das novas iniciativas estratégicas dos EUA, mas com certeza não é necessário que os países latino-americanos repitam os mesmos erros que conduziram à sua estagnação econômica e ao retrocesso neoliberal dos anos 80 e 90, do século passado.

“Toda situação hegemônica é transitória, e mais do que isto, é auto-destrutiva, porque o próprio hegemon acaba se desfazendo das regras e instituições que criou, para poder seguir se expandindo e acumulando mais poder do que seus liderados”.J.L.F. “O Poder Global e a Nova Geopolítica das Nações”, Ed.Boitempo, 2007, p:31

A recente decisão norte-americana de desvalorizar sua moeda nacional não é nova nem surpreendente. Como tampouco, a transferência dos seus custos para o resto da economia mundial, e de forma particular, para a periferia monetário-financeira do sistema. Os EUA já fizeram a mesma coisa, em 1973, quando abandonaram o sistema de Bretton Woods, provocando a primeira grande recessão mundial, depois da II Guerra. As analogias históricas são perigosas e devem ser utilizadas com cautela, mas não há dúvida que a situação e o comportamento atual dos EUA se parecem muito com o que ocorreu na década de 1970.

Como naquele momento, uma vez mais, os EUA estão envolvidos numa guerra sem solução e enfrentam uma grave crise econômica. E ao mesmo tempo, seu establishment está rachado e sua sociedade está atravessando uma luta política que deve se prolongar por muito tempo. E uma vez mais, os EUA optaram por uma resposta estratégia que combina a manipulação do valor do dólar com uma “escalada” da sua presença militar ao redor do mundo. E não é impossível que ainda façam um acordo estratégico com a Rússia e um acordo de paz como Irã, envolvendo toda a Ásia Central. E que adotem, novamente, a estratégia do “dólar forte”, do final dos anos 70.

Mas é óbvio que existem algumas diferenças fundamentais: por exemplo, a relação econômica dos EUA com a China é totalmente diferente da relação que os EUA tiveram com a URSS, e no século passado não havia nenhum país - nem a Comunidade Européia - com força para contestar ou resistir às decisões da política monetária norte-americana. Por isto, não é fácil de prever o futuro das novas iniciativas estratégicas dos EUA, mas com certeza, não é necessário que os países latino-americanos repitam os mesmos erros que conduziram à sua estagnação econômica e ao retrocesso neoliberal dos anos 80 e 90, do século passado. O futuro está aberto e existem múltiplas alternativas sobre a mesa, mas neste momento é necessário que os governantes tenham uma visão estratégica que transcenda o debate puramente econômico, cujos argumentos e alternativas fundamentais se repetem há cerca de duzentos anos.

A falta desta visão mais ampla é que explica a repetição - como na década de 70 - de algumas propostas absolutamente ingênuas ou inviáveis, dentro do sistema político-econômico mundial em que vivemos. Como é o caso, por exemplo, da decretar o fim da hegemonia do dólar; ou de criar uma nova moeda supranacional; ou ainda, de estabelecer uma meta fixa e consensual para os desequilíbrios das contas correntes nacionais; ou ainda pior, de voltar ao padrão-ouro ou delegar ao FMI a função de governo monetário do mundo. Sem falar, nos que acreditam que os EUA e a China possam mudar suas políticas econômicas nacionais, por conta da “pressão amiga”. Propostas e expectativas que pecam pelo desconhecimento ou negação ideológica, de alguns aspectos centrais da economia política da moeda dentro do sistema inter-estatal e capitalista.

Assim, por exemplo:
i. Com o desconhecimento ou negação de que as moedas soberanas não são apenas um “bem público”. Envolvem relações sociais e de poder entre seus emissores e os seus dententores, entre credores e devedores, entre poupadores e investidores, e assim por diante. E por trás de toda moeda e de todo sistema monetário esconde-se e se reflete sempre uma determinada equação e correlação de poder, nacional ou internacional.

ii. Com o desconhecimento ou negação de que as moedas de referência internacional não são apenas uma escolha dos mercados. São produto de uma longa luta de conquista e dominação de territórios supra-nacionais, e um instrumento estratégico de poder dos seus estados emissores e dos seus capitais financeiros.

iii. Com o desconhecimento ou negação de que neste sistema inter-estatal, a contradição implícita no uso de moedas nacionais como referencia internacional, é uma contradição co-constitutiva e inseparável do próprio sistema. A moeda pode até mudar, mas a regra seguirá sendo a mesma, com o Yuan, o Yen,o Euro, ou o Real, dá no mesmo.

iv. Por fim, com o desconhecimento ou a negação de que faz parte do poder do emissor da “moeda internacional”, transferir os custos de seus ajustes internos, para o resto da economia mundial, e, em particular para sua periferia monetário-financeira. Cabendo aos seus governantes a escolha de suas respostas soberanas.

Não é fácil de pensar um sistema onde não existe nenhuma possibilidade de equilíbrio estável. Mas um estadista não pode desconhecer que dentro do “sistema inter-estatal capitalista”, jamais haverá equilíbrio econômico estável, ou coordenação política permanente.

José Luís Fiori, cientista político, é professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Fonte: Carta Maior

Vila Cruzeiro: Urubus na carniça - por Latuff


Fonte: http://twitpic.com/photos/CarlosLatuff

Estudantes europeus saem às ruas contra cortes - por Gorka Larrabeiti - Rebelión

Estudantes europeus saem às ruas contra cortes - por Gorka Larrabeiti - RebeliónEm Roma e em Londres, milhares de estudantes saíram às ruas semanas para protestar contra as políticas de cortes dos governos conservadores de seus países. Em Roma, Pisa, Palermo, Turim e Perugia, os estudantes que lutam contra o decreto lei da ministra da Educação, Maristella Gelmini, demonstraram ter aprendido a lição dos trabalhadores e imigrantes: subiram nos telhados, ocuparam edifícios e foram notícia. O governo quer cortar os fundos para a Universidade pública para aumentar os destinados à Universidade privada. Na Inglaterra, estudantes de 13 e 14 anos foram para às ruas contra as políticas do governo.

Na foto acima estamos em Roma. “Perigosos ativistas” armados com escudos de cortiça carregando títulos da literatura clássica universal caminham rumo ao Senado para “assediá-lo”, segundo os principais meios de comunicação do país. A manifestação de 3 mil estudantes das universidades romanas e sua marcha ao Senado, contra o qual lançaram ovos, foi qualificado pelo presidente da Casa como uma “vil agressão” ou como um “ato de violência”. Como se vê, três minutos de “assédio” causam muito medo nas altas esferas.

Os estudantes compreenderam que para que alguém os escute, é preciso dar espetáculo, ou dar espetáculo. Se não fizerem isso, a trágica situação vivida pela Universidade italiana não é notícia. Gennaro Carotenuto, que ensina na Universidade pública, explica que o trabalho de formação das universidades italianas se sustentou em todos estes anos em grande parte (mais de um terço) graças à dedicação de uma massa de pesquisadores contratados (24 mil) ou não (ao menos 40 mil pessoas entre 30 e 40 anos). Sobre seus ombros se apoiou a atividade didática. Gratuitamente ou com pagamentos simbólicos. Cerca de 10 mil professores se negaram este ano a seguir desempenhando suas tarefas didáticas para acabar com a hipocrisia mantida por um sistema que pretende acabar com as esperanças não apenas de uma, mas de várias gerações.

Em Roma, Pisa, Palermo, Turim e Perugia, os estudantes que lutam contra o decreto lei da ministra da Educação, Maristella Gelmini, demonstraram ter aprendido a lição dos trabalhadores e imigrantes: subiram nos telhados, ocuparam edifícios e foram notícia. O governo quer cortar os fundos para a Universidade pública para aumentar os destinados à Universidade privada. Esta semana, o Parlamento não aprovou o decreto lei: uma prova mais da fratura da esmagadora maioria parlamentar de que gozava Berlusconi. Um dos slogans dos estudantes retratava bem essa realidade: “Não seremos precários: o governo o é mais”. A propaganda do Palácio diz a uma geração com futuro obscuro que temos vivido acima de nossas possibilidades, retirando direitos que as gerações anteriores desfrutaram.

No dia 17 de novembro, o mundo dos institutos e das escolas protestou. Cerca de 200 mil pessoas saíram às ruas. Irromperam no território do poder intocável: o Senado, Palácio Grazioli (residência de Berlusconi) e Praça Montecitorio (do Parlamento).

Enquanto isso, em Londres, alguns outros milhares de estudantes voltaram às ruas para protestar contra os cortes de investimentos e aumento das taxas universitárias para até 9 mil libras esterlinas (mais de 10 mil euros). A polícia os esperava. Não devia permitir outro assalto espetacular a outro centro do poder, como ocorreu quando outro protesto tocou fisicamente a sede do Partido Conservador. Acabou encurralando uma manifestação pacífica. Grupos especiais de inteligência das forças de segurança detiveram alguns “extremistas domésticos”. O governo criminalizou o protesto e aconselhou os meios de comunicação a não alimentá-lo com o “oxigênio da publicidade”. No entanto, os ativistas reagiram.

O site Fitwatch deu conselhos sobre como agir durante o protesto: leve uma máscara, não tire fotos que possam ser usadas contra você, não leve documentos nem agendas que possam identificá-lo. Em Sheffield, Bristol, Liverpool ou Manchester, estudantes de 13, 14 anos saíram às ruas para apropriar-se do presente e arrancar o futuro das mãos do Estado. Um Estado depredador que na Letônia, na Irlanda, França, Islândia, Romênia, Portugal ou Espanha diz a seus cidadãos que o Estado social acabou. Os cidadãos pouco poderão fazer contra uma decisão que cai em cima de suas cabeças e hipoteca seu futuro se demonstrarem sua inconformidade de modo fragmentado. Mas os estudantes europeus estão demonstrando ter compreendido muito claramente que o futuro está aqui no presente e se decide agora: por isso nestes protestos em Roma e em Londres liberam a política sequestrada, a tiram para fora dos palácios e seguem lutando.

Tradução: Marco Aurélio Weissheimer
Fonte: Carta Maior

O tráfico que a TV mostra, e o tráfico que a TV NÃO mostra. por Latuff

Fonte: http://twitpic.com/photos/CarlosLatuff

A Bienal, os pichadores e as práticas do capitalismo - por Bruno Baader

A Bienal, os pichadores e as práticas do capitalismo
A iniciativa expressa a típica prática do capitalismo que a Bienal representa: assimilar tudo aquilo que o combate, transformando isso em mercadoria. Por Bruno Baader.

Está acontecendo a 29ª Bienal de São Paulo. O evento conta com diversas obras de inúmeros artistas, dos mais variados ramos da arte. No entanto, a luz do tempo não afastou a sombra da polêmica da última Bienal, quando pichadores, revoltados com a “exposição do vazio”, invadiram o evento com latas de spray e picharam as paredes e vidros do salão, localizado no Parque do Ibirapuera. Naquela ocasião, os pichadores foram perseguidos e acabaram sendo vítimas da truculência dos seguranças do evento. Dois dos pichadores foram presos.Mas a arte, assim como a vida, é dinâmica e o capitalismo – muito bem representado pelo elitismo de eventos culturais como as Bienais – também. A 29ª Bienal, com o tema “Há sempre um copo de mar para o homem navegar”, tenta apagar da memória coletiva os estigmas de repressão da 28ª Bienal e abre espaço justamente para os algozes de outrora: os pichadores. O evento, este ano, conta com um mural onde estão expostas algumas pichações que também podem ser encontradas nas ruas de São Paulo. Além disso, o visitante pode assistir a diversos vídeos de variadas ações dos pichadores – entre elas, a invasão da 28ª Bienal – em televisões de LCD penduradas, imitando quadros.

O espaço aberto (ou conquistado?), à primeira vista, pode ser visto como algo positivo, uma vez que isso pode ser uma tentativa de transformação da arte popular em arte reconhecida. No entanto, a iniciativa, na verdade, expressa a típica prática do capitalismo que a Bienal muito bem representa: assimilar tudo aquilo que o combate, transformando isso em mercadoria.A pichação é arte. Arte marginal não é menos arte que “outras artes”. Da mesma forma que os Renascentistas eram vítimas de perseguição por questionar os dogmas de sua época (dogmas religiosos que defendiam o tabu em relação à forma humana), os pichadores o são por questionarem os dogmas de nossa época (dogmas burgueses que defendem a soberania da propriedade privada), ainda que não recorram a um discurso organizado para expressar esse questionamento de forma consciente. Apesar da perseguição e da criminalização, a pichação é mais parte do cotidiano das pessoas do que qualquer outra arte visual estática e pode ser muito melhor degustada por quem está se dirigindo à Bienal do que por quem lá está. Basta olhar para os prédios, muros, viadutos e outras “telas urbanas” disponíveis democraticamente a céu aberto, de graça para todos.Além disso, quem degusta a pichação na Bienal degusta uma arte “menos artística” – se é que é possível fazer uma hierarquização da arte – porque as pichações presentes nos murais da Bienal não contaram com a acrobacia comum a quem busca o pintar no impossível. Não contam com o questionamento recorrente entre transeuntes: “Como conseguiram escrever ali!?”. Não contam com a essência da pichação, que é o já citado questionamento à soberania da propriedade privada. Enfim, a pichação legalizada presente na 29ª Bienal é arte, mas uma arte despida de sua essência, uma arte sem porquês, que revela seu potencial de mercadoria.

Por outro lado, os intelectuais que freqüentam a Bienal podem se portar com a pompa de uma aristocracia liberal e defensora dos princípios democráticos. José Jobson, em um artigo sobre o livro Senhores e Caçadores do historiador Edward Thompson, defende que a elite e suas leis têm que parecer justas e algumas vezes até sê-lo para serem respeitadas e manter seu domínio sobre os outros. Essa é a tentativa da elite organizadora, patrocinadora, colaboradora e freqüentadora da Bienal, mostrando para todos o quão tolerante pode ser e, de quebra, se defendendo do maior risco à hegemonia da arte burguesa e elitista: a invasão do salão (o mundo da aristocracia contemporânea) pelas ruas.

Fonte: http://passapalavra.info/

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Quebrar barraco na Vila Cruzeiro é fácil. Quero ver é quebrar sigilo bancário! - por Latuff


Fonte: http://twitpic.com/photos/CarlosLatuff

A raiva mal dirigida nos EUA- por Noam Chomsky

A raiva mal dirigida nos EUA
Tomando emprestadas as palavras de Fritz Stern, o famoso estudioso da história alemã: tenho idade suficiente para lembrar-me daqueles dias ameaçadores nos quais os alemães despencaram da decência para a barbárie nazista. Em um artigo de 2005, Stern indica que tem o futuro dos EUA em mente quando repassa um processo histórico no qual o ressentimento contra um mundo secular desencantado encontrará a liberação no êxtase da fuga da razão. O mundo é demasiado complexo para que a história se repita, mas de todo modo há lições que devem ser relembradas. O artigo é de Noam Chomsky.

Nunca havia testemunhado tamanho grau de irritação, desconfiança e desencanto como o que presenciamos nos Estados Unidos por ocasião das eleições de metade de mandato. Desde que os democratas chegaram ao poder, estão tendo que lidar com nosso monumental incômodo pela situação social, econômica e política do país. Em uma pesquisa da empresa Rasmussen Records, realizada em outubro, mais da metade da cidadania americana assegura ver com bons olhos o movimento Tea Party: esse é o espírito do desencanto.

Os motivos de queixa são legítimos. Nos últimos 30 anos, os salários reais da maioria da população estancaram ou diminuíram, enquanto que a insegurança trabalhista e a carga de trabalho seguiram aumentando, do mesmo modo que a dívida. Acumulou-se riqueza, mas só em alguns bolsos, provocando desigualdades sem precedente.

Estas são as consequências derivadas da financeirização da economia, que vem se desenvolvendo desde os anos 70, e do correspondente abandono da produção doméstica. Recordando esse processo: a mania da desregulamentação defendida por Wall Street e apoiada por economistas fascinados pelos mitos da eficiência do mercado.

O público adverte que os banqueiros, responsáveis em boa parte pela crise financeira e que tiveram que ser salvos da bancarrota, estão desfrutando de lucros recordes e suculentas bonificações, enquanto os índices do desemprego continuam em torno de 10%. A indústria encontra-se em níveis similares aos da Grande Depressão: um de cada seis trabalhadores está desempregado, e o cenário indica que os bons empregos não vão voltar.

O povo, com razão, quer respostas e ninguém as dá, com exceção de umas poucas vozes que contam histórias com certa coerência interna: desde que se suspenda a incredulidade e se adentre em seu mundo de disparate e engano.

Mas ridicularizar as travessuras do Tea Party não é o mais acertado. Seria muito mais apropriado tentar compreender o que sustenta o encanto desse movimento popular e nos perguntar por que uma série de pessoas irritadas estão sendo mobilizadas pela extrema direita e não pelo tipo de ativismo construtivo que surgiu nos tempos da Depressão (como, por exemplo, o Congresso das Organizações Industriais, CIO).

Neste momento, o que os simpatizantes do Tea Party ouvem é que todas instituições (governo, corporações e corpos profissionais) estão apodrecidas e que nada funciona. Entre o desemprego e outros inúmeros problemas, os democratas não têm tempo para denunciar as políticas que conduziram ao desastre. Pode ser que o presidente Ronald Reagan e seus sucessores republicanos tenham sido os grandes culpados, mas essas políticas iniciaram já com o presidente Jimmy Carter e se intensificaram com o presidente Bill Clinton. Durante as eleições presidenciais, entre o eleitorado principal de Barack Obama estavam as instituições financeiras, que afiançaram sua primazia sobre nas últimas décadas.

Aquele radical incorrigível do século XVIII, Adam Smith, referindo-se a Inglaterra, diria que os principais arquitetos do poder eram os donos da sociedade (naqueles dias, os mercadores e industriais), e estes se asseguravam que as políticas do governo se ativessem religiosamente a seus interesses, por mais penoso que fosse o impacto sobre a população inglesa, ou pior, sobre as vítimas da “selvagem injustiça dos europeus” em outros países.

Uma versão mais moderna e sofisticada da máxima de Smith é a teoria do investimento em partidos políticos, do economista político Thomas Ferguson, que considera as eleições como eventos nos quais grupos de investidores se unem para poder controlar o Estado, selecionando para isso os arquitetos daquelas políticas que atendem aos seus interesses.

A teoria de Ferguson é útil para antecipar as estratégias políticas para longos períodos de tempo. Isso não é nenhuma surpresa. As concentrações de poder econômico procurarão de maneira natural estender sua influência sobre qualquer processo político. O que ocorre é que, nos Estados Unidos, essa dinâmica é extrema.

E ainda assim pode-se argumentar que os desperdícios empresariais têm uma defesa válida frente às acusações de avareza e desprezo pelo bem comum. Sua tarefa é maximizar os lucros e o “bem-estar” do mercado. De fato, esse é seu dever legal. Se não cumprissem essa obrigação, seriam substituídos por alguém que o fizesse. Também ignoram o risco sistemático: a possibilidade que suas transações prejudiquem a economia em seu conjunto. Esse tipo de externalidade não é de sua incumbência, e não é por que sejam más pessoas, mas sim por razões de tipo institucional.
Quando a bolha estoura, os que correram os riscos correm para o refúgio do Estado. As operações de resgate, uma espécie de apólice de seguro governamental, constituem um dos perversos incentivos que magnificam as ineficiências do mercado.

Cada vez está mais ampliada a ideia de que nosso sistema financeiro percorre um ciclo catastrófico, escreveram, em janeiro deste ano, os economistas Peter Boone e Simon Johnson, no Financial Times. Toda vez que ele sucumbe, confiamos que seja resgatado por políticas fiscais e dinheiro fácil. Esse tipo de reação mostra ao setor financeiro que ele pode fazer grandes apostas, pelas quais será generosamente recompensado, sem ter que se preocupar com os custos que possa vir a ocasionar, porque será o contribuinte quem acabará pagando por meio de resgates e outros mecanismos. E, como consequência, o sistema financeiro ressuscita outra vez, para apostar de novo e voltar a cair.

O dia do juízo final é uma metáfora que também se aplica fora do mundo financeiro. O Instituto do Petróleo Americano, respaldado pela Câmara de Comércio e outros grupos de pressão, intensificou seus esforços para persuadir o público a abandonar sua preocupação com o aquecimento global provocado pelo homem e, segundo mostram as pesquisas, obteve bastante êxito nesta tarefa. Entre os candidatos republicanos ao Congresso nas eleições de 2010, praticamente todo mundo rechaça a ideia de aquecimento global.

Os executivos responsáveis pela propaganda sabem de sobra que o aquecimento global é verídico e nosso futuro incerto. Mas o destino das espécies é uma externalidade que os executivos têm que ignorar, pois o que se impõe é o sistema de mercado. E o público não poderá sair em operação de resgate quando finalmente se confirme o pior dos cenários possíveis.

Tomando emprestadas as palavras de Fritz Stern, o famoso estudioso da história alemã: tenho idade suficiente para lembrar-me daqueles dias ameaçadores nos quais os alemães despencaram da decência para a barbárie nazista. Em um artigo de 2005, Stern indica que tem o futuro dos EUA em mente quando repassa um processo histórico no qual o ressentimento contra um mundo secular desencantado encontrará a liberação no êxtase da fuga da razão.

O mundo é demasiado complexo para que a história se repita, mas de todo modo há lições que devem ser relembradas quando verificamos as consequências de outro ciclo eleitoral. Não é pequena a tarefa diante de quem deseje apresentar-se como uma alternativa à indignação e à fúria enlouquecida, ajudando a organizar os não poucos descontentes e sabendo liderar o caminho para um futuro mais próspero.

Tradução: Marco Aurélio Weissheimer
Fonte: Carta Maior

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

A estratégia de uma multinacional ao ser acusada de assassinato - por Amigos da Terra Internacional

A estratégia de uma multinacional ao ser acusada de assassinato - por Amigos da Terra Internacional Documentos secretos da companhia anglo holandesa Shell vazados à imprensa revelam sua estratégia “de gestão de crise” após ser acusada pelo assassinato do ativista nigeriano Ken Saro Wiwa em 1995. Os planos da Shell para influir na mídia, especialmente na cadeia britânica BBC, e dividir as organizações não governamentais, acabam de aparecer.

Os arquivos da Shell, divulgados pelo jornal britânico The Guardian, descrevem sua estratégia e plano de ação. Foram estipulados por altos executivos numa reunião secreta na cidade inglesa de Ascot em janeiro de 1996. Ali, analisaram inclusive a retirada da Nigéria e a mudança de nome da companhia para “Nova Shell”, para compensar a “má publicidade” desse momento. Os documentos eram altamente confidenciais, até agora.

Ken Saro Wiwa foi um dos ativistas assassinados pela ditadura nigeriana em 1995. Foi enforcado no dia 10 de novembro desse ano. Era um poeta reconhecido, fundador em 1990do Movimento para a Sobrevivência do Povo Ogoni, criado para protestar contra a contaminação das petroleiras nos territórios da etnia ogoni na zona do Delta do Níger.
Os derramamentos petroleiros e a queima de gás na Nigéria, especialmente em mãos da Shell, são até o dia de hoje das maiores demonstrações de contaminação ambiental em nível mundial.

Saro-Wiwa liderou os protestos e foi o porta-voz da resistência, foi perseguido e detido em várias ocasiões, até que o regime o condenou a morrer na forca sob falsas acusações de assassinato, com um processo legal que não lhe permitiu se defender.

A Shell foi indica como cúmplice da ditadura nigeriana no julgamento e acusada por vários setores, com o apoio de organizações internacionais. De fato, com o tempo os familiares dos ativistas assassinados em 1995 entraram com uma ção contra a empresa, que em junho de 2009 foi forçada a pagar 15,5 milhões de dólares de indenização. Em meados de 2010, s Shell rejeitou dar mais informação sobre as fugas de petróleo de seus oleodutos no Delta do Níger.

Conforme o The Guardian noticiou, os documentos secretos da Shell de 1996 apresentam uma tática de “divide e impera”, para trabalhar com alguns setores que questionavam a empresa e isolar outros. Os arquivos falam de “criação de coalizões, isolamento da oposição e mudança do debate”.

Body Shop, Greenpeace e Amigos da Terra foram identificadas pela Shell como organizações que dificilmente mudariam de opinião. Para enfrentá-las, a tática proposta foi “desafiar os fundamentos sobre os que realizam sua campanha contra Shell, para que lhes seja mais difícil poder mantê-los”. As organizações de direitos humanos como Anistia Internacional e Human Rights Watch foram consideradas pela petroleira como mais fáceis de persuadir. O documento sugere um relacionamento mais próximos com essas entidades.

Mídia
Em relação à imprensa, os arquivos de 1996 da Shell lamentam que a mídia divulgasse tanto as posições dos grupos de pressão. Propunham em troca, pressionar por uma cobertura que mostre “a outra versão dos fatos/assuntos”. A Shell especifica a mídia com a que deve trabalhar, afirmando que já haviam construído relações estáveis com os jornais britânicos Financial Times, Daily Telegraph, Times e The Independent.

Há uma menção especial à BBC. Um dos documentos indica que as relações com o serviço mundial da cadeia informativa estão “subdesenvolvidas”. Por isso a Shell estipula: “nós identificaremos e cultivaremos (o relacionamento com) o staff editorial e a gerência através de um programa de contato”. E propõe “construir o vínculo” com a jornalista Hilary Andersson, que havia se transformado em correspondente da BBC em Lagos, uma das mais importantes cidades nigerianas.

A luta de Ken Saro Wiwa parece não terminar. A 15 anos de sua morte continua dando trabalho a Shell. Antes de seu assassinato e estando na cadeia, havia escrito um alegação de defesa que foi silenciado pela ditadura: “Profundamente convencido de minha inocência diante das falsas acusações, faço um chamado ao povo ogoni, aos povos do Delta do Níger e às minorias oprimidas da Nigéria para que se levantem e lutem pacificamente por seus direitos. Deus e a história estão de seu lado”, dizia parte do texto.

*Artigo originalmente publicado pela Rádio Mundo Real, um projeto de comunicação alternativa da Amigos da Terra Internacional à serviço dos movimentos sociais com um enfoque latino-americano. O projeto é levado adiante por REDES - Amigos da Terra Uruguai, em estreita cooperação e coordenação com os grupos da Amigos da Terra da América Latina e Caribe.

Fonte: Opera Mundi

[Grécia] Alfredo Bonanno foi libertado, mas forçado a deixar o país; Christos Stratigopoulos continua na prisão - ANA

[Grécia] Alfredo Bonanno foi libertado, mas forçado a deixar o país; Christos Stratigopoulos continua na prisão
[Aconteceu anteontem (22), em Larissa, o julgamento de Alfredo Bonanno e Christos Stratigopoulos, presos em outubro de 2009 logo após um assalto contra um banco em Trikala. Bonanno foi condenado como cúmplice do assalto a quatro anos, mas a pena foi reduzida para dois anos, porém o tribunal decidiu libertá-lo porque ele tem mais de 70 anos de idade. O Estado grego ainda tentou mantê-lo preso, alegando que ele era um “inimigo público”. Bonanno, que é italiano, será deportado da Grécia. Christos Stratigopoulos, foi condenado a 8 anos e 3 meses por ter realizado o assalto à mão armada. Ele poderá ser solto em 2012. A seguir uma declaração de suas famílias.]
Companheiros,

O julgamento de Bonanno e Stratigopoulos na cidade de Larissa resultou em Alfredo Bonanno sendo condenado a quatro anos de prisão pela participação no assalto, enquanto Stratigopoulos foi condenado por assalto à mão armada por oito anos e três meses, sem direito a fiança e sem reconhecimento por parte da corte de qualquer circunstância atenuante.

Desde o começo ficou claro que o juiz e o promotor queriam um julgamento rápido, sem qualquer característica ideológica e que fosse guiado somente pelo registro criminal dos acusados. Resumidamente, eles queriam provar que Alfredo Bonanno era o líder, o autor moral do assalto, e que Christos era o pupilo, aquele que executou o plano. No entanto, graças às sólidas evidências, às testemunhas que depuseram a favor dos dois, e à grande contribuição dos advogados (Papadakis, Kourtovik, Sineli), essas alegações caíram por terra.

O que os “atingia” era que Alfredo estava livre, que essencialmente já havia cumprido sua pena – e procuraram por qualquer lei ou outro truque torturá-lo ainda mais. Então, da prisão de Larissa ele foi levado ao quartel de polícia da cidade, sob o pretexto de ter consentido com a sua saída do país através do quartel em Atenas.

Lá, nos avisaram que independentemente do alerta da Interpol, eles poderiam detê-lo até que seus oficiais superiores “julgassem” se ele seria deportado, de acordo com o artigo 106 do decreto presidencial de 2007. Tarde da noite, depois de termos chamado um advogado de Larissa, fomos informados que Alfredo havia sido preso novamente de acordo com o artigo acima, e foi considerado como uma ameaça à segurança pública, e não era bem vindo à Grécia!

Mais uma vez ele teve que provar o óbvio! Um senhor de 74 anos, com a saúde debilitada era considerado perigoso. O mesmo aconteceu conosco, que estávamos esperando do lado de fora, e alguns camaradas sentados em um banco: eles mandaram a polícia anti-distúrbios, policiais de motocicletas, e a unidade anti-terrorista para nos guardar, pois representávamos ameaça para a segurança pública!

Dando de cara com essa ação revanchista política óbvia, feita como uma guerrilha psicológica estrategicamente disfarçada contra Alfredo, tivemos que tomar a decisão de apelar para a corte de Larissa, o que significa que Alfredo continuaria detido até que a decisão fosse tomada, ou até que o Estado grego decidisse deportá-lo oficialmente. A decisão instantânea dada por seus advogados era que, assim que ele fosse libertado na quinta à tarde, ele saísse por conta própria de Larissa para a Itália através de Atenas nos dias seguintes.

Depois de tudo que os companheiros viveram desde o dia de suas prisões até ontem, assim como pelo resto dos dias de Christos na prisão, eles e nós queremos dizer um enorme “obrigado” a todos os amigos e companheiros de Konitsa que vieram nos ajudar, aos amigos de Giannena e toda a Grécia, bem como aos amigos e companheiros no estrangeiro, que ficaram do nosso lado, dando-nos coragem e apoio psicológico, financeiro e moral.

Aos companheiros estendemos nossas mãos, unimos nosso companheirismo na dinâmica da solidariedade anarquista...

As famílias de Christos e Alfredo

Tradução > Filipe Ferrari

agência de notícias anarquistas-ana
folia na sala
no vaso com flores
três borboletas

Alonso Alvarez

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

O grande desejo americano - por Latuff


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Por isso somos contra o Estado Assassino de Israel.


Falta pouco para Israel e os Estados Unidos conseguirem a "paz" que almejam...

OTAN, EUA e o escudo nuclear: o espaço da hegemonia - por Cristina Soreanu Pecequilo

OTAN, EUA e o escudo nuclear: o espaço da hegemonia
No caso do escudo antimisseis, observa-se a mudança mais significativa da administração Obama: a promessa da retomada da construção e instalação do escudo, com implicações óbvias para os arsenais chinês e russo, e não só para as ameaças “oficiais” iraniana, norte-coreana e mesmo de terroristas que poderiam obter armas ilegalmente. Em março/abril, Obama e Medvedev tinham chegado a um acordo para a suspensão da instalação, devido ao interesse norte-americano em contar com o apoio russo às sanções contra o programa nuclear iraniano. No entanto, o rechaço à suspensão do escudo, na OTAN e em casa, levou ao anúncio da reativação do projeto.

Em meio às turbulências externas e internas da economia e da política norte-americanas, a cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) realizada em Lisboa nos dias 19 e 20 de novembro de 2010, e a reunião do Conselho OTAN-Rússia, representaram uma inflexão para a administração de Barack Obama. Três dimensões puderam ser identificadas nestes eventos: o lançamento de novas diretrizes estratégicas; a tentativa de dar continuidade a políticas de 2009/2010 e o atendimento de demandas republicanas.

Sem sucesso, Obama e diversos líderes europeus utilizaram o evento como cortina de fumaça frente os problemas econômicos e para manter seus compromissos na OTAN, em particular a Guerra do Afeganistão, cujo custo doméstico é elevado. Para isso, as “grandes” questões temáticas da Cúpula, o lançamento do “Novo Conceito Estratégico da OTAN” e do “Novo Conselho OTAN-Rússia”, buscaram ser definidas como históricas.

Entretanto, estas abordagens não trouxeram novidades. Tomando como base o “Novo Conceito Estratégico”, observou-se a reafirmação do papel global além do espaço geográfico (operações out of area) e a modernização da aliança.

Tais mecanismos já constavam das revisões anteriores de 1991 e 1999, marcos da transformação da instituição no pós-Guerra Fria. Em 1999, ano da operação militar em Kosovo, foi iniciado o processo de expansão ao Leste Europeu, que, em duas ondas, 1999 e 2002, completou-se. Diferente de outras alianças que simplesmente definharam ao atingir seu objetivo principal, a OTAN reinventou-se a partir do fim da contenção da URSS, ampliando sua missão além de suas fronteiras e seu discurso pró-democracia.

Mesmo os que se declaram isolacionistas ou unilateralistas nos EUA acreditam que a OTAN possui papel relevante. Além de representar a unidade do eixo ocidental, a aliança sustenta-se nesta trajetória de “sucesso”. Mais do que uma organização militar de segurança coletiva, que visava defender-se de um inimigo, desde o tempo da bipolaridade, a instituição foi apresentada como sustentáculo da democracia e do capitalismo na Europa Ocidental, i.e, do modelo liberal contraposto ao socialista-comunista. Militarmente, ela foi, e é, funcional para os interesses dos EUA, mas também europeus ocidentais, apesar das criticas eventuais.

A organização preserva o continente de custos e ônus econômicos e políticos. Mesmo em momentos de maior tensionamento como nos anos 1960 (França) e a Guerra do Iraque em 2002/2003, na qual EUA-Grã-Bretanha e os novos membros da Europa Oriental apóiaram a invasão, enquanto Alemanha e França mantiveram-se no “Eixo da Paz”, chegou-se a uma acomodação. Para o Leste Europeu, ela é a Cortina de Ferro sob outro signo, o da proteção diante do revisionismo russo, e, para as antigas repúblicas soviéticas um alvo almejado, mas que dificilmente será conquistado sem forte reação de Moscou.

Padrão similar observou-se na reunião do Conselho OTAN-Rússia, visando a construção da “Parceria Estratégica”. Em retrospecto, este foi seu terceiro lançamento, antecedido por 1999 e 2002. Em 1999 e 2002, as tentativas fracassaram por ações unilaterais norte-americanas que afastaram a Rússia das negociações, a Guerra de Kosovo e a Guerra do Iraque, respectivamente. No atual contexto o risco é similar, uma vez que os EUA demonstram sinais confusos em alguns compromissos negociados bilateramente. Dentre estes, menciona-se o “novo START”, Tratado de Redução de Armas Estratégicas, assinado em 2010 na cúpula bilateral Obama-Medvedev, que se compromete com a redução significativa de ogivas e de mísseis balísticos intercontinentais; as negociações “rumo ao zero” para o banimento de armas nucleares; e a instalação do escudo antimisseis no continente europeu.

Nestas dinâmicas, inserem-se as dimensões da continuidade (ou não) da agenda e as demandas republicanas. Tanto o “Novo START” quanto o “rumo zero” já sofriam inúmeros questionamentos, uma vez que eram considerados políticas de fraqueza diante dos Estados “bandidos”, Irã e Coréia do Norte. Os dois países continuaram desenvolvendo seus arsenais e a Coréia do Norte detém comprovada capacidade nuclear, mesmo com as pressões da comunidade internacional e as Conversações das Seis Partes (EUA, Coréia do Norte, Coréia do Sul, Japão, Rússia e China). Ainda para ser votado no Congresso, o novo START pode ser revisto ou bloqueado, prática comum do Senado norte-americano.

No caso do escudo antimisseis, observa-se a mudança mais significativa da administração Obama: a promessa da retomada da construção e instalação do escudo, com implicações óbvias para os arsenais chinês e russo, e não só para as ameaças “oficiais” iraniana, norte-coreana e mesmo de terroristas que poderiam obter armas ilegalmente. Em março/abril, Obama e Medvedev tinham chegado a um acordo para a suspensão da instalação, devido ao interesse norte-americano em contar com o apoio russo às sanções contra o programa nuclear iraniano no CSONU. O impasse, contudo, permanece, contando com a resistência da China, e o pendor unilateral dos EUA no tema. Mesmo a Turquia, membro da OTAN, que negociou com o Brasil o Acordo Tripartite com o Irã, foi criticada por sua iniciativa de apaziguamento.

O rechaço à suspensão do escudo, na OTAN e em casa, levou ao anúncio da reativação do projeto. Apesar da Rússia negar que isso levaria a tensões renovadas, mantendo a pauta do presente Conselho OTAN-Rússia é preciso observar como o tema afetará as relações bilaterais de forma abrangente. A postura russa é de pragmatismo, consciente da impossibilidade de confrontar os EUA e a OTAN, mas preparado para a consolidação de alternativas via Organização de Cooperação de Xangai (OCX) e BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China).

Embora para os democratas o escudo não seja central, tendo sido abandonado pelo governo de Bill Clinton (1993/2000), para os republicanos sua prioridade é alta desde seu surgimento na Guerra Fria com Ronald Reagan (1981/1988), na forma da Iniciativa de Defesa Estratégica (IDE), conhecida como “Guerra nas Estrelas”. Para muitos, foi a sombra do IDE um dos principais responsáveis pela aceleração do colapso soviético. A administração W. Bush (2001/2008) recuperara o programa como Teatro de Defesa de Mísseis (TMD). Nos cálculos da Casa Branca, ceder ao TMD envolve a aproximação com os republicanos para a aprovação do pendente START e para a continuidade da missão no Afeganistão desenhada pela Casa Branca: a ofensiva em 2010, o início do desengajamento em 2011 e o término do conflito em 2014. Resta aguardar se estas “trocas” políticas terão o efeito desejado, ou se no setor estratégico observar-se-á um recrudescimento do unilateralismo.

Mais importante do que estas táticas compensatórias, é a contínua percepção de que entre as instituições multilaterais, a OTAN continua sendo um dos poucos consensos remanescentes na agenda externa e espaço preferencial do exercício da hegemonia. Enquanto em outras esferas político-econômicas-sociais a projeção da liderança encontra-se limitada por seu declínio relativo, a ascensão de novos pólos e perda de vigor, na aliança transatlântica prevalece o poder militar norte-americano, sem diluição e sem, na maioria das vezes, contestação.

(*) Professora de Relações Internacionais da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
Fonte: http://www.cartamaior.com.br/

Capitalismo do desastre a União Européia em crise total! Por Latuff


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terça-feira, 23 de novembro de 2010

Ações internacionais por Mumia Abu-Jamal - ANA

Ações internacionais por Mumia Abu-Jamal
Agindo por Mumia: “O poder popular pode obrigar o Estado a recuar”
“Apesar de estar com a corda no pescoço, ele diz a verdade. Não é de se estranhar que o queiram matar”

Centenas de pessoas exigiram liberdade para Mumia Abu-Jamal nas ruas da Filadélfia na terça-feira, 9 de novembro, enquanto o Tribunal Federal de Apelações do Terceiro Circuito revisou seu caso à luz do caso Spisak [neonazista que matou três pessoas], a pedido da Suprema Corte dos Estados Unidos. A advogada de Mumia, Judith Ritter, destacou várias diferenças entre o seu caso e o de Spisak, que acabou de ser re-condenado à pena de morte pela Suprema Corte; ela destacou que as instruções do juiz Sabo ao jurado são mais confusas no caso de Mumia no que diz respeito à unanimidade do jurado sobre as circunstâncias atenuantes. Em 2008, embora os juízes do Terceiro Circuito terem negado à Mumia seu pedido a um novo julgamento para comprovar sua inocência, aceitaram os argumentos de Ritter sobre as confusas instruções, assim avalizando a decisão da corte distrital de 2001 de revogar a pena de morte e requerer uma audiência para determinar a sentença caso a promotoria entre com um pedido de pena de morte novamente. Por outro lado, na terça-feira passada, o procurador da Filadélfia argumentou que os casos de Mumia e Spisak são iguais e que isto já é motivo para aplicar a pena de morte a Mumia sem a necessidade de audiência. Então, o que está em jogo é a audiência, e a vida de Mumia Abu-Jamal. Não se sabe quando o tribunal dará o seu parecer, mas cada vez mais, mais pessoas se dão conta da gravidade da situação.

Os vídeos abaixo são do encontro na Filadélfia. No primeiro, o filho de Fred Hampton fala de quando o jovem Pantera Negra Mumia Abu-Jamal foi ao funeral de seu pai e do companheiro Mark Clark em Chicago no ano de 1969, após serem brutalmente assassinados pelo governo dos Estados Unidos. Diz que agora estão na Filadélfia para tirar Mumia do campo de concentração onde se encontra e para pôr um fim a todos os campos destinados a acabar com o espírito e destruir fisicamente a todos os homens, mulheres, meninas e meninos trancafiados neles. Enfatiza a urgência de parar o assassinato legal de Mumia e acabar com as execuções extralegais nas ruas da juventude negra. Não fazer isso é suicídio.

http://www.youtube.com/watch?v=RRW5nn0Knvw

http://www.youtube.com/watch?v=kPEzn6nbUxs

http://www.youtube.com/watch?v=5t2tBNOCQrk

No mundo, houve manifestações em Detroit, Oakland, São Francisco, Albany, Houston, Richmond, Miami, Washington D.C., Toronto, Londres, Hamburgo, Paris, Bordeaux, Lyon, Marseille, Nice, Rennes, Strausborg, Toulousse, Kingston, México D.F. e na Holanda e Irã.

No México, aproximadamente 50 pessoas gritaram pela sua liberdade no lado de fora da embaixada dos Estados Unidos. Vejam a cobertura: http://mexico.indymedia.org/?article1748 e http://cronopios.zobyhost.com/index.php/presxs/12-politicos/397-iiigritando-libertad-a-mumia-abu-jamal

É de se destacar a manifestação na embaixada dos Estados Unidos em Londres, organizada por grupos pan-africanos. Entre tambores e gritos de chamada e resposta, um companheiro disse: “Estamos aqui em solidariedade a Mumia. Ele é o nosso herói. Colocam a corda no pescoço dele, mas mesmo assim ele diz a verdade sobre a perversidade do imperialismo estadunidense. Muitos de nós têm medo de falar. Acreditamos que somos livres. Caminhamos pelas ruas e pensamos que somos livres e temos medo. Mas colocam a corda no pescoço dele e mesmo assim ele diz a verdade. Não é de se estranhar que queiram matá-lo. Ele é um herói. Um herói revolucionário africano”.

Em um vídeo, podemos ver os gritos pela liberdade de Mumia, para os 2 de Angola, Leonard Peltier, Ruchell Magee, Sundiata Acoli e todos os presos e presas políticas. Por outro lado gritos especiais foram dedicados a Hillary Clinton, Barack Obama, o prefeito Nutter (da Filadélfia), e o juíz Sabo. http://www.youtube.com/watch?v=Kky4peur-B0

Neste vídeo, http://www.youtube.com/watch?v=MUM0vdkarf0, ao perguntarem sobre seu apoio a Mumia Abu-Jamal, um companheiro reitera: “Consideramos ele um herói africano, um líder africano. Num momento em que outras pessoas têm medo de falar, Mumia, com a corda no pescoço, diz a verdade sobre os males e a perversidade do imperialismo estadunidense e os imperialismo no mundo todo. Isto o coloca na categoria de herói africano. Estamos aqui para salvar a vida dele. Estamos aqui pela sua liberdade. Ele tem que sair da prisão. Foi injustamente condenado por um homicídio que obviamente não cometeu. Estamos aqui porque estamos contra a pena de morte. A consideramos um ato de barbárie. No entanto há países no mundo que a praticam e queremos que saibam que nós, assim como a maioria das pessoas no mundo, estamos contra isto. Há outras razões também. Eu poderia citar uma ou duas. Estamos contra a captura de presos políticos, de pessoas condenadas injustamente de maneira intencional. Mumia é um clássico exemplo de um homem inocente preso. Os africanos e africanas não somente somos uma parte muito grande da população carcerária, mas somos também numerosos entre os presos e presas políticas. E certamente o racismo, um assunto que afeta o povo africano profundamente, é central no caso de Mumia. Existem muitos outros motivos, mas por enquanto menciono somente estes”.

Vocês pensam que suas vozes serão ouvidas?
- Sim, estamos aqui no lado de fora desta perversa embaixada estadunidense, a embaixada do imperialismo mais malévolo e perverso que o mundo já conheceu. E eles tremem quando a gente chega. Em 1995, tentaram assassinar Mumia Abu-Jamal a sangue frio e as massas saíram às ruas, não somente aqui em Londres, mas em todas as partes do mundo, na Europa, na África, no próprio Estados Unidos, no Caribe. Não tiveram outra opção. Não puderam aplicar a pena de morte a Mumia. Não o mataram. Estamos aqui novamente. Mais pessoas estarão conosco quando tomarem conhecimento da situação, e colocaremos mais pressão sobre os Estados Unidos. Não estamos falando por falar. Como africanos, sabemos, por exemplo, que Kwame Nkrumah foi falsamente encarcerado. Também sabemos que ele ganhou uma eleição e se tornou presidente em Gana quando ainda estava na prisão. E tiveram que libertá-lo pelo poder do povo. Também sabemos que Marcus Garvey estava na prisão. Foi preso político por três vezes. E na ilha da Jamaica onde nasceu, quando estava na prisão pela terceira vez e as autoridades souberam que milhares de pessoas iam descer até a prisão numa determinada data, o libertaram alguns dias antes para evitar a incursão das pessoas. Nós estamos em contato com os “17 de Granada”. É um grupo muito importante. Agora se sabe que eles foram falsamente acusados de assassinar o líder revolucionário Maurice Bishop. Estiveram no corredor da morte. Na realidade os Estados Unidos estava manejando os fios por trás da cena, mas eles estiveram no corredor da morte. Devido ao apoio dos movimentos populares do mundo, os Estados Unidos não pode implementar a pena de morte. Impedimos que fizesse isso. Tivemos o prazer de conhecer os “17 de Granada” que saíram da prisão e estão vivendo suas vidas, se é que podemos dizer que viver fora da prisão signifique viver em liberdade, eles estão vivendo suas vidas em liberdade. Estamos em contato com Rob King dos “3 de Angola”. Ele também foi preso político. E tiveram que soltá-lo. Não tinham outra opção. Tivemos o prazer de entrar em contato com ele. Esteve na perversa prisão estadunidense durante 35 anos. Então o poder popular conseguiu obrigar o governo a fazer certas coisas, conseguiu obrigar o Estado a recuar, mesmo que somente um pouco. Estamos falando do Estado estadunidense, o pior Estado que o mundo já conheceu.

Se você pudesse falar com Barack Obama, o que você diria?
- A primeira coisa que eu diria ao Barack Obama é isto: “Você é o pior Uncle Tom na história da humanidade. Você não faz nada para o povo africano. Pelo contrário, participa em nossa opressão. Por isso, Barack Obama, você faz parte do inimigo de nosso povo. Mas gostaria muito que você demonstrasse que estou equivocado. Barack Obama, quero engolir as minhas palavras. O que você pode fazer para eu tragar minhas palavras e te pedir desculpas? Abra a tua boca para falar sobre o caso de Mumia Abu-Jamal e dê ordens aos teus terroristas, tuas bestas, teus assassinos para soltar este homem. Ele é inocente. Se você quer fazer isso suavemente, diga a eles para ordenar um novo julgamento porque assim ele pode demonstrar sua inocência e não aparentar que recebe favores especiais. Portanto, sim, Barack Obama é o pior Uncle Tom na história da humanidade, mas ficarei feliz em me retratar caso ele cumprir com seu dever e levantar sua voz sobre o caso de Mumia Abu-Jamal. Muitas outras coisas podem ser ditas sobre Barack Obama mas é perda de tempo. Quanto antes esta etapa da história terminar e nosso povo se der conta do que está acontecendo e entender o papel dos africanos que operam como neo-colonialistas contra o nosso próprio povo, mais cedo teremos uma revolução e seremos um povo liberado e livre novamente, na África e em outras partes do mundo. Paz.”

Os gritos continuam, destacando quem são os terroristas e os assassinos.

http://www.youtube.com/watch?v=a40iEs7_zGo

E as ações em torno de 9 de dezembro estão sendo anunciadas em um número crescente de cidades, inclusive Londres, México D.F. e São Paulo.

Amig@s de Mumia do México
Tradução > Marcelo Yokoi

Agende-se!
Manifestação em Solidariedade a Mumia Abu-Jamal no dia 10 de dezembro em frente ao Consulado dos EUA, em São Paulo. Mais infos: http://anarcopunk.org/mumialivre/

agência de notícias anarquistas-ana
primavera
até a cadeira
olha pela janela

Alice Ruiz

"O que estão comemorando os de cima?": Intervenção anarquista em uma festa na Embaixada do México na Grécia - ANA

"O que estão comemorando os de cima?": Intervenção anarquista em uma festa na Embaixada do México na Grécia

Na quinta-feira, 18 de novembro, companheiros e companheiras da Assembléia Solidária, do movimento anarquista, anti-autoritário e libertário, de ocupações, centros sociais liberados e as assembléias de bairro, assim como solidários com a luta zapatistas e os rebeldes no México, realizaram uma intervenção na instituição Kakogiannis em Atenas, na estréia de um filme que fazia parte das comemorações da Embaixada do México na Grécia pelos 100 anos da Revolução Mexicana.

Para esta festa “dos de cima” foi selecionada uma data um dia antes do dia 17 de novembro, época da fundação do EZLN, e dois dias antes do dia 20 de novembro, dia do começo da Revolução Mexicana de 1910.

O evento, que contou com membros de outras embaixadas da América Latina, bem como funcionários do Ministério da Cultura da Grécia, ia começar com os discursos de M. Cacoyannis e do encarregado de negócios da Embaixada do México (por causa da morte recente do embaixador) no lobby do prédio. A falação do encarregado de negócios da Embaixada do México foi interrompida antes mesmo de começar, pelos gritos e palavras de ordem dos companheiros e companheiras, exibindo duas faixas denunciando a guerra de "baixa intensidade" (que não é de baixa intensidade) contra as comunidades zapatistas e os rebeldes no México, como o papel cúmplice da instituição Kakogiannis, que, sob o pretexto de intercâmbio cultural, não hesita em colaborar com as embaixadas dos países responsáveis pelo assassinato de milhares de lutadores, como no México e Israel.

Foram espalhados e distribuídos folhetos [leia abaixo]. Também não faltaram algumas pequenas discussões com vários dos presentes, que não acreditavam como “os de baixo” conseguiram "poluir" sua festa, alterar a ordem e a segurança deles, lembrando-lhes que as mãos do Poder político, parte da qual são eles mesmos, estão manchadas com o sangue dos lutadores, desde a conquista, há mais de 518 anos atrás até hoje.

A intervenção terminou com a leitura do folheto num megafone (onde alguns dos presentes cantaram o hino nacional mexicano), logo após os companheiros se retiraram gritando slogans em grego e castelhano, manifestando a sua solidariedade com os rebeldes zapatistas e os lutadores no México: "Das ruas de Atenas, das montanhas do México, os rebeldes estão por todos os lados", "EZLN", "Irmãos zapatistas não estão sozinhos, compartilhamos de uma luta comum", "Liberdade para os presos políticos", "Zapata vive, a luta continua”, "Os rebeldes têm direito e não os bandidos e os mansos" etc.

A seguir o texto do panfleto que foi distribuído e lido.

100 anos da Revolução Mexicana
O que estão comemorando os de cima?

Duzentos anos desde a luta pela independência e cem a partir da Revolução Mexicana, quando os povos do México, os camponeses e indígenas do norte e do sul, deram o seu sangue, o que é exatamente o que estão celebrando os de cima?

O que está comemorando o falido estado mexicano, quando com uma mão homenageia os "heróis nacionais", que seus antepassados ideológicos assassinaram, e com a outra reprime, intimida e persegue como "criminosos" indígenas zapatistas que continuam a luta de Emiliano Zapata, Pancho Villa e Flores Magon por "Terra e Liberdade"?

O que estão comemorando o governo mexicano, os partidos políticos, a mídia, embaixadas, bancos, instituições culturais e empresas multinacionais organizadoras das celebrações?

Por acaso estamos comemorando o novo colonialismo, a contra-revolução do capitalismo global está dominando a situação política, econômica e cultural atual?

Estão comemorando o fato de que desde há mais de 518 anos estão humilhando, matando e explorando os povos indígenas?

Estão comemorando a guerra diária e sem fim que estão fazendo contra “os de baixo” em Chiapas, Atenco, Oaxaca, Guerrero, Juarez, Mitzakán, em todo o país? Estão comemorando a violência, o terrorismo, a pobreza, a injustiça, a desigualdade social e a morte que semeiam por toda parte? Estão comemorando a supressão dos direitos sociais e liberdades, conquistados com a independência e a Revolução?

Estão comemorando o despejo de comunidades e seus movimentos, os ataques armados e assassinatos de ativistas sociais e de solidariedade de todo o mundo pelo exército, a polícia e grupos paramilitares? Οu os seqüestros, as torturas e as sanções exterminadoras, os incêndios e a destruição de casas e plantações, as prisões e violações?

Ou estão comemorando os 50 milhões de pessoas pobres, as centenas de presos políticos, dos quais metade são indígenas, as milhares de mulheres que estão sendo assassinadas em diferentes partes do país só porque são mulheres, os muitos imigrantes que são maltratados e morrem na fronteira com os EUA, os jovens massacrados pelo fogo cruzado entre o exército e os traficantes de drogas que formam parte do sistema político?

Porque estão contentes os de cima? Por estar saqueando a terra, a água e a vida dos de baixo, por estar destruindo terras e culturas com programas de ecoturismo, com estradas, imóveis, minas, barragens, as sementes transgênicas e os parques eólicos? Por entregar ao poder do dinheiro a saúde, a educação, a terra comunitária e os recursos naturais, por violar os direitos dos trabalhadores, camponeses e estudantes, para reprimir e criminalizar as lutas sociais de milhares de lutadores?

Nesta festa, a festa dos de cima, os de baixo não têm nenhum lugar.

Nossa comemoração é o "Basta já!" que gritaram nossos irmãos, os zapatistas, com sua rebelião em 1994. É a luta dos oprimidos em Oaxaca, Atenco, Guerrero, Cidade do México, em todo o país, que armados com dignidade furiosa optam pelo caminho da resistência e rebeldia. E então agora, ali e aqui, seguimos neste caminho. Junto com os que estão lutando desde 100, 200, 500 anos, celebrando o poder da rebelião que não se vende, não se entrega e não sucumbi, mas que leva a luta até o final.

Estamos celebrando o "nós" dos de baixo, que constrói aqui e agora, não num futuro distante, um outro mundo, lutando contra o Poder político e econômico, contra as instituições hierárquicas e os mecanismos de controle de desinformação da mídia.

Estamos celebrando a luta por uma vida em liberdade, justiça, dignidade e companheirismo, a luta auto-organizada que não se encaixa em aniversários falsos e instituições cúmplice, a luta que estão dando os de baixo contra a barbárie capitalista, contra todas as formas de poder, nas ruas, bairros e rincões invisíveis do mundo, onde quer que vivam, façam o que façam, e, por isso, são invencíveis.

Solidariedade com as comunidades zapatistas!

Liberdade para os presos políticos!

Fotos: http://athens.indymedia.org/front.php3?lang=el&article_id=1226547

agência de notícias anarquistas-ana
Boêmio da noite
no portão enferrujado.
Morcego dormindo.

Fanny Dupré

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Guerra de moedas? Evidentemente - por Immanuel Wallerstein

Guerra de moedas? Evidentemente
O estatuto do dólar como moeda de reserva do sistema-mundo é a última grande vantagem que os Estados Unidos têm hoje.
Por Immanuel Wallerstein

As moedas são um problema econômico muito particular. Porque só entre as moedas existe a verdadeira relação ganha-perde. Independentemente dos méritos de revalorizar ou desvalorizar uma moeda particular, estes méritos só são vencedores se outros perderem. Não é possível que todos desvalorizem ao mesmo tempo. É logicamente impossível e, portanto, politicamente sem sentido.

A situação mundial é bem conhecida. Vivemos num mundo no qual o dólar dos EUA é a moeda de reserva mundial. Isto, obviamente, dá aos Estados Unidos um privilégio que nenhum outro país possui. Pode imprimir a sua moeda à vontade, sempre que considere que fazê-lo resolve um problema econômico imediato. Nenhum outro país pode fazer o mesmo; ou melhor, nenhum outro país pode fazer o mesmo sem penalização, enquanto o dólar continuar a ser a moeda de reserva aceita.

Também é sabido que o dólar já há algum tempo vem perdendo o seu valor em relação a outras moedas. Apesar das constantes flutuações, a curva tem sido descendente pelo menos nos últimos 30 anos.

Os países do nordeste da Ásia – China, Coreia e Japão – têm desenvolvido políticas monetárias criticadas por outros países. Na verdade, este é um tema de constante atenção por parte dos media. No entanto, para ser justo, não é de forma alguma fácil estabelecer, no momento, a política mais sensata, mesmo sob a perspectiva egoísta de cada país.

Considero que a questão fundamental é mais simples do que as explicações complicadas da maioria dos analistas políticos. Parto de algumas premissas. O estatuto do dólar como moeda de reserva do sistema-mundo é a última grande vantagem que os Estados Unidos têm no sistema-mundo de hoje. Por isso, é compreensível que os Estados Unidos façam todo o possível para manter essa vantagem. Para fazê-lo, é necessária a disposição de outros países (incluindo, nomeadamente, os do nordeste da Ásia), não só de usarem o dólar como uma forma de calcular as transferências, mas também como um meio de investimento dos seus excedentes (particularmente em títulos do Tesouro dos EUA).

No entanto, a taxa de câmbio do dólar tem vindo a decair constantemente. Isto significa que os excedentes investidos em títulos do Tesouro dos EUA valem menos à medida que o tempo passa. Chega um ponto em que as vantagens de tal investimento (sendo que a principal vantagem é sustentar a capacidade das empresas dos EUA e dos consumidores individuais de pagarem as importações) acabarão por ser inferiores à perda do valor real dos investimentos em títulos do tesouro. As duas curvas movem-se em direções opostas.

O problema é o que se coloca em qualquer situação de mercado. Se o valor de uma ação está caindo, os seus donos vão querer livrar-se dela antes que fique demasiado baixo. Mas a alienação rápida por um grande acionista pode induzir outros a uma venda apressada, causando prejuízos ainda maiores. O jogo é sempre o de encontrar o momento certo de vender, que não seja nem demasiado tarde nem cedo demais, ou não fazê-lo nem muito lentamente, nem rápido demais. Isso exige um timing perfeito, e a procura deste timing é o tipo de decisão que muitas vezes tem mau resultado.

Esta é, para mim, a imagem básica do que está ocorrendo e vai acontecer com o dólar dos EUA. Não pode continuar a manter o grau de confiança mundial que antes gozava. Cedo ou tarde, a realidade econômica vai confrontá-lo. Isso pode acontecer num choque de cinco minutos ou num processo muito mais lento. Mas quando ocorrer, a pergunta chave é: o que vai acontecer depois?

Não há qualquer outra moeda hoje preparada para substituir o dólar como moeda de reserva. Nesse caso, quando o dólar cair, deixará de haver moeda de reserva. Estaremos num mundo de moeda multipolar. E um mundo de moeda multipolar é um mundo muito caótico, no qual ninguém se sente confortável, porque as alterações constantes e rápidas das taxas de câmbio tornam muito precárias as previsões econômicas de curto prazo que pretendam ser minimamente racionais..

O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional, Dominique Strauss-Kahn, advertiu publicamente que o mundo está mergulhando numa guerras de moedas, cujo resultado “teria um impacto negativo e muito prejudicial a longo prazo”. Uma possibilidade real é que o mundo possa evoluir, e parece-me que já está a fazê-lo, para acordos de permuta de fato – uma situação que não é realmente compatível com o funcionamento eficaz de uma economia-mundo capitalista.

Caveat emptor!1
Tradução de Luis Leiria para o Esquerda.net, revista pelo autor.
1 Expressão latina que significa – literalmente – o risco é do comprador. Outra forma de traduzir a expressão seria: Compre por sua própria conta e risco. A situação oposta é o caveat venditor.
Fonte: http://www.revistaforum.com.br

Entrevista com Tom Morello do Rage Against the Machine - Brasil de Fato

Entrevista com Tom Morello do Rage Against the Machine

Após passagem pela América do Sul, o guitarrista do RATM, Tom Morello, fala sobre política e música ao Brasil de Fato

Ana Maria Straube, Rodrigo Salgado e Vinicius Mansur (de São Paulo)

Nascida em 1991 na Califórnia, EUA, a banda Rage Against The Machine (RATM) se consolidou no cenário mundial da música com uma rara mescla de rap, variantes do rock and roll pesado e crítica política furiosa e constante.

Na trajetória da banda, pedradas ao capitalismo, ao belicismo estadunidense, ao racismo, ao etnocídio dos nativos da América, à violência machista. Homenagens aos zapatistas, à Liga Anti-Fascista da Europa, à organização Women Alive, aos presos políticos Leonard Peltier e Múmia Abu-Jamal.

Para todos estes, a banda realizou shows, revertendo todo o dinheiro para a defesa das causas. O RATM também tocou em protestos contra o Nafta (Tratado Norte-Americano de Livre Comércio) e a Alca (Área de Livre Comércio das Américas), fez dois shows contra à guerra (2000 e 2008) às portas da Convenção Nacional do Partido Democrata, provocou o fechamento da Bolsa de Valores de Nova York por algumas horas ao tentarem gravar um clipe, dirigido por Michael Moore, em frente à instituição, e, também, foi censurado pela emissora NBC por exibirem a bandeira dos EUA de cabeça para baixo em uma apresentação.

Depois dos atentados de 11 de setembro de 2001, a emissora Clear Channel criou a lista de “músicas com letras questionáveis”, na qual o RATM foi a única banda a ter todas as suas músicas incluídas.

De 2000 a 2007, a banda esteve separada, mas, em outubro deste ano, aterrissou e “aterrorizou” pela primeira vez em solo sul-americano, passando por Brasil, Argentina e Chile, homenageando o MST, as Mães da Praça de Maio, Víctor Jara e Salvador Allende. Passada a turnê, o guitarrista do RATM, Tom Morello, concedeu uma entrevista exclusiva ao Brasil de Fato.

Brasil de Fato – Os fãs da América do Sul esperaram muito tempo por uma apresentação do RATM. Vocês gostaram da recepção do público?
Tom Morello – Nós ficamos muito extasiados com o público brasileiro. Nós temos grandes fãs no Brasil e é uma vergonha termos demorado 19 anos para tocar no país. Mas valeu a espera. Foi realmente uma noite para ser lembrada.

O RATM é uma banda claramente anticapitalista. Porém, percebemos, no show do Brasil, que parte considerável dos seus fãs não se interessa pelo conteúdo político ou até mesmo tem aversão a posicionamentos de esquerda. Como vocês interpretam isso?
O RATM é uma banda que se preocupa em agir amplamente. Tocamos nossa música para atingir uma ampla variedade de pessoas, independentemente de suas inclinações ideológicas. Estou tranquilo com isso. Nós não somos uma banda elitista que toca exclusivamente para pessoas que compartilham exatamente nossa pauta política. O que nós percebemos ao longo destes anos é que muitos jovens que antes eram apáticos ou possuíam opiniões políticas diferentes foram expostos a um novo conjunto de ideias através de nossa música e, em alguns casos, isso os ajudou a mudar sua forma de pensar.

Um jornalista chegou a publicar que vocês foram usados pelo MST no Brasil, colocando-os como “gringos bonzinhos nas mãos de pessoas más”. O que você tem a dizer sobre isso?
Minha hipótese é que o jornalista que diz sermos marionetes nas mãos do MST possivelmente discorda da postura política do movimento. Isto é uma crítica comum que encontramos aqui nos Estados Unidos. Quando a mídia de direita critica artistas por se posicionarem politicamente é geralmente porque eles discordam do ponto de vista dos artistas. Eu aprendi sobre o MST com o Zack, que conhece bastante sobre os movimentos políticos de toda a América Latina e nós temos orgulho de prestar solidariedade ao MST na sua luta por justiça no Brasil.

Você faz parte de algum movimento político?
Sou cofundador, junto com Serj Tankian, da banda System of a Down, da Axis of Justices, uma organização sem fins lucrativos determinada a reunir músicos, fãs de música e organizações políticas de base para lutar por paz, direitos humanos e justiça econômica. Também sou membro do IWW (Trabalhadores Industriais do Mundo, por sua sigla em inglês), uma organização de trabalhadores radical, fundada no início do século 20 e que engloba trabalhadores de todos os tipos. Trabalhadores da indústria do sexo, estudantes, músicos, metalúrgicos, camponeses etc.

Qual a importância para vocês que os jovens apoiem movimentos sociais, como o MST? No Brasil, atualmente, a juventude raramente se engaja em lutas sociais. Como ela se comporta nos EUA?
É a juventude que muda o mundo e eu acredito ser de crucial importância que eles ganhem perspectiva numa larga variedade de ideias e movimentos políticos que estão abertos para a participação deles em seus próprios países. Nos Estados Unidos, a juventude foi muito energizada pela campanha presidencial do Obama e muitos se desiludiram com suas ações desde que ele foi eleito. Existe muito descontentamento nos Estados Unidos com a economia e com o prosseguimento das guerras no Oriente Médio e, infelizmente, os semideuses da direita têm manipulado esse descontentamento para os seus próprios propósitos.

A vitória dos republicanos nas últimas eleições nos parece um fiel exemplo disso. Existem movimentos populares nos Estados Unidos capazes de reverter esse quadro?
Durante a administração Bush, houve um fortíssimo movimento antiguerra. Muito da energia desse movimento foi canalizada para a campanha do Obama, quem eu considero uma pessoa decente. Mas acredito que a alta cúpula do governo está repleta de compromissos. A política nos Estados Unidos é dominada e operada pelo grande capital e não me surpreende este giro à direita que tivemos depois de dois anos com Obama. E não é porque sua política ameaçava a elite em qualquer aspecto. Seu apoio contínuo à guerra do Afeganistão e o resgate criminoso oferecido aos bancos e à indústria financeira são uma clara indicação de sua fidelidade de classe. Mas o que sublinhou o movimento da extrema direita na política estadunidense foi o desafio às convenções culturais que o Obama representa. Existem muitos racistas nos Estados Unidos que sequer podem dormir bem sabendo que existe um presidente negro na Casa Branca. A extrema direita usou temas como raça, sentimentos antigay e anti-imigrantes para reavivar a animosidade para com o centrista Partido Democrata, deixando sua pauta econômica e de poder por detrás e, assim, convencendo a maioria da classe trabalhadora branca a votar contra os seus próprios interesses.

Que visão vocês tem sobre o recente processo político latino-americano?
Parece-me que, enquanto os Estados Unidos focaram sua atenção em nossas guerras imorais e ilegais no Oriente Médio, a América Latina foi deixada para seguir seu próprio destino. Eu estou muito satisfeito que, ao longo do curso da última década, movimentos realmente populares tenham começado a influenciar a política do Estado e, eventualmente, tenham ascendido ao poder na América Latina. Governos que explicitamente estão ao lado dos pobres e da classe trabalhadora, ao mesmo tempo em que a população de qualquer país deve estar atenta contra a corrupção. Eu acredito que é um sinal encorajador que os oprimidos tenham, mais do que nunca, voz na política latino-americana.

Entrando na música, mas sem sair tanto da política, como uma banda como o RATM lida com a indústria cultural?
Bom, é bem possível que ninguém no Brasil jamais tivesse escutado o RATM ou que ninguém se interessasse em ler esta entrevista se não fosse o fato da música do RATM ser veiculada pela Sony Music. Logo no início da banda, nós tomamos uma decisão de forma extremamente consciente sobre como tentaríamos divulgar nossa mensagem revolucionária para o maior número de pessoas possíveis ao redor do mundo. E, ainda que eu respeite as decisões de outros artistas em lidar exclusivamente com gravadoras independentes, nossos objetivos políticos são muito maiores. Nós queremos que nossa música tenha um impacto mundial.

A influência musical de vocês é bastante vasta. Do RAP ao Rock, passando pela música negra e até o heavy metal. Ela sempre se pautou pela atividade política?
Minhas preferências musicais são muito amplas e certamente nem sempre existe um componente político nelas. Eu adoro heavy metal, como Black Sabbath, Iron Maiden e Rush, assim como o hip-hop contemporâneo de DMX e Jay-Z e, obviamente, também gosto de grupos políticos, como Public Enemy e The Clash. No RATM, nós sempre sintetizamos nossas várias influências musicais para então preencher com o nosso compromisso político.

Algo na música sul-americana é referência para você?
Um dos meus maiores heróis musicais é Víctor Jara, o tremendamente talentoso mártir do golpe de 1973 no Chile. Sua vida como músico e ativista é muito inspiradora, especialmente no meu projeto solo, que leva o nome de The Nightwatchman.

Você apontaria novos talentos na música?
Eu sou um grande fã de Gogol Bordello, The Arcade Fire, Bright Eyes e de uma banda pouco conhecida fora da cidade de Nova York, que se chama Outernational.

O RATM voltou para ficar? Há previsão para novos trabalhos?
Bem, nós estamos juntos de verdade, como nosso show no Brasil demonstrou. Atualmente, não existem planos para um novo disco, mas nós continuamos amigos e fazendo shows. Mas o futuro não está escrito.

Vocês têm planos para retornar à América do Sul?
Eu adoraria voltar em breve para tocar mais vezes e explorar o continente. Nessa viagem, nós estivemos na América do Sul por menos de dez dias, o que não foi nem de longe suficiente. Eu fui inspirado pelo público daí, pelo encontro com o MST, pelo ensaio que nós vimos da escola de samba Vai Vai, por visitar os túmulos de Víctor Jara e Allende no Chile, por marchar com as Mães da Praça de Maio em Buenos Aires. Essas coisas serão absorvidas por minha música no futuro. Finalmente, gostaria de agradecer muito aos fãs do Brasil. Levamos dezenove anos para ir pela primeira vez, mas garanto que não levaremos outros dezenove anos para voltar. Nos veremos em breve.

QUEM É:
Nascido em 1964 no Harlem, em Nova York, formado em ciências políticas na Universidade de Harvard, Tom Morello foi incluído pela revista Rolling Stone como um dos 100 maiores guitarristas de todos os tempos.
Fonte: http://www.brasildefato.com.br/