sexta-feira, 30 de setembro de 2011

8 ANOS do coletivo ALMA Ambiental - Programação da Festa

8 ANOS do coletivo ALMA Ambiental - Programação da Festa


Local: Praça OCARUÇU - Rua Alaíde de Sousa Costa, altura 615. (continuação da Rua Júlio Bala, esquina com a Rua Virgínia Ferni, próximo ao posto de saúde UBS Boni III) Conjunto José Bonifácio - Itaquera
Fonte: http://almaambiental.blogspot.com/

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

PALESTINA: “ 194 RAZÕES PARA A CRIAÇÃO DE UM ESTADO INDEPENDENTE... ” - Por : Pettersen Filho

PALESTINA: “ 194 RAZÕES PARA A CRIAÇÃO DE UM ESTADO INDEPENDENTE... ” Celebrando a 66ª Instalação da Assembléia Geral da ONU , nos EUA, desde a sua Criação, em 1945, no final da Segunda Guerra Mundial , justamente, com fito de manter a Paz no Mundo, a quem cabe, exatamente ao Brasil a Honraria do Discurso de Abertura , desta feita, realizado de “Saias” pela President”a” Dilma Roussef , tal fato, o de ser a Primeira Mulher a discursar na Abertura daquele evento, no entanto, questão mais latente, presente no Encontro, roubou a cena dos holofotes na Presidente Dilma , face as intensas articulações realizadas, de um Lado, pelos Estados Unidos , Pais protagonista da Sede da própria ONU, em Nova Iorque, apoiando incondicionalmente o Estado Genocida de Israel , e, de outro Lado, mais de Uma Centena de Países , dentre eles, o próprio Brasil , apoiadores, não tão incondicionalmente, do advento de um Estado Palestino Independente , com assento pleno e representação na ONU.

Criados, eles mesmos, por Ato da ONU , Órgão subserviente aos Interesses das Grandes Potências , em 1948, as Margens do Mar Mediterrâneo, em sua porção Oriental, dentro da própria Cisjordânia , Território historicamente Palestino , até que o Imperialismo Europeu , à “Boca do Canhão”, França e Inglaterra dividissem o Mundo, Ásia e África, entre si, na famosa “Entende Cordiale”, no começo do Século XX, afetando para sempre a Geografia do Planeta, criando Estados, e Países, artificiais, por toda África e Ásia, ao seu bel prazer, independente de fatores étnicos ou culturais, segundo seu próprio interesse, nem bem findava a Segunda Guerra Mundial, em 1945, quando já se cogitava a criação de um “Organismo”, a ONU , dedicado a manutenção da Paz Mundial , na eminência da Guerra Fria , que se seguiria, então, com a polarização do Mundo, Pós-imperialismo Europeu , e com a conversão da URSS , comunista, e dos próprios EUA , capitalista, em únicas Potências Planetárias , a criação do Estado de Israel , onde seriam assentados os Judeus do Mundo inteiro, diga-se de passagem, majoritariamente “Arianos”, da própria Europa , não por razões, puramente, Religiosas , reportando o Passado Bíbl i co (Muro das Lamentações, Grande Templo, e coisitas mais), e o Degredo do Povo Hebreu , antes do advento do Senhor Jesus Cristo , há mais de Dois Mil Anos atrás, desde o Egito , do qual o atual Estado de Israel , sequer, guarda resquicios, depois de anos, e séculos, de pulverização, por toda Europa , mas, predominantemente, como parte da nova Geopolítica que, já, se desenhava, como forma de criar um “Estado Amigo”, Israel , em Terras Árabes , justamente para guarnecer as Rotas do Petróleo , de que as Grandes Potências Ocidentais dependem, EUA, França e Inglaterra, mormente, nas proximidades do estratégico Canal do Suez e da Península Arábica, o Estado de Israel , armado nuclearmente pelo Ocidente , partiu a Palestina em dois: Faixa de Gaza , dominada pelo Hamas , mais radical, Inimigo declarado da própria existência do Estado de Israel , no Ocidente, e Cisjordânia , mais Pró-ocidente, na porção mais Oriental da Palestina , ambas separadas fisicamente pelo Estado de Israel , quem, agora, opõe-se a Criação do Estado Palestino.

Apoiada pela Grande Maioria das 193 Nações do Planeta, de menos EUA , que possui direito de “Voto” Decisivo no Conselho de Segurança da ONU , tão antiquado, como ilegítimo, nos dias de hoje, alias, como salientou a própria President ”a” Dilma , em seu Discurso, sem o qual a Palestina jamais será aceita como Estado Independente , onde poderia receber o numero 194 , no Concerto das Nações , e boicotada por Israel , devido a motivos óbvios, dos quais, a progressiva invasão da Cisjordânia , e a Instalação de novos Assentamentos Judeus em Terras Árabes, mais e mais, parecem serem os fundamentos mais sólidos para manter a sua atual “Política” de Assassinatos Seletivos , de Lideres do Hamas, e ataques sistêmicos a Faixa de Gaza , enquanto acena com falsas promessas de “Conversações” de Paz , com a Facção menos rebelde do Fatah , na Cisjordânia Ocupada , do qual o atual Presidente Mahmoud Abbas converte-se num Inimigo menos letal, e manipulável, do que a Liderança do Hamas , a “Autoridade” Nacional Palestina , atual status que recebem os Palestinos , no geral, como sendo um mero “Escritório” de Representação dos Palestinos , sem, contudo, receber o Grau de Estado Independente , na ONU, trava, em Nova Iorque, a sua mais derradeira Batalha...

Desguarnecida de Tanques, ou Navios de Guerra, ao contrário de Israel , abastecidos pelos Estados Unidos , os Palestinos , tantos de Gaza , como da Cisjordânia , munidos de singelos rifles AK-47 Kalashinikov, remanescentes dos velhos arsenais da União Soviética , esperam afoitos, enquanto sofrem implacavel Cerco Naval por Israel, em Gaza , donde não entra, nem remédio, e nem comida, por vezes, bombardeados com Urânio Radioativo ou Césio , por Israel , transformada a Faixa de Gaza , com olhos complacentes da ONU , em uma imensa Alchvits , ou Trebrinka , verdadeiros “Fornos Crematórios”, Campo de Testes de Armas Letais, ou Químicas, dos Estados Unidos & Israel , restando-lhes, somente aguardar, enquanto morrem de inanição, e são suas crianças violentadas, pelo advento de um Estado , que seja só seu, não se sabe, Quem ?, nem Quando ?...

Ou afinal, Qual ? Palestina : a de Gaza , do Hamas, ou a da Cisjordânia Ocupada , do Fatah, e de Abbas ?

Quiçá, Palestina Alguma !
Fonte: http://abdic.org.br/

[EUA] Com "líderes" como estes... por ANA

[EUA] Com "líderes" como estes...
Demorei um pouco para chegar a uma conclusão, mas ao refletir, é impossível negar a realidade.

Meio século depois de conseguir o direito a votar, para prontamente eleger mais líderes negros que em qualquer outro momento desde o período da Reconstrução (1865-1877), por que será que a vida, a sorte, as perspectivas de futuro e as esperanças da comunidade negra se pintam tão sombrias?

A educação é um desastre com um índice de evasão escolar de quase 50% na maioria dos bairros centrais. O aburguesamento, a gentrificação (do inglês, gentrification) das comunidades negras, as consigna ao esquecimento. O desemprego espreita as famílias negras, ameaçadas com os mais altos impostos vistos desde os primeiros registros. E as famílias negras enfrentam a execução hipotecária (e sua conseqüência direta – ficar sem teto) em uma proporção muito desequilibrada. Isto é o resultado direto das fraudes hipotecárias que encheram os bolsos de Wall Street. Nas cidades que alardeiam o fato de seus prefeitos e chefes de polícia serem negros, a violência policial contra os chamados “cidadãos” negros continua sem diminuir, ainda que o complexo industrial das prisões prende a gerações inteiras.

Isto nos obriga a concluir que a América Negra padece de males muito parecidos aos sofridos pelas nações da África Continental. Sob o neo-colonialismo, a classe política fornece a ilusão de liberdade e independência, mas serve aos poderes econômicos distantes das suas comunidades, os quais determinam a política e os programas para a exploração do povo. Desgraçadamente, não é o mesmo ter mais políticos negros, que ter mais poder político negro. Porque, com o excesso de “representação”, as vozes negras de descontento são silenciadas, ainda que a raiva ferva nos corações e nas mentes.

E em lugar de falar pelo bem das pessoas que os elegeram, os políticos negros também se calam, mostrando-se mais leais a seu partido político do que a seu povo. Procuram não fazer ondas ainda que jatos de água entrem pelas rachaduras no casco do barco que se afunda.

Predicam paciência sendo que a casa arde. Imitam aos políticos brancos, fazendo eco de suas palavras, ao “representar” as comunidades, não poderiam ser mais díspares.

Se os políticos negros fazem o mesmo que seus colegas brancos, para que servem? Qual é a diferença?

O neo-colonialismo se impõe em casa e no exterior.

Desde o corredor da morte sou Mumia Abu-Jamal.

Sábado, 20 de agosto de 2011.

Tradução > Juvei

agência de notícias anarquistas-ana
tarde cinza
borboleta amarela
toda luz do dia
Alexandre Brito

Domingo, 2 de outubro: ANDA promove 2ª edição do Bem Animal: Festival de Cultura e Consciência em SP

Domingo, 2 de outubro: ANDA promove 2ª edição do Bem Animal: Festival de Cultura e Consciência em SPA ANDA – Agência de Notícias de Direitos Animais (www.anda.jor.br) – em parceria com a Associação Cultural Casa das Caldeiras – promove, neste domingo, dia 2 de outubro, mais um evento solidário e cultural em prol dos animais.

Farão parte da 2ª edição do “Bem Animal: Festival de Cultura e Consciência” atividades culturais com música, yoga, exposição de fotos de animais e uma feira de adoção de cães e gatos, que estarão presentes no evento a partir das 14h à espera de um lar.

A 1ª edição, realizada no dia 4 de julho de 2010, contou com a participação de muitos artistas engajados e simpatizantes da causa animal, além de um público efervescente de mais de mil pessoas que mantiveram a grande festa animada do início ao fim. Nesta nova edição, a proposta de celebrar e difundir ideias de consciência e respeito a todos os seres, humanos e animais, se mantém. Todos os artistas participarão de forma voluntária, doando seus talentos e energia para esse momento de comunhão e solidariedade.

No local ainda serão disponibilizados Wi-fi gratuito e comidinhas veganas. O evento será realizado das 11h às 20h, com entrada franca.

Confira a programação completa:
Exposição de fotos : Tatiana Saccomanno
(Fotos apresentadas na exposição práCachorro – Matilha Cultural em julho de 2011)

11h
Yoganimal com os Professores Convidados:
Cris / Paramatma Cris / Luciana Perez / Luis Antonio Ribeiro / Anita Carvalho / Diogo Camargo

14h
Feira de adoção de animais

17h
Show: Banda Mersey Beggars

18h
Show: Banda Lunatone

18h45 às às 20h
Samba Rock com DJ

Serviço:
ANDA – Bem Animal (Festival de Consciência e Cultura)
Data: 02 de outubro de 2011
Horário: das 11h às 20h
Local: Casa das Caldeiras – Av, Francisco Matarazzo, 2.000 – Barra Funda, em frente ao Clube Palmeiras - São Paulo/SP
Entrada Franca
Fonte: http://www.anda.jor.br/

Terceira modernidade do capital, crise de civilização e barbárie social - Por Giovanni Alves

Terceira modernidade do capital, crise de civilização e barbárie socialO sentido radical da crise do nosso tempo histórico diz respeito a incapacidade da forma social do capital em conter (e realizar) as possibilidades de desenvolvimento do ser genérico do homem pressupostas pela nova materialidade sócio-técnica em virtude da degradação das condições materiais de reprodução humana, inclusive no pólo desenvolvido do capitalismo global. Este é um traço indelével do esgotamento histórico de um modo planetário de controle do metabolismo social baseado na propriedade privada dos meios de produção social e divisão hierárquica do trabalho.

O que consideramos como crise estrutural do capital possui as caracteristicas de uma “sindrome” social, isto é, de um “estado mórbido” caracterizado por um conjunto de sinais e sintomas associados a uma “condição social crítica”, suscetível de despertar reações de temor e insegurança global. É o que temos denominado de sociometabolismo da da barbárie ou barbárie social.

Na verdade, vivemos uma nova era civilizatória que inaugura a terceira modernidade do capital. Sob as condições da barbárie social, o capitalismo histórico altera qualitativamente a dinâmica da luta de classes, que se contrasta, por exemplo, com a dinâmica histórica inscrita na segunda modernidade do capital, caracterizada pela lógica cultural do modernismo.

O capital adquire sua dimensão real tão-somente a partir da segunda modernidade, ou seja, a instauração do modo de produção capitalista propriamente dito. Constitui-se a grandeindústria com o sistema de máquinas que põe a subsunção real do trabalho ao capital. Esta importante inflexão histórica propiciou um salto qualitativamente novo na dinâmica civilizatória do capital. É possível dizer que, com a segunda modernidade do capital, que tem inicio com a Primeira Revolução Industrial, a partir do século XIX, e que prossegue até a última metade do século XX, o capital se consolida como sistema planetário, ou seja, sistema de controle do metabolismo social global. É nesse período histórico que se constitui o mercado mundial e todas as determinações sociais descritas num impressionante vigor literário por Karl Marx e Friedrich Engels n´O Manifesto Comunista, de 1848.

A segunda modernidade do capital é a modernidade-máquina, temporalidade histórica em que se constituiu um estilo de pensamento, de política e de sensibilidade estética que poderíamos caracterizar como modernista. Foi nessa etapa de desenvolvimento do capitalismo ocidental, no bojo do qual se desenvolveu o processo de modernização que constituiu-se a classe social (burguesia e proletariado) e o Estado nacional em torno da qual se consolida o território propriamente dito da Nação e da Cidade. São tais determinações essenciais que irão compor a identidade social de homens e mulheres da segunda modernidade. Enfim, a segunda modernidade é a modernidade propriamente dita.

Por modernidade entendemos um conjunto de experiências de vida: experiência do espaço e do tempo, de si mesmo e dos outros, das possibilidades e perigos da vida, que é hoje em dia compartilhado por homens e mulheres em toda parte do mundo. Assim, desde o século XVI, constitui-se no Ocidente a modernidade do capital, que assume diversas formas histórico-temporais, por conta do desenvolvimento do modo de produção capitalista.

Diremos com Marshall Berman, no seu livro clássico “Tudo que é sólido se desmancha no Ar”, que “ser moderno é encontrarmo-nos em um meio-ambiente que nos promete aventura, poder, alegria, crescimento, transformação de nós mesmos e do mundo – e que, ao mesmo tempo, ameaça destruir tudo o que temos, tudo o que conhecemos, tudo o que somos. Ambientes e experiências modernos atravessam todas as fronteiras de geografia e de etnias, de classe e nacionalidade, de religião e ideologia; neste sentido, pode-se dizer que a modernidade une todo o gênero humano. Mas é uma unidade paradoxal, uma unidade de desunidade: envolve-nos a todos num redemoinho perpétuo de desintegração e renovação, de luta e contradição, de ambigüidade e angústia. Ser moderno é ser parte de um universo em que, como disse Marx, ´tudo o que é sólido se desmancha no ar´”. Esta percepção de Marshal Berman é a percepção aguda da modernidade clássica, a segunda modernidade do capital, a modernidade da grande indústria e do modernismo, que irá expor a forma essencial deste processo de modernização do capital.

Por “modernismo”, que se vincula a esta segunda modernidade, entendemos como sendo, de acordo com Perry Anderson (no livro “As origens da pós-modernidade”), “a espantosa variedade de visões e idéias que visam a fazer de homens e mulheres os sujeitos, ao mesmo tempo que os objetos, da modernização, a dar-lhe o poder de mudar o mundo que os está mudando, a abrir-lhes caminho em meio ao turbilhão e apropriar-se dele”. Deste modo, o modernismo como lógica cultural da segunda modernidade do capital, são visões e valores carentes de utopia social. Enfim, são visões culturais e políticas que emergem no período de ascensão histórica do capital. O modernismo é o espírito político-cultural da segunda modernidade do capital.

Deste modo, podemos distinguir a primeira modernidade do capital, que transcorreria do século XVI à última metade do século XVIII e seria caracterizada pela ascensão histórica do capitalismo comercial e capitalismo manufatureiro. Neste período de constituição do capitalismo moderno, as sociedades européias ainda estavam imersas em relações sociais tradicionais, marcadas pela dominação de classe aristocráticas e agrárias, ainda não subsumidas à lógica do capital industrial, mas apenas à lógica do capital mercantil.

A segunda modernidade do capital seria a modernidade da Primeira e Segunda Revolução Industrial, do surgimento da grande indústria, do modo de produção capitalista propriamente dito, da subsunção real do trabalho ao capital, da transição dolorosa e luminosa para a última modernidade do capital, a terceira modernidade.

A terceira modernidade do capital seria a modernidade tardia, a modernidade sem modernismo, ou a modernidade pós-modernista. É a modernidade do espírito do toyotismo que explicita um nova implicação sociometabólica da produção social: a maquinofatura em contraste com a manufatura ea grandeindústria. A terceira modernidade é a modernidade do capitalismo manipulatório e da crise estrutural do capital. É a modernidade da predominância do capital financeiro sobre as demais frações do capital. A terceira modernidade seria a modernidade do precário mundo do trabalho e da barbárie social. Enfim, com a terceira modernidade nos inserimos noutra temporalidade histórica do capital, com impactos decisivos na objetividade e subjetividade da classe dos trabalhadores assalariados e do trabalho vivo. Com a terceira modernidade altera-se a dinâmica histórica da luta de classes na medida em que está posta a precarização do homem-que-trabalha como um traço indelével da nova precariedade salarial.

Apesar de estarmos inseridos na temporalidade histórica da terceira modernidade do capital, somos constrangidos ainda, no plano da memória histórica e da imagem social, pela segunda modernidade do capital, a modernidade do modernismo, a modernidade da forma cultural prenhe de projetos de utopias concretas (como diria Ernst Bloch).

Enquanto a primeira modernidade do capital era prenhe de utopias abstratas, como a de Thomas Morus (“A Utopia”) ou de Tomazo di Campanella (“Cidade do Sol”); ou mesmo de Charles Fourier e Robert Owen; a segunda modernidade do capital nasce com o proletariado industrial e os projetos sociais do comunismo político em meados do século XIX no bojo da crise de 1848, aprimeira grande crise do capitalismo ocidental. Seu marco histórico maduro são as revoluções sociais de 1848, evento crucial que inspirou o Manifesto Comunista, de Karl Marx e Friedrich Engels. As revoluções sociais de 1848 abrem um novo período histórico da luta de classes.

O processo social da segunda modernidade do capital é caracterizado pelo espírito do modernismo, isto é, o conjunto de doutrinas e práticas estéticas e políticas amplamente heteróclitas, assincrônicas e intrinsecamente contraditórias, como a própria modernização do capital no período de sua ascensão histórica. Neste período, temos a ascensão e crise do Estado social, com seus partidos e sindicatos de classe e com os projetos de utopias sociais caracterizados pelo comunismo histórico e pela social-democracia clássica. Constituiu-se o mundo do trabalho organizado cuja dinâmica da luta de classes propiciou uma precariedade salarial caracterizada pelo emprego estável dos trabalhadores assalariados organizados. É o período histórico das conquistas sociais do trabalhismo organizado, da legislação do trabalho e do Welfare State. Nele vigoram como estilo cultural e político da subjetivação de classe, tanto o reformismo social-democrata, quanto o comunismo político como forças estruturantes da defensividade do trabalho.

Na temporalidade histórica da segunda modernidade do capital ocorre o surgimento e desenvolvimento dos Estados nacionais, com destaque para a constituição hegemônica dos Estados Unidos como nação moderna, de crise européia, dos conflitos imperialistas, da Primeira e Segunda Guerra Mundial, da colonização, descolonização e ocidentalização do Terceiro Mundo, da indústria cultural, da modernização avassaladora em todas as instâncias da vida social (o que só ocorreria após a Segunda Guerra Mundial). Enfim, é um período de intensa “destruição criativa”, último período histórico de ascensão do capital, uma ascensão de destruição de modos de vida tradicionais vinculados à dominação de classes aristocráticas e agrárias, que só ocorreriam de vez após as duas guerras mundiais que atingiram o Continente Europeu (é tal transição do tradicional para o moderno que iria dar aquela sensação de ambigüidade típica do modernismo – euforia e rebeldia, tão típica dos movimentos culturais modernistas, do surrealismo ao rock and roll dos The Beatles).

A crise da segunda modernidade do capital ocorre em meados da década de 1960, década de transição, que anunciaria, no centro do sistema do capital, a passagem para a terceira modernidade, modernidade tardia ou modernidade sem modernismo. Ela irá se compor na medida em que se dissolvem as coordenadas históricas compositivas do modernismo.

Nos primórdios do século XXI vivemos sob a terceira modernidade que inaugura a temporalidade histórica da crise estrutural do capital com implicações qualitativamente novas na dinâmica da luta de classes, na medida em que se altera o processo social de subjetivação de classe.

A mundialização do capital e a vigência do regime de acumulação predominantemente financeirizado; as políticas neoliberais, a acumulação flexível e o espírito do toyotismo; e a instauração da sociedade em rede a partir da revolução informacional no bojo do capitalismo manipulatório, colocam novas determinações concretas no processo de formação (e luta) da classe social do proletariado.

Por um lado, amplia-se a condição de proletariedade que, com a nova precariedade salarial, incorpora as camadas sociais ditas de “classe média”. A nova precariedade salarial que inaugura a “nova questão social” (Robert Castel), explicita a precarização estrutural do trabalho como um traço compositivo ineliminável da npva dinâmica do capitalismo global. Por outro lado, a precarização do homem-que-trabalha, traço indelével da nova precariedade salarial, com a dessubjetivação de classe, “captura” da subjetividade e redução do trabalho vivo a força de trabalho, colocam obstáculos efetivos à formação da consciência de classe e, portanto, à formação do sujeito histórico do proletariado como classe social.

Deste modo, o nosso conceito de barbárie social diz respeito a condição social crítica qualitativamente nova que surge na terceira modernidade do capital e que coloca obstáculos efetivos à formação do sujeito histórico de classe. Na verdade, ocorre um processo de deformação da classe pari pasu à crise de formação contraditória do valor no bojo da crise estrutural do capital (formação contraditória no sentido de que a crise de formação do valor se põe no bojo da disseminação da forma-valor pela vida social).

Com a nova precariedade salarial, que contém no seu bojo o estado de barbárie social, inaugura-se, deste modo, a era de crise social como crise de civilização, caracterizada, no plano sociometabolico, pela crise da vida pessoal, crise de sociabilidade e crise de auto-referencia pessoal. A terceira modernidade, com o sociometabolismo da barbárie, que reduz tempo de vida a tempo de trabalho, coloca em questão, de modo qualitativamente novo, o devir humano dos homens.
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Giovanni Alves é doutor em ciências sociais pela Unicamp
Fonte: http://boitempoeditorial.wordpress.com/

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Punk em luto!

Morre Redson, fundador do Cólera

Na madrugada desta quarta-feira (28), o guitarrista e vocalista do grupo Cólera, Edson “Redson” Pozzi, morreu aos 49 anos. Além de fãs e amigos, deixa um legado de 30 anos de serviços prestados ao punk nacional.

Ainda não foram divulgados maiores detalhes, mas Val Pinheiro, baixista do grupo informou via Orkut que teria sido uma parada cardio-respiratória.

A banda foi formado em 1979 por Redson e seu irmão Carlos “Pierre” Lopes Pozzi. Ao lado de Olho Seco, Inocentes, Ratos de Porão, Invasores de Cérebro e Restos de Nada construíram a história do punk no Brasil. Com uma linguagem política, ecológica e pacifista, o Cólera se diferenciou dos demais grupos e construiu sua própria trajetória. A banda que comemorava seus 30 anos de existência gravou discos importantes como “Tente Mudar o Amanhã” (1984) e “Pela Paz Em Todo Mundo” (1986). “Deixe a Terra em paz” foi o último deles, gravado em 2004.

Quando o sentimento passa para pele – por Latuff


I AM SPEECHLESS! @SmithSofia has TATTOOED my cartoon about Vittorio Arrigoni!

Fonte: http://twitpic.com/photos/CarlosLatuff

Riot-Folk: coletivizar a música, amplificar o grito - por ANA

Riot-Folk: coletivizar a música, amplificar o grito“Voltar a fazer do folk uma ameaça” - a idéia juntou nove músicos estadunidenses. Chamaram-lhe Riot Folk. Fazem das guitarras acústicas armas apontadas ao capitalismo, reinventam a forma de partilhar e fazer música, cantam sonhos comuns.

“A música tem sido uma ameaça para o capitalismo e outros sistemas de opressão no passado, e o Riot-Folk quer voltar a fazer do folk uma ameaça!”. Este é o mote para um coletivo que há sete anos espalha música radical pelos EUA. Carregam guitarras e inconformismo, teimam que “uma canção pode ser uma poderosa arma para a mudança social”, diz Ryan Harvey, um dos fundadores do coletivo.

“Somos um grupo de músicos dedicado à ajuda mútua e à solidariedade, enquanto cria uma voz coletiva que possa provocar, educar, desafiar e inspirar”, explica-se em http://riotfolk.org/. Tudo começou em 2004, quando nove jovens músicos de vários cantos do país decidiram partilhar recursos como contatos, site, equipamento de gravação e dinheiro.

“Os coletivos baseiam-se na idéia de que trabalhar em conjunto beneficia cada membro, mais do que trabalhar em competição – essa noção querida ao capitalismo. A competição não deixa lugar para a colaboração ou a solidariedade, limita o potencial dos indivíduos ao desencorajar as conquistas cooperativas e o interesse coletivo”.

O Riot-Folk criou uma rede de pessoas com quem podem fazer uma digressão, gravar, trocar idéias ou dar e receber apoio. Também lhes deu oportunidade de se tornarem um recurso para outros projetos radicais, fazendo concertos benefit ou tocando em solidariedade com ações.

Longe das gravadoras e promotoras comerciais, definem-se como um coletivo anti-lucro, baseado nos princípios de anti-opressão e anti-capitalismo. “Não queremos capitalizar a nossa música, mas usá-la como uma ferramenta contra o capitalismo. Queremos criar um modelo diferente de como a música pode ser criada, apoiada e partilhada”. Por isso, utilizam um fundo coletivo, para o qual cada um dá aquilo que pode e retira aquilo de que precisa. E as decisões tomam-se por consenso.

Porque a música deve ser acessível, tudo o que gravam está disponível para download gratuito (algo que em 2004 era bem menos comum) e os concertos são gratuitos ou com contribuição livre. Já os álbuns são vendidos numa escala baseada nas possibilidades que as pessoas tenham de pagar. E o dinheiro que fazem é reciclado como fundo para novos álbuns e digressões.

“Coletivizar a nossa música amplificou a capacidade de cada um ser ouvido de forma mais vasta e fez disparar a nossa energia e possibilidade de continuar a fazer música”, garantem. “Demos passos no sentido de quebrar a cultura do isolamento e competição – criando novas relações de solidariedade e apoio-mútuo”.

A urgência punk numa guitarra acústica
Há dez anos que Ryan Havey tem tocado em círculos pela justiça social. Durante esse tempo já lá vão treze álbuns gravados no espírito “do it yourself”. Muito do seu tempo e energia vão para o trabalho com ex-militares em grupos contra a guerra, como o Iraq Veterans Against the War. “Considero a minha música e as minhas canções como uma parte do meu ativismo, tal como ajudar a organizar um evento”.

Cresceu nos subúrbios de Baltimore a ouvir Rancid e Crass, e abandonou a escola aos 16 anos para “aprender com o mundo”. Foi pela altura em que Bush foi eleito que começou a pegar na guitarra. “As bandas punk têm uma história de músicas e mensagens socialmente ativas, e eu queria juntar essa raiva e urgência através do meio simples que é a guitarra acústica”.

“O capitalismo encontrou na música um novo produto e um novo mercado. A canção deixou de estar no centro para dar lugar ao artista, à estrela. E os artistas tornaram-se eles mesmos produtos – nomes a ser promovidos, vendidos e comprados. A competição econômica e artística tornou-se a regra do jogo, e aqueles que não forem comprados por uma gravadora são afogados entre o barulho da música comercial e baseada no lucro”.

Através do Riot-Folk, Ryan procura subverter este sistema. “Antes da era das gravações comerciais e do copyright, a música folk era de fato coletiva. As canções eram escritas para serem partilhadas e cantadas por todos livremente. O artista era o iniciador de um “ciclo de dádiva”, em que a música ia para lá do controle e do lucro do criador, para se tornar parte de algo maior – um bem comum”.

É nessa lógica que as músicas são anti-copyright, livres para serem distribuídas, cantadas, rescritas por todos. “Adoro receber e-mails do gênero: “espero que não te importes mas reescrevi as letras de uma das tuas músicas”, conta. Um exemplo? Foi a partir de uma música sua que surgiu a faixa “Stray bullets” http://youtu.be/6wY2g9WJhpw , do novo álbum de The Nightwatchman – projeto de Tom Morello, dos Rage Against the Machine.

Para ouvir:
• Ryan Harvey - Peace, Justice and Anarchy
› http://youtu.be/Cuo0Hg0TGH4

• Evan Greer - Ya Basta
› http://youtu.be/LQMU2VTpJ58

• Brenna Sahatjian - Treason Loyalty & Love
› http://youtu.be/0t-RnED1NrE

Fonte: Indymedia Portugal

agência de notícias anarquistas-ana
As folhas secas
Caídas das árvores
Lágrimas minhas
Darcy Brito

terça-feira, 27 de setembro de 2011

SP: VERDURADA 15 Anos de História – 02.10.2011 – a história em movimento...


VERDURADA ESPECIAL - 15 ANOS DE HARDCORE!!!
Domingo - 02 de Outubro de 2011

I SHOT CYRUS - GOOD INTENTIONS - CARAHTER - BUSSCOPS - STILL STRONG

Nós sabemos que toda Verdurada é especial. Mas algumas são mais especiais do que as outras. É o caso desta edição. Para comemorar nada mais nada menos do que 15 anos desde a primeira edição em 1996, foram convocadas cinco bandas que em épocas diferentes marcaram a história do evento.

Além da reunião exclusiva do I SHOT CYRUS e da volta do CARAHTER aos palcos hardcoreanos de São Paulo, temos GOOD INTENTIONS, BUSSCOPS E STILL STRONG, três das bandas straightedge/hardcore mais atuantes da cidade e todas intimamente ligadas à história da Verdurada.

Juntas as cinco bandas representam todas as gerações que passaram pelo palco do Jabaquara e além. O fato é que esta é uma Verdurada só com “atrações principais”. TODAS as bandas poderiam estar fechando a noite e a ordem abaixo é apenas de idade.

Seguindo a mesma temática, teremos também uma prévia do documentário "Hardcore 90 - Uma História Oral", produzido pelo velho amigo Marcelo Fonseca, que durante todos estes anos esteve conosco à frente de bandas como Constrito, Diáspora, O Cúmplice e L'Enfer.

Ninguém que esteve na Verdurada de 10 anos se esqueceu do épico último show do Point Of No Return. Portanto não perca a oportunidade de fazer história novamente desta vez. E que venham mais quinze!!!

Quando? Domingo – 02/10/2011 – das 16h às 22h
Quanto? R$10
Onde? Rua Nestor Pestana 189, Centro. A uma quadra da Pça Roosevelt, entre a Rua Augusta e a Consolação. Próximo aos metrôs Anhangabaú e República.

SP: Grande feira de discos dia 2 de outubro, domingo, no Paribar !

Grande feira de discos dia 2 de outubro, domingo, no Paribar !
Muitos expositores, vendendo discos nacionais, importados, cds/dvds,etc, por preços camaradas.

No Paribar você tem muitas opções de bebida/comida, e também estacionamento permitido no entorno da praça (na rua). E no dia DJ's convidados vão tocar boas músicas o dia todo.

Mais informações:
Domingo, 2 de outubro das 10:00 ás 19:00 horas
Praça Dom José Gaspar,42
Próximo aos metrôs República e Anhangabaú (Ao lado da Avenida São Luis)

Tempos Modernos - por Juliana Borges


Fonte: http://peledaterra.blogspot.com/

Fome, guerra civil e bombas dos Estados Unidos - por Jim Lobe

Fome, guerra civil e bombas dos Estados UnidosEnquanto a Somália sofre sua pior fome em seis décadas e o Iêmen desliza para uma guerra civil, o governo dos Estados Unidos expande sua rede de bases para realizar ataques com aviões não tripulados contra suspeitos de terrorismo nos dois países. Baseando-se em parte em novos telegramas diplomáticos norte-americanos divulgados pelo grupo WikiLeaks, o jornal The Washington Post informou, no dia 22, que as forças norte-americanas lançaram ataques com aviões não tripulados sobre esses dois países, a partir de uma instalação militar no Djibuti, e que planejam construir uma segunda na Etiópia.

O The Washington Post e o The Wall Street Journal também informaram que uma base em Seychelles, utilizada pelas forças dos Estados Unidos para enviar aviões de vigilância, agora contaria com naves armadas capazes de levar sua carga mortal ao longo dos mais de 1.500 quilômetros que separam esta ilha do Oceano Índico do Chifre da África, e regressar. A nova “constelação” de bases de aviões não tripulados também incluirá uma da CIA (Agência Central de Inteligência) que a administração anunciou no começo deste ano que estaria localizada na Península Arábica.

Essa instalação seria construída na Arábia Saudita, segundo um “alto funcionário militar norte-americano” citado em um informe de rede de TV Fox News no dia 22. “As operações na Arábia Saudita são a única nova expansão deste plano”, disse a fonte. “O restante funciona há mais de um ano, quando nos demos conta do perigo que representava a AQPA” (Al Qaeda na Península Arábica), acrescentou. A AQPA é uma célula terrorista iemenita que teria consolidado seus vínculos com o grupo radical islâmico somaliano Al Shabaab.

A IPS telefonou para o Departamento da Defesa em Washington a fim de confirmar se instalaria uma nova base na Arábia Saudita, mas não recebeu resposta. Entretanto, Chas Freeman, ex-embaixador norte-americano em Riad, que mantém boas ligações com o governo saudita, disse que a versão é “altamente plausível”, devido à “estreita e forte” cooperação contraterrorista entre os dois países e a proximidade geográfica da Arábia Saudita com o Iêmen.

Segundo um dos autores da matéria do The Washington Post, a expansão da rede de bases aéreas tinha o objetivo de “evitar os erros do passado. Quando a Al Qaeda fugiu do Afeganistão para o Paquistão em 2001 e 2002, passaram-se anos até que a CIA pudesse armar um programa de aviões não tripulados capaz de colocar a rede terrorista sob pressão”, escreveu Greg Miller no site do jornal. “Essa demora, junto com os caros acordos para ter acesso a bases aéreas em países vizinhos, permitiu o florescimento da Al Qaeda”.

Os informes chegaram em meio a uma considerável polêmica sobre o crescente uso da administração de Barack Obama de aviões não tripulados, que, segundo seu alcance, podem levar os sinistros nomes de Predator (Predador), Reaper (ceifador) ou Parca (morte).

No Paquistão, onde a CIA aumentou drasticamente os ataques com aviões não tripulados (para quase 200) contra objetivos de “alto valor” da Al Qaeda e do movimento islâmico Talibã nos primeiros dois anos do governo Obama, a estratégia contribuiu para um aumento do sentimento antinorte-americano na população local. Uma esmagadora maioria de 97% dos consultados em uma pesquisa do Centro Pew de Pesquisa, realizada recentemente no Paquistão, expressaram uma opinião negativa sobre os ataques com aviões não tripulados.

De fato, nada menos que o alto chefe de inteligência do governo norte-americano, Dennis Blair, disse em uma reunião com especialistas em política externa e segurança nacional, em julho, que é um erro deixar que a campanha militar domine as relações com Paquistão, Iêmen e Somália. “Estamos alienando os países envolvidos porque os tratamos apenas como lugares aonde vamos atacar grupos que nos ameaçam, porque estamos arriscando as perspectivas de uma reforma de longo prazo”, acrescentou Blair. Além disso, ressaltou que essas operações bélicas deveriam contar com o consentimento das autoridades dos países onde são realizadas.

Porém, o novo chefe do Pentágono e ex-diretor da CIA, Leon Panetta, rejeitou essas críticas, insistindo que a estratégia foi e continuaria sendo “efetiva para minar a Al Qaeda e sua capacidade de planejar ataques” contra os Estados Unidos. Panetta e o Pentágono também estariam liderando um debate em Washington para ampliar a atual lista de objetivos, até agora integrada apenas por altos líderes das redes terroristas, e dessa forma poder atacar também combatentes a pé.

Os aviões não tripulados se converteram na principal arma dos Estados Unidos em seus esforços para derrotar a Al Qaeda e seus aliados, embora seja usada com menor frequência contra objetivos no Iêmen e na Somália do que no Afeganistão, Paquistão e Iraque. Pelo menos seis ataques foram cometidos com aviões não tripulados contra supostos combatentes islâmicos no Iêmen em 2010 e 2011, mas esse número pode ter aumentado nos últimos meses devido ao colapso da autoridade do governo em várias partes desse país. Combatentes islâmicos que Washington acredita estarem relacionados com a AQPA assumiram controle de cidades perto do Golfo de Aden.

O blog de Jim Lobe sobre política externa pode ser lido em www.lobelog.com.
Artigo reproduzido pelo site Envolverde/IPS
Fonte: Opera Mundi

Música: Los Aldeanos, a voz dura do rap cubano - por ANA

Música: Los Aldeanos, a voz dura do rap cubanoO rap cubano é largamente ignorado pelos turistas em estadia na Ilha. À margem dos cafés e boates onde se tocam constantemente as músicas do Buena Vista Social Clube ou la guantanamera, um movimento de jovens cubanos tomou a iniciativa de pôr nas canções a dura realidade da vida cotidiana. Dessa onda de músicos rebeldes, o duo Los aldeanos tem ganhado reconhecimento em Cuba e no mundo por suas canções críticas e realistas.

Los Aldeanos insistem em continuar com sua arte apesar da censura das mídias cubanas, que não apreciam muito as críticas abertas contra as autoridades locais.

O rap cubano underground
O duo formado por Bian Oscar Rodrigues (El B) e Aldo Roberto Rodrigues (El Aldeano) começaram a seguir carreira em 15 de fevereiro de 2003 nos subúrbios de Havana, no Cinco Palmas. Naquele dia, eles não tinham mais que cinco pessoas assistindo. Oito anos mais tarde, 1500 jovens se reúnem espontaneamente na cidade de Holguín para os escutar. A manifestação foi dispersa pela polícia local.

Los Aldeanos se tornaram ídolos para milhares de jovens cubanos - e o “diabo em pessoa” para os meios oficiais. De adolescentes desconhecidos, eles se tornaram o símbolo de uma juventude que parece se embeber em suas músicas.

O duo de rappers expressa diabólico prazer em destruir os numerosos clichês que exalam da ilha de Cuba ao estrangeiro: a presunção de um apoio unânime das novas gerações à revolução de Fidel Castro ou ainda o controle tido como absoluto do governo sobre a cultura que impediria toda a expressão alternativa. Cuba não é uma caricatura de um país em preto e branco nas letras rugosas de Los Aldeanos.

As críticas em torno das autoridades abundam em suas canções. Eles não escondem seu descontentamento quando afirmam “combata para uma mudança social que não agrada ao governo” na canção-manifesta El Rap es Guerra, do álbum El Atropello, de 2009.

Mas eles não se mobilizam em organizar uma oposição política para mudar o sistema. Los Aldeanos rejeitaram toda crítica ligada aos movimentos rebeldes que desejam derrubar Raúl Castro. A meta é ser porta-voz dos cubanos oprimidos pela corrupção, das desigualdades sociais, duma sociedade angustiada por duas décadas de depressão econômica.

Eles cantam o heroísmo do povo cubano: “Herói é o cubano, que se vira para ser mais engenhoso que os chineses desde que o bloco [bloco soviético] saiu de cena, afirma Aldo com Silvito el Libre (os filhos do cantor Sílvio Rodriguez) no disco Los KbaYros (Los Caballeros, 2009).

Seus álbuns não são produzidos pelas gravadoras cubanas. Eles gravam nos pequenos estúdios alternativos como o Real 70, administrado por Papá Humbertico, um personagem reputado no meio do hip-hop underground cubano. Além disso, eles não se sentiriam integrados à agência cubana de rap devido às ligações de subordinação com as instâncias oficiais de cultura.

Seus álbuns circulam de mão em mão, em discos copiados artesanalmente. Cinco décadas de controle da informação permitiram o desenvolvimento de um mercado “subterrâneo” onde se encontram livros, discos ou filmes.

Fluxo para a juventude cubana
Los Aldeanos fazem parte duma geração de cubanos que passaram a adolescência durante os duros anos do período especial – o princípio da crise econômica na qual a população cubana está até hoje. Esse período foi o divisor de águas entre os últimos anos de abundância material graças ao sustento pela União Soviética e a dura repressão dos anos 90.

Suas canções não falam de problemas econômicos ou políticos. Elas não se aturdem em torno da crise na agricultura, ou a ineficácia das sociedades de Estado ou as demandas repetidas dos cidadãos. Elas são muito além pautadas por conseqüências morais das medidas tomadas pelas autoridades para conter a crise econômica, como a abertura massiva ao turismo internacional.

“Eu não sei se é a falta é do governo ou minha, ou se é real a necessidade do turismo em cuba, eu sei que de qualquer forma eles fazem meter chumbo na minha geração”, cantam em Nos Achicharraron (Viva Cuba Libre, 2010).

Nas letras se encontram policiais corrompidos, as “jineteras” (prostitutas), os funcionários privilegiados, os imigrantes ilegais, mas também os trabalhadores mal pagos, as mulheres agredidas ou os jovens descrentes do porvir.

Eles já se apresentaram em Miami, a capital da diáspora cubana nos Estados Unidos, sem se prestar ao jogo primário do anti-castrismo. Cantaram uma vez em Havana no cinema Acapulco graças ao convite da associação Hermanos Saíz, o braço cultural da juventude comunista. Estão sempre tentando manter o equilíbrio entre o engajamento social e o realismo: “nem socialismo, nem capitalismo, minha causa é a do povo”. Cantam em No Conspiren (Viva Cuba Libre, 2010).

Posto que Cuba está num período de reformas, é possível que se encontrem algumas chaves da mudança possível nas canções de Los Aldeanos. Ao fim das contas, como admitiu El B no documentário Revolution, o hip-hop é “o nosso jeito de fazer a revolução”.

Para ver o documentário “Revolution”:
› http://vimeo.com/groups/documentalatinoamericano/videos/10768321
Para ver o clipe "Abaixo todos os presidentes do planeta!":
› http://www.youtube.com/watch?v=7adNIsmPesM&feature=player_embedded
Tradução > Tio TAZ

agência de notícias anarquistas-ana
Um gato sem dono
Dormindo sobre o telhado —
Chuva de primavera.
Taigi

737 donos do mundo controlam 80% do valor das empresas mundiais - Por Ivan du Roy

737 donos do mundo controlam 80% do valor das empresas mundiaisUm estudo publicado na Suíça revela que um pequeno grupo de sociedades financeiras ou grupos industriais domina a grande maioria do capital de dezenas de milhares de empresas no mundo.

Um estudo de economistas e estatísticos, publicado na Suíça neste verão, dá a conhecer as interligações entre as multinacionais mundiais. E revela que um pequeno grupo de atores econômicos – sociedades financeiras ou grupos industriais – domina a grande maioria do capital de dezenas de milhares de empresas no mundo.

O seu estudo, na fronteira da economia, da finança, das matemáticas e da estatística, é arrepiante. Três jovens investigadores do Instituto federal de tecnologia de Zurique examinaram as interações financeiras entre multinacionais do mundo inteiro. O seu trabalho - “The network of global corporate control” (“a rede de controle global das transnacionais”) - examina um painel de 43 mil empresas transnacionais (“transnacional corporations”) selecionadas na lista da OCDE. Eles dão a conhecer as interligações financeiras complexas entre estas “entidades” econômicas: parte do capital detido, inclusive nas filiais ou nas holdings, participação cruzada, participação indirecta no capital...

Resultado: 80% do valor do conjunto das 43 mil multinacionais estudadas é controlado por 737 “entidades”: bancos, companhias de seguros ou grandes grupos industriais. O monopólio da posse capital não fica por aí. “Por uma rede complexa de participações”, 147 multinacionais, controlando-se entre si, possuem 40% do valor econômico e financeiro de todas as multinacionais do mundo inteiro.

Uma super entidade de 50 grandes detentores de capitais
Por fim, neste grupo de 147 multinacionais, 50 grandes detentores de capital formam o que os autores chamam uma “super entidade”. Nela encontram-se principalmente bancos: o britânico Barclays à cabeça, assim como as “stars” de Wall Street (JP Morgan, Merrill Lynch, Goldman Sachs, Morgan Stanley...). Mas também seguradoras e grupos bancários franceses: Axa, Natixis, Société générale, o grupo Banque populaire-Caisse d'épargne ou BNP-Paribas. Os principais clientes dos hedge funds e outras carteiras de investimentos geridos por estas instituições são por conseguinte, mecanicamente, os donos do mundo.

Esta concentração levanta questões sérias. Para os autores, “uma rede financeira densamente ligada torna-se muito sensível ao risco sistêmico”. Alguns recuam perante esta “super entidade”, e é o mundo que treme, como o provou a crise do subprime. Por outro lado, os autores levantam o problema das graves consequências decorrentes de tal concentração. Que um punhado de fundos de investimento e de detentores de capital, situados no coração destas interligações, decidam, por via das assembleias gerais de acionistas ou pela sua presença nos conselhos de administração, impor reestruturações nas empresas que eles controlam... e os efeitos poderão ser devastadores. Por fim, que influência poderão exercer sobre os Estados e as políticas públicas se adotarem uma estratégia comum? A resposta encontra-se provavelmente nos actuais planos de austeridade.

Artigo de Ivan du Roy, publicado em Basta!, traduzido por Carlos Santos para Esquerda.net.

1 O italiano Stefano Battiston, que passou pelo laboratório de física estatística da École normale supérieure, o suíço James B. Glattfelder, especialista em redes complexas, e a economista italiana Stefania Vitali.
Fonte: www.revistaforum.com.br/

Maus-tratos e a delinquência juvenil: Segundo estudo, adolescentes que maltrataram animais têm 3 vezes mais chance de cometer crimes violentos - ANDA

Maus-tratos e a delinquência juvenil: Segundo estudo, adolescentes que maltrataram animais têm 3 vezes mais chance de cometer crimes violentos
Por Camila Arvoredo (da Redação)

Os adolescentes que já maltrataram um animal têm três vezes mais chance de cometer um delito violento, agressões, assaltos e ferir alguém, indica um estudo suíço.Créditos foto: “Le Matin”.

Os adolescentes que admitem ter maltratado um animal apresentam um risco três vezes maior de cometer delitos com violência, agressões, assaltos e ferir alguém. Esta é a conclusão de um estudo feito com mais de 3.600 estudantes de diferentes regiões da Suíça, afirmou o jornal suíço “Le Matin”.

Os criminologistas Martin Killias da Universidade de Zurich e Sonia Lucia, da Universidade de Genève se debruçaram sobre uma grande quantidade de jovens estudantes, sejam 3.648 de 7º a 9º anos, provindos de 210 salas de aula de 70 escolas diferentes.

Dentro do contexto deste estudo, realizado em 2006, os estudantes deveriam responder a um questionário virtual, um método julgado como válido, principalmente no caso de avaliar a amplitude dos maus-tratos realizados contra animais, fato raramente estudado.

Resultados: 12% dos jovens, sendo 17% meninos e 8% meninas, admitiram ter maltratado voluntariamente um animal. Em 29% dos casos esses animais eram gatos, cachorros ou outros animais domésticos, 18% dos casos se referiam a peixes, rãs ou lagartos, 11% se referiam a pássaros e o resto de insetos ou outros invertebrados (formigas, moscas e caracóis principalmente).

Se tais atos são relativamente comuns, isto não significa que eles sejam largamente aceitos, escrevem os autores do estudo na revista estado-unidense “Psychology of Violence”. Somente 4% dos meninos e 1% das meninas, seja 2,4% do total, acham que os animais merecem ser maltratados ou que é divertido.

Uma grande maioria dos 80% julga que é um ato hediondo. Entretanto, os pesquisadores revelam que 24% dos meninos e 12% das meninas (18% no total) não possuem opinião formada, o que sugere uma aceitação silenciosa ou que a indiferença atinge a maioria dos jovens.

Delitos violentos
Os pesquisadores compararam esta amostra, em seguida, com as respostas dos estudantes a questões relativas a delitos eventuais que eles teriam cometido. A conclusão não gera dúvidas: maltratar um animal está associado aos atos delinqüentes de todos os tipos e mais particularmente àqueles relacionados a vandalismo, agressões violentas e outros delitos sérios.

Um jovem que maltratou um animal tem três vezes mais riscos de cometer este tipo de ato. A correlação é, todavia, fraca quando relacionada a delitos menos graves ou sem violência, como furto, por exemplo.

Isto sugere, escrevem os pesquisadores, que a crueldade contra os animais está relacionada aos delitos que envolvem raiva e violência e que a primeira poderia constituir um indício de desvio geral ou comportamento anti-social.

Crueldade por níveis
Estes achados confirmam outros estudos que observaram a crueldade contra animais no passado de delinqüentes violentos. A questão de saber se a violência contra os animais e a contra animais humanos são manifestações de um mesmo traço de caráter ou se a primeira gera a segunda permanece em aberto.

A primeira hipótese não faz justiça ao fato de que certas pessoas muito violentas em relação a animais humanos se comportem de maneira exemplar com relação aos animais, notam os pesquisadores. Quanto à segunda, dita como “de aprendizagem”, ela postula que a crueldade contra um animal e contra animais humanos necessita de uma evolução, dada por níveis e que a violência extrema é improvável quando não passa por etapas intermediárias.

Estar atento às pistas
“A descoberta de crianças que maltratam animais deveria ser considerada como um passo para a delinquência” escrevem Martin Killias e Sonia Lucia nas conclusões de seu estudo. Os profissionais sugerem uma maior atenção a tais indícios.

“Trata-se de focar a atenção de maneira particular a crianças que cometem atos de crueldade contra animais” indicou o pesquisador. A agressividade, sendo uma desordem estável durante o tempo, deve ser considerada pelos profissionais como uma forma de não-adaptação que pode persistir.

Os cientistas sublinham a necessidade de aprofundar a pesquisa, notadamente para a verificação da causa da crueldade. Também seria importante saber em que idade as crianças começam a maltratar os animais, a fim de determinar se estes atos precedem outros. A pesquisa em questão – o primeiro estudo com amplitude nacional realizado na Europa – ainda não pode responder a estas questões.
Fonte: http://www.anda.jor.br/

Mohamed Hussein: O ditador casual do Egito - por Latuff


Fonte: http://twitpic.com/photos/CarlosLatuff

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Atos contra o coronelismo eletrônico e as remoções de pessoas e vozes dia 28/9 - por CMI

Atos contra o coronelismo eletrônico e as remoções de pessoas e vozes dia 28/9
Pegue sua panela, leve um lenço para fazer de mordaça, faça o seu cartaz, leve seu zine ou performance, ou apenas vá e grite! Tome a palavra!

As pulgas convidam para dois atos na quarta feira dia 28/09/2011. Às 12h um panelaço artístico no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ, que depois deve se dirigir até a ANATEL do Rio de Janeiro. Às 21h outro ato no show de jazz que ocorre ao lado do Instituto.

Em repúdio ao roubo do transmissor coletivo da rádio Pulga (22/09), a tentativa de apreensão da rádio Interferência (20/09) e da rádio Muda (15/09). Em apoio ao artigo V da Constituição e às 60 rádios fechadas em duas semanas a mando do CORONELISMO ELETRÔNICO - empresários e políticos - e o seu sistema ilegal de concessões que amarra as rádios e TVs ao apadrinhamento político e ao tradicional monopólio das corporações de mídia que silencia os povos do Brasil. CONTRA AS REMOÇÕES e a CRIMINALIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS SOCIAIS!

Em homenagem a ESMERALDA FERNANDES, líder comunitária que faleceu dia 17/9 por ataque cardíaco devido ao fechamento da rádio Verona FM no Piauí!

Envie uma mensagem ao Reitor da UFRJ manifestando apoio à Rádio Pulga e repudiando a autorização da entrada de agentes da Anatel no campus: Carlos Antônio Levi da Conceição, Av. Pedro Calmon, 550, Edifício da Reitoria, 2º andar, CEP: 21.941-901 Tel.: 2598-9602 / 9603 E-mail: reitoria@reitoria.ufrj.br

Participações já confirmadas às 12h: Anarco-funk, Reciclato, Cirko Akrata. Na retransmissão: rádio Várzea de São Paulo em 107.10 FM.

"As guerrilhas lutam a guerra das pulgas, e seu inimigo militar sofre as mesmas desvantagens que o cachorro: muito a defender e um inimigo muito pequeno, onipresente e ágil a enfrentar. Se a guerra continua por tempo suficiente - essa é a teoria - o cão sucumbe ao cansaço e à anemia, sem nunca ter encontrado qualquer coisa em que cravar suas mandíbulas ou que rasgar com suas garras."
Fonte: http://www.midiaindependente.org/

Ipiranga, 895 - By Antonio Martins

Ipiranga, 895“Outras Palavras” lança webdocumentário sobre ocupações de prédios em São Paulo e convida para seminário “Jornalismo de Profundidade na Era Digital”
Em 30 de setembro de 2010, a redação de Outras Palavras vivia uma noite literária e política. O escritor e poeta cubano Félix Contreras comandava um sarau de poesias e discutia a Revolução, suas conquistas e dívidas. Perto do final, o jornalista Breno Castro Alves interrompeu a sessão para um anúncio-convite. Outras Palavras realizaria uma experiência nova, para a qual todos estavam convidados: a produção de um webdocumentário, algo ainda pouco comum no jornalismo brasileiro.

A cena é retrato de uma dimensão de Outras Palavras ainda pouco conhecida pelos leitores. Desde o início de 2010 o site anima, também, um Ponto de Cultura. Seu papel é investigar o uso das novas tecnologias de comunicação compartilhada, desenvolvendo o jornalismo de profundidade que procuramos praticar. No ano passado, ele teve viés principalmente teórico (em 2011 será diferente, como se verá ao final). Cerca de trinta pessoas participaram de oficinas sobre o tema, realizadas às noites de quinta-feira durantes um semestre de encontros.

Realizar o webdoc proposto era um passo a mais. Permitiria dar vida prática ao que fazia parte da pauta de debates desde maio. Estimulados pela convergência digital, que barateou ao extremo a produção e edição de vídeos, fotos e áudios, os webdocs estão se multiplicando como proposta de linguagem genuinamente digital. Cada vez mais fica claro que a programação é fundamental para a construção de conteúdo na web: é ela que permite realizar a fusão entre estas mídias eletrônicas e o texto escrito, construindo peças de mídia inovadoras e possibilitando tratar realidades complexas de modo mais vivo e atraente. Produzir experimentalmente webdoc, articulando os diversos saberes dos participantes do Ponto de Cultura, parecia um desafio instigante.

Foi fácil escolher, poucos dias depois, o tema do trabalho. Na madrugada de 3 de outubro, véspera das eleições presidenciais, centenas de famílias sem-teto ocuparam quatro edifícios abandonados, no centro de São Paulo. As ações, que se estenderam por várias semanas (e ainda prosseguem, nas ocupações São João e Prestes Maia), reivindicavam o direito à cidade e punham em xeque o apartheid social que ainda marca o Brasil, apesar dos avanços dos últimos anos.

A especulação imobiliária empurra os pobres para as franjas distantes das metrópoles – cada vez mais longe. Nos últimos anos, eles passaram a reivindicar com força crescente o direito à cidade, inclusive a seus núcleos centrais, servidos por redes excelentes de água, saneamento, transporte público, eletricidade, internet.

Outras Palavras mergulhou no quotidiano de um dos edifícios ocupados – o que fica na Avenida Ipiranga, quase na esquina emblemática com São João. Durante mais de um mês, os participantes do Ponto de Cultura conviveram com os novos moradores. Somos partidários da isenção, mas não da imparcialidade. Sabemos qual é nosso lado. Defendemos a reforma urbana; apoiamos ativamente a ocupação e suas reivindicações até dia 25 de novembro de 2010, quando a Polícia Militar cumpriu ordem judicial e desocupou o prédio.

Tomar partido não significa produzir panfletos. Estamos convencidos de que nossos textos, vídeos, fotos e áudios permitem um mergulho duplo. Primeiro, no quotidiano do prédio, transformado pelos habitantes inusuais. Segundo, em alguns aspectos da segregação que marca as metrópoles brasileiras e no debate das formas de superá-la. O leitor pode agora avaliar os resultados e tirar suas próprias conclusões.

Como editor de Outras Palavras, tive a satisfação de coordenar o Ponto de Cultura no ano passado. Os méritos pelo webdoc cabem a uma grande equipe, formada por participantes do seminário e por outros ativistas da comunicação que se uniram ao trabalho. Em especial, Breno Castro Alves, o editor. Ele não é daqueles que se contentam com suas próprias ideias inovadoras. Mergulhou, ao longo de meses, em sua concretização meticulosa. Da produção de algumas das peças à participação na pauta de quase todas. Da coordenação de inúmeras reuniões de balanço, em 2010, à adptação de tecnologias que permite apresentar, agora, o webdoc.

Por uma coincidência feliz, o fim de semana escolhido para lançamento do webdoc marcará, também, a retomada das atividades presenciais realizadas pelo Ponto de Cultura que Outras Palavras anima. Vencidos os sobressaltos causados pela crise do ministério da Cultura, elas voltam, agora em nova fase, ainda mais voltada para a prática. O site formará um grupo aberto de colaboradores, que serão responsáveis por acompanhar temas específicos e produzir material jornalístico de qualidade a respeito. Um blog coletivo reunirá esta produção. Ela será discutida em oficinas semanais de avaliação e pauta, a partir de 6 de outubro.

Todo o projeto será apresentado num seminário teórico e prático sobre Jornalismo de Profundidade na era Era Digital. Ocorrerá em 1º e 2 de outubro (sábado e domingo, das 9 às 16h), em nossa redação (Rua Augusta, 1239, São Paulo), e será transmitido via internet.

No sábado (1º/10), faremos o seminário e iremos em seguida ao lançamento do webdoc. Será uma oportunidade de ligar duas iniciativas relacionadas à nova era que se abre ao jornalismo. Ela expressa o declínio de um modelo (a velha mídia, com suas relações mercantis e ultra-hierarquizadas) e o surgimento de outro. Queremos ser parte dessa construção e desejamos sua companhia.
Fonte: www.outraspalavras.net/

Culturas nacionais: Anotações sobre a morte e o esquecimento - por Eric Nepomuceno

Culturas nacionais: Anotações sobre a morte e o esquecimentoTroy Davis recusou a última refeição, recusou o tranqüilizante. Mas falou. Disse a mesma coisa que repetiu dia a dia durante seus últimos 22 anos: “sou inocente”. De nada adiantou: a Suprema Corte dos EUA se negou a suspender a sentença de morte, apesar dos erros estridentes que coalharam todo o processo. Enquanto isso, no Brasil, era aprovada uma "Comissão da Verdade". Até a última hora, o governo foi obrigado a conceder e conceder. É como se em meu país, olhar de lado, não mexer no passado, ficar distante e dissimular fizesse parte da cultura nacional. Faz?

1.
Aconteceu nos Estados Unidos, em Jackson, capital da Geórgia, um estado
sulista, por volta das sete da tarde, hora local, da quarta-feira, dia 21. Aconteceu com Troy Davis, negro, 42 anos de idade.

Todo condenado à morte, é tradição, tem direito a dizer suas últimas palavras. E também de pedir sua última refeição. E, diz a lei que nos Estados Unidos autoriza assassinatos legais, tem direito a tomar um tranqüilizante poderoso antes de ser conduzido para a execução.

Troy Davis recusou a última refeição, recusou o tranqüilizante. Mas falou. Disse a mesma coisa que repetiu dia a dia durante seus últimos 22 anos: “sou inocente”. De nada adiantou: a Suprema Corte dos Estados Unidos se negou a suspender a sentença de morte, apesar dos erros estridentes que coalharam todo o processo. Jamais foi encontrada a arma do crime – ele foi acusado de ter assassinado um policial branco chamado Mark McPhail –, e sete das nove testemunhas que depuseram contra ele depois admitiram ter mentido. ‘Não fui eu’, disse Troy em sua derradeira fala. ‘Eu não tinha nenhuma arma, sou inocente’.

Foi condenado por um júri branco num tribunal branco, e branco era o juiz que deu a sentença. Troy Davis esperou durante 22 anos que alguém se convencesse de sua inocência. Em vão.

Faltavam dez para a meia noite da terça-feira quando deram em Troy Davis a injeção fatal, um coquetel de tranqüilizantes. Um dos ingredientes do coquetel deve ser – diz a lei – um anestésico, para diminuir um pouco a dor causada. No líquido que injetaram em Troy Davis havia um anestésico veterinário. É que na hora fatal descobriu-se que não havia nenhum produto destinado aos humanos. A morte levou quinze minutos para se instalar de vez em seu corpo. Apenas suas pálpebras de contraíram com força quando a injeção começou a fazer seu lento efeito. As pálpebras se contraíram uma e outra vez, rapidamente, seguidamente, até que sossegaram de vez.

Jamais surgiu uma única prova contundente, um único indício concreto de que Troy Davis tenha matado Mark McPhail. Mais de um terço dos norte-americanos disseram acreditar na sua inocência. Ninguém acatou pedidos do Papa, do ex-presidente Jimmy Carter, nem mesmo do ex-diretor do FBI, William Sessions. Carter também foi governador da Geórgia. Depois da morte de Troy Davis, desabafou: “Espero que esta tragédia nos empurre, como nação, para uma rejeição total da pena de morte”.

A pena de morte existe em 34 dos 52 estados norte-americanos. Há 3.251 pessoas esperando a vez de serem executadas. Na Califórnia, a lista é de 721 condenados. Na Flórida, 398. No Texas, 321.

O governador do Texas se chama Rick Perry, do Partido Republicano. Assinou 234 dessas sentenças. Quer dizer: dos 321 presos que esperam ser executados em seu estado, 234 tiveram suas mortes confirmadas por ele. Rick Perry diz que sua mão estava serena em cada uma dessas 234 vezes, e que não perdeu um único minuto de sono por causa dessas vidas.

Rick Perry é um homem religioso, e diz defender os valores tradicionais dos cidadãos dos Estados Unidos da América. Diz também que quer ser presidente do seu país. Ao contrário de Jimmy Carter, Rick Perry acredita veementemente nas bondades da pena de morte.

Na manhã da quinta-feira, 22 de setembro de 2011, o corpo morto de Troy Davis foi entregue à sua família. Seus compatriotas continuam apoiando a pena de morte. Em seu país, ela faz parte da cultura nacional.

2.
Aconteceu no Brasil, em Brasília, capital do país. Na noite da quarta-feira, dia 21 de setembro de 2011, por volta das oito e meia da noite, hora local, começou a ser negociado na Câmara de Deputados o acerto final sobre a instalação de uma ‘Comissão da Verdade’. A missão dessa Comissão será investigar crimes praticados pelo terrorismo de Estado implantado no Brasil pela ditadura militar que durou de 1964 a 1985. Essa, a missão verdadeira. Mas ninguém lerá isso no projeto aprovado. Lá, está dito que o objeto da investigação será a violência praticada por funcionários do Estado entre 1946 e 1988.

Até a última hora, o governo foi obrigado a conceder e conceder. A pressão final veio do deputado Antonio Carlos Magalhães Neto, do DEM da Bahia. Seu avô foi um dos notórios beneficiados da ditadura.

A Comissão terá dois anos para esclarecer um sem-fim de casos. Ninguém será punido: a anistia concedida pelos militares em 1979 está assegurada. E assegurada está a impunidade de torturadores, seqüestradores e assassinos. Assegurada está sua impunidade.

Pensando na presidente Dilma Rousseff, lembrei uma antiga canção do uruguaio Alfredo Zitarrosa: “Quiso querer, pero no pudo poder”. Assim entendo o que acontece: ela quis querer, mas não pôde poder.

É como se em meu país, olhar de lado, não mexer no passado, ficar distante e dissimular fizesse parte da cultura nacional. Faz?
Fonte: http://www.cartamaior.com.br/

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

"A Autoridade Palestina colocou Israel em apuros"

"A Autoridade Palestina colocou Israel em apuros"
Em entrevista à Carta Maior, o historiador israelense Meir Margalit analisa a iniciativa palestina em busca do reconhecimento de seu Estado na ONU e as consequências sobre a política israelense. Pacifista e militante do Meretz, pequeno partido da esquerda israelense, Margalit destaca que o presidente da Autoridade Palestina pôs Israel em apuros e fala sobre as contradições da sociedade israelense e a crise da esquerda em seu país.
Eduardo Febbro - Direto de Jerusalem

Restam muito poucos. É preciso buscá-los com insistência, mas eles estão ali, presentes, solidários, fiéis a si mesmos, dignos, ativos, militantes, apoiados no humanismo que sustenta sua tradição política e comprometidos com a ação: são os homens e mulheres que representam a esquerda israelense, aqueles que, em um momento em que a esquerda de Israel era tragada no redemoinho eleitoral, ganharam um mandato nas urnas. Meir Margalit é um deles. Legislador da Municipalidade de Jerusalém, secretário geral do movimento israelense contra a demolição de casas (palestinas), ICAHD, Margalit é um pacifista em um país armado, cuja calma e determinação força muros inacessíveis.

Historiador e homem político, nesta entrevista à Carta Maior, Margalit assegura que o presidente da Autoridade Palestina pôs Israel em apuros e destaca as contradições nas quais está mergulhada a sociedade israelense, reconhecendo a crise pela qual passa a esquerda de seu país.

Como você analisa o pedido de reconhecimento do Estado palestino que Mahmud Abbas formaliza ante a ONU. É um erro estratégico, um gesto desesperado ou apenas um mero gesto simbólico que não acrescenta nada?
Não, não, de modo algum é um fracasso de Abbas. Muito antes de o pedido de Mahmud Abbas chegar às Nações Unidas, os palestinos já tinham vencido. E ganharam porque é a primeira vez, desde muito tempo, que eles dão o rumo geopolítico da agenda e da região. É também a primeira vez que conseguem pôr Israel em apuros. Faz muito tempo que Israel não conhece uma situação semelhante. Os palestinos encurralaram Israel, obrigaram-no a explicar ao mundo por que se negam a reconhecer um país.

Os palestinos colocaram Israel em uma situação grotesca. Eu creio que, desde essa perspectiva, os palestinos ganharam. Israel está se desgastando progressivamente. Apesar do veto dos Estados Unidos ao reconhecimento do Estado palestino, quando há mais de 130 países que votam a favor da Palestina isso equivale a uma mensagem muito clara dirigida a Israel.

Está se dizendo ao país: senhores, se vocês seguirem esse caminho, deixarão de fazer parte da grande família de países civilizados. Trata-se, então, de um grande êxito dos palestinos. É preciso mirar o impossível para obter algo possível. O que hoje parece impossível será possível cedo ou tarde. Mahmud Abbas teve muita coragem. Dizer não aos EUA como fez Abbas é um ato de saúde mental. Não conheço muitos líderes no mundo que sejam capazes de dizer aos Estados Unidos: “lamento amigo, mas não estou de acordo com o que vocês fazem”. Estou convencido de uma coisa: se Israel seguir neste caminho vai colapsar. Não sei se em 20 ou 30 anos, mas esse caminho nos leva a um precipício. Se alguém não nos detiver, e digo alguém porque nós não temos nem a motivação nem o incentivo para parar, terminaremos nos destroçando em um precipício.

Quem parece ter cometido um erro estratégico é o primeiro ministro Benjamin Netanyahu. Ao invés de aceitar a possibilidade de um Estado Palestino e acompanhar a decisão impondo condições básicas para Israel, o Executivo se fechou na ameaça e na cegueira.
Por ser um estúpido, Netanyahu caiu na armadilha. Mas essa é a estupidez típica de todos os nacionalistas. Quando, em algum momento, o nacionalismo assume o controle, perde-se um pouco a sensatez. Netanyahu e o governo israelense a perderam. Sob a influência de grupos extremamente direitistas, Netanyahu errou o cálculo: em vez de fazer um cálculo nacional, fez um cálculo eleitoral.

A sociedade israelense parece ter um olhar duplo que, por curioso que pareça, revela uma mudança: por um lado tem medo de que Israel perca iniciativa e legitimidade, e, por outro, observa os fenômenos que se produzem com uma posição menos intransigente que antes.
É certo que existem mudanças substanciais na sociedade israelense. A mais fundamental é que hoje, no discurso nacional, estão se dizendo coisas que, há dez anos, não se podiam dizer. Por exemplo, há uma década a postura israelense consistia em dizer: não se devolvem territórios. Hoje, em troca, a questão mudou para converter-se em uma pergunta: que porcentagem de territórios é preciso devolver? Esta pergunta é muito transcendente e se a observamos sob um olhar de longo prazo vemos em seguida que se produziu uma mudança substancial. Se antes as pessoas se negavam a contemplar a possibilidade de devolver territórios, hoje compreende que é preciso devolver esses territórios e a discussão se concentra em saber em que porcentagem. Aqui, porém, ocorrem coisas contraditórias.

Por um lado, a sociedade israelense está disposta a considerar a possibilidade de terminar com a ocupação. As pessoas estão muito agoniadas com isso. Por outro lado, e isso é o paradoxal, segue votando nos partidos de direita enquanto que a extrema direita é cada vez mais forte e cada vez mais fundamentalista. Devo admitir que, aqui em Israel, os processos não são pretos ou brancos, há situações paradoxais, contraditórias. Estamos, então, diante de processos que apontam para direções distintas. É importante destacar uma coisa: nunca a esquerda israelense esteve tão mal no Parlamento e, no entanto, nota-se que o discurso nacional aceita ou repete o que a esquerda vem dizendo há muitos anos. E o que diz a esquerda israelense? Diz que é preciso acabar com a ocupação. Hoje, a maioria das pessoas, incluindo o primeiro ministro Benjamin Netanyahu, diz que essa ocupação terá que acabar em algum momento. Encontramos então outro paradoxo: a esquerda nunca esteve pior e também nunca esteve melhor.

Por acaso o surgimento dessa frente interna que nasceu com os jovens israelenses, os indignados, pode modificar o peso da balança política ou esse foi somente um fenômeno passageiro?
Creio que isso será absolutamente insignificante, não transcendental e em nada mudará o panorama político porque as eleições são dentro de dois anos e a memória do israelense médio é demasiado curta. Essas pessoas foram demasiadamente pacíficas para que o governo as levasse a sério. Aqui não houve piqueteros e não se queimou sequer um pneu ao longo de dois meses. Diante de manifestações dessa índole, fica muito fácil para o governo manipulá-las e deixá-las passar. Rapidamente ocorre algum arranjo cosmético, mas em regra geral não vejo que os indignados deixem uma marca na sociedade israelense.

Como se pode explicar o abismo no qual caiu a esquerda israelense? Ela praticamente despareceu como ator político, carece de credibilidade e de capacidade de mobilização, é uma voz ausente no jogo político nacional. Desapareceu como discurso, como peso político, como mensagem e como sentido.
Se falamos do trabalhismo isso é certo. Mais do que uma mudança, o trabalhismo sofreu uma degeneração, Hoje sabemos que o trabalhismo nunca foi de esquerda, usavam slogans esquerdistas, mas levavam na prática uma política capitalista e nacionalista. Não se pode ser socialista e também tão sionista como é o trabalhismo. Que resta então da esquerda aqui? Em última instância, sobramos nós, o Meretz. Meu pequeno partido tem hoje três membros no Parlamento, que conta com 120 acentos.

Estamos no limite de desaparecer porque fomos leais a nossas consignas. Era muito mais fácil tomar um caminho mais direitista e nacionalista e, dessa forma, ganhar alguns votos mais. Nós fomos consequentes e pagamos o preço. A partir do ano 2000 este país foi para a direita. Ficou mais de direita, mais fundamentalista, mais religioso. A presença de um personagem tétrico como o ministro de Relações Exteriores, Lieberman, me diz que nos convertemos em um país fascista. Essa é a melhor prova de que Israel se degradou muito. Por quê? Alguns dirão que é uma reação lógica aos atentados palestinos doa anos 2000, outros dirão que isso tem a ver com complexos que vem da época do Holocausto, outros dirão que persistem questões que estão nas próprias raízes do movimento sionista. Seja como for, está claro que a esquerda israelense está em crise.

Tradução: Marco Aurélio Weissheimer
Fonte: www.cartamaior.com.br

O custo intangível do fracasso europeu - Por José Luís Fiori

O custo intangível do fracasso europeuJunto com trilhões de euros, desaparecerá o projeto coletivo de um continente que foi decisivo para criação dos estados nacionais e do capitalismo

“Se fosse possível hierarquizar sonhos, a criação da União Européia
estaria entre os mais importantes do século XX.
Depois de um milênio de guerras contínuas, os estados europeus decidiram
abrir mão de suas soberanias nacionais, para criar uma comunidade econômica e política,
inclusiva, pacífica, harmoniosa, sem fronteiras, sem discriminações e sem hegemonias.
Um verdadeiro milagre, para um continente que se transformou no centro do mundo,
graças à sua capacidade de se expandir e dominar os outros povos,
de forma quase sempre violenta, e muitas vezes predatória.”

José Luís Fiori: “Os sinos estão dobrando”,

Os sinais de desagregação são cada vez maiores e freqüentes, e já não cabe duvida que o processo de “unificação européia” entrou num beco sem saída. É quase certo o calote da dívida grega, e é cada vez mais provável a ruptura da zona do euro, que teria um efeito em cadeia, de grandes proporções, dentro e fora do Velho Continente. Ao mesmo tempo, a vitória da França e da Inglaterra, na Líbia, aumentou a divisão e aprofundou o cisma alemão dentro da OTAN. Por outro lado, os governos conservadores europeus estão em queda livre, e sua alternativa social-democrata não tem mais nenhuma identidade ideológica. Os intelectuais batem cabeça e a juventude busca novos caminhos um pouco sem rumo. O próprio ideal da unificação européia tem cada vez menos força, entre as elites, e dentro de sociedades em que se dissemina a violência e a xenofobia. Parece iminente o fracasso europeu.

Em tudo isto, chama a atenção que o avanço da catástrofe anunciada venha sendo acompanhado por uma consciência cada vez mais nítida e consensual a respeito das causas últimas, econômicas e políticas, da própria impotência européia. Do lado econômico, todos reconhecem a falta de um Tesouro europeu com capacidade unificada de tributar e emitir dívidas, junto com um BC capaz de atuar como emprestador de última instancia, em todos os mercados, garantindo a liquidez dos atuais títulos soberanos nacionais que deveriam ser extintos e substituídos por um único título publico unificado, para toda a zona do euro. E quase todos já reconhecem a impossibilidade de uma moeda soberana e de um BC eficaz, sem um estado que lhes dê credibilidade e poder real de ação, em particular nas situações de crise. Uma posição que só poderia ser cumprida, neste momento, pela Alemanha, que não quer ou não pode fazê-lo, ou por um estado central que ninguém aceita.

Da mesma forma, pelo lado político, o aumento da fragilidade e da fragmentação da Europa, vem sendo atribuído pelos analistas, de forma quase consensual, ao fim da Guerra Fria e à unificação da Alemanha, junto com o aumento descontrolado da UE e da OTAN, que passaram da condição de projetos defensivos, para a condição de instrumentos de conquista territorial e expansão da influencia militar e econômica do ocidente, dentro da Europa do Leste, e já agora, também, na Ásia Central e no Norte da África. O alargamento em todas as direções, da UE e da OTAN, aumentou suas desigualdades sociais e nacionais, e reduziu o grau de homogeneidade, identidade e solidariedade que existia no início do processo de integração, quando ele era tutelado pelos EUA, e tinha um inimigo comum, a URSS.

Agora bem, quando os analistas da crise européia se dedicam a traçar cenários futuros, quase todos calculam o tamanho da desgraça em termos estritamente econômicos, em bilhões e trilhões de euros. E pouco se fala dos custos intangíveis do fracasso europeu no campo das idéias, dos valores e dos grandes sonhos e símbolos que movem a humanidade. Um verdadeiro impacto atômico sobre duas pilastras fundamentais do pensamento moderno: a crença na viabilidade contratual de um governo ou governança mundial; e a aposta na possibilidade cosmopolita, de uma federação ou confederação de repúblicas, pacíficas, harmoniosas, e sem fronteiras ou egoísmos nacionais. Duas idéias europeias que foram concebidas num continente extremamente belicoso e competitivo, mas que foi o grande responsável pela criação e universalização do sistema de estados nacionais modernos e do próprio capitalismo. Agora os europeus estão experimentando na pele a impossibilidade real de suas utopias, ao tentarem construir um governo cosmopolita e contratual a partir de estados nacionais extremamente desiguais, ponto de vista do poder e da riqueza.

O problema grave e insanável é que a falência do “contratualismo” e do “cosmopolitismo”, deixa os europeus sem mais nenhum sonho ou utopia coletiva. Em poucas décadas, no final do século XX, eles enterraram o seu socialismo, e agora, no início do Século XXI, estão jogando na lata do lixo, o seu “cosmopolitismo liberal”. E estão deixando o resto do sistema mundial, sem a bússola do seu criador, porque o sistema seguirá em frente, mas o seu “software” europeu está perdendo energia e está se apagando.

Fonte: www.outraspalavras.net

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

“O embrutecimento materialista levou-nos a um mundo onde a cultura foi seqüestrada pelo poder” - por ANA

“O embrutecimento materialista levou-nos a um mundo onde a cultura foi seqüestrada pelo poder”

[Entrevista com Ferrán Aisa, um de nossos historiadores mais importantes, poeta e escritor de dilatada obra centrada, basicamente, na cultura anarquista em Catalunha e no pensamento obreiro.]

Antonio Orihuela > Ferrán, o que foi o movimento operário?
Ferrán Aisa < Ao final do franquismo reapareceu na Espanha um movimento operário muito combativo que foi anulado pelo PCE com seu controle sobre as Comissões Obreiras. Em outro aspecto foi importante o reaparecimento da CNT com um crescimento proveniente da norma estabelecida pelos projetistas do novo sistema político. Nesta transição do franquismo ao sistema democrático burguês se combateu com todas as armas ao movimento trabalhista autônomo e libertário e, com a colaboração das burocracias sindicais, se desmobilizou o movimento obreiro. Desde então, todavia, não surgiu nada que tenha força suficiente para voltar a mobilizá-lo e como vimos na última greve geral de 29 de setembro, a “mobilização” fica sem fundamento no dia seguinte, uma vez que a direção toma outro rumo e contra os próprios trabalhadores firma pactos avessos em nome dos trabalhadores. E ninguém pede responsabilidades ou demissão, nem se rebelam...

Antonio > Ateneus, bibliotecas obreiras, educação laica, esporte não-competitivo, teatro, poesia... Tudo foi comido entre o Estado e a sociedade de consumo?
Ferrán < A realocação das empresas, novos polígonos urbanos, a televisão, o carro, a sociedade de consumo, etc., ajudaram a fragmentar o cidadão e deslocá-lo. A consciência obreira desses trabalhadores que montaram as sociedades culturais tem sido majoritariamente destruída. O embrutecimento materialista levou-nos a um mundo onde a cultura foi seqüestrada pelo poder. No entanto, em muitos âmbitos tenta-se fazer uma cultura que, como disse Machado, fosse marcada por uma consciência vigilante.

Antonio > A que você acha que se deve essa relação de amor/ódio dos anarquistas com as vanguardas?
Ferrán < O anarquismo organizado se voltou especialmente em reforçar o anarcossindicalismo e toda a cultura relacionada com a sua luta pela emancipação. Talvez essa luta contra o Capital e o Estado não terminou com a empatia com os artistas que se enfrentavam também a ordem estabelecida com seus poemas, escritos, performances e obras abstratas. Os artistas anarquistas o foram individualmente e a maioria deles nunca se filiaram à CNT. O futurismo, dadaísmo, o cubismo, surrealismo, etc., nasceram com espírito transgressor, mas a maioria deles acaba sendo integrada, finalmente, pelo sistema burguês. No campo libertário teve maior sucesso o realismo artístico e literário, pois se consideravam tendências mais adequadas para atingir a classe trabalhadora.

Antonio > Porque você acha que “A Idéia” carece hoje das antigas adesões da intelectualidade de outras épocas? Onde estão hoje os intelectuais e onde a cultura?
Ferrán < O pensamento único nos imposto pelo poder mundial não fez outra coisa a não ser minar os alicerces onde se assentavam as ideologias e, portanto, “A Idéia”. Assim, qualquer outra idéia que não seja a do poder acaba por ser subversiva, antissistema, portanto, deve ser combatida e denegrida. A única Idéia possível é a que emana do sistema, atualmente, o capitalismo neoliberal. A liberdade e a democracia foram seqüestradas por este ente sem corpo ou alma, mas onipresente em nossas vidas, chamado mercado. Mas diante desta “utopia” neoliberal que pretende vender-nos a sociedade do bem-estar, nada é impossível, pois o pensamento humano pode e deve continuar seu processo de libertação e levantar o pensamento utópico do sonho igualitário e, naturalmente, libertário.

Se em outros tempos se falava de intelectuais engajados em todos os campos ideológicos (incluindo o libertário), agora é múltipla a dificuldade para que se apresentem esses intelectuais contestadores, pois se por um lado os de signo universitário estão “corrompidos” por seu próprio discurso universitário, por outro os intelectuais ideológicos são reprimidos pelos mandarins do sistema e nunca ou quase nunca aparecem na mídia. Talvez agora devamos citar Chomsky, Garcia Calvo, Onfray, Lipovetsky... O compromisso cultural e o pensamento utópico são essenciais para quebrar o impasse em que os tempos e o sistema nos coloca.

Antonio > Se posto a plantar uma idéia, que idéia semearia; o que gostaria de ver brotar e se espalhar?
Ferrán < Creio nos valores básicos do anarquismo: a solidariedade, apoio mútuo, auto-gestão... Estes valores continuam tendo por si mesmo um grande significado, apenas com eles seria possível levantar a idéia de fraternidade e de liberdade do ser humano através das fronteiras, bandeiras, etnias e tendências.

Antonio > A que se deve essa relação entre anarquistas e espiritismo do final do século XIX e início do XX?
Ferrán < Na segunda metade do século XIX apareceram muitas sociedades de tipo livre-pensador, maçônica, teosófica, pitagóricas, espiritualistas, etc... Em quase todas elas, se não todas, algumas pessoas se declararam anarquistas e, geralmente, escrevem na imprensa libertária ou participam das atividades do movimento operário. São pessoas de profissões liberais: jornalistas, professores, pequenos burgueses, livreiros, médicos, arquitetos, engenheiros, escritores, etc. Por exemplo, em uma das sociedades espíritas obreiras de Barcelona participava Gaudi, um personagem genial que em sua juventude se relacionava com maçons, libertários e livres-pensadores. Em um desses encontros com Farga Pellicer, um dos diretores da FTRE e do Ateneu Catalão da Classe Trabalhadora, veio a idéia de construir um monumento a Bakunin. Pois este movimento livre pensador continuou suas atividades durante os primeiros anos do século XX, entre eles o espiritismo, moda estendida para o campo libertário até a guerra civil. O espiritismo foi tema de debate em publicações libertárias como La Revista Blanca; alguns o consideraram um ato contrário à ciência e à razão, e outros o defendiam mantendo que era um ato espiritual contra o materialismo.

O espiritismo foi condenado pela Igreja Católica, mas defendido pelos livres pensadores como uma ação a mais contra o poder da religião. Os espíritas organizaram congressos, publicaram revistas e editaram livros. Sua ideologia negava a existência de Deus, mas alguns buscavam raízes no cristianismo primitivo, criando até mesmo uma sociedade em Barcelona que tinha como lema: “Cristianismo, Anarquismo e Espiritismo”.

De nossa perspectiva atual é difícil de entender, mas devemos fazer um esforço para compreender os homens e mulheres que estavam pensando em construir um novo mundo a partir da própria realidade, sem esperar chegar o dia da vitória da revolução.

Antonio > Você não acha que é injusto o tratamento que recebe J. Salvat-Papasseit na literatura espanhola?
Ferrán < Eu não sei se do esquecimento de poetas como Salvat-Papasseit também sofrem outros autores clássicos da língua catalã, como Salvador Espriu, Joan Vinyoli, Agustí Bartra, Pere Quart, Martí Pol ou Carles Riba, para citar alguns nomes. Mas o caso de Salvat-Papasseit pode ser mais dramático, é conhecido seu trabalho pelos libertários espanhóis? Salvat é um poeta jovem, que morreu aos trinta anos, mas não só é um poeta, mas também autor de emotivas prosas revolucionárias de grande valor atual. Seu livro Fumaça de Fábrica, publicado em 1918 sob o pseudônimo de Gorkiano é essencial para conhecer a luta do movimento operário pela sua dignidade e consciência.

Salvat é um escritor proletário, filho de uma família humilde, educado no Asilo Naval, aprendiz de mil ofícios e, finalmente livreiro. Salvat é autodidata, formado culturalmente no Ateneu Enciclopédico Popular e nas lutas da rua. Apesar de sua morte prematura, nos deixou manifestos de vanguarda, seus caligramas, sua poesia romântica, sua poesia pura... Sua obra poética é composta de seis livros em que ele canta a vida, as pessoas de seu bairro, o artesanato, a beleza das meninas, o mar, o porto, sua terra... morreu jovem como Miguel Hernández, mas este teve a capacidade publicitária do partido comunista; Salvat, anarquista catalão e independente, não teve ajuda de ninguém, muito menos dos mandarins literários do “noucentisme” catalão. Ao longo dos anos, ressuscitou seu espírito de luta na voz dos trovadores da Nova Cançó: Serrat, Llach, Ribalta... foram publicadas novamente suas obras, foram feitos recitais poéticos, apareceram estudos... mas Salvat-Papasseit continua sem entrar no Canon, nem catalão ou espanhol. No entanto, Salvat é o poeta mais popular e querido pela geração de catalães da transição. Agora, o poeta do povo foi submetido a uma grande exposição em Barcelona e sua obra poética foi traduzida ao castelhano, portanto, é uma boa oportunidade para obter o livro e ler seus poemas.

Antonio > O que é e onde está hoje a poesia de combate na Espanha? Poderia dar nomes ou livros onde encontrá-las?
Ferrán < Creio que esta pergunta poderia respondê-la você mesmo, já que você é um dos poetas de combate na Espanha. Há alguns meses que publiquei o livro Poetas em tempo de revolta, onde falo sobre movimento cultural, literário e poético durante a Guerra Civil em Barcelona. É importante saber que a poesia foi arma cultural de primeira mão, tanto para expressar sentimentos quanto para defender a idéia ou causa. O ensaio se estende por todo o movimento poético que houve na Barcelona revolucionária: a homenagem a Garcia Lorca, os comícios poéticos, a conferência poética de León Felipe, os recitais de poesia de guerra, os combates poéticos na imprensa, os grupos de rapsódias e de poetas visitando trincheiras e hospitais, as poetas mulheres livres, e assim por diante. A poesia foi uma parte fundamental daquela guerra-revolução. Os teatros ficavam lotados, durante os dias finais da República para ouvir a Lorca recitar aos trabalhadores catalães ou já em plena guerra os recitais de Alberti no Gran Price ou León Felipe no teatro Coliseum, transbordando de apaixonados trabalhadores antifascistas. A poesia de combate atual existe, mas muito escondida nas margens da sociedade.

Antonio > Dalí libertário, o que acha?
Ferrán < Os artistas em geral têm um grande senso de rebeldia e, em muitos casos, uma grande dose de anarquismo em sua obra e em sua própria vida. Dalí é um personagem peculiar que viveu momentos de rebeldia e anarquismo, que o levaram a se tornar um grande artista. Em sua juventude, se aliou a grupos revolucionários e participou de atividades antimonárquicas. Por esta razão ele foi detido, julgado e preso. Em seguida, com seu Manifesto Amarelo, pôs de cabeça para baixo o “seny” catalão e foi “excomungado” da Catalunha e teve que vencer em Paris. Nos anos trinta fez conferências provocativas nos ateneus (Ateneu Barcelonés e Ateneu Enciclopédico Popular) e ingressou no partido comunista heterodoxo “Bloc Obrer i Camperol”, o antecedente do POUM. Dalí desenhou para sua imprensa e participou de comícios. Logo se tornou surrealista e mais tarde, depois da guerra, sabemos como terminou.

Antonio > Existe hoje uma arte anarquista?
Ferrán < A arte, se busca o compromisso, mantém sua ética e permanece livre, pode chegar a ser anarquista; no entanto se cai na demagogia ou no mercantilismo não será nada além de um objeto a serviço da cultura de massa. Atualmente existe o Koletivo Consciência Libertária, que acredita que os artistas são Revolucionários por natureza e que a arte é um bom meio de propagar a anarquia. Eles são herdeiros da filosofia artística do anarquista britânico Herbert Read.

Antonio > Você participou da reconstrução da CNT. Como vê a situação hoje na Catalunha?
Ferrán < No geral muito sonolenta, cada um envolvido em seu gueto lutando contra os gigantes sem armas ou quase bagagem. Ultimamente tem havido contatos entre os diversos coletivos anarcossindicalistas (as duas CNT e a CGT) e outros movimentos alternativos da cidade. Uma das provas desta nova sensibilidade foi a greve do mês de fevereiro passado.

Antonio > Você acredita que hoje se oferece à CNT uma segunda oportunidade para voltar a adquirir o destaque que tinha nos anos trinta?
Ferrán < Repito o que disse no início da entrevista; ao longo da história tem havido muito poucos momentos de grande mobilização, a última foi em 1977, a CNT, que decolou bem, não pôde ou não conseguiu terminar de rematar a faena e custou-lhe para ficar a reboque dos acontecimentos por muitos anos. A situação mundial, a crise econômica e a falta de uma organização independente dos partidos e do Estado fazem da CNT uma boa opção para começar a reconstruir pontes caídas do movimento trabalhista para avançar para uma sociedade mais justa e mais livre e, acima de tudo, auto-gestionada.

Antonio > O que te ocorre para revitalizar uma nova sociabilidade?
Ferrán < Primeiro de tudo acabar com todo dogmatismo, pois considero que o dogma é o pior inimigo do anarquismo. Segundo, refazer o pensamento utópico para enfrentar o pensamento único. Terceiro, abrir um debate sobre a sociedade que queremos sem esperar que soem as trombetas do apocalipse ou as da glória. E, finalmente, convidar para participar do projeto todos aqueles que acreditam que outro mundo é possível.

Antonio > Nos brinda com um poema seu?
Ferrán < Bem, pois te regalo um poema inédito escrito no ano passado, que leva por título “El muro” como a canção de Pink Floyd:

No queráis ser
una piedra en el muro,
no queráis ser
esclavos del Capital,
no queráis ser
lacayos del Estado,
no queráis ser
nada más
que vosotros mismos,
libres y solidarios.
Empezad el camino,
abandonar la formación
de los conformistas,
poneros delante de la marcha,
marcad vosotros el paso,
ir siempre a la vanguardia,
seréis los nuevos héroes
dejaréis de ser esclavos.
Fonte: Periódico CNT 377 – abril de 2011 – www.cnt.es/periodico

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podem tirar tudo da gente
menos a beleza
dessa lua crescente
Ricardo Silvestrin