terça-feira, 27 de setembro de 2011

Maus-tratos e a delinquência juvenil: Segundo estudo, adolescentes que maltrataram animais têm 3 vezes mais chance de cometer crimes violentos - ANDA

Maus-tratos e a delinquência juvenil: Segundo estudo, adolescentes que maltrataram animais têm 3 vezes mais chance de cometer crimes violentos
Por Camila Arvoredo (da Redação)

Os adolescentes que já maltrataram um animal têm três vezes mais chance de cometer um delito violento, agressões, assaltos e ferir alguém, indica um estudo suíço.Créditos foto: “Le Matin”.

Os adolescentes que admitem ter maltratado um animal apresentam um risco três vezes maior de cometer delitos com violência, agressões, assaltos e ferir alguém. Esta é a conclusão de um estudo feito com mais de 3.600 estudantes de diferentes regiões da Suíça, afirmou o jornal suíço “Le Matin”.

Os criminologistas Martin Killias da Universidade de Zurich e Sonia Lucia, da Universidade de Genève se debruçaram sobre uma grande quantidade de jovens estudantes, sejam 3.648 de 7º a 9º anos, provindos de 210 salas de aula de 70 escolas diferentes.

Dentro do contexto deste estudo, realizado em 2006, os estudantes deveriam responder a um questionário virtual, um método julgado como válido, principalmente no caso de avaliar a amplitude dos maus-tratos realizados contra animais, fato raramente estudado.

Resultados: 12% dos jovens, sendo 17% meninos e 8% meninas, admitiram ter maltratado voluntariamente um animal. Em 29% dos casos esses animais eram gatos, cachorros ou outros animais domésticos, 18% dos casos se referiam a peixes, rãs ou lagartos, 11% se referiam a pássaros e o resto de insetos ou outros invertebrados (formigas, moscas e caracóis principalmente).

Se tais atos são relativamente comuns, isto não significa que eles sejam largamente aceitos, escrevem os autores do estudo na revista estado-unidense “Psychology of Violence”. Somente 4% dos meninos e 1% das meninas, seja 2,4% do total, acham que os animais merecem ser maltratados ou que é divertido.

Uma grande maioria dos 80% julga que é um ato hediondo. Entretanto, os pesquisadores revelam que 24% dos meninos e 12% das meninas (18% no total) não possuem opinião formada, o que sugere uma aceitação silenciosa ou que a indiferença atinge a maioria dos jovens.

Delitos violentos
Os pesquisadores compararam esta amostra, em seguida, com as respostas dos estudantes a questões relativas a delitos eventuais que eles teriam cometido. A conclusão não gera dúvidas: maltratar um animal está associado aos atos delinqüentes de todos os tipos e mais particularmente àqueles relacionados a vandalismo, agressões violentas e outros delitos sérios.

Um jovem que maltratou um animal tem três vezes mais riscos de cometer este tipo de ato. A correlação é, todavia, fraca quando relacionada a delitos menos graves ou sem violência, como furto, por exemplo.

Isto sugere, escrevem os pesquisadores, que a crueldade contra os animais está relacionada aos delitos que envolvem raiva e violência e que a primeira poderia constituir um indício de desvio geral ou comportamento anti-social.

Crueldade por níveis
Estes achados confirmam outros estudos que observaram a crueldade contra animais no passado de delinqüentes violentos. A questão de saber se a violência contra os animais e a contra animais humanos são manifestações de um mesmo traço de caráter ou se a primeira gera a segunda permanece em aberto.

A primeira hipótese não faz justiça ao fato de que certas pessoas muito violentas em relação a animais humanos se comportem de maneira exemplar com relação aos animais, notam os pesquisadores. Quanto à segunda, dita como “de aprendizagem”, ela postula que a crueldade contra um animal e contra animais humanos necessita de uma evolução, dada por níveis e que a violência extrema é improvável quando não passa por etapas intermediárias.

Estar atento às pistas
“A descoberta de crianças que maltratam animais deveria ser considerada como um passo para a delinquência” escrevem Martin Killias e Sonia Lucia nas conclusões de seu estudo. Os profissionais sugerem uma maior atenção a tais indícios.

“Trata-se de focar a atenção de maneira particular a crianças que cometem atos de crueldade contra animais” indicou o pesquisador. A agressividade, sendo uma desordem estável durante o tempo, deve ser considerada pelos profissionais como uma forma de não-adaptação que pode persistir.

Os cientistas sublinham a necessidade de aprofundar a pesquisa, notadamente para a verificação da causa da crueldade. Também seria importante saber em que idade as crianças começam a maltratar os animais, a fim de determinar se estes atos precedem outros. A pesquisa em questão – o primeiro estudo com amplitude nacional realizado na Europa – ainda não pode responder a estas questões.
Fonte: http://www.anda.jor.br/

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