
Em segundo lugar, a publicação dos Grundrisse no que poderia ser considerada “a menos favorável das condições”, isto é, na URSS e na República Democrática Alemã em plena “era de Stalin”. A terceira peculiaridade é a “persistente incerteza sobre o status dos manuscritos de 1857-1858 refletida no nome flutuante” dos textos até o momento em que se adotou o título de Grundrisse.
A data da sua verdadeira publicação – final de 1939 – significa que permaneceram quase totalmente ignorados no Ocidente até sua reedição em 1953, em Berlim Oriental.
A descoberta interacional quase simultânea das obras de Gramsci, junto com a dos Grundrisse tiveram como função “libertar o marxismo da camisa de força da ortodoxia soviética”, segundo Hobsbawn. Assim, “não é fácil separar os debates sobre os Grundrisse do cenário político em que se produziram e que os estimulou”.
Como avaliação global sobre o conjunto da obra, Hobsbawn é categórico: “Trata-se de um texto enormemente difícil em todos e em cada um dos seus aspectos, mas enormemente gratificante, ainda que fosse só pelo fato de que proporciona o único guia a todos os tratados de que O Capital é apenas uma fração e uma introdução única à metodologia do Marx mais maduro”. Contém análises e esclarecimentos, entre outros temas, sobre tecnologia, que levam ao tratamento de Marx muito além do século XIX, à era de uma sociedade em que a produção já nao requer trabalho de massas, de automação, de potencial de ócio e transformações da alienação nessas circunstâncias.
Para concluir, enfaticamente: “É o único texto que supera as próprias predições de Marx do futuro comunista na Ideologia Alemã. Em poucas palavras, foi qualificado acertadamente como ‘o pensamento de Marx no seu apogeu’”.
Fonte: http://boitempoeditorial.wordpress.com/
Nenhum comentário:
Postar um comentário