sexta-feira, 25 de junho de 2010

Por isso lutamos pela Palestina Livre!

Ações contra os encontros do G8 e G20 em junho no Canadá - ANA

Ações contra os encontros do G8 e G20 em junho no Canadá

[Além de fornecer o vídeo abaixo, nosso amigo Test Their Logik escreveu uma nota sobre a planejada resistência contra os iminentes encontros do G8 e G20 que irão ser realizados em Huntsville e Toronto, Ontário, de 25 a 27 de junho.]

Para se opor a estes cretinos uma convergência anti-colonial e anti-capitalista está sendo organizada por várias organizações de Toronto, entre elas: grupos de mulheres, pessoas de cor, povos indígenas, os pobres, a classe trabalhadora, queers, trans, e pessoas com deficiência. Nós, do Resistência Anarquista do Sul de Ontário, estamos fazendo um chamado a todos nossos amigos, companheiros e co-conspiradores para se juntarem a nós na criação da maior resistência militante que a cidade de Toronto já viu. Os banqueiros e políticos que pretendem governar nosso mundo não serão bem-vindos em nossa cidade. A despeito da mais larga operação militar a ser realizada sobre solo canadense as pessoas estão organizando muitas coisas, de festas de rua a ocupações, de manifestações massivas a ataques autônomos e planejados.

A Rede de Mobilização da Comunidade de Toronto (TCMN) é uma rede de diferentes comunidades, organizações e individualidades que estão organizando as variadas respostas à militarização desta cidade a ao sistema de opressão e dominação que um encontro dos “líderes” do mundo representa. O objetivo é usar a oportunidade da cúpula do G8 e G20 para destacar e fortalecer os diversos movimentos existentes na região de Toronto que lutam pela justiça social. A programação completa dos eventos está disponível aqui (http://attacktheroots.net/schedule). A TCMN, e todos os seus componentes, concordaram respeitar uma diversidade de táticas como parte de sua declaração de solidariedade e respeito.

O Resistência Anarquista do Sul de Ontário é um dos grupos ligado ao TCMN. E estamos planejando o seguinte.

Arrancar a cerca

No dia 26 de junho, quando a marcha autorizada “As Pessoas Primeiro” seguir em direção ao confinamento da manifestação, queremos ir além do simbolismo enfadonho e além da vontade dos políticos. Quando esta marcha retornar, convidamos todos vocês para continuar conosco e realmente confrontar a cúpula do G20 e o aparato de segurança que estará ocupando a nossa cidade. Está será uma marcha militante, onde muitas formas de resistência e táticas são bem-vindas e respeitadas. Nas ruas seremos incontroláveis. Para mais informações, contate: torontospokes@ecologyfund.net.

Agitação de sábado à noite

Um festa dançante com MCs radicais, Djs Guerrilheiros e bandas undergrounds estará acontecendo da noite de sábado até a alvorada do domingo. Vamos tomar de volta as ruas, não vamos dar espaço aos desenvolvimentistas, aos cretinos e às forças do capital. Por enquanto, entre as apresentações confirmadas estão: Test Their Logik, Rebel Spell, Caballo & the Mothafu Kings, e Lee Reed (antigo membro do Warsawpack). Vista sua roupa mais ameaçadora e se prepare para o calor. É o aniversário de 141 anos da Emma Goldman, então fodam-se os clubes – não há nenhum disfarce além da sua máscara. Mais infos: http://fever2010.wordpress.com/

Dias de ação autônomos
Grupos de afinidades estão organizando um diverso e descentralizado dia de ações contra as forças do capital e do Estado. Enquanto os “líderes” das nações do G20 fazem suas deliberações finais, vamos manifestar a diversidade de nosso descontentamento. Interrompa a cúpula, interrompa os negócios de sempre, faça o que você quiser – mas comece a planejar agora. Estamos incentivando as pessoas para planejar suas próprias ações e ataques, mas caso queiram se unir em esforços coordenados, podem contatar no e-mail: torontospokes@ecologyfund.net.

Haverá outros eventos interessantes nos quais o/as anarquistas estarão participando, entre eles: uma marcha, encontro, festa comunitária, e uma cidade de barraca no dia 25 de junho (http://25june.wordpress.com/), e a manifestação pela abolição da prisão: Fire Works for Prisons (http://fireworksforprisons.wordpress.com/), no dia 27de junho.

Cúpulas como estas são oportunidades para golpear o espetáculo e resistir às narrativas que os nossos inimigos tentam nós enfiar goela abaixo. Se você pode fazer isto por Toronto, saudaremos você como um aliado e apreciaremos a tua ajuda que poderá transformar o final de junho em algo que os futuros anarquistas possam olhar para trás e se inspirar. A gente se vê nas ruas!

Vídeo “G20 crash the meeting Toronto 2010”: http://vimeo.com/12220559

Crimethinc

Tradução > Marcelo Yokoi

agência de notícias anarquistas-ana
Vultos
Ciscos cegos
No olho da rua.

André Vallias

Charge do dia!

Operação Chumbo Impune - Por Eduardo Galeano

Operação Chumbo Impune - Por Eduardo Galeano

Para se justificar, o terrorismo do Estado fabrica terroristas: semeia ódio e colhe álibis. Tudo indica que esta carnificina de Gaza, que segundo seus autores quer acabar com os terroristas, conseguirá multiplicá-los.

Desde 1948, os palestinos vivem condenados à humilhação perpétua. Não podem nem respirar sem permissão. Perderam sua pátria, suas terras, sua água, sua liberdade, seu tudo. Sequer tem o direito de escolher seus governantes. Quando votam em quem não devem votar, são punidos. Gaza está sendo punida. Converteu-se em uma ratoeira sem saída, desde que o Hamas ganhou de forma justa as eleições no ano de 2006. Algo semelhante ocorreu em 1932, quando o Partido Comunista ganhou as eleições em El Salvador. Banhados em sangue, os salvadorenhos expiaram sua má conduta e desde então viveram submetidos às ditaduras militares. A democracia é um luxo que nem todos merecem.

São filhos da impotência, os foguetes caseiros que os militantes do Hamas, encurralados em Gaza, disparam com pouca pontaria sobre as terras que eram palestinas e que a ocupação israelense usurpou. E o desespero, à beira da loucura suicida, é a mãe das bravatas que negam o direito à existência de Israel, gritos sem nenhuma eficácia, enquanto a muito eficiente guerra de extermínio vem negando, há anos, o direito à existência da Palestina.

Pouca Palestina resta. Passo a passo, Israel a está exterminando do mapa.

Os colonos invadem, e atrás deles os soldados vão consertando a fronteira. As balas consagram os restos mortais, em legítima defesa.

Não há guerra agressiva que não diga ser guerra defensiva. Hitler invadiu a Polônia para evitar que esta invadisse à Alemanha. Bush invadiu o Iraque para evitar que este invadisse o mundo. Em cada uma das suas guerras defensivas, Israel engoliu outro pedaço da Palestina e, os almoços seguem. A comilança se justifica pelos títulos de propriedade que a Bíblia outorgou, pelos dois mil anos de perseguição que o povo judeu sofreu, e pelo pânico gerado pelos palestinos na espreita.

Israel é o país que jamais cumpre as recomendações nem as resoluções das Nações Unidas, e que nunca acata as sentenças dos tribunais internacionais, que zomba do direito internacional, e é também o único país que legalizou a tortura dos prisioneiros.

Quem lhe deu o direito de negar todos os direitos? De onde vem a impunidade com que Israel está executando a matança de Gaza? O governo espanhol não poderia bombardear impunemente o País Basco para acabar com o ETA, nem o governo britânico poderia devastar a Irlanda para liquidar ao IRA. Por acaso a tragédia do Holocausto implica uma apólice de eterna impunidade? Ou esse sinal verde provêm da potência manda chuva que tem em Israel o mais incondicional dos seus servos?

O exército israelense, o mais moderno e sofisticado do mundo, sabe quem mata. Não mata por erro. Mata por horror. As vítimas civis são chamadas de danos colaterais, segundo o dicionário de outras guerras imperiais. Em Gaza, de cada dez danos colaterais, três são crianças. E somam-se os milhares de mutilados, vítimas da tecnologia do esquartejamento humando, que a indústria militar está testando com êxito nesta operação de limpeza étnica.

E como sempre, sempre o mesmo: em Gaza, cem a um. A cada cem palestinos mortos, há um israelense.

Gente perigosa, adverte outro bombardeio, a cargo dos meios massivos de manipulação, que nos chamam a acreditar que uma vida israelense vale tanto quanto cem vidas palestinas. E esses meios também nos chamam a crer que são humanitárias as duzentas bombas atômicas de Israel, e que uma potência nuclear chamada Irã foi a que devastou Hiroshima e Nagasaki.

A chamada comunidade internacional, existe?

É algo mais que um clube de mercadores, banqueiros e guerreiros? É algo mais que o nome artístico que os EUA se auto denominam quando fazem teatro?

Diante da tragédia de Gaza, a hipocrisia mundial aparece mais uma vez. Como sempre, a indiferença, os discursos vazios, as declarações ocas, as declamações bombásticas, as posturas ambíguas, rendem tributo à sagrada impunidade.

Diante da tragédia de Gaza, os países árabes lavam suas mãos. Como sempre. E como sempre, os países europeus esfregam as mãos.

A velha Europa, tão capaz de beleza e de perversidade, derrama uma que outra lágrima enquanto secretamente celebra esta jogada de mestre. Porque a caça aos judeus foi sempre um costume europeu, mas há meio século atrás essa dívida histórica está sendo cobrada dos palestinos, que também são semitas e que nunca foram, nem são, anti semitas.

Eles estão pagando, com sangue, uma conta alheia.

*Eduardo Galeano é escritor e jornalista uruguaio, autor de As Veias Abertas da América Latina e Memórias do Fogo.
Fonte: Opera Mundi

quinta-feira, 24 de junho de 2010

O cartunista da luta palestina - Por Niara de Oliveira

O cartunista da luta palestina - Por Niara de Oliveira


Entrevista a Niara de Oliveira, seguida de coletiva via Twitter
O cartunista Carlos Latuff tem 41 anos e viveu quase toda vida em São Cristóvão, no Rio de Janeiro. Solteiro, não tem ideia de quantas horas trabalha por dia, sobrevive dos desenhos e charges para a imprensa sindical e dedica quase todo seu tempo livre aos palestinos e à luta pelos direitos humanos mundo afora. Apaixonado por fotografia e fã ferroviário, mantém o blog Ferrovias do Brasil, além de uma galeria online com seu trabalho e uma página no Twitter.

É, em geral, pouco conhecido e reconhecido no Brasil. Mas seus desenhos estão presentes em toda manifestação pró-Palestina em qualquer lugar do mundo e os carros dos comboios de ajuda humani tária à Faixa de Gaza são cobertos com seus cartuns, como mostra este post, publicado no blog de Maria Frô.

Falando às vésperas de viajar para Atenas — onde é o único “artivista” brasileiro presente ao Resistance Festival, Latuff respondeu a uma verdadeira sabatina virtual em dois momentos. Primeiro, uma entrevista concedida a mim via MSN, numa madrugada de sábado; depois, via Twitter num domingo à noite com a participação direta de mais de vinte internautas. Conheça um pouco mais de sua vida, ideias e trabalho.

Onde nasceste? Como foi a tua infância, família, irmãos…?
Nasci e me criei no Rio de Janeiro, em São Cristóvão. Meu pai, servidor público do extinto Instituto Brasileiro do Café; minha mãe, dona de casa inicialmente e depois tendo que trabalhar num colégio para ajudar nas despesas. Infância introspectiva, não gostava de passear, saía a contragosto. Gostava mesmo de ver desenhos de Hanna Barbera e Ultraman na nossa TV preto-e-branco. Além, é claro, de desenhar. Tive dois irmãos, já falecidos.

O desenho sempre esteve presente?
Sim, sempre. Gostava de desenhar até em embalagem de cigarro e caixa de remédio, pasta de dente. Alguns destes desenhos tenho até hoje. Gostava também de revistas para colorir e gibis.

Quando menino sonhavas com o que, em ser o que? Sabias que o desenho era o caminho?
Sempre quis ser desenhista, só que tanto eu quanto minha família acreditávamos que isso era coisa de gente rica ou famosa, gente que tinha parente influente: o chamado “QI” (Quem Indica). O senso comum era que ser desenhista era trabalhar para revistas e jornais, portanto, não era coisa pra qualquer um. No entanto, sempre que me viam desenhando comentavam que seria desenhista.

Tens formação acadêmica?
Nenhuma, tenho o segundo grau (ensino médio) apenas.

Religião?
Fui batizado, estudei em colégio de freira, fiz primeira comunhão, mas nada disso foi suficiente para seguir o caminho do catolicismo. Não tenho religião atualmente.

Onde o ativismo te encontrou?
Só foi me encontrar lá pelo final dos anos 90. Por volta de 1996, quando assisti na TV um documentário sobre os zapatistas. Mesmo tendo iniciado minha carreira na imprensa sindical de esquerda (onde trabalho até hoje, com muito orgulho), até então não me sentia ou agia como militante de qualquer espécie. Achava inclusive que convicções políticas e profissão eram coisas que poderiam ser separadas.

Daí em adiante, o que mudou?
Cheguei a trabalhar como cartunista na campanha de FHC, ilustrando cartilhas. Com o tempo, fui entendendo que não se pode servir a dois senhores. Se achar de esquerda e trabalhar pra direita não rola. Especialmente em se tratando de emprestar meu talento, meu traço, pra safado. Compreendi que deveria colocar meu trabalho a serviço de causas humanitárias, sociais, da luta dos povos.

Com que idade começou a trabalhar? Não ir para a universidade foi uma opção?
Comecei trabalhando aos 15 anos como office-boy numa agência bancária na Visconde de Pirajá, em Ipanema. Nunca pensei em ir pra faculdade porque o que eu precisava saber para ser um desenhista não estava na academia. Na verdade, boa parte do que aprendi no meu ofício foi por conta própria. Salvo um curso que fiz no SENAC e outro no Parque Lage, este último de grande valia.

Tu escreves bem demais. Lês muito?
Leio bem pouco, confesso que isso é meu calcanhar de Aquiles. Eu admiro quem consegue ler um livro do começo ao fim.

O teu ativismo exerces todo através do desenho ou tem outras formas?
Tento me colocar publicamente através de minhas charges, escritos, opiniões, palestras, vídeos, fotos, porque acredito que omitir-se não é opção.

Como foi ou onde foi que decidiste ir ao Oriente Médio?
Ao fazer uma charge sobre a violência dos colonos judeus contra palestinos e enviá-la ao Palestinian Center for Peace and Democracy, em Ramallah, surgiu o convite deles para visitar a Palestina e conhecer o drama daquele povo de perto. Foi uma viagem iniciática, nunca se volta o mesmo de uma coisa assim. Isso foi em 1999.

O ativismo pró-palestinos ocupa quanto do teu tempo e trabalho hoje?
Pra falar a verdade, passo a maior parte do tempo desenhando para a imprensa sindical sobre diversos assuntos. A questão é que a causa palestina me emociona muito, minha relação com aquele povo é mais passional, assim como também é passional a forma como desenho sobre a violência da polícia carioca.

Quantas horas trabalhas por dia?
Não tenho idéia.

Imagino que recebas dezenas de pedidos de desenhos e devas recusar muitos desses pedidos. Tens ideia de quantos?
Tento atender sempre dentro das minhas possibilidades. A maior parte destes pedidos é de integrantes de movimentos populares (movimento estudantil, sem-terra, direitos humanos, sem-teto) para ilustrar materiais informativos, cartazes, camisas, etc. E fico feliz de poder ajudar. Não tenho ideia de quantos. São muitos, pode ter certeza.

Há um grande teor religioso nesse embate entre judeus e palestinos. A saída estaria no ativismo sem esse componente?
Por conta da Palestina ser sítio sagrado para cristãos, judeus e muçulmanos, o ingrediente religioso está presente, mas não é determinante. O conflito da Palestina é essencialmente geopolítico.

Sempre percebi que o combustível dos ativistas são causas justas e utópicas, quase impossíveis. Tu tens esperança de ver a Palestina livre ou pelo menos Gaza desbloqueada?
Essa é a pergunta de um milhão de dólares para qual não tenho resposta. Tudo o que posso dizer é que enquanto viver estarei do lado do povo palestino para o que der e vier.

Sendo o conflito da Palestina geopolítico, qual é a solução? O que pra ti é a solução, já que a convivência pacífica entre judeus e palestinos hoje parece tão improvável?
A solução é fazer justiça aos palestinos que tiveram suas terras tomadas na mão-grande, com o beneplácito das superpotências e da ONU. Fazer justiça aos tantos refugiados impedidos de voltar a sua terra natal, sendo obrigados a viver em favelas como as que vi na Jordânia e no Líbano. É reconhecer o direito do povo palestino à soberania.

Alguma esperança da ONU assumir seu papel na solução dos conflitos e de mediadora da paz?
Enquanto houver Estados Unidos, não.

Como tu achas que essa emergência do Brasil na mediação de conflitos internacionais pode ajudar a Palestina?
Parece que os Estados Unidos têm a primazia, quando o assunto é Oriente Médio. Nem mesmo as opiniões da Liga Árabe ou da ONU contam, quando o assunto é Israel-Palestina. Ninguém tem coragem de melindrar Washington. Pelo menos, até agora. O acordo entre Brasil, Turquia e Irã pode ser o início de uma quebra de paradigma.

Eu li um comentário teu sobre a esquerda brasileira, que estaria mais interessada nas eleições presidenciais. Constatação apenas ou crítica?
A entrada de novos atores naquele cenário. Constatação e crítica. Claro que quando me refiro a “esquerda” me refiro àquela institucionalizada, que joga de acordo com as regras, que aposta tão somente nesse sistema eleitoral viciado. Esquerda pra mim de verdade é movimento popular, de massa, de base.

Opinião sobre o governo Lula?
Costumava ver mais mobilização de rua quando FHC era presidente. Parece que um dos êxitos de Lula foi ter engessado o movimento sindical e dividido a esquerda ainda mais. Mas como sempre costumo dizer, prefiro discutir o sistema econômico, que não mudou, do que indivíduos. Caso contrário, entraremos na polarização inútil. Democratas versus Republicanos, como nos EUA.

Costumas te posicionar nas disputas eleitorais. Declaras apoio, voto a candidatos?
Não.

Votas? O que pensas dessa nossa democracia sistema eleitoral. T eens um ideal de democracia?
A última vez em que votei em alguém foi no pleito em que Lula se elegeu pela primeira vez. De lá pra cá tenho anulado conscientemente. Eu que já fiz visitas forçadas a delegacias por desenhar contra a violência policial, acho engraçado quando me falam em democracia, instituições democráticas. Preciso aprender o que seria a tal democracia. Certamente não deve ser isso que eu vivo aqui no Brasil.

Sempre que se reclama dessa democracia, vem alguém lembrar do tempo em que não a tínhamos e que muitos morreram para que pudéssemos votar, e etc. Como vês a transição da ditadura para o que temos agora (já que não consideras como democracia)?
Duvido que os guerrilheiros do Araguaia ou da guerrilha urbana tivessem sacrificado suas vidas pra gente poder apertar botão na urna eletrônica e eleger gente como Sarney ou Maluf. Definitivamente, não foi pra isso que muitos tombaram enfrentando a ditadura. Mudança pra valer é, por exemplo, combater o latifúndio, e não importa o quanto você vote. Não são políticos que o farão, até porque muitos deles são latifundiários. Existe governo e existe poder. Troca de governo se dá com eleição. Troca de poder se dá com revolução. Um bom mote para se Twittar .

Um dos grandes argumentos daqueles que defendiam a não-revisão da Lei da Anistia, no caso recente do julgamento no STF, é que os guerrilheiros da esquerda não lutavam por democracia. Estás afirmando o mesmo?
Se isso que temos atualmente é democracia, então não, não foi pra isso que eles lutaram. (Essa entrevista vai acabar um hora, né?)

Qual a tua maior utopia?
Não tenho nenhuma.

Ver a Palestina livre não é uma?
Isso é uma necessidade prática, não utopia. Utopia é bater os braços e voar.

* Logo após essa entrevista, por volta das 6h da manhã do sábado 5 de junho, Latuff ainda desenhou esse cartum [http://latuff2.deviantart.com/gallery/#/d2r53x9]sobre o barco irlandês da Flotilla, Rachel Corrie, inspirado no cartaz do filme Tubarão.

Fonte: http://www.outraspalavras.net/

Arizona: Racismo e Resistência - Por Matteo

Arizona: Racismo e Resistência - Por Matteo
Arizona, Estados Unidos. Armas, agentes policiais, helicópteros, invasões a casas, prisões, detenções, separações de famílias, pontos de revisão. Por Matteo.
Isto não é uma cena da Guerra do Iraque ou do Afeganistão, isto é a vida diária no estado do Arizona, nos Estados Unidos. A SB (Senate Bill, que significa projeto de lei do Senado) 1070 foi aprovada em ambas câmaras da legislatura do Arizona e foi convertida em lei pela governadora republicana, Jan Brewer, no dia 23 de abril passado.

A nova legislação, entre outras coisas, permite que a polícia peça uma prova de cidadania a qualquer pessoa de quem tenha uma “suspeita razoável” de que é não documentado. Isto criminaliza o simples fato de encontrar-se no estado do Arizona sem autorização e converte em ilegal um trabalhador por dia, e também quem o contrata.

“Esta lei é de temer; não sabemos o que fazer. Tenho medo inclusive de ir à loja porque não sei se voltarei para casa”. Este é o sentimento de uma mãe de três crianças, que pede para permanecer em anonimato. O medo de prisões, deportações e separações familiares é real. Atualmente, muitas famílias estão se autodeportando ante uma lei que chega sob um amplo contexto de leis e políticas anti-imigrantes.

Ao longo da fronteira México-Estados Unidos, ceca de 5 mil homens, mulheres e crianças morreram devido às políticas fronteiriças norte-americanas. O comissário Joe Arpaio acusa comunidade e viola direitos humanos diariamente no Condado de Maricopa. Foi adotada uma lei de sanções a empregadores em 2008, criminalizando os trabalhadores. A HB2008 entrou em vigor em novembro de 2009, requerendo que o Departamento de Segurança Pública exija um estado da cidadania quando as famílias solicitam benefícios públicos.

A operação streamline (ou dinamizar) criminaliza as pessoas que cruzam o deserto, fazendo-as prisioneiras e sentenciando-as, para logo deportá-las sem processo algum. A SB1070 legaliza a diferenciação racial e incrementa o estado de terror policial em comunidades latinas. A HB2281, por sua vez, elimina os estudos étnicos nas escolas do Arizona. Assim mesmo, a lei SB 1097 requer que todos os estudantes informem a escola sobre seu estado de cidadania. Estes são só alguns exemplos dos ataques que as comunidades do Arizona estão enfrentando.

“Se o Arizona é o epicentro dos ataques da ala direita, deve ser também o epicentro da resistência”, observa Lilani Clark, de 21 anos, uma dos nove estudantes que se aprisionaram, na porta do Capitólio do estado do Arizona, no dia 20 de abril passado, em protesto pela SB1070. Eles e elas convocaram “um movimento nacional para usar ações diretas não violentas e desobediência civil como a fase seguinte do movimento de direitos dos imigrantes”.

No dia 1 de maio, dezenas de milhares marcharam no Dia Internacional dos Trabalhadores ao longo do país, em solidariedade com os movimentos de resistência no Arizona. O congressista Luis Gutiérrez, de Illinóis, foi um dos 35 ativistas detidos esse dia por não se distanciar da Casa Branca durante os protestos da SB1070.

Em outro ato de protesto simbólico, cerca de trinta residentes de El Paso, Texas, algemaram a si mesmos e se entregaram à prisão da circunscrição, declarando-se culpados por não terem seus papéis, em violação à SB1070. Um comissário, de forma cortês, lhes disse, um a um, que a circunscrição de El Paso não se ajustava à lei federal de imigração e que eles estavam no Texas, não no Arizona.

No dia 6 de maio, em Los Angeles, 14 pessoas se algemaram juntos em uma rua do centro da cidade, de acordo com a informação da agência jornalística Associated Press. Os ativistas bloquearam durante horas a entrada do edifício onde os imigrantes são processados para sua detenção e deportação. Logo foram presos pela polícia do distrito em função da negativa a dispersarem-se.

Assim como aumenta a opressão contra as minorias nos Estados Unidos, cresce a desobediência civil. As pessoas podem permanecer oprimidas até que se insurjam das sombras, das margens, do esquecimento.

Original: http://desinformemonos.org/2010/06/arizona-racismo-y-resistencia/
Tradução: Lucas Morais para o Passa Palavra.
Fonte: Em outro ato de protesto simbólico, cerca de trinta residentes de El Paso, Texas, algemaram a si mesmos e se entregaram à prisão da circunscrição, declarando-se culpados por não terem seus papéis, em violação à SB1070. Um comissário, de forma cortês, lhes disse, um a um, que a circunscrição de El Paso não se ajustava à lei federal de imigração e que eles estavam no Texas, não no Arizona.

No dia 6 de maio, em Los Angeles, 14 pessoas se algemaram juntos em uma rua do centro da cidade, de acordo com a informação da agência jornalística Associated Press. Os ativistas bloquearam durante horas a entrada do edifício onde os imigrantes são processados para sua detenção e deportação. Logo foram presos pela polícia do distrito em função da negativa a dispersarem-se.

Assim como aumenta a opressão contra as minorias nos Estados Unidos, cresce a desobediência civil. As pessoas podem permanecer oprimidas até que se insurjam das sombras, das margens, do esquecimento.

Original: http://desinformemonos.org/2010/06/arizona-racismo-y-resistencia/
Tradução: Lucas Morais para o Passa Palavra.
Fonte: http://passapalavra.info/

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Efeitos do vazamento de petróleo: BP está queimando animais vivos no Golfo do México - Por Lobo Pasolini (da Redação)

Efeitos do vazamento de petróleo: BP está queimando animais vivos no Golfo do México - Por Lobo Pasolini (da Redação)

O website Politics Daily denuncia que a empresa BP, devido aos seus esforços para mitigar os efeitos do vazamento de petróleo no Golfo do México, onde uma plataforma explodiu no dia 20 de abril, continua causando enorme sofrimento para os animais da região, as maiores vítimas do pior desastre ambiental da história dos Estados Unidos.

Mike Ellis, um capitão que vem resgatando tartarugas marinhas do tipo Kemp Ridley próximo ao local do incidente, diz que BP está queimando vivas as tartarugas presas no vazamento de óleo e impedindo acesso ao local de equipes de resgate que querem salvá-las.

Uma outra reportagem exibida pela NBC News sobre pássaros, revelou que os pelicanos marrons da região estão literalmente sendo cozidos até a morte. Isso está sendo causado pelas temperaturas altas e a incapacidade dessas aves de usar suas penas para se refrescar.

Em suma, a situação do Golfo, piorada pela política carrasca da BP, é um verdadeiro inferno dantesco para os animais.

Fonte: http://www.anda.jor.br/

O iminente colapso dos Estados Unidos

O iminente colapso dos Estados Unidos
Do excelente (vão lá e confiram) Defesa BR

Câmara dos EUA acusa Pentágono de financiar, indiretamente, grupos armados no Afeganistão

WASHINGTON — Os Estados Unidos estão pagando indiretamente dezenas de milhões de dólares a grupos armados — talvez até ao Talibã -, em troca de proteção aos comboios que levam mantimentos a tropas americanas no país, segundo investigação da Câmara de deputados americana.

A prática do Pentágono de terceirizar o deslocamento de bens no Afeganistão, deixando as próprias empresas encarregadas da sua segurança, libera tropas para o combate à insurgência. Os “efeitos colaterais” dessa atitude podem prejudicar o combate à corrupção e o fortalecimento das instituições, segundo o relatório que será examinado numa audiência parlamentar nesta terça-feira.

“Este arranjo tem alimentado um vasto esquema de proteção mantido por uma rede obscura de senhores da guerra, homens fortes, comandantes, autoridades afegãs corruptas e talvez outros”, disse em nota o deputado democrata John Tierney, presidente de uma subcomissão de segurança nacional da Câmara.

O relatório, preparado por assessores democratas da subcomissão, diz que os pagamentos em troca de proteção representam “uma fonte potencialmente significativa de financiamento para o Talibã”. O texto cita vários documentos, incidentes e emails que mencionam tentativas de extorsões dos talibãs.

Relatório sugere que Departamento de Defesa assuma responsabilidade

O contrato, conhecido pela sigla HNT (de “Transporte por Caminhões na Nação Anfitriã”, na sigla em inglês), e envolve uma cifra de US$ 2,16 bilhões e abrange 70% do transporte de combustível, alimentos, munições e outros itens para as tropas dos EUA. A investigação começou em novembro de 2009.

Segundo o relatório, as empresas de transporte e suas subcontratadas “pagam dezenas de milhões de dólares anualmente a senhores da guerra locais em todo o Afeganistão, em troca de ‘proteção’ para os comboios de abastecimento do HNT que apoiam tropas dos EUA”.

“Os contratados do HNT frequentemente se referiam a tais pagamentos como ‘extorsão’, ’subornos’, ’segurança especial’ e/ou ‘pagamentos por proteção’”, acrescenta o documento.

Os investigadores disseram que várias empresas já se queixaram ao Pentágono, mas que não houve providências adequadas. O relatório sugere que o Departamento de Defesa acompanhe mais de perto o transporte das suas cargas e assuma a responsabilidade direta pelas ações das empresas contratadas.

O texto recomenda também uma avaliação detalhada dos efeitos secundários do contrato HNT, inclusive a respeito da corrupção gerada e do impacto sobre a política afegã.

Nosso Comentário:
O Colapso dos EUA Parece Iminente com Obama na Casa Branca

Os americanos não se dizem os paladinos mundiais contra a corrupção? Duvido que esse dinheiro não vá para mãos que mandam. E não falo de senhores da guerra locais nem de talibãs.

Se não vai, a dúvida paira no ar. Está errado e isso tem que mudar. É aquela velha estória dos americanos: façam o que eu digo, mas não façam o que eu faço.

Outro escândalo divulgado hoje demonstra claramente como os EUA estão a ponto de perderem a guerra no Afeganistão, se é que já não a perderam e ainda não sabem. Só faltaria o colapso final, à La Vietnã.

Em um artigo na revista Rolling Stone, o general Stanley McChrystal, comandante de 142.000 soldados da coalizão de forças internacionais no Afeganistão, ironiza abertamente várias autoridades americanas. Só isso já seria um absurdo, mas precisa haver um motivo por trás.

Ele começa pelo vice-presidente, Joe Biden, um cético da estratégia usada na guerra do Afeganistão. E termina por ironizar o seu próprio presidente, Barack Obama.

Mas não é só isso. No meio, McChrystal critica os membros da segurança nacional, reclama de ter sido traído pelo embaixador americano em Cabul, Karl Eikenberry, e denigre o enviado especial dos EUA para o Afeganistão e Paquistão, Richard Holbrooke.

Ele simplesmente fala mal de todo mundo. Mas será que seu estresse não estaria relacionado com a corrupção generalizada que pode estar vendo à sua volta e o deixaria impotente para vencer a guerra? Não sentirá falta de um comandante-em-chefe à altura? Claro que sim.

Nesse ponto, o general dá pistas de sua imensa insatisfação ao reclamar de atritos entre o Exército e a Casa Branca em 2009 sobre o envio de reforços pedidos por ele, o que teria sido um “momento “penoso” para McChrystal.

Ele teria ficado bastante frustrado com Obama também em 2009, depois de uma reunião, que lhe pareceu apenas uma sessão fotográfica de 10 minutos. Segundo um assessor seu, o presidente Obama claramente nada sabia sobre ele, sequer quem era. E não parecia muito comprometido com a situação. O quadro começa a ficar claro agora.

Ao ler a entrevista explosiva, Obama chamou o general de volta para conversarem novamente na Casa Branca. Estarão presentes os secretários Hillary Clinton (Estado) e Robert Gates (Defesa), sendo ambos uma parte importante do problema da atual administração. Mas, afinal, a óbvia falta de comando neste caso todo é mesmo de quem?

E a crise econômica nos EUA continua a agravar-se. O diretor de orçamento da Casa Branca, Peter Orszag, acaba de anunciar que planeja demitir-se em breve. Trata-se de um colaborador de primeira hora do grupo de Obama, ainda nas primárias.

Sua falta será muito sentida pelo presidente americano, pois o orçamento é mais uma derrota de sua administração, que não sabe o que é economizar. E sabe muito menos como conduzir uma guerra.

Claramente, algo está muito errado na Casa Branca. Como Obama agiu errado com o Brasil no caso do Irã (incentivando Lula por carta a uma acordo com o Irã e o traindo depois) e na falta de atitude no caso do vazamento de óleo da British Petroleum (BP) no Golfo Pérsico.

Se pequenas partes de graves erros dessa administração são juntadas (e mais virão), a imagem final do quebra-cabeças que aparece é terrível para os americanos.

Um diretor de orçamento que se demite, corrupção e falta de pulso grassando na guerra, um general comandando 142.000 homens entrando em colapso em pleno Afeganistão, uma carta presidencial que nada vale, uma atitude que não veio sobre a BP, etc. O colapso dos EUA virá?

Fonte: http://www.estadoanarquista.org/blog/

“Comunista hormonal”, José Saramago teve intensa militância política - Por Haroldo Ceravolo Sereza

“Comunista hormonal”, José Saramago teve intensa militância política


O primeiro escritor em língua portuguesa a receber o Nobel de Literatura e autor de obras consagradas mundialmente. É dessa maneira que o português José Saramago, que faleceu na última quinta-feira (18/6) é conhecido por muita gente. O que poucos sabem é que desempenhou papel importante para os movimentos sociais na segunda metade do século XX.

Um “comunista hormonal, como ele mesmo se definia, filiou-se em 1969 ao Partido Comunista Português, que, por conta da ditadura salazarista estava na clandestinidade. Desde então, aos longo de seus 63 anos de carreira literária, teve a vida foi marcada pela militância política e por polêmicas causadas por criticar o Estado de Israel, o Clero, o capitalismo, entre outros temas.

Particularmente no Brasil, Saramago teve expressiva contribuição. O escritor foi um dos responsáveis pela construção da Escola Nacional Florestan Fernandes, uma das idealizações do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). Localizada na cidade de Guararema, interior de São Paulo, a escola só foi construída em 2005, diante de um trabalho conjunto feito entre Saramago, o fotógrafo Sebastião Salgado e o compositor Chico Buarque de Holanda. O terreno onde está localizada a escola foi comprado com o auxílio do projeto dos três.

Em entrevista ao Opera Mundi, o líder nacional do MST, João Pedro Stédile contou que Saramago sempre apoiou os sem-terra portugueses, brasileiros e camponeses em todo mundo. “Sua contribuição à causa dos sem terra e a luta do MST foram importantíssima. Seremos sempre gratos a essa solidariedade. Que fazia parte de seus compromissos de vida”

“Saramago foi uma figura única. Escritor dos melhores, tanto que recebeu o premio nobel da literatura, mas sobretudo era um comunista comprometido com as lutas contra as injustiças do capitalismo”, afirmou.

Stédile e Saramago se conheceram por volta de 1996 por meio do fotógrafo Sebastião Salgado. Na época, Salgado começou a organizar a Exposição Terra, e tinha planos de juntar suas fotos, com textos de Saramago e música de Chico Buarque.

“Sua participação na Exposição Terra percorreu o mundo. E seu apoio representou uma espécie de selo de qualidade que identificava para todo mundo, quem era o MST, apoiado então por Saramago, Sebastião Salgado e Chico Buarque”, disse.

A exposição tinha 45 fotos de sertanejos, nordestinos, índios, garimpeiros, bóias frias e os assentamentos. “Ficamos muito felizes inclusive que o Chico tenha dado o nome da musica feita para o MST do [livro] Levantados do chão, e assim fazia a ponte entre o primeiro livro do Saramago, que traduzia a vida e a luta do sem terra portugueses pela reforma agraria, e a luta do sem terra do Brasil”, afirmou.

A obra, lançada em 1980, foi um dos primeiros romances de notoriedade do autor. Nele, Saramago retratou a luta de um povo diante de latifundiários e da Igreja. A parceria entre os três resultou no livro Terra, lançado em 1997, que retratou o cotidiano do movimento sem terra no Brasil por meio das fotos em preto e branco de Salgado, textos de José Saramago e a música de Chico Buarque.

José Saramago faleceu na última quinta-feira em Lanzarote, na Espanha. O escritor recebeu uma série de homenagens, como do presidente cubano Raúl Castro e seu irmão, Fidel Castro, e seu corpo foi visitado em Lisboa por milhares de pessoas, como o ex-presidente português Mário Soares e a candidata do PT à Presidência Dilma Rousseff.

Fonte: Opera Mundi

ALAGOAS : Bombeiros comparam estrago ao de um tsunami

ALAGOAS : Bombeiros comparam estrago ao de um tsunami








Veja onde doar:
Alagoas
Contas:
- Banco do Brasil - Agência 3557-2, Conta Corrente 5241-8;
- Caixa Econômica Federal - Agência 2735, Conta Corrente 955-6;
Maceió:
- 1º Grupamento de Bombeiros Militar - rodovia 316, Km 14, próximo a Policia Rodoviária Federal;
- Grupamento de Socorros de Emergência - Conjunto Senador Rui Palmeira, S/N;
- Subgrupamento Independente Ambiental - av. Doutor Antônio Gouveia, Pajuçara, próximo ao Iate Clube Pajuçara;
- Quartel do Comando Geral - av. Siqueira Campos, Trapiche da Barra, próximo a Pecuária;
- Defesa Civil Estadual - rua Lanevere Machado, nº 80, Trapiche da Barra, próximo a Pecuária;
- Grupamento de Salvamento Aquático - av. Assis Chateaubriand, Pontal, próximo a Braskem.
Interior de AL:
- 2º Grupamento de Bombeiros Militar - Maragogi;
- 6º Grupamento de Bombeiros Militar - Penedo;
- 7º Grupamento de Bombeiros Militar - Arapiraca e Palmeira dos Índios;
- 9º Grupamento de Bombeiros Militar Santana do Ipanema e Delmiro Gouveia.
Pernambuco
Recife:- Instituto de Assistência Social e Cidadania do Recife, na rua Imperial, no bairro de São José;
- Associação Pernambucana dos Cabos e Soldados, rua Amaro Bezerra, no Derby;
- Posto de arrecadação instalado pela Polícia Militar, na Quadra Poliesportiva do Quartel do Comando Geral, no Derby;
- Secretaria de Assistência Social no Sítio Trindade, no Pátio de São Pedro e na Praça do Arsenal;
- na sede da Guarda Municipal, na rua dos Palmares, em Santo Amaro;
- Companhia de Trânsito e Transporte Urbano, na rua Frei Cassimiro, em Santo Amaro;
- posto de permanência da Guarda Municipal, no Terminal Marítimo.
Interior:
Quartéis do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Judeus contra judeus…

Judeus contra judeus…

judeus euro-sionistas vestidos de preto contrários à assimilação

Nada como um dia depois de outro.

Não foram poucas as vezes em que este blog denunciou o racismo latente na sociedade israelense.

É verdade que antes o racismo escancarado era contra os semitas palestinos.

E a mídia jamais se preocupou com isto, insistindo na mentira de que Israel era uma democracia.

Pois bem, agora não é mais possível tapar o sol com a peneira.

Mais de 200 mil judeus asquenazis (euro-sionistas) saíram as ruas para deixar bem claro que não querem que seus filhos freqüentem as mesmas escolas dos judeus sefaraditas (ibero-arabes, ou seja, os autênticos semitas).

São esses mesmos euro-sionistas que sempre governaram Israel e jamais aceitaram qualquer assimilação.

São filhos deles os neonazistas e colonos os que hoje se divertem espancando rabinos e palestinos.

É essa gente que tem por hábito invadir igrejas e mesquitas para agredir os fieis, com o silêncio cúmplice da mídia.

Definitivamente, é preciso libertar os judeus de Israel

Retirado do: http://blogdobourdoukan.blogspot.com/

Ahmadinejad diz: Obrigado América! - Por Immanuel Wallerstein

Ahmadinejad diz: Obrigado América!
Immanuel Wallerstein

As relações entre o Irão e os Estados Unidos são turbulentas desde há quase 60 anos. Antes da II Guerra, o xá do Irão, Reza Shah Pahlavi, procurou manobrar entre as exigências externas e as pressões da Grã-Bretanha, da URSS e da Alemanha. Quando a guerra estourou, proclamou neutralidade. Isso levou a uma invasão aliada soviética-britânica em 1941. Os aliados forçaram o xá a abdicar a favor do seu filho.

As forças soviéticas permaneceram no norte do Irão e, em 1946, a URSS exigiu uma concessão de petróleo. Os britânicos consideravam que o Irão era parte da sua esfera de influência e controlavam a muito lucrativa Anglo-Iranian Oil Company (AIOC). A Guerra Fria tinha começado e os britânicos não desejavam apoiar esta exigência. As forças soviéticas retiraram do Irão, mais ou menos como parte do que estava implícito no acordo de Yalta sobre divisão de esferas de influência.

Em 1951, contudo, Mohammed Mossadegh tornou-se primeiro-ministro, como líder do partido nacionalista, e nacionalizou a AIOC, uma decisão à qual se opunha o xá, Mohammed Reza Shah Pahlavi. Na luta entre os dois, Mossadegh obteve suficiente apoio popular para marginalizar o xá e forçá-lo a um exílio de facto.

Os britânicos estavam, nessa altura, a abdicar do seu papel no Médio Oriente a favor dos Estados Unidos. Assim, foi a CIA que orquestrou um golpe no Irão em 16 de Agosto de 1953 e providenciou o retorno do xá a Teerão, e a retomada do controlo político total. A nacionalização do petróleo foi cancelada e a empresa britânica obteve de volta a concessão.

O xá do Irão tornou-se um firme aliado dos Estados Unidos, suprimindo a oposição. Nesta altura, os Estados Unidos não tinham objecções às ambições nucleares do xá, nem sequer Israel as tinha. O regime do xá era crescentemente opressor, o que acabou por dar origem à revolução nacionalista de 1979, liderada pelo ayatollah Ruhollah Khomeini. Um dos principais alvos dos revolucionários era a subordinação dos interesses nacionais do Irão às políticas dos EUA, encarnadas no golpe da CIA de 1953

O xá fugiu e logo depois, em 4 de Novembro de 1979, a embaixada dos EUA foi invadida. Os diplomatas que lá estavam foram feitos reféns pelo regime iraniano. Permaneceram reféns durante 444 dias. As relações entre os dois países foram hostis desde essa altura. Em 1980, o governo iraquiano de Saddam Hussein atacou o Irão, apoiado materialmente pelo governo dos EUA.

A guerra foi longa e sangrenta e terminou ao fim de oito anos, mais ou menos, com um empate. Pouco depois, o Iraque invadiu o Kuwait, em parte para aliviar os custos da guerra. O Iraque esperava a “compreensão” dos EUA para as suas acções, mas em vez disso encontrou-se metido na primeira guerra do Golfo.

Os Estados Unidos estavam agora em conflito com o Iraque e com o Irão ao mesmo tempo. Quando a Al Qaeda desencadeou o seu ataque no 11 de Setembro, a administração Bush acusou Iraque e Irão de estarem em conluio com ela, apesar de a Al Qaeda ser de facto hostil a ambos os regimes. Os EUA invadiram o Afeganistão em 2001 e o Iraque em 2003, presumivelmente na esperança de obter regimes amigáveis em ambos os países, e o apoio destes ao seu conflito corrente com o Irão, que começara a desenvolver esforços sérios para obter armas nucleares.

Em que ponto estamos hoje? Os iraquianos acabaram de realizar eleições e estão a negociar o futuro governo. Quando os vários partidos com forte base nas áreas xiitas quiseram negociar entre eles, foram para Teerão. Uma das razões aduzidas foi a de que não queriam ser escutados pelos aparelhos de vigilância dos EUA. Aparentemente, não estavam preocupados de serem escutados pelos aparelhos de vigilância iranianos. O maior partido com forte apoio nas áreas sunitas acabou de anunciar que irá também visitar o Irão. E o governo iraniano apelou aos partidos xiitas para que incluam políticos sunitas em qualquer governo que seja formado.

Isto não quer dizer que o Irão esteja a controlar a política iraquiana. Longe disso. Mas o resultado da longa ocupação americana parece ser que o Irão tem mais influência no Iraque que os Estados Unidos. O Irão está especialmente agradecido aos Estados Unidos por ter eliminado o único temível inimigo que tinha no Iraque, Saddam Hussein.

No Afeganistão, os Estados Unidos empossaram Hamid Karzai. Do ponto de vista dos EUA, ele era a pessoa ideal, na verdade a única que poderia esperar resistir com sucesso aos taliban e manter o Afeganistão unido. Ele próprio era de etnia pachtun, e alguém disposto a fazer acordos com os vários senhores da guerra que dominam as zonas não-pachtun.

Depois das recentes eleições, houve acusações de que Karzai tinha manipulado os resultados e era altamente tolerante tanto com a corrupção quanto com o cultivo de drogas. Os Estados Unidos pressionaram-no fortemente para mudar algumas das políticas. Que fez ele? Convidou Ahmadinejad a visitar Cabul, disse que ele mesmo poderia juntar-se aos taliban e denunciou abertamente os militares dos EUA pelos massacres de civis.

Como os Estados Unidos não têm ninguém para preencher o lugar, retrocederam e tentaram restaurar as relações com Karzai. Isso foi particularmente verdade no caso do general Stanley McChrystal, comandante das forças dos EUA no local, que muito investiu para conseguir pelo menos uma vitória parcial sobre os taliban. Depois de nove anos de envolvimento dos EUA (e da NATO) no Afeganistão, o seu mais seguro aliado joga a cartada iraniana contra Washington, e não parece haver muita coisa que os Estados Unidos possam fazer.

Entretanto, em casa, Ahmadinejad enfrenta forte oposição que se esforça por suprimir. E os Estados Unidos estão envolvidos numa grande campanha para obter sanções contra o Irão, devido à sua recusa de abandonar o desenvolvimento de reactores nucleares. Que resultados teve esta campanha por sanções (ou mais), liderada pelos Estados Unidos e apoiada vociferantemente por Israel?

No Irão, reforçou a autoridade política interna de Ahmadinejad, já que lhe permite aparecer como defensor da soberania iraniana. E, apesar de todas as pressões dos Estados Unidos, parece duvidoso que Rússia e China (especialmente a China) apoiem sanções a sério, não apenas nominais. Entretanto, como afirmam correctamente os israelitas, o tempo está do lado do Irão na tentativa de se tornar uma potência nuclear.

Trinta anos de política externa dos EUA em relação ao Irão parecem ter retrocedido terrivelmente. (Ou talvez deveríamos falar de quase 60 anos). O Irão é hoje mais forte que nunca, em grande parte por causa de políticas dos EUA. Se fosse Ahmadinejad, não diria: obrigado América?

Fonte: http://infoalternativa.org/

Mensagens de Ódio Pela Internet: Um Apelo ao Ministério Público - Por Carlos Lungarzo

Mensagens de Ódio Pela Internet: Um Apelo ao Ministério Público
Por Carlos Lungarzo

Anistia Internacional (USA) – 2152711

Numerosos sites e blogs da Internet se caracterizam pela difusão permanente de mensagens de ódio, seja político, racial, ideológico, nacional ou de qualquer outra característica. Ao mesmo tempo, nesses sites abundam afirmações falsas ou distorcidas, que são mais do que difamações ou, mesmo, calúnias pontuais. Essas declarações formam um contexto de campanha de destruição moral de certas pessoas que eles consideram inimigas.

Não está em jogo a eventual ofensa ou injúria a alguém por lhe atribuir um ato que não cometeu, ou cujo cometimento não pode ser provado. Tampouco está em questão o direito de qualquer pessoa ou organização a manifestar seu desafeto, crítica ou repúdio por outros.

O que está em pauta é uma tendência sistemática a ofender, caluniar, ridicularizar, humilhar publicamente, expor ao ódio e eventualmente, incitar a ação física de vândalos ou hooligans contra pessoas ou grupos cujas posições não coincidem com as desses sites.

O Ministério Público deve, como mínimo, acompanhar o funcionamento desses sites e blogues, e manifestar se considera ou não esses atos como atentado à dignidade humana e incitação à violência.

Análise do Contexto
O problema da liberdade de ação e de expressão é um antigo calvário da democracia, da estratégia de Direitos Humanos e do Direito em geral. Isso não significa que o problema seja impossível de resolver. Se chegar a uma solução parece difícil é porque há muitos interesses em jogo, por um lado; e, de outro, muitas pessoas se sentem amedrontadas.

A liberdade de ninguém deveria ser limitada quando é exercida no âmbito privado ou público, sem produzir danos nos Direitos Humanos básicos de outras pessoas. Entretanto, os sistemas de poder controlam a vida privada, os direitos reprodutivos e as opções sexuais das pessoas, que são atos privados sem qualquer efeito negativo sobre os outros. Por outro lado, limitam direitos de expressão que, sejam corretos ou grosseiros, não configuram ódio nem visam a destruição moral ou física de nenhuma pessoa ou entidade. Vejamos dois exemplos:

Em alguns países, como a Itália, existe ainda a censura medieval contra a blasfêmia. Recentemente, uma pessoa foi condenada por fazer pilhéria com o Papa. Em algumas sociedades com resíduo do stalinismo, como Cuba, pode punir-se a execração dos símbolos pátrios, e até as críticas ao governo.

Entretanto, sites, rádio, TV, jornais e outras formas de mídia podem, em algumas sociedades, publicar manifestos violentos, que cultuam o ódio de maneira sistemática, e geram um sistema de lavagem (ou, melhor dizendo, de poluição) cerebral, pudendo servir, em situações críticas, como faísca para atentados.

Um exemplo famoso é o sistema de Rádio e TV chamado “As Mil Colinas” de Kigali (Ruanda), que, desde 1993, transmitiu mensagens contínuos incitando ao ódio contra a nação Tutsi, e preparando o genocídio que custaria quase 1 milhão de mortos. Tanto o diretor da emissora como o de um jornal com tendência similar foram julgados por crimes contra a humanidade, após o fim do massacre.

É verdade que a emissora tinha uma audiência enorme, e seu impacto na sociedade era gigantesco. Entretanto, se é necessário um impacto enorme para deflagrar um genocídio, não é necessária uma penetração tão grande para incitar a um ou mais atentados, sejam morais ou materiais.

Observe as preocupações das Nações Unidas com este tipo de problemas aqui.

Não nego que o assunto possa ser complicado, porque nem sempre a linha que separa uma liberdade legítima de um crime humanitário pode ser traçada com precisão. Uma amostra dessa dificuldade foi apresentada pelo caso de Richard Warman no Canadá, onde um tribunal conservador considerou que a limitação às mensagens de ódio feria a liberdade de expressão. Veja isto aqui.

No Brasil, as campanhas de ódio parecem coincidir com certas propostas de alguns políticos que desejam introduzir censura na Internet. Não posso dizer se essas campanhas estão coordenadas, mas elas possuem um caráter semelhante. As campanhas de ódio e ameaças procuram intimidar e calar defensores dos Direitos Humanos, do sistema democrático, e de um sistema jurídico equânime e objetivo. Também visam semear o terror entre os pacifistas, os inimigos do militarismo, da tortura, da pena de morte e da justiça linchadora. Atribuem a figuras desconhecidas ou públicas, atos criminosos extremos ou, até, históricos forjados de graves delitos e atentados.

Por outro lado, as campanhas para censurar a Internet parecem orientadas a impedir legalmente a manifestação dessas pessoas. Mesmo que os autores de ambos os métodos (o terror midiático e a censura legal) não estejam combinados, seu efeito é notoriamente aditivo.

A grande mídia tem uma direção ideológica e contra os DH numa proporção muito alta (uns 95% ou mais). Por causa disso, pessoas que querem expressar-se contra a impunidade dos crimes militares, a favor do direito de asilo, em prol da paz, contra as provocações internacionais, etc., só podem agir por meio da pequena mídia alternativa e, de maneira massiva, pela Internet. Então, os grupos neofascistas no seio da sociedade usam dois caminhos:

1. Individualmente ou por grupos, criam sites e blogues desde os quais desfecham violentas propagandas de destruição moral.

2. Como isso pode não ser suficiente, visam estabelecer um método de censura, com um pretexto qualquer: até agora, o mais mencionado é o perigo de que hackers ataquem os bancos (!). Esta foi a justificação de um projeto proposto por um senador que parece liderar um esquema de corrupção e atualmente está sendo investigado.

Estamos, então, numa situação paradoxal. Opiniões e críticas objetivas (sejam certas ou erradas) sofrerão censura quando estas leis forem aprovadas. Por outro lado, os autores dessas críticas são ameaçados permanentemente por sites de ódio.

Apesar das polêmicas em torno do direito de opinião, ninguém pode negar que existem leis razoáveis que restringem certo tipo de transmissão por Internet. Por exemplo, existe censura contra a pedofilia, e até as comissões que lidam com esse problema concentram suas baterias na Internet, apesar de que os maiores e mais agressivos pedófilos atuam na vida real. Com efeito, enquanto setores de diversa índole tentam limpar a Internet de imagens ou textos de pedofilia, nada se faz contra a prostituição e escravidão infantil, permanentemente denunciada por ONGs de DH.

Se é possível impor certas restrições as transmissões por Internet, por que não é possível inibir ou, pelo menos, amenizar mensagens de ódio?

Possíveis Mensagens de Ódio
Não é possível saber o número total de sites gerados no Brasil que acolhem mensagens. Os seguintes são os mais conhecidos e os que possuem mais seguidores. A proporção dessas mensagens é diversa. Alguns, esporadicamente, publicam notícias falsas sobre atos de terrorismo ou crimes praticados por pessoas públicas. Ou atiçam rancor contra movimentos sociais, grupos intelectuais, etc. Outros, já possuem uma direção sistemática nessa direção. Podem parecer de baixo impacto se comparados com os dos militares argentinos, por exemplo, ou com grupos de ódio dos Estados Unidos (p. e., o novo Ku Klux Klan), mas seu conteúdo deveria ser monitorado.

Alguns deles não têm terminação que identifique o país, portanto, devem ser abastecidos por provedores dos Estados Unidos. Entretanto, o que solicitamos ao Ministério Público é uma primeira revisão do material desses sites e uma análise de sua índole.

Quero deixar várias coisas claras:

1. Existem alguns veículos da grande mídia (muito poucos, talvez dois ou três), que usam um estilo de ódio semelhante ao destes sites. Não acredito que eles tenham menos responsabilidade, mas esse é um fato mais complexo, e sou consciente das limitações do poder público, inclusive quando atua com as melhores intenções.

2. Não estou criticando a propaganda neofascista, desde que ela não se expresse em forma de ódio. Pode reconhecer-se o direito de uma pessoa a admirar o fascismo, mas não a fazer propaganda da eliminação física, do racismo, da “faxina” de pessoas de outras ideologias.

3. Pessoalmente, não estou afetado por mensagens de ódio. As mensagens desse estilo que recebo, deleto. Se aparecem em algum site, simplesmente ignoro. Nunca entro em polêmicas com inimigos explícitos dos DH. Entretanto, é justo pensar que outras pessoas zelam por sua segurança física e sua reputação.

Eis a lista de sites que me causaram maior preocupação.

http://www.oquintopoder.com.br/
http://www.ternuma.com.br/
http://www.averdadesufocada.com/
http://www.midiasemmascara.org/
http://lilicarabinabr.blogspot.com/
http://coturnonoturno.blogspot.com/
http://www.fortalweb.com.br/grupoguararapes/
http://www.alertatotal.net/
http://www.defesanet.com.br/
http://levante-se.com/wp/
http://www.olavodecarvalho.org/index.html
http://brasilacimadetudo.lpchat.com/

Agradecerei também a opinião de leitores que desejem manifestar-se e aferir o grau de (i)legalidade das matérias neles publicadas.
Fonte: http://www.consciencia.net/

Copa da África desmente promessas de desenvolvimento e escancara apartheid intacto - Por Gabriel Brito

Copa da África desmente promessas de desenvolvimento e escancara apartheid intacto
Escrito por Gabriel Brito
Começou na última sexta-feira a 19º. Copa do Mundo, a primeira realizada na África, no país tido como o mais desenvolvido do continente, a África do Sul. Oportunidade única para levar o melhor do esporte mais popular de todos a localidades carentes de grandes torneios em seus cenários nacionais, como é o caso da sede de 2010.

Porém, em um país que ainda se encontra longe de dirimir as diferenças do passado, a Copa acabou se transformando em uma excelente oportunidade de mostrar ao mundo como seguem latentes as tensões entre ricos e pobres, que ainda devem ser lidas como entre brancos e negros.

Para os brasileiros, é uma ocasião ainda mais importante para que possamos observar o que está por vir com a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016. A forma como os preparativos foram feitos por lá em muito se assemelha com as tendências que vemos se desenhar cá.

Qualquer semelhança não será mera coincidência...
"Os despejos se multiplicaram nos últimos anos, em parte pelo aumento do preço da terra e em parte porque a prefeitura da Cidade do Cabo não nos quer tão perto do centro, onde os turistas podem nos ver", conta Gayika Tshawe, dirigente comunitário do Joe Slovo, terreno que une alguns dos milhares de excluídos da festa da nação arco-íris, em matéria de Joan Canela i Barrull, no catalão El Periodico.

Com a organização do Mundial tendo custado cerca de 8 bilhões de reais, integralmente bancados pelo governo, já ficava claro antes do apito inicial que as promessas de melhorias de vida para a população eram cortina de fumaça. Sem esse argumento, é impossível convencer um povo repleto de carências a apoiar tal empreitada.

No período de obras, atrasadas por diversos motivos estruturais, incontáveis greves dos operários que labutavam pela Copa (e por suas famílias, claro) foram registradas, a mais famosa dela a dos que construíam o palco principal. Mesmo trabalhando para um evento bilionário, a reclamação era sobretudo a respeito dos baixos salários. E muitas outras paralisações ficaram só na ameaça por terem sido contornadas pelo Comitê Organizador e governo.

A Copa chegou e nada mudou. Dezenas de milhares de pessoas foram desalojadas para áreas muito mais distantes dos centros. Em Johanesburgo, para a construção do Soccer City, o maior estádio do Mundial, toda uma comunidade foi expulsa de seu terreno e realocada para cerca de 35 quilômetros dali, para uma precaríssima favela com barracos de zinco. Isso porque a capital do país já possuía dois outros estádios de grande porte.

"A Copa do Mundo fez a vida dos pobres ainda mais difícil. Muitas pessoas foram desalojadas para a construção de novos estádios. As pessoas não foram tiradas dos barracos para serem levadas a uma casa. Levaram-nas para outros barracos, sem luz, água, nada", revela Therbani Ngonfoma, do Abahlali baseMjondolo (AbM), movimento que reúne cidadãos prejudicados pela Copa fundado em Durban, em 2005.

A FIFA que poucos conhecem
E se os africanos esperavam ao menos desfrutar a parte lúdica do evento, também se decepcionaram fortemente. A poucos meses da abertura, a FIFA anunciou que havia um encalhe de cerca de 800 mil ingressos, reclamando abertamente da falta de adesão do povo local ao Mundial. No entanto, ao analisarmos os fatos, veremos que foi a própria senhora do futebol quem propiciou este revés.

Primeiramente, ignorou-se a realidade econômica do país sede, com os ingressos sendo postos à venda somente por internet, com cartão de crédito e a preços similares aos da Alemanha-2006, fatores de exclusão imediata de uma infinidade de fãs. De quebra, para os estrangeiros, já atemorizados com as inúmeras notícias da violência das cidades sul-africanas, a intermediação das vendas era obrigatoriamente feita pela Match, agência oficial da FIFA, que tem como sócio Philip Blatter, sobrinho do ilustríssimo Joseph, presidente da entidade e sucessor de João Havelange, unanimemente considerado o homem que injetou o futebol-negócio em nossas veias.

E a incompetência (e avareza) da empresa apadrinhada por tio Blatter contribuiu de forma magnífica para que as previsões de 500 mil turistas no país caíssem pela metade. Por conta das imposições que a FIFA faz a toda sede, 80% dos quartos dos hotéis mais estrelados ficam reservados, e não tem conversa, para a Match. Sabendo-se dona do pedaço, a agência cobrou ágios de até 30% na hospedagem dentro dos pacotes de viagem. Assim, muitos torcedores resolveram assistir aos jogos de casa. E a rede hoteleira sul-africana ficou na mão.

Mas como toda boa famiglia, os laços sangüíneos tornam as relações inabaláveis. Philipinho Blatter também é dono da empresa que detém a prerrogativa de negociar os direitos de transmissão da Copa em nome da FIFA. Fora que sua consultoria para ajudar na organização de perfumarias da entidade lhe rendeu US$ 7 milhões em honorários.

Cabe perguntar por que as emissoras de TV interessadas em transmitir a Copa não podem ir à sede da federação em Zurique e sentar pra negociar diretamente com sua diretoria e departamentos comercial e jurídico. Cabe também questionar por que a intermediadora tem sede no mesmo local (Zug, na Suíça) da ISL, a antiga representante comercial da FIFA, cuja falência a justiça suíça comprovou ser uma fraude após seis sócios confessarem desvios de 96 milhões de dólares. Tais indagações podem ser feitas por qualquer um que leia ‘As contas erradas da FIFA’, no Le Monde brasileiro deste mês de junho.

Estádios revelam as contradições
Com o fiasco à vista, a entidade máxima do futebol anunciou que uma vasta quantidade de entradas seria vendida com preços especiais, isto é, acessíveis, exclusivamente para os cidadãos sul-africanos. Porém, a baderna imperou nas bilheterias e muita gente ficou sem conseguir seu bilhete. Além do mais, para a imensa comunidade nigeriana no país, a idéia não serviu para que pudessem prestigiar sua seleção na estréia contra os argentinos, que, mesmo vindo do outro lado do terceiro mundo, tinham mais apoiadores no estádio.

Quando enfim chegou o esperado 11 de junho, as contradições do país voltaram à tona. Enquanto a seleção da casa entrava em campo com seus atletas entoando a Shosholoza, histórico canto dos mineiros negros da época da segregação, uma platéia predominantemente branca tomava conta dos 88 mil assentos do novíssimo Soccer City. Era inacreditável, pois além de serem ampla maioria da população, o mundo inteiro sabe que, no país de Mandela, os brancos gostam de rugby e críquete, heranças coloniais, ao passo que os negros dedicam seu amor esportivo ao futebol de forma unânime.

Na seqüência das partidas, nós, telespectadores, continuamos a nos surpreender. A grande maioria dos jogos tinha um vazio que variava de 20% a 30% da capacidade das modernas e festejadas arenas. E que fique claro que, mesmo com as injustiças gritantes do país, os fãs locais do esporte bretão apreciam a Copa por lá. Na antevéspera da estréia dos Bafana Bafana, cerca de 200 mil pessoas entupiram o nobilíssimo bairro de Sandton, reduto da alva elite sul-africana, com apartamentos avaliados em 5 milhões de dólares. Com a estátua de Mandela ao centro da multidão, foi uma das poucas vezes que o distrito se tingiu com as cores da casa.

Uma Copa do Apartheid
Muitos sul-africanos não escondem a decepção com a vida pós-apartheid, especialmente a desilusão com o Congresso Nacional Africano, partido que representava os negros nas negociações pelo fim do regime racista e que repetiu um processo de encantamento e encastelamento no poder que conhecemos perfeitamente por aqui. "O CNA não cumpriu suas promessas, fazendo agora um apartheid entre ricos e pobres", sentencia Therbani, em entrevista a Gloria Ramírez, da revista eletrônica Desinformémonos.

A cruel e definitiva prova de que a Copa do Mundo não foi feita para o povo africano está sendo dada no andamento da competição. Em Durban, dia 13, centenas de pessoas que se alistaram como prestadoras de serviço na Copa ficaram sem receber o valor combinado pelas mais de 12 horas trabalhadas no jogo Alemanha e Austrália. Foram reprimidas violentamente pela polícia e, mais de uma dezena, presas. "Temos família e trabalhamos o dia todo. Você acha isso justo?!", indignou-se uma revoltada trabalhadora da Copa diante de meio mundo de câmeras.

No Internacional Broadcasting Center (IBC), QG da mídia no torneio e localizado na capital, todos os prestadores de serviço abandonaram seus postos neste dia 16 por verem a cor de somente metade dos 50 dólares diários combinados. Por ora, sabe-se lá até quando, é a própria polícia quem cuida da circulação de pessoas e demais tarefas que cabiam àqueles que ajudavam a organizar a Copa.

De volta para o futuro
Diante de todas as mazelas provocadas e/ou mantidas com o mundial sul-africano, podemos preparar melhor nossos anticorpos para os grandes eventos que se realizarão no Brasil. Desapropriações forçadas já estão sendo tentadas em áreas pobres e potencialmente rentáveis e a truculência do conluio governos/iniciativa privada já se faz sentir em diversas frentes.

Além das incontáveis licitações que serão esquecidas ‘em nome da urgência’, projetos como o de revitalização da zona portuária do Rio de Janeiro estão ameaçados pelo senso de oportunidade de Eike Baptista, aquele que triplicou sua fortuna sem triplicar a produção de seus empreendimentos em mágicos 12 meses. Fora que já está sendo articulado o assalto aos aeroportos (rentáveis) pelos privatistas.

"Parte da crise da Grécia é explicada pelos gastos extraordinários provocados pelas Olimpíadas de Atenas, em 2004. Em sociedades com frágil institucionalidade, megaprojetos são fértil campo de práticas de corrupção e da incompetência. Há alta probabilidade de que o Brasil cometa os mesmos erros dos gregos (endividamento interno e, principalmente, externo) que quebrarão as finanças públicas e o sistema financeiro brasileiro no pós 2014-16", disse o economista Reinaldo Gonçalves em entrevista ao Portal IHU Online, em maio.   

Aliás, quem acompanha a renhida briga de bastidores sobre o estádio paulista da Copa de 2014 pode compreender a motivação da exclusão do Morumbi em favor de uma nova arena na cidade, no bairro de Pirituba, e fazer o paralelo com a Copa 2010. Por R$ 460 milhões, o governo sul-africano queria levantar o Athlone Stadium, na parte mais pobre da Cidade do Cabo. Poderosa, a FIFA conseguiu impor o Green Point, na já abastada, estruturada e turística orla local. Como informou a Folha de S. Paulo, o capricho adicionou R$ 540 milhões na conta do governo Jacob Zuma. Já o Soccer City cairá no colo da iniciativa privada pelos próximos 10 anos, depois de o governo local ter gasto 800 milhões de reais para erguê-lo - outra fortíssima tradição brasileira.

De acordo com o professor de Economia da Universidade de Kwa Zulu Natal, Patrick Bond, os projetos dos eventos esportivos que mais mobilizam a humanidade aproveitam-se do relaxamento e desinformação de seus majoritariamente humildes apreciadores para reproduzir um modelo de vida que provou não ser frutífero, quanto menos provido de alguma justiça. "O problema é que se hipotecou grande parte do orçamento público em infra-estruturas que reforçam o modelo de desenvolvimento neoliberal, em vez de se concentrarem em uma aposta social e sustentável", declarou a Joan Barrul.

Os engravatados que se encarregam de organizar a festa mais assistida do mundo sabem perfeitamente disso. E, apesar de nunca terem chutado uma bola, já são os maiores ganhadores do Mundial. Só falta bordarem uma estrela no peito.

Gabriel Brito é jornalista.
Fonte: http://www.correiocidadania.com.br

domingo, 20 de junho de 2010

Vergonhosa história: A cruel e vergonhosa caça às baleias já tingiu de vermelho o litoral brasileiro.

Vergonhosa história:A cruel e vergonhosa caça às baleias já tingiu de vermelho o litoral brasileiro

20 de junho de 2010 - Santa Catarina

De acordo com historiador Vilson Farias, as armações baleeiras eram empreendimentos comerciais de abate de baleias. Tinham alto custo e mão de obra artesanal. Exigiam frotas de navio, fábrica de transformação do óleo e estrutura suficiente para captar e abater a franca.

A perseguição às baleias era feita em lanchas impulsionadas a remo e à vela em alto-mar. Os animais eram arpoados com um arpão rudimentar de ferro batido com farpas e uma haste de madeira, preso à lancha por um cabo. Após arpoada, era comum que a baleia arrastasse a lancha por várias horas, antes de, exausta, morrer.

A morte das baleias podia demorar até 24 horas, quando eram levadas até a praia, e descarnadas à meia-água. Escravos retiravam as fatias de toucinho e derretiam o óleo.

As seis unidades em Santa Catarina funcionaram de 1740 a 1850. Conforme lembra o historiador Fernando Bitencourt, o consumo da carne nunca foi o objetivo das capturas de baleias. Elas foram dizimadas por causa da espessa camada de gordura que reveste o corpo. Derretido, o óleo era destinado a iluminação e lubrificação. As barbatanas eram vendidas para fabricação de espartilhos e utilizadas como liga na produção de argamassas para igrejas e fortalezas.

Segundo o curador do Museu Oceanográfico da Univali, Jules Soto, as carcaças reveladas em Garopaba são do período das armações. Ele afirma com base no descarte empregado.

– Para aliviar o peso da baleia, a primeira coisa que se fazia era cortar a cabeça dela. Depois, era deixada no local, no mar, à meia água. As cabeças eram sempre deixadas juntas no mesmo local.

Paraíba
As águas do litoral paraibano registraram durante mais de 70 anos um duelo covarde entre o homem e os maiores animais vivos na atualidade. Nesse período, os animais saíram perdendo. As tripulações dos barcos da estação baleeira da praia de Costinha, no município de Lucena, caçaram aproximadamente 22 mil baleias, segundo dados Companhia de Pesca do Brasil (Copesbra), empresa nipo-brasileira que administrou a unidade a partir de 1958 até 1987, quando houve a proibição da pesca.

E a matança deve ter sido bem maior, pois antes a empresa havia pertencido a grupos do Brasil, França e Noruega e não existem registros da quantidade de animais capturados.

Enquanto para os defensores das baleias o funcionamento da estação baleeira de Costinha representava uma ameaça de extinção aos vários tipos de baleias que vinham do Pólo Sul em busca de águas quentes do litoral nordestino; para a população de Lucena à caça dos cetáceos (baleias) significava uma importante fonte de renda e emprego, atraindo trabalhadores de várias cidades.

A quantidade de baleias caçadas por temporada variava. Inicialmente eram 300 exemplares capturadas durante a temporada de pesca que ia de julho a dezembro. As cotas foram subindo para 500, 700, 900, chegando até 1,1 mil animais mortos numa única estação. Esses números decaíram pouco antes da proibição da caça à baleia, um reflexo da retração da população desses animais. As espécies mais caçadas foram a Minke, a Sei e Jubarte.

Atualmente, a estação baleeira está abandonada. O cais de madeira onde atracavam os barcos está vazio. O maquinário usado para arrastar os enormes mamíferos continua exposto, sendo deteriorado pelo tempo, parecendo uma vingança da natureza.

A pesca da baleia terminou há 20 anos. Em 18 de dezembro de 1987, a Lei Federal nº 7.643/87, assinada pelo então presidente José Sarney, tornou ilegal à caça aos cetáceos. “Fica proibida a pesca, ou qualquer forma de molestamento intencional, de toda espécie de cetáceo das águas territoriais brasileiras”, diz o texto. A pena: 2 a 5 anos de reclusão e multa.

Caça à baleia
A estação de caça à baleia ocorria entre os meses de julho a dezembro. No auge da temporada de pesca a indústria chegava a empregar 600 pessoas, desde tripulantes dos barcos, passando pelo pessoal responsável pelo corte da carne, retirada do óleo, ossos e barbatanas, além do armazenamento e conservação dos produtos.

Porém, o trabalho das tripulações começava algum tempo antes, na preparação dos barcos. Com a chegada do período de caça, o trabalho seguia de domingo a domingo, com as embarcações partindo de Costinha antes do nascer do sol e só retornando à noite.

Outro ex-tripulante de barco baleeiro, José dos Santos, 52 anos, ressalta que durante a permanência em alto mar todos mantinham a vigilância na expectativa de avistar uma baleia, até porque o homem que o fizesse garantia uma premiação extra em dinheiro caso o mamífero fosse capturado. Essa possibilidade aumentava quando se estava de vigia no mastro. Ele recorda que numa única temporada cerca de 900 baleias foram caçadas.

O professor, jornalista e fotógrafo Arion Farias, que acompanhou em duas ocasiões na década de 50 jornadas de caça à baleia, lembra que no momento em que um animal era avistado, o capitão do barco posicionava a embarcação e seguia a toda velocidade rumo ao alvo. O barco balançava fortemente ao ultrapassar as ondas em alto mar com o motor a toda força.

O artilheiro se posicionava junto ao canhão, na proa do barco. A cerca distância os motores eram desligados, a tripulação fazia silêncio absoluto, enquanto que o barco se aproximava da baleia. O disparo ocorria durante uma das subidas do enorme mamífero à superfície para respirar, quando a embarcação estava há cerca de 30 metros.

Com o tiro certeiro, o animal tentava, em vão, se desvencilhar do arpão encravado em seu corpo e preso por uma corda ao navio baleeiro. A baleia, ferida mortalmente, arrastava a embarcação ou mergulhava o mais fundo possível numa luta agonizante para se soltar. Os tripulantes aguardavam pacientemente a rendição do mamífero, que aos poucos perdia a força, a vida.

José Dantas de Oliveira conta que, então, a tripulação puxava o animal até a lateral do barco. Com um objeto cortante era feito um buraco na barbatana da baleia, onde era presa uma bóia-rádio, que emitia um sinal de localização. O navio baleeiro deixava à presa enquanto que se dirigia rumo ao sul, em busca de nova pesca.

No final do dia a tripulação retornava, prendia o mamífero à amurada do barco e voltava para a estação de Costinha, onde tinha início algumas horas de descanso para os caçadores do alto-mar.

Para outros trabalhadores da estação baleeira começava o trabalho do corte, limpeza e armazenamento das baleias, atividade que entrava pela madrugada. A indústria da caça à baleia funcionava 24 horas. No dia seguinte, os baleeiros levantavam âncoras.

Grande parte dos produtos derivados das baleias pescadas em águas paraibanas era exportada. Em João Pessoa, a carne de baleia era comercializada nos açougues do Mercado Central.

Baleias mais caçadas
Inicialmente, as gigantes Cachalotes com média de 21 metros de cumprimento, eram as preferidas. Quando se tornaram mais difíceis de serem achadas, resultado da diminuição da sua população; as Jubartes, com 16 metros de comprimento e pesando até 40 toneladas, passaram a atrair a atenção dos baleeiros.

Mas estas também começaram a escassear e o tipo Sei, com comprimento idêntico as Jubartes, mas com peso menor, variando de 20 a 30 toneladas, tornaram-se as mais caçada. Em seguida, foi a vez das Minke virar alvo preferido dos caçadores.

Apesar de serem mais raros, outros tipos de baleias também foram caçados na costa paraibana. O ex-baleeiro José Dantas de Oliveira lembra da captura de duas baleias da espécie Azul, com aproximadamente 27 metros de comprimentos: “Eram dois animais gigantes, raros de serem encontrados”. Essa espécie de baleia é o maior mamífero da Terra e pode atingir até 40 metros e peso de 100 toneladas. Atualmente existem pouquíssimos exemplares vivos.

Séculos de extermínio
As gigantes do mar se tornaram alvo dos humanos ainda na Idade Média. Entre os séculos XII e XVII o óleo de baleia servia à iluminação pública das cidades que surgiam. Países como Inglaterra, Holanda, Espanha e Portugal dominavam a captura destes animais. A Coroa portuguesa decretou, em 1614, o monopólio da pesca da baleia no Brasil Colônia.

Além do óleo, os cetáceos serviam como matéria-prima para a fabricação de sabão, velas e tintas. As baleias eram abatidas com arpões e armas de fogo no Brasil Colônia e arrastadas às praias do Recôncavo Baiano, onde escravos as dissecavam.

No final século XIX, com a revolução industrial e a concorrência de expedições britânicas, americanas, japonesas, russas e norueguesas, que vinham caçar baleias na costa brasileira, a atividade decaiu. Porém, no início do século XX voltou a crescer com o funcionamento de importantes estações baleeiras espalhadas pelo litoral brasileiro: Costinha, na Paraíba; Cabo Frio, no Rio de Janeiro; e Imbituba, em Santa Catarina.

O caráter industrial adquirido pela caça à baleia na década de 20 do século passado acelerou o processo de matança dos animais, reduzindo drasticamente as populações de cetáceas, ameaçando a própria sobrevivência das empresas baleeiras. Em 1946, a Comissão Baleeira Internacional (CBI), criou um “efeito dominó”, pois quando um tipo de baleia fosse desaparecendo os países deveriam passar a caçar outra espécie. A extinção era inevitável.

Um exemplo foram as baleias-fin, estimadas em 100 mil exemplares, atualmente não chegam a 2 mil no Oceano Antártico. Já as baleias azuis eram 250 mil indivíduos. Este número não chega a 400 indivíduos na mesma região, havendo risco real de extinção. Estima-se que mais de 2 milhões de baleias foram caçadas em todo o mundo no século passado. A média de animais mortos durante o período de pesca mundial de cetáceos, cujo auge ocorreu em 1961, ano em que foram mortos 70 mil indivíduos.

Em 1986, para conter a matança das baleias, a CBI declarou uma moratória da caça por tempo indeterminado. Contudo, mais de 14 mil cetáeas foram mortas após este período, sendo o Japão responsável pela metade deste número. A indústria baleeira japonesa apresenta ao mundo o argumento de “caça científica” para a captura dos animais, dizendo que o objetivo é reunir informações sobre o tamanho e a estrutura das populações desses mamíferos. Porém, os estudos podem ser feitos sem a necessidade da morte das baleias.

Já a Noruega não aceita a moratória e mantém a caça comercial de aproximadamente 500 baleias minke por ano e pretende ampliar sua cota comercial para 2 mil animais. A Islândia, outro país que prática a caça às baleias, retirou-se em 1992 da CBI.

A natureza em recuperação
A proibição da pesca da baleia foi a luz no fim no túnel para estes animais. Após duas décadas livres da perseguição dos barcos baleeiros no litoral brasileiro e, particularmente, paraibano, a população de cetáceas dá sinais de estar aumentando. A boa notícia é dada por ambientalistas e comprovada por antigos caçadores do mar.

“Com a proibição da pesca, dá para perceber que a natureza está repondo lentamente a população de baleias”, comenta Leandra Gonçalves, especialista da organização ambientalista não-governamental Greenpeace no Brasil. Mas vale a ressalva de que crescimento da quantidade dos maiores mamíferos da Terra é vagaroso. Ela lembra que o ciclo reprodutivo é demorado: “Uma fêmea na idade adulta só dá a luz a um filhote a cada dois, três anos”.

Mas as baleias estão vencendo a luta pela vida. Depois de serem perseguidas impiedosamente pela indústria baleeira em áreas de caça como o litoral paraibano e terem suas populações bastante reduzidas, já há relatos do aparecimento delas próxima à costa da Paraíba.

“Realmente próximo à proibição estava muito reduzido o número de baleias encontradas durante a pesca”, conta o tripulante de barco baleeiro José Dantas de Oliveira, acrescentando que atualmente é até possível ver baleias se aproximando do litoral do município de Lucena.

Ameaças do presente
Porém, a garantia da proibição da caça não representa segurança total para essas gigantes no mar territorial brasileiro. Outras ameaças existem para os cetáceos, apesar de fazerem menos vítimas que os barcos baleeiros que zarpavam de Costinha. A ambientalista Leandra Gonçalves aponta que a pesca com as chamadas redes de espera é um dos principais fatores para registro de mortes de baleias no litoral brasileiro.

“Os animais ficam presos nas redes e acabam morrendo exaustos”, comenta Leandra Gonçalves. Ela observa que foram constatadas ocorrências de baleias encontradas encalhadas mortas com marcas de redes no corpo, principalmente no rosto.

Com informações do Diário Catarinense e o Norte online
Fonte: http://www.anda.jor.br/

sábado, 19 de junho de 2010

As propriedades do latifúndio... - Por Latuff

O teatro nuclear - Por Reginaldo Nasser (*)

O teatro nuclear

A “comunidade ocidental” procura tranqüilizar-nos informando que hoje há 40 mil armas nucleares menos que nos tempos críticos da Guerra Fria. O que eles nos dizem é: durante a guerra fria a capacidade nuclear existente poderia destruir o mundo centenas de vezes. Mas, agora, todos podem se acalmar pois os lideres mundiais, que são muito racionais, informam que fizeram um acordo e o mundo poderá ser destruído apenas algumas dezenas de vezes. Nesse terreno estamos mais próximos do Teatro do Absurdo do que propriamente da política internacional.
O artigo é de Reginaldo Nasser.

A proliferação de armas nucleares e um possível desarmamento se encontram entre os principais temas da agenda política mundial apesar de as chamadas armas leves e portáteis (pistolas, rifles, metralhadoras leves, lança-granadas, morteiros, armas anti-tanques móveis e lança-foguetes, inclusive lança-mísseis anti-aéreos portáteis) serem as verdadeiras armas de destruição em massa. A Small Arms Survey realizou pesquisa em 2009 que confirma o crescimento contínuo do comércio global dessas armas. O valor do comércio mundial de atingiu US $ 2,9 bilhões em 2006, um aumento de 28% desde 2000. Os Estados Unidos, aparecem como o maior exportador e o maior importador dessas armas que entre 2001 e de 2006 foram responsáveis pela morte de 450.000 pessoas.

O ano de 2010 se revela de particular importância na questão nuclear. O acordo firmado entre Rússia e os Estados Unidos sobre a redução da armas nucleares estratégicas, a publicação do informe Nuclear Posture Review que identifica a capacidade nuclear que a administração Obama espera para os próximos quatro anos e a conferência de avaliação do Tratado de Não Proliferação Nuclear. Curioso notar que os Estados que possuem armas nucleares (Estados Unidos, Rússia, França, Inglaterra e China – todos signatarios del TNP- possuem 90% das armas nucleares sendo o restante distribuído entre Índia, Paquistão e Israel) são os que mais reivindicam um “mundo sem armas nucleares.”

A mídia saudou como um grande passo para a paz o encontro ( maio) entre o Nobel da Paz, Obama, e o recém admitido na “comunidade ocidental”, Medvedev, em que acordaram reduzir seus arsenais estratégicos em torno de 1550 ogivas para cada um. Especula-se que, atualmente, existam em torno de 23.000 armas nucleares, ou em outras palavras, 150.000 explosões nucleares como a de Hiroshima – não fique abismado que é isso mesmo! Mas a “comunidade ocidental” procura tranqüilizar-nos informando que são 40.000 menos que nos tempos críticos da Guerra Fria. Vamos traduzir em números, mais uma vez. O que eles nos dizem é: durante a guerra fria a capacidade nuclear existente poderia destruir o mundo centenas de vezes. Portanto, agora pode-se acalmar que os lideres mundiais, que são muito racionais, informam que fizeram um acordo e o mundo poderá ser destruído apenas algumas dezenas de vezes.

A administração Obama apresentou a sua reformulação da estratégia nuclear como algo completamente revolucionário. Agora, diferentemente da era Bush, ao invés de reservar a possibilidade de ataques nucleares, em resposta a um ataque nuclear, ou um ataque por outras formas de destruição em massa (como armas químicas e biológicas) os EUA declaram que o papel fundamental de seu arsenal é impedir eventuais ataques nucleares ao pais e seus aliados. A chamada revisão da estratégia declara que "os EUA não pode usar ou ameaçar usar armas contra os não-nucleares que fazem parte do tratado de não proliferação nuclear, ou seja Irã e Coréia do Norte ainda se constituem em um possível alvo.

Pergunto se agora algum lugar do mundo se sente seguro com esta nova declaração no caso de uma crise ou uma guerra com o envolvimento dos EUA. Você sabe realmente quando ou como um Estado nuclear poderá realmente usar o seu arsenal para proteger seus interesses? Você acha que é razoável correr esse risco?

Além disso, a decisão de excluir estados com armas nucleares, não-signatários do TNP, parece contraproducente como bem assinalou o especialista Stephen Walt. Pois, se o Irã continua a ser um alvo nuclear, mesmo quando não tem suas próprias armas isso apenas poderá lhe dar incentivos adicionais para perseguir uma opção das armas nucleares pelos mesmos argumentos que os EUA justificam em ter o seu próprio arsenal.

Se o governo dos EUA acredita que o papel fundamental das armas nucleares é impedir um ataque, e agora diz que ainda reserva a opção de usar armas nucleares contra o Irã, então não seria razoável concluir que o Irã ou qualquer outro pais, da mesma forma, poderia usar um arsenal nuclear para sua segurança cujo papel fundamental seria o de impedir que os EUA façam isso?

Creio que nesse terreno estamos mais próximos do Teatro do Absurdo do que propriamente da política internacional.

(*) Professor de Relações Internacionais da PUC-SP
Fonte: Carta Maior

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Livro revela como foi articulado assassinato de Trotski - Por Eberth Vêncio

Livro revela como foi articulado assassinato de Trotski - Por Eberth Vêncio

A biografia clássica e detalhada de Liev Trotski (1879-1940) é a escrita pelo historiador Isaac Deutscher, publicada no Brasil em três volumes. Como parte dos arquivos soviéticos foi aberta, depois da queda do comunismo, a pesquisa está, em alguns pontos, datada, o que animou o general e historiador russo Dmitri Volkogonov a escrever “Trotsky — The Eternal Revolucionário” (Free Press/Simon & Schuster, 524 páginas, 1996). Trata-se de um livro notável, dado o acesso de Volkogonov aos arquivos abertos em 1991 e à sua experiência como militar que participou dos governos comunistas. O caráter autoritário de Trotski é rastreado e explicado com mestria, bem como sua excelente formação intelectual. Mas sobre o assassinato de Trotski o livro mais importante é “Operações Especiais — Memórias de uma Testemunha Indesejada” (Publicações Europa-América, 543 páginas, 1994), de Pavel Sudoplatov, com a colaboração de seu filho, Anatoli Sudoplatov. Como chefe das Operações Especiais (assassinatos e terrorismo), Pavel Sudoplatov foi o homem que coordenou o assassinato do revolucionário ucraniano, no México, em 1940, e o roubo dos segredos atômicos dos Estados Unidos. Com o apoio do filho e dos pesquisadores Jerrold L. Schecter e Leona Schecter, Sudoplatov decidiu contar histórias sobre as quais não há informações precisas nem nos arquivos soviéticos (Stálin tinha o hábito de dar ordens verbais, sobretudo quando se referia a assassinatos e envenenamentos). No prefácio, o historiador inglês Robert Conquest, dos primeiros e mais gabaritados analistas do stalinismo, escreve: “Esta é a mais sensacional, a mais devastadora e a mais informativa autobiografia que alguma vez emergiu do meio stalinista. Um documento único”. O livro de Conquest “O Grande Terror — Os Expurgos de Stálin”, publicado na década de 1960, permanece atualíssimo, em linhas gerais.

O capítulo mais espetacular, “O assassinato de Trotski”, tem 22 páginas. Finalmente, depois do interessante mas ainda insuficiente livro “Operação Trotski — Levantando o Véu de Mistério que Cobria o Brutal Assassinato Ordenado por Stálin” (Record, 192 páginas, 1972), de José Ramón Garmabella, o crime é explicado detalhadamente. Sudoplatov abre seu baú de memórias e conta tudo, ou quase. Relata até fatos menores, que nada mudam, mas mostram sua intimidade com o assassino de Trotski, o “espanhol” (há quem diga que nasceu em Cuba) Ramón Mercader. Os livros registram que Mercader fechou os olhos ao agredir o revolucionário soviético. A Sudoplatov, Mercader esclareceu que atingiu Trotski de olhos abertos.

Sudoplatov conta que, em 1938, foi convocado ao Kremlin por Lavrenti Beria, o chefão da NKVD, a polícia política. “Stálin estava diferente. Estava concentrado, equilibrado e calmo.” Beria disse para Stálin: “Sugerimos que o camarada Sudoplatov seja nomeado diretor-adjunto do Departamento de Informações Externas do NKVD”. A indicação tinha o objetivo de destruir Trotski, porque Sudoplatov era tido como profissional do melhor quilate. “A minha missão seria mobilizar todos os recursos disponíveis do NKVD para eliminar Trotski, o pior inimigo do povo.”

Stálin explicou o motivo pelo qual Trotski deveria ser morto: “Não há figuras políticas importantes no movimento trotskista, à exceção do próprio Trotski. Se este desaparecesse, a ameaça seria eliminada. (...) Trotski deve ser eliminado no prazo de um ano, antes do eclodir inevitável da guerra. Sem a eliminação de Trotski, não poderemos confiar nos nossos aliados do movimento comunista internacional. Eles enfrentarão grandes dificuldades no cumprimento do dever internacional de desestabilizar a retaguarda dos nossos inimigos através de operações de sabotagem e atividades de guerrilha se tiverem de lidar com infiltrações traidoras de trotskistas nas suas fileiras”.

O ditador prometeu que os assassinos de Trotski seriam lembrados “para sempre” pelo Partido Comunista e suas famílias seriam beneficiadas. Stálin cumpriu a promessa, mas, no governo de Nikita Kruchev, Sudoplatov acabou preso. Kruchev queria esconder seu stalinismo.

Sudoplatov recrutou veteranos soviéticos que atuaram na Guerra Civil Espanhola. Stálin disse que deveria se reportar unicamente a Beria e destacou: “A responsabilidade completa pelo cumprimento da missão pertence-lhe”. Nota-se, pois, a importância do articulador do assassinato de Trotski.

O experimentado Leonid Eitingon, que havia lutado na Espanha, foi o primeiro recrutado por Sudoplatov. A operação contra Trotski recebeu o nome de Utka (Pato), termo usado para “desinformação”. O chefe dos assassinos soviéticos conta que a rede trotskista estava infiltrada por agentes stalinistas, como Maria de la Sierra, secretária de Trotski na Noruega e no México. (A história de Maria de la Sierra é impressionante e merece um livro. Era uma espiã tão ou mais experimentada do que Olga Benario.)

Além do grupo chefiado pelo pintor mexicano David Álvaro Siqueiros (um aloprado), que comandou a primeira tentativa de matar Trotski, Eitingon recrutou a aristocrata decadente Caridad Mercader e seu filho, Jaime Ramón Mercader del Rio Hernández (“assemelhava-se ao ator francês Alain Delon”). Mercader, que havia sido guerrilheiro na Espanha, aproximou-se de Sylvia Ageloff, secretária de Trotski, em Paris. Ageloff apaixonou-se pelo bonitão espanhol. Eitingon disse-lhe para não manter atividades políticas e apresentar-se como empresário. Para que, obviamente, os alertas Trotski e seus familiares e aliados não desconfiassem.

Beria informou Sudoplatov que não devia se preocupar com contenção de despesas, pois a operação era de alta prioridade. Custasse o que custasse, Trotski deveria ser assassinado. Eitingon abriu uma empresa de importações-exportações, em Nova York, em 1939, com o objetivo de acobertar as ações de Mercader, agora com o nome de Frank Jacson. Mercader apresentava-se como empresário canadense. Ao saber que a primeira tentativa de matar Trotski havia falhado, Stálin insistiu: “A eliminação de Trotski significará o colapso total da globalidade do momento trotskista e não precisaremos gastar qualquer soma de dinheiro no combate aos trotskistas e às suas tentativas para nos enfraquecer ou ao Comintern”.

Sob pressão de Stálin, Sudoplatov decidiu apressar a operação para matar Trotski. Mercader disse a Sudoplatov que preferiu agir sozinho, para não levantar suspeitas. Em 20 de agosto de 1940, entrou na casa de Trotski, para este examinar um artigo do novo “aliado”, e enfiou uma picareta de montanhismo na cabeça do rival de Stálin. “No último instante, quando Mercader estava prestes a atingi-lo, Trotski, que estivera absorvido na leitura do artigo, mexeu a cabeça. Isso mudou a direção do golpe, enfraquecendo o seu impacto. Foi por este motivo que Trotski conseguiu gritar por socorro e não morreu instantaneamente. Ramón estava demasiado nervoso e não conseguiu esfaquear Trotski, embora transportasse consigo uma faca. ‘Embora fosse um guerrilheiro experiente que esfaqueara um guarda até a morte durante a Guerra Civil Espanhola, o grito de Trotski paralisou-me quase totalmente’, explicou Ramón.” Trotski morreu no dia seguinte.

Stálin aprovou o “trabalho bem-feito”. Durante seis anos, Mercader, conhecido na prisão como Frank Jacson, manteve a versão de que matou Trotski porque havia se decepcionado com suas ideias e que os trotskistas queriam explorá-lo financeiramente. Estava muito bem treinado pelo serviço secreto soviético e, mesmo torturadíssimo pela polícia mexicana, nada confessou.

A identidade de Mercader só foi revelada quando um parente desertou da União Soviética, em 1946, e contou sua história à imprensa. Mesmo assim, Mercader “nunca confessou que assassinara Trotski por ordem dos Serviços de Informação soviéticos”. Era, repetia, um “decepcionado”.

Libertado, em 1960, mudou-se para a União Soviética, com a mulher Raquelia, e foi condecorado com a medalha de Heroi da União Soviética pelo presidente da KGB, Alexsandr Nikolayevich Shelepin. “Foi nomeado membro-investigador sênior do Instituto de Marxismo-Leninismo”, recebeu uma dacha (uma casa de campo) do Partido Comunista e “uma pensão equivalente à de um general importante reformado”. Stálin pagou o prêmio prometido.

Em meados de 1970, Mercader foi para Cuba, como conselheiro de Fidel Castro, de quem era “parente afastado”. Morreu em Cuba, em 1978, pranteado por Fidel e Raúl Castro, de quem era íntimo. Sem autorização de sua mulher, o corpo foi levado secretamente para Moscou com o nome de Ramón Ivanovich López.

A história de Mercader é contada pelo cubano Leonardo Padura na biografia romanceada “El Hombre Que Amaba a los Perros” (Tusquets, 584 páginas, R$ 68,10). O livro pode ser pedido no site www.livrariacultura.com.br (em inglês, no site da livraria Amazon, é mais barato).

Fonte: http://www.revistabula.com/