terça-feira, 23 de novembro de 2010

Ações internacionais por Mumia Abu-Jamal - ANA

Ações internacionais por Mumia Abu-Jamal
Agindo por Mumia: “O poder popular pode obrigar o Estado a recuar”
“Apesar de estar com a corda no pescoço, ele diz a verdade. Não é de se estranhar que o queiram matar”

Centenas de pessoas exigiram liberdade para Mumia Abu-Jamal nas ruas da Filadélfia na terça-feira, 9 de novembro, enquanto o Tribunal Federal de Apelações do Terceiro Circuito revisou seu caso à luz do caso Spisak [neonazista que matou três pessoas], a pedido da Suprema Corte dos Estados Unidos. A advogada de Mumia, Judith Ritter, destacou várias diferenças entre o seu caso e o de Spisak, que acabou de ser re-condenado à pena de morte pela Suprema Corte; ela destacou que as instruções do juiz Sabo ao jurado são mais confusas no caso de Mumia no que diz respeito à unanimidade do jurado sobre as circunstâncias atenuantes. Em 2008, embora os juízes do Terceiro Circuito terem negado à Mumia seu pedido a um novo julgamento para comprovar sua inocência, aceitaram os argumentos de Ritter sobre as confusas instruções, assim avalizando a decisão da corte distrital de 2001 de revogar a pena de morte e requerer uma audiência para determinar a sentença caso a promotoria entre com um pedido de pena de morte novamente. Por outro lado, na terça-feira passada, o procurador da Filadélfia argumentou que os casos de Mumia e Spisak são iguais e que isto já é motivo para aplicar a pena de morte a Mumia sem a necessidade de audiência. Então, o que está em jogo é a audiência, e a vida de Mumia Abu-Jamal. Não se sabe quando o tribunal dará o seu parecer, mas cada vez mais, mais pessoas se dão conta da gravidade da situação.

Os vídeos abaixo são do encontro na Filadélfia. No primeiro, o filho de Fred Hampton fala de quando o jovem Pantera Negra Mumia Abu-Jamal foi ao funeral de seu pai e do companheiro Mark Clark em Chicago no ano de 1969, após serem brutalmente assassinados pelo governo dos Estados Unidos. Diz que agora estão na Filadélfia para tirar Mumia do campo de concentração onde se encontra e para pôr um fim a todos os campos destinados a acabar com o espírito e destruir fisicamente a todos os homens, mulheres, meninas e meninos trancafiados neles. Enfatiza a urgência de parar o assassinato legal de Mumia e acabar com as execuções extralegais nas ruas da juventude negra. Não fazer isso é suicídio.

http://www.youtube.com/watch?v=RRW5nn0Knvw

http://www.youtube.com/watch?v=kPEzn6nbUxs

http://www.youtube.com/watch?v=5t2tBNOCQrk

No mundo, houve manifestações em Detroit, Oakland, São Francisco, Albany, Houston, Richmond, Miami, Washington D.C., Toronto, Londres, Hamburgo, Paris, Bordeaux, Lyon, Marseille, Nice, Rennes, Strausborg, Toulousse, Kingston, México D.F. e na Holanda e Irã.

No México, aproximadamente 50 pessoas gritaram pela sua liberdade no lado de fora da embaixada dos Estados Unidos. Vejam a cobertura: http://mexico.indymedia.org/?article1748 e http://cronopios.zobyhost.com/index.php/presxs/12-politicos/397-iiigritando-libertad-a-mumia-abu-jamal

É de se destacar a manifestação na embaixada dos Estados Unidos em Londres, organizada por grupos pan-africanos. Entre tambores e gritos de chamada e resposta, um companheiro disse: “Estamos aqui em solidariedade a Mumia. Ele é o nosso herói. Colocam a corda no pescoço dele, mas mesmo assim ele diz a verdade sobre a perversidade do imperialismo estadunidense. Muitos de nós têm medo de falar. Acreditamos que somos livres. Caminhamos pelas ruas e pensamos que somos livres e temos medo. Mas colocam a corda no pescoço dele e mesmo assim ele diz a verdade. Não é de se estranhar que queiram matá-lo. Ele é um herói. Um herói revolucionário africano”.

Em um vídeo, podemos ver os gritos pela liberdade de Mumia, para os 2 de Angola, Leonard Peltier, Ruchell Magee, Sundiata Acoli e todos os presos e presas políticas. Por outro lado gritos especiais foram dedicados a Hillary Clinton, Barack Obama, o prefeito Nutter (da Filadélfia), e o juíz Sabo. http://www.youtube.com/watch?v=Kky4peur-B0

Neste vídeo, http://www.youtube.com/watch?v=MUM0vdkarf0, ao perguntarem sobre seu apoio a Mumia Abu-Jamal, um companheiro reitera: “Consideramos ele um herói africano, um líder africano. Num momento em que outras pessoas têm medo de falar, Mumia, com a corda no pescoço, diz a verdade sobre os males e a perversidade do imperialismo estadunidense e os imperialismo no mundo todo. Isto o coloca na categoria de herói africano. Estamos aqui para salvar a vida dele. Estamos aqui pela sua liberdade. Ele tem que sair da prisão. Foi injustamente condenado por um homicídio que obviamente não cometeu. Estamos aqui porque estamos contra a pena de morte. A consideramos um ato de barbárie. No entanto há países no mundo que a praticam e queremos que saibam que nós, assim como a maioria das pessoas no mundo, estamos contra isto. Há outras razões também. Eu poderia citar uma ou duas. Estamos contra a captura de presos políticos, de pessoas condenadas injustamente de maneira intencional. Mumia é um clássico exemplo de um homem inocente preso. Os africanos e africanas não somente somos uma parte muito grande da população carcerária, mas somos também numerosos entre os presos e presas políticas. E certamente o racismo, um assunto que afeta o povo africano profundamente, é central no caso de Mumia. Existem muitos outros motivos, mas por enquanto menciono somente estes”.

Vocês pensam que suas vozes serão ouvidas?
- Sim, estamos aqui no lado de fora desta perversa embaixada estadunidense, a embaixada do imperialismo mais malévolo e perverso que o mundo já conheceu. E eles tremem quando a gente chega. Em 1995, tentaram assassinar Mumia Abu-Jamal a sangue frio e as massas saíram às ruas, não somente aqui em Londres, mas em todas as partes do mundo, na Europa, na África, no próprio Estados Unidos, no Caribe. Não tiveram outra opção. Não puderam aplicar a pena de morte a Mumia. Não o mataram. Estamos aqui novamente. Mais pessoas estarão conosco quando tomarem conhecimento da situação, e colocaremos mais pressão sobre os Estados Unidos. Não estamos falando por falar. Como africanos, sabemos, por exemplo, que Kwame Nkrumah foi falsamente encarcerado. Também sabemos que ele ganhou uma eleição e se tornou presidente em Gana quando ainda estava na prisão. E tiveram que libertá-lo pelo poder do povo. Também sabemos que Marcus Garvey estava na prisão. Foi preso político por três vezes. E na ilha da Jamaica onde nasceu, quando estava na prisão pela terceira vez e as autoridades souberam que milhares de pessoas iam descer até a prisão numa determinada data, o libertaram alguns dias antes para evitar a incursão das pessoas. Nós estamos em contato com os “17 de Granada”. É um grupo muito importante. Agora se sabe que eles foram falsamente acusados de assassinar o líder revolucionário Maurice Bishop. Estiveram no corredor da morte. Na realidade os Estados Unidos estava manejando os fios por trás da cena, mas eles estiveram no corredor da morte. Devido ao apoio dos movimentos populares do mundo, os Estados Unidos não pode implementar a pena de morte. Impedimos que fizesse isso. Tivemos o prazer de conhecer os “17 de Granada” que saíram da prisão e estão vivendo suas vidas, se é que podemos dizer que viver fora da prisão signifique viver em liberdade, eles estão vivendo suas vidas em liberdade. Estamos em contato com Rob King dos “3 de Angola”. Ele também foi preso político. E tiveram que soltá-lo. Não tinham outra opção. Tivemos o prazer de entrar em contato com ele. Esteve na perversa prisão estadunidense durante 35 anos. Então o poder popular conseguiu obrigar o governo a fazer certas coisas, conseguiu obrigar o Estado a recuar, mesmo que somente um pouco. Estamos falando do Estado estadunidense, o pior Estado que o mundo já conheceu.

Se você pudesse falar com Barack Obama, o que você diria?
- A primeira coisa que eu diria ao Barack Obama é isto: “Você é o pior Uncle Tom na história da humanidade. Você não faz nada para o povo africano. Pelo contrário, participa em nossa opressão. Por isso, Barack Obama, você faz parte do inimigo de nosso povo. Mas gostaria muito que você demonstrasse que estou equivocado. Barack Obama, quero engolir as minhas palavras. O que você pode fazer para eu tragar minhas palavras e te pedir desculpas? Abra a tua boca para falar sobre o caso de Mumia Abu-Jamal e dê ordens aos teus terroristas, tuas bestas, teus assassinos para soltar este homem. Ele é inocente. Se você quer fazer isso suavemente, diga a eles para ordenar um novo julgamento porque assim ele pode demonstrar sua inocência e não aparentar que recebe favores especiais. Portanto, sim, Barack Obama é o pior Uncle Tom na história da humanidade, mas ficarei feliz em me retratar caso ele cumprir com seu dever e levantar sua voz sobre o caso de Mumia Abu-Jamal. Muitas outras coisas podem ser ditas sobre Barack Obama mas é perda de tempo. Quanto antes esta etapa da história terminar e nosso povo se der conta do que está acontecendo e entender o papel dos africanos que operam como neo-colonialistas contra o nosso próprio povo, mais cedo teremos uma revolução e seremos um povo liberado e livre novamente, na África e em outras partes do mundo. Paz.”

Os gritos continuam, destacando quem são os terroristas e os assassinos.

http://www.youtube.com/watch?v=a40iEs7_zGo

E as ações em torno de 9 de dezembro estão sendo anunciadas em um número crescente de cidades, inclusive Londres, México D.F. e São Paulo.

Amig@s de Mumia do México
Tradução > Marcelo Yokoi

Agende-se!
Manifestação em Solidariedade a Mumia Abu-Jamal no dia 10 de dezembro em frente ao Consulado dos EUA, em São Paulo. Mais infos: http://anarcopunk.org/mumialivre/

agência de notícias anarquistas-ana
primavera
até a cadeira
olha pela janela

Alice Ruiz

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