Os 10 anarquistas mais marcantes da história e seus pensamentos
De Bakunin a Nechayev, o movimento anarquista possui
correntes diferentes e até opostas, mas o objetivo ainda é uma sociedade sem
Estado e desigualdades.
Uma das mais radicais ideologias de esquerda, o anarquismo
visa, principalmente, o fim de todo e qualquer tipo de dominação. Críticos
ferrenhos do capitalismo e do próprio Estado, os anarquistas tem como horizonte
uma sociedade baseada na auto-gestão e na cooperação entre seus integrantes.
Para alcançá-la, porém, teóricos do movimento discordam e concordam entre si,
criando diferentes vertentes dentro da ideologia revolucionária.
Conheça alguns dos principais nomes do anarquismo no mundo.
1. Piotr Kropotkin – Anarco-comunismo
Nascido numa abastada família nobre da Rússia, Kropotkin
(1842-1921) é considerado por muitos o fundador do anarco-comunismo pacifista.
Geógrafo, tinha uma visão racionalista e organizada do anarquismo, em que a
violência e os símbolos do anarquismo, como a bandeira negra e a caveira,
deveriam ser deixados de lado.
De tendências mutualistas, o anarquista russo abominava a
violência e acreditava num mundo sem desigualdades baseado na dissolução do
Estado e na cooperação voluntária e mútua entre homens livres, onde o salário
não seria relevante e as ações sociais se pautassem na necessidade popular.
2. Pierre-Joseph Proudhon – Mutualismo
Também ligado ao pacifismo, Proudhon (1809-1865) foi
economista e teórico político que carregava uma descrença na revolução
violenta, creditando a desobediência civil como método correto. Como um dos
fundamentadores de termos básicos do anarquismo, (mutualismo, cooperativas de
crédito e federalismo) ele foi um dos primeiros a se autodeclarar anarquista,
sendo chamado de socialista utópico por Marx, de quem foi próximo.
Proudhon escreveu diversos textos sobre a propriedade
privada, chegando à famosa frase “A propriedade é um roubo!”. De tendências
pragmáticas, sua ideologia seguiu o objetivo de encontrar alternativas cabíveis
à realidade capitalista, defendendo a criação de cooperativas e um banco
operário. Entretanto, suas obras não sobreviveram as oposições do próprio
movimento.
3. Mikhail Bakunin – Coletivismo
Um dos maiores nomes do anarquismo, o revolucionário russo
tinha como principio norteador a noção de liberdade, onde os militantes de
esquerda deveriam lutar sem cair na armadilha de se tornarem os próximos
tiranos. Assim, teve uma forte desavença com Marx, seu amigo pessoal,
criticando o autoritarismo da proposta socialista.
Sua principal contribuição foi a conceitualização de
coletividade, que é vista por ele como elemento essencial da liberdade. Na
visão coletivista, que é bastante crítica a Proudhon, indivíduo e a sociedade
são categorias defensáveis e com relações, e Bakunin (1814-1876) propõe uma
análise dialética que permita o entendimento da sociedade capitalista com o
objetivo de destruir o Estado e a propriedade privada.
4. Lev Tolstoi – Anarquismo cristão
Entrando para a História como um dos maiores escritores da
Rússia e do mundo, Tolstói (1828-1910) foi também um teórico do anarquismo.
Partindo de uma teologia política, ele acreditava que a corrente, como
realidade social sem desigualdades e baseada na humanização das relações, era
um elemento básico para a leitura dos Evangelhos.
A singularidade do russo está na superação da esquerda
cristã do século 19, que defendia o fim das estruturas sem citar alternativas,
enquanto Tolstói era a favor do fim da sociedade ortodoxa com o objetivo de
atingir um Governo Soberano de Deus, com princípios anarquistas. Pacifista
vegano, ele entendia que um dos principais problemas da Rússia era a dominação da
população civil por um Estado fundido à Igreja.
5. Errico Malatesta – Voluntarismo
Com mais de 60 anos de militância anarquista, é difícil
estabelecer o pensamento conciso do autor. Um dos principais elementos
necessários é: Malatesta, que era essencialmente pragmático. Não tinha o
objetivo de ser um teórico da política, ele foi um importante agente político
em favor de greves e insurgências na Itália.
Defensor da noção pura de anarquismo, ele defendia não só o
fim do Estado, mas o fim dos governos e, portanto, da ordem padronizada. A
sociedade anarquista seria baseada na ação voluntária.
Negando as correntes hiper-racionalistas e futuristas no
anarquismo, Malatesta defendia que é impossível se fundamentar uma sociedade
sem moral, e que ela não deveria ser um alvo em si dos anarquistas. Ou seja,
mais do que querer um mundo sem moral, era necessário extinguir a moral
burguesa e fundamentar uma comunidade em que todos seriam legitimados pela
cooperação interna dela.
6. José Oiticica – Anarquismo no Brasil
Mais conhecido como um profissional das letras do que
teórico do anarquismo, Oiticica (1882-1957) entrou para a História do Brasil
por suas atuações em São Paulo em nome da melhoria da vida dos trabalhadores e
a criação de uma comunidade autônoma e igualitária.
Deixou sua marca durante a Greve Geral de 1918, inspirada na
Revolução Russa. Além disso, foi jornalista, dramaturgo e poeta, criando e
mantendo veículos que difundiam arte e discussões políticas do anarquismo.
Oiticica também tem relevância na História da Educação, pois
foi um dos principais nomes da organização das Escolas Anarquistas do ABC, em
que uniu as necessidades populares dos operários a quem ensinava com os
princípios da sociabilidade anticapitalista, desenvolvendo um projeto de ensino
e alfabetização verdadeiramente revolucionário.
7. Sergey Nechayev – Anarquismo Niilista
Um dos nomes mais renegados do anarquismo, Nechayev
(1847-1882) integrou a uma espécie de escola conhecida como Anarquismo
Niilista, que ao mesmo tempo em que não via sentido inexorável em nenhuma
instância da vida, também negava uma forma única e funcional de realizar uma
revolução. Para ele, a ordem era: fomentar a mudança utilizando qualquer meio
necessário. Ou seja, violência política e terrorismo eram opções.
8. Emma Goldman – Anarcafeminismo
Nascida na Lituânia, Goldman (1869-1940) foi uma importante
fomentadora de movimentos trabalhistas na América do Norte e creditada pela
relevante união entre anarquismo e feminismo. Escreveu sobre temas diversos,
como o capitalismo, as prisões, liberdade de expressão, aborto e contracepção,
militarismo, casamento, amor livre, educação e homossexualidade. Sempre
carregava um livro consigo, sabendo da possibilidade de ser injustamente presa.
Uma das pioneiras da luta pela emancipação das mulheres nos
EUA e Canadá, ela é responsável por diversos ensaios e conferências que reuniam
milhares de pessoas. Nunca separou a questão de gênero da questão de classe,
associando sua luta de emancipação às questões sindicais, laborais e legais.
9. Buenaventura Durruti – Anarco-sindicalismo
Esse importante sindicalista espanhol foi um dos principais
líderes da esquerda durante a resistência contra Franco na Guerra Civil
Espanhola, comandando milhares de pessoas numa coluna que foi o maior
agrupamento militar do período.
Um exímio crítico às estruturas engessadas da esquerda e ao
pistoleirismo patronal das centrais sindicais espanholas, Durruti (1896-1936)
destacando-se na Confederación Nacional del Trabajo, de caráter anarquista.
Seu papel operacional ganhou destaque na formação das
milícias anarquistas que colaboraram com os republicanos no combate ao
fascismo. Nunca escreveu nenhum tratado sobre o anarquismo e não se dedicou a
uma teoria, mas sua atuação e seu legado são reconhecidos pelos grandes
anarquistas, principalmente por ser de origem humilde, trabalhar como operário
e organizar a insurgência armada.
10. Nestor Makhno – Plataformismo
O importante organizador militar da Ucrânia marcou a
historia do anarquismo por seu confronto direto não apenas com os czaristas e
conservadores, mas também com os antigos aliados comunistas durante a Guerra
Civil Russa. Contra o autoritarismo de Lenin, comandou a Revolução Ucraniana,
onde, a partir dos ideais anarco-comunistas, desenvolveu uma comunidade com
pretensões igualitárias.
Quando foi exilado da Rússia, durante os expurgos
bolcheviques, se deu conta do nível de desorganização de sua unidade, fazendo-o
refletir e estabelecer a doutrina plataformista.
Segundo Makhno (1888-1934), faz-se necessário um nível
organizativo e disciplinar sério para o sucesso do projeto anarquista, ou seja,
a estruturação prática militar faz parte do projeto de emancipação, em que a
unidade de libertação possui coesões ideológicas e de projeto, mas alguém dita
as ordens táticas. “Fazer do anarquismo na luta de classes não uma questão
episódica, mas um fator relevante”.
Saiba mais sobre anarquismo pelas obras abaixo:
1. Notas sobre o anarquismo, de Noam Chomsky – https://amzn.to/37LeH1V
2. Os Grandes escritos anarquistas, de George Woodcock
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3. História do Anarquismo, de Jean Préposiet – https://amzn.to/37IsshV
4. Anarquismo: O que significa?, de Emma Goldman – https://amzn.to/2qTyQ5g
Fonte: https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/conheca-os-10-anarquistas-mais-marcantes-da-historia-e-seus-pensamentos.phtml
agência de notícias anarquistas-ana
Som do vento, apenas…
E, na árvore, uma coruja —
Início de noite.
Marco Aurélio Goulart
Fonte: https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2019/12/19/os-10-anarquistas-mais-marcantes-da-historia-e-seus-pensamentos/
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