Suprema Corte americana rejeita recurso de Mumia Abu-Jamal
A Suprema Corte dos Estados Unidos recusou-se nesta segunda-feira, 06 de outubro, a examinar o recurso apresentado por Mumia Abu-Jamal, pela realização de um novo julgamento.
O advogado desse ex-jornalista de rádio e militante dos "black panthers", hoje com 54 anos e que clama sua inocência no caso da morte em 1981 do policial Daniel Faulkner, já anunciou que impetraria um segundo recurso na Suprema Corte, por racismo.
"Não descansarei enquanto Mumia não for colocado em liberdade. Mantê-lo na prisão e no corredor da morte é uma paródia da justiça e uma afronta às normas civilizadas", reiterou em setembro Robert Bryan.
Seu recurso impetrado em julho na mais alta jurisdição do país pede aos nove juízes que um novo processo seja autorizado "quando existem provas de que a Polícia convenceu uma testemunha de identificar a pessoa errada como autor do assassinato de um policial".
No final de março, por 2 votos a 1, a Corte de Apelação Federal da Filadélfia anulou a sua condenação à morte, mas reafirmou sua culpabilidade.
A condenação à morte será comutada automaticamente por prisão perpétua, a menos que a acusação se apresente novamente diante de um júri para tentar obter a pena de morte.
Mumia Abu-Jamal contestava principalmente o fato de dez dos 15 jurados potenciais terem sido recusados pela acusação serem negros. O Código Penal proíbe que um jurado potencial seja recusado em razão da cor da sua pele. O júri final teve dez brancos e dois negros.
Para a Corte de Apelação, a defesa não tinha apresentado elementos suficientes que levassem a crer que as recusas deveram-se à raça dos jurados potenciais.
Mumia Abu-Jamal é jornalista há anos dedicado à luta pelos direitos civis. Na prisão escreveu o livro Live from Death Row (Ao vivo do corredor da morte), cujo texto, traduzido para várias línguas e em vários países, se transformou num libelo anti-racista. Em texto de 1995, Jamal reafirmou sua combatividade: "Continuo escrevendo. Continuo lutando. Continuo combatendo o sistema com a verdade. Continuo me rebelando contra o sistema que quis me matar há 13 anos e que ainda quer fazê-lo hoje." Quando estudante secundarista, Jamal foi assessor de imprensa do Partido Panteras Negras. Trabalhou em rádio, dirigiu seu próprio programa na WUHY-FM, na Filadélfia, e aos 26 anos foi eleito presidente da Associação dos Jornalistas Negros da Filadélfia. É militante do Move, uma organização de negros radicais utópicos da Filadélfia que rechaça os valores da sociedade capitalista, desafia abertamente o poder oficial e promulga que o sistema é totalmente corrupto e destrói a vida no planeta. O Move vem sendo perseguido pela polícia norte-americana de forma brutal desde 1977.
Mais infos: www.mumia.org ou www.freemumia.org
Fonte: France Press
quarta-feira, 8 de outubro de 2008
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