Ao longo do rio Nilo, vivem exatos 866 ateus, ao menos segundo a Dar al-IFTA, instituição estatal egípcia que difunde explicações sobre assuntos relacionados ao islã. De acordo com a entidade, a proporção de 0,001% da população do Egito não é, de forma alguma, insignificante, mas sim um motivo de alerta. Afinal, não há nenhum outro país no mundo árabe com mais ateus. O Marrocos viria em segundo lugar, com 325 indivíduos sem religião.
Os dados da Dar al-IFTA contrastam com os de uma pesquisa
realizada pela Universidade Al-Azhar, do Cairo, em 2014. A universidade, que
ostenta muito prestígio no islamismo sunita, entrevistou 6 mil jovens e, a
partir dos resultados, estimou que 12,3% da população egípcia não siga uma
religião. Com uma população de aproximadamente 87 milhões, o Egito teria,
portanto, 10,7 milhões de ateus.
Em outubro de 2014, num programa da televisão estatal
egípcia, o sheik de Al-Azhar, Ahmad al-Tayyib, já chamara atenção para o fato
de que o ateísmo não seria mais um fenômeno marginal no país. O afastamento
consciente das religiões seria um desafio social, disse.
Segundo o jornal Gulf News, os ministérios para Juventude e
Fundações Religiosas já anunciaram campanhas contra tal atitude. Religiosos
moderados, psicólogos, cientistas sociais e outros foram convocados para
combater a perda da fé entre os jovens.
“Os jovens são alienados por pregadores militantes, que lhes
dizem, dia e noite, que eles irão para o inferno”, descreveu o professor da
Universidade Al-Azhar, Amnah Nusayr.
Muçulmano ou cristão, quase ninguém no Oriente Médio se
distancia publicamente de qualquer forma de religião. No entanto, depois dos
tumultos da Primavera Árabe, em 2011, o número daqueles que o fazem parecer
estar crescendo. Na maioria dos países árabes, surgiram grupos ateístas com
páginas próprias no Facebook.
No grupo “Ateus tunisianos”, cerca de 6.900 internautas
clicaram o botão de “curtir”. Já no “Ateus sudaneses” foram aproximadamente 3
mil. O grupo “Sociedade Ateísta do Egito” contabiliza 585 “curtidas”, e o
“Feministas ateias na Arábia Saudita”, 61.Especialmente a Arábia Saudita, onde prevalece uma interpretação particularmente rigorosa do islã, se sente ameaçada pelo ateísmo. O governo local declarou que, da perspectiva da aplicação da lei, tal postura é tão ruim quanto o terrorismo com motivação religiosa.
O instituto de pesquisa de mercado Win/Gallup International
verificou num panorama mundial para a Arábia Saudita, em 2012, que 19% da
população se enquadram como não religiosos. Outros 5% se descrevem como
ateístas. Para efeito de comparação: a mesma pesquisa não registrou nenhuma
pessoa ateia no Iraque, onde apenas 9% se declararam “não religiosos”.
A dura reação contra pessoas que silenciosamente estão dando
as costas à religião surpreende, dado o perigo real representado por islamistas
radicalizados. Por um lado, os motivos são religiosos: no islã, a semeadura da
discórdia é considerada um pecado grave. Aquele que nega a Deus é facilmente
visto como alguém que poder espalhar a discórdia entre os fiéis.
Na maioria dos países árabes, não é expressamente proibido
ser ateu. Mas as leis contra a difamação religiosa deixam margem de manobra
para tomar medidas contra a prática. Casos do tipo são constantemente
documentados por movimentos civis e de direitos humanos.
Fonte: http://www.paulopes.com.br/2017/07/ateismo-crescente-preocupa-paises-do-oriente-medio.html#.WW-gsITyu1tConteúdo relacionado:
https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2017/06/14/eua-estudo-revela-por-que-o-ateismo-apavora-tanta-gente/
agência de notícias anarquistas-ana
Como que levadapela brisa, a borboleta
vai de ramo em ramo.
Matsuo Bashô
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