O Brasil nasceu no Império e assim segue. As oligarquias imperialistas das regiões sulistas e brancas do Império, aliadas às oligarquias coloniais do Nordeste e do Norte, conseguem não só manter-se, desde a época da escravidão, mas também com a chegada dos meios de comunicação nas décadas de 60, 70 e 80 do século passado e da informática nos últimos 20 anos, conseguem êxito em manter e aumentar a exploração sobre os trabalhadores ao passo em que deixam a massa ainda mais alienada.
Na
Década Sócio-liberal, o sonho induzido às massas alienadas e ignorantes de
elevarem-se à categoria de consumidores médios (cidadãos), acabou com o golpe
burocrático-legal imposto pelos mesmos aliados do Governo deposto.
As
oligarquias não estavam dispostas a continuar a dar qualquer pedaço do bolo:
sua ganância psicopática exige roubar tudo e agora. As burocracias culturais,
partidárias e sindicais, acomodadas nos salários seguros e saborosos do Estado,
servos leais das Oligarquias, não eram, como já se comprovou, inimigos, mas,
parceiros na putrefata tarefa de manter os explorados e oprimidos imersos na
eterna desmobilização, no incontestável assistencialismo, paternalismo e
alienação estatal e ou religiosa.
É
digno de atenção como uma década de liberalismo social burocrático e populista
pode desaparecer totalmente em um ano de governo das Oligarquias tradicionais,
aliadas, como não, com seus pares estrangeiros.
Os
“direitos” dos trabalhadores, indígenas, quilombolas, estudantes e a brutal
exploração do território, o uso indiscriminado de agrotóxicos, além dos desastres
ecológicos impunes, a liberação de Licenças Ambientais, tem sofrido em poucos
meses, modificados de forma que permita às Oligarquias acumularem muito mais
dinheiro e poder, e para que as pessoas sejam ainda mais exploradas, oprimidas
e alienadas.
As
burocracias municipais, estaduais, federais, sindicais, universitárias e de
ONGs também tem sido afetadas. Todo esse movimento social é semelhante ao que
ocorreu na Europa ou nas Américas, mas o que levou décadas para deteriorar-se
lá, no Império Brasil foi alcançado em pouco mais de 12 messes.
E
ainda não acabou, pois a recente militarização do Rio de Janeiro, a Reforma da
Previdência, a venda do Aquífero Guarani, a Militarização e Venda da Amazônia
negociadas com seus sócios e companheiros norte-americanos, demonstram
tragicamente que as ânsias predatórias da Oligarquia Psicopática que dominam o
Império Brasil ainda não estão satisfeitas ou saciadas. Para a Oligarquia
Imperialista Brasileira, o território e seus habitantes são meios para aumentar
seus patrimônios, benefícios e delírios.
O
fazem de forma efetiva graças à capacidade em se disfarçar como “Estado de
Direito” e “República Federativa”, contudo, basta apenas a leitura das notícias
diárias para ver facilmente que a divisão de poderes entre executivo,
legislativo e judiciário no Império Brasil é uma grande mentira propagada pelas
mídias e meios de comunicação de massa, totalmente dominados e controlados por
seus proprietários, as Oligarquias.
A
Justiça é outra corrupção descaradamente hipócrita, delirante e inapresentável.
As
supostas organizações ou movimentos que, supostamente, enfrentam a estas
Oligarquias, como em qualquer Estado ou Império, também estão corruptas e
burocratizadas. Mas, uma das características do Império Brasil em sua fração de
“esquerda”, é a forma triste e bruta de vender-se e beijar a mão do opressor,
compartilhando de sua lógica (Democracia, Estado de Direito, Pátria-Nação,
Paternalismo, Liderismo…) e com soberba presunção, hipocritamente utilizar-se
da situação de opressão do povo para jogar discursos tão inúteis como
retrógrados.
Sua
função de recuperadores à serviço dos oligarcas é evidente, e até mesmo alguns
destas esquerdas são tão autoritários e obtusos, que nem sabem a quem servem,
amparados por um marxismo vulgar, cheio do frente populismo mais repugnante e
regado com academicismo asqueroso. Esperar algo de todas essas esquerdas
acomodadas, sindicatos burocráticos e ineficientes, academias tristes e
presunçosas é tão inútil e ilusório como rezar para que em um bem-aventurado
dia o Império Brasil se refaça e se torne uma democracia escandinava.
O
tratamento assassino da polícia contra a população da periferia, pobre (61.000
homicídios em 2016), número de encarcerados (730.000), o autoritarismo,
racismo, xenofobia e machismo a cada dia maior entre as Oligarquias, pequena
burguesia e até entre os trabalhadores e pobres alienados, é escandaloso. A
polícia e os meios de comunicação são tão brutos e alienantes quanto os seus
pares norte-americanos… ou mais!
Sem
a proposta de Autonomia e Autogestão, não há como se pensar em mudança para os
povos oprimidos. Continuar acompanhando as organizações burocráticas é perder
energia e tempo, desperdiçar situações.
Acabar
com o Império Brasil, iniciar um caminho nesta direção exige uma ação municipal
e regional, esquecendo-se de uma vez das “Coordenações Nacionais” que apenas
repetem a dialética territorial e a ideologia burguesa repassada dos
opressores, burocratizando ainda mais qualquer tentativa legítima de se iniciar
algum movimento autônomo de base. Continuar acompanhando as organizações
religiosas ou marxistas corriqueiras é ir a lugar nenhum.
Construir
Assembleias Autônomas convocadas e autogeridas pelas mesmas Comunidades, e não
pela lista interminável de organizações de esquerda, ONGs e burocratas
culturais e acadêmicos, para avançar na Autonomia dos indivíduos, das
Comunidades, na perspectiva da Autogestão generalizada.
Construir
escolas livres, um sistema de saúde alternativo, autogestão de alimentos
saudáveis para a comunidade, um sistema de habitação autogerido e igualitário,
indústrias ecológicas e úteis, aposentadorias dignas e progressivas,
solidariedade de vizinhança e comunidade… Podem ser alcançados de forma
autônoma, assemblearia e autogestiva.
Para
se alcançar uma justiça restaurativa e não punitiva, para acabar com a Guerra
das Drogas, com as prisões desumanas e as pragas da marginalidade e do crime
cotidiano, é necessária outra cultura, de Solidariedade e Apoio Mútuo e, acima
de tudo, deixar de confiar na Reforma de Impérios ou Estados que historicamente
provaram ser assassinos corruptos e ineficazes.
Esperar
que o Estado ou o Império dos Oligarcas e dos Burocratas facilitem a Autonomia
e a Autogestão é inútil e ilusório. Basta conhecer a história dos últimos 200
anos. Certamente, as realidades mexicanas dos zapatistas em Chiapas ou as
autodefesas em Guerrero, o movimento Mapuche na região chilena e na Argentina,
ou as Autodefesas Indígenas no Cauca colombiano podem servir de referência. Ou
a auto-organização de cidades, municípios e comarcas na Bolívia ou entre as
comunidades indígenas no Equador. Também as práticas no Curdistão de
Municipalismo Libertário – Confederalismo Democrático – deveriam servir para
aprender sobre a Autogestão da Comunidade e sobre a nocividade dos Estados e
dos Impérios Capitalistas, Patriarcais e Ecocidas
Destruir
o Império Brasil e construir Comunidades e Municípios livres. Autonomia contra
a burocracia e a psicose social. Vamos colocar nossa inteligência,
sensibilidade, vontade, cultura e organização à serviço da ação libertadora.
– Irrecuperável –
Upaon
Açu, Março de 2018
Conteúdo
relacionado:
agência
de notícias anarquistas-ana
Nesse
fim de mundo
Um girassol solitário —
A quem marca as horas?
Um girassol solitário —
A quem marca as horas?
Neide
Rocha Portugal
Nenhum comentário:
Postar um comentário