sexta-feira, 6 de abril de 2018

Situação no Império Brasil: as Oligarquias se levantam, as Burocracias caem – por A.N.A.

Situação no Império Brasil: as Oligarquias se levantam, as Burocracias caem
O Brasil nasceu no Império e assim segue. As oligarquias imperialistas das regiões sulistas e brancas do Império, aliadas às oligarquias coloniais do Nordeste e do Norte, conseguem não só manter-se, desde a época da escravidão, mas também com a chegada dos meios de comunicação nas décadas de 60, 70 e 80 do século passado e da informática nos últimos 20 anos, conseguem êxito em manter e aumentar a exploração sobre os trabalhadores ao passo em que deixam a massa ainda mais alienada.

Na Década Sócio-liberal, o sonho induzido às massas alienadas e ignorantes de elevarem-se à categoria de consumidores médios (cidadãos), acabou com o golpe burocrático-legal imposto pelos mesmos aliados do Governo deposto.

As oligarquias não estavam dispostas a continuar a dar qualquer pedaço do bolo: sua ganância psicopática exige roubar tudo e agora. As burocracias culturais, partidárias e sindicais, acomodadas nos salários seguros e saborosos do Estado, servos leais das Oligarquias, não eram, como já se comprovou, inimigos, mas, parceiros na putrefata tarefa de manter os explorados e oprimidos imersos na eterna desmobilização, no incontestável assistencialismo, paternalismo e alienação estatal e ou religiosa.

É digno de atenção como uma década de liberalismo social burocrático e populista pode desaparecer totalmente em um ano de governo das Oligarquias tradicionais, aliadas, como não, com seus pares estrangeiros.

Os “direitos” dos trabalhadores, indígenas, quilombolas, estudantes e a brutal exploração do território, o uso indiscriminado de agrotóxicos, além dos desastres ecológicos impunes, a liberação de Licenças Ambientais, tem sofrido em poucos meses, modificados de forma que permita às Oligarquias acumularem muito mais dinheiro e poder, e para que as pessoas sejam ainda mais exploradas, oprimidas e alienadas.

As burocracias municipais, estaduais, federais, sindicais, universitárias e de ONGs também tem sido afetadas. Todo esse movimento social é semelhante ao que ocorreu na Europa ou nas Américas, mas o que levou décadas para deteriorar-se lá, no Império Brasil foi alcançado em pouco mais de 12 messes.

E ainda não acabou, pois a recente militarização do Rio de Janeiro, a Reforma da Previdência, a venda do Aquífero Guarani, a Militarização e Venda da Amazônia negociadas com seus sócios e companheiros norte-americanos, demonstram tragicamente que as ânsias predatórias da Oligarquia Psicopática que dominam o Império Brasil ainda não estão satisfeitas ou saciadas. Para a Oligarquia Imperialista Brasileira, o território e seus habitantes são meios para aumentar seus patrimônios, benefícios e delírios.

O fazem de forma efetiva graças à capacidade em se disfarçar como “Estado de Direito” e “República Federativa”, contudo, basta apenas a leitura das notícias diárias para ver facilmente que a divisão de poderes entre executivo, legislativo e judiciário no Império Brasil é uma grande mentira propagada pelas mídias e meios de comunicação de massa, totalmente dominados e controlados por seus proprietários, as Oligarquias.

A Justiça é outra corrupção descaradamente hipócrita, delirante e inapresentável.

As supostas organizações ou movimentos que, supostamente, enfrentam a estas Oligarquias, como em qualquer Estado ou Império, também estão corruptas e burocratizadas. Mas, uma das características do Império Brasil em sua fração de “esquerda”, é a forma triste e bruta de vender-se e beijar a mão do opressor, compartilhando de sua lógica (Democracia, Estado de Direito, Pátria-Nação, Paternalismo, Liderismo…) e com soberba presunção, hipocritamente utilizar-se da situação de opressão do povo para jogar discursos tão inúteis como retrógrados.

Sua função de recuperadores à serviço dos oligarcas é evidente, e até mesmo alguns destas esquerdas são tão autoritários e obtusos, que nem sabem a quem servem, amparados por um marxismo vulgar, cheio do frente populismo mais repugnante e regado com academicismo asqueroso. Esperar algo de todas essas esquerdas acomodadas, sindicatos burocráticos e ineficientes, academias tristes e presunçosas é tão inútil e ilusório como rezar para que em um bem-aventurado dia o Império Brasil se refaça e se torne uma democracia escandinava.

O tratamento assassino da polícia contra a população da periferia, pobre (61.000 homicídios em 2016), número de encarcerados (730.000), o autoritarismo, racismo, xenofobia e machismo a cada dia maior entre as Oligarquias, pequena burguesia e até entre os trabalhadores e pobres alienados, é escandaloso. A polícia e os meios de comunicação são tão brutos e alienantes quanto os seus pares norte-americanos… ou mais!

Sem a proposta de Autonomia e Autogestão, não há como se pensar em mudança para os povos oprimidos. Continuar acompanhando as organizações burocráticas é perder energia e tempo, desperdiçar situações.

Acabar com o Império Brasil, iniciar um caminho nesta direção exige uma ação municipal e regional, esquecendo-se de uma vez das “Coordenações Nacionais” que apenas repetem a dialética territorial e a ideologia burguesa repassada dos opressores, burocratizando ainda mais qualquer tentativa legítima de se iniciar algum movimento autônomo de base. Continuar acompanhando as organizações religiosas ou marxistas corriqueiras é ir a lugar nenhum.

Construir Assembleias Autônomas convocadas e autogeridas pelas mesmas Comunidades, e não pela lista interminável de organizações de esquerda, ONGs e burocratas culturais e acadêmicos, para avançar na Autonomia dos indivíduos, das Comunidades, na perspectiva da Autogestão generalizada.

Construir escolas livres, um sistema de saúde alternativo, autogestão de alimentos saudáveis para a comunidade, um sistema de habitação autogerido e igualitário, indústrias ecológicas e úteis, aposentadorias dignas e progressivas, solidariedade de vizinhança e comunidade… Podem ser alcançados de forma autônoma, assemblearia e autogestiva.

Para se alcançar uma justiça restaurativa e não punitiva, para acabar com a Guerra das Drogas, com as prisões desumanas e as pragas da marginalidade e do crime cotidiano, é necessária outra cultura, de Solidariedade e Apoio Mútuo e, acima de tudo, deixar de confiar na Reforma de Impérios ou Estados que historicamente provaram ser assassinos corruptos e ineficazes.

Esperar que o Estado ou o Império dos Oligarcas e dos Burocratas facilitem a Autonomia e a Autogestão é inútil e ilusório. Basta conhecer a história dos últimos 200 anos. Certamente, as realidades mexicanas dos zapatistas em Chiapas ou as autodefesas em Guerrero, o movimento Mapuche na região chilena e na Argentina, ou as Autodefesas Indígenas no Cauca colombiano podem servir de referência. Ou a auto-organização de cidades, municípios e comarcas na Bolívia ou entre as comunidades indígenas no Equador. Também as práticas no Curdistão de Municipalismo Libertário – Confederalismo Democrático – deveriam servir para aprender sobre a Autogestão da Comunidade e sobre a nocividade dos Estados e dos Impérios Capitalistas, Patriarcais e Ecocidas

Destruir o Império Brasil e construir Comunidades e Municípios livres. Autonomia contra a burocracia e a psicose social. Vamos colocar nossa inteligência, sensibilidade, vontade, cultura e organização à serviço da ação libertadora.

– Irrecuperável –

Upaon Açu, Março de 2018

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