Unidade da esquerda palestina
A questão palestina é a mais injusta em um mundo povoado de injustiças. A ocupação colonial dos terrritórios palestinos visa não apenas bloquear a possibilidade - reconhecida, da mesma forma que a existência do estado de Israel, do direito dos palestinos de possuir um estado com as mesmas características -, mas a tentar aniquilar a identidade, a memória e capacidade de resistência dos palestinos.
Uma das fraquezas dessa luta é a falta de unidade da esquerda palestina, o que favorece a difícil contraposição entre a chamada Autoridade Palestina e o Hamas, cuja polarização, ao invés de contribuir para unir o povo palestino, agudiza suas contradições e apela até mesmo para a violência para tentar resolver seus conflitos.
Uma conferência que busca unir todas as forças da esquerda palestina, características por seu caráter unitário e laico, se realizou no final de junho. Difundimos aqui as resoluções, pedindo sua máxima difusão.
Resolução final da Conferência Internacional “Experiências de unificação de partidos e movimentos de esquerda na Palestina e no mundo”
Em um ambiente cheio de confiança e de esperança sobre a retomada da esquerda palestina de seu papel e posição de liderança na luta de libertação do nosso povo da ocupação colonial e da hegemonia colonial imperialista e na liderança da luta democrática dos setores marginalizados contra a injustiça e a corrupção e para conseguir a justiça social, o Tayyar Nacional Democrático Progressista organizou junto com a Fundação Rosa Luxemburgo na Palestina uma Conferencia Internacional com o título “As experiências de unificação de partidos e movimentos de esquerda na Palestina e no mundo” do dia 26 ao dia 28 de junho de 2009. A Conferência discutiu com a presença de líderes e intelectuais do Brasil, de El Salvador, do Paraguai, da Bolívia, da Índia, da Alemanha, da França, da Grécia, da Bélgica, da Espanha, da Noruega e da Palestina, vários temas importantes.
A Conferência foi aberta com o discurso de Tayyar Nacional Democrático Progressista no seu caráter de organizador e com a palavra da fundação da esquerda alemã Rosa Luxemburgo na Palestina. A primeira sessão constou de três intervenções que trataram da experiência das forças e partidos da esquerda para conseguir a unidade e liderar a luta dos setores marginalizados na Bolívia, em El Salvador e no Paraguai. A segunda sessão constou de três exposições que trataram do papel dos jovens e dos movimentos sociais e das experiências de unidade da esquerda e das conquistas obtidas na Alemanha, na França e na Grécia. A terceira sessão se concentrou em apresentar e tratar de resolver sobre critérios sobre o desenvolvimento dos movimentos políticos na América Latina e sobre a construção da unidade da esquerda no Sul da Ásia e sobre os efeitos da crise financeira internacional sobe as opções da esquerda no mundo.
O segundo dia foi aberto com a participação de Gaza através de uma vídeo conferência com a palavra do comitê organizador e em seguida, na primeira sessão, foram apresentadas três visões de três dos partidos da esquerda – o Partido do Povo Palestino, a Frente Popular e a Frente Democrática sobre as necessidades e os mecanismos de unidade da esquerda palestina. E na segunda sessão três intervenções trataram das experiências do passado da unidade da esquerda palestina e as causas da divisão e das diferenças entre os partidos da esquerda desde 1967, e a quarta intervenção tratou da realidade das forças de esquerda na Palestina em geral.
A sexta sessão se dedicou a apresentar as exposições de Tayyar e as justificações da sua existência e seu futuro, seus mecanismos e seu programa político. E se terminou com a sessão de recomendações na qual se constituiu um comitê de seguimento para colocar em pratica as resoluções da Conferência.
À margem da Conferência os convidados dos países estrangeiros realizaram visitas às regiões de Nablus, de Jerusalém, de Belém e de Hebron, onde tiveram a oportunidade de ver de perto as práticas da ocupação, especialmente o colonialismo e a demolição de casas e o Muro da segregação racial, além de visitarem algumas instituições e lugares importantes e levaram a cabo reuniões com os ativistas de Tayyar que lhes explicaram todos os aspectos da vida do povo palestino e seu sofrimento com a ocupação e suas ações e sobre os preparativos para realizar o Congresso Constituinte do Tayyar, além de se entrevistar com os líderes dos partidos de esquerda.
A Conferência, depois da sua conclusão, tendo realizado seus objetivos, ressalta o seguinte:
1. As tarefas de libertação nacional e o fim da ocupação nacional e da hegemonia colonial imperialista são enormes e requerem os grandes sacrifícios e a liderança e a luta do povo palestino, e isto não se consegue sem a participação forte e ativa da esquerda palestina na luta nacional e nos órgãos de liderança.
2. A Resistência à ocupação e às suas práticas e colonialismo e a construção do muro e a demolição de casas e a matança e a prisão são tarefas permanentes que requerem que a esquerda deve trabalhar para sua permanência e sua difusão para ser método de vida.
3. As forças de luta palestina devem estar unidas na luta contra a ocupação e as diferenças devem ser resolvidas mediante o dialogo profundo e não cair na violência e no uso das armas entre estas forças nacionais e se deve terminar com as detenções políticas.
4. Os participantes de forças, partidos, organizações, pessoas esquerdistas, democráticas e progressistas reiteraram a importância da unidade da esquerda em todos os lugares e especialmente na Palestina pela existência da ocupação e dos grandes sacrifícios para sua Resistência e pela situação de divisão que existe e pela qual uma de suas causas e a fraqueza da influencia da esquerda sobre os temas políticos e sociais.
5. A tarefa de construir um estado livre e democrático baseado nos princípios de justiça social não se consegue sem a unidade ativa das forças de esquerda e das forças progressistas.
6. As duas tarefas de reativar e unificar a esquerda com seus componentes de forças e partidos políticos e organizações e marcos sociais e populares e personalidades são duas tarefas paralelas e não separáveis.
7. As experiências fracassadas do passado por distintas razões não anulam a importância desta idéias e a e ao contrário demonstram a necessidade da sociedade palestina por esta unidade e em especial os setores mais prejudicados pela permanência da ocupação e suas práticas e suas repressões e os setores que são mais prejudicados pelas políticas de direita na Palestina e no Islã político.
8. As forças de esquerda estão obrigadas a colocar em prática o que decidiram sobre a importância de sua unidade e qualquer diferença em relação aos mecanismos dessa unidade não deve representar um meio para fugir dessa obrigação por parte de uma dessas forças, dado que os impedimentos são internos às forças de esquerda.
9. A unidade da esquerda não é simbólica para as estruturas dos partidos de esquerda, mas deve ser unidade de trabalho e ação que se penetre na luta nacional e social de todos os componentes da esquerda de partidos e forças e marcos sindicais e populares e forças e marcos sindicais e populares e instituições e personalidade, e esta unidade deve representar uma posição única de todos os temas presentes e, além disso, a unidade da estruturas e marcos organizativos e sociais e populares.
10. As experiências de unidade da esquerda em outros lugares do mundo apresentam alguns casos de sucesso, dado que os partidos unidos da esquerda chegaram ao poder em distintos países e em alguns conseguiram grandes êxitos, estas experiências representam um fator de impulso para a unidade.
11. As experiências dos povos que vimos nesta Conferência nos dão a esperança e o impulso para o trabalho permanente para conseguir a unidade da esquerda na Palestina.
12. A Conferência aprecia as posições da Venezuela e da Bolívia de romper suas relações diplomáticas com o Estado de Israel e solicita a todos os países do mundo e em especial aqueles em que as forças da esquerda têm um papel importante a que tomem uma posição similar. E a Conferência reivindica desenvolvimento de relações de amizade baseadas na luta comum contra as forças da repressão e para levar a cabo uma campanha de solidariedade com o povo da palestina em sua luta pela libertação nacional. E aqui reivindicamos a nossos companheiros nos partidos de esquerda a que apóiem a campanha para boicotar o estado de Israel e para pressionar a seus países para que não se aprove o Tratado de Livre Comércio com Israel.
13. A Conferência aprecia e respeita as lutas do povo palestino e os grandes sacrifícios de seus membros de mártires e feridos e prisioneiros resistentes, elogia as lutas de todos os povos reprimidos pelo colonialismo em todas as suas formas.
14. Nossos companheiros, depois de percorrer todas as regiões da pátria e de ver de perto as condições de vida do povo palestino através da Conferência e de suas viagens nas distintas regiões do país expressam sua solidariedade e apoio ao povo palestino e às suas forças de esquerda e democráticas.
15. Nos despedimos das delegações visitantes da Palestina e da esquerda palestina, apreciando muitíssimo sua participação para o sucesso desta Conferência através de suas intervenções e presença nas sessões e atividades e por suportas as dificuldades da viagem e cruzar as fronteiras nos aeroportos e pontos de controle.
16. Tayyar agradece a todos os que ajudaram na organização desta Conferência e, em especial, a Fundação Rosa Luxemburgo da Alemanha e sua equipe de trabalho em Ramallah e na Alemanha e ao comitê organizador desta Conferência e aos voluntários de todas as regiões, aos expositores e aos dirigentes das sessões e aos jornalistas e aos órgãos da mídia por cobrir esta Conferencia, suas sessões e atividades.
Além disso, agradece a todos os que participaram nesta Conferência de todas as cidades e províncias, e a nossos companheiros dentro da linha verde (Palestina 1948) e na faixa de Gaza, que participaram de algumas sessões pela vídeo conferência.
Finalmente, Tayyar Nacional Democrático Progressista continuará seus passos para fundar-se como um marco unido e agrupador dos esforços de todos os nacionalistas democráticos e, ao mesmo tempo, está aberto e disposto a aceitar qualquer iniciativa e mudança nas posições das forças e partidos existentes da esquerda.
O sucesso alcançado por esta Conferência deve ser aproveitado para conseguir a unidade em todos os lugares em que se há conseguido e especialmente nos países árabes pelo que decidimos realizar esta Conferência da esquerda em forma constante e anualmente.
Palestina, 29 de junho de 2009
Fonte: Blog do Emir (www.cartamaior.com.br)
segunda-feira, 20 de julho de 2009
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