quarta-feira, 4 de novembro de 2009
O “fogo amigo” tucano
O “fogo amigo” tucano
Do Fatos Novos, Novas Ideias
Começou a temporada de caça a Aécio
O rompimento de Aécio e Serra é definitivo. O mineiro não só não será vice do paulista, como poderá liderar uma dissidência que apoiaria outra candidatura como a de Ciro Gomes, por exemplo.
Há mais de mês disse neste blog que Aécio se rebelaria contra a estratégia tucana que focava a sucessão apenas em Serra. Logo depois o governador mineiro diria que não podia ser “refém” das indefinições do governador paulista. Mas só agora a grande mídia toca no assunto. Para simplificar vamos recapitular os fatos e a estratégia de Aécio:
Esta estratégia foi traçada há coisa de três meses e é simples, como devem ser os planos dos bons políticos. Ela escora-se em duas certezas: a de que Aécio não teria como desbancar a candidatura de Serra à presidência e a de ele se elege para o Senado com o pé nas costas. Então, enquanto a maioria pensa apenas em 2010, ele, aos 49 anos, pensa prioritariamente em 2014, sendo certo que, havendo fato novo, ele está pronto para montar no cavalo que passar arreado.
Embora suas relações com Serra sejam, desde sempre, de cordial antipatia ele não pode romper com um correligionário gratuitamente. Pareceria coisa de traíra. Quando é assim, são necessários bons pretextos. Um deles foi o calendário de campanha deliberadamente alongado por Serra, o que ficou parecendo como uma indefinição a respeito de sua própria candidatura. Foi quando Aécio disse que não ficaria aguardando “até o último suspiro”. Finalmente, na semana passada, houve a divulgação, sem prévio conhecimento de Aécio de um pesquisa na qual o eleitor reage satisfatoriamente a uma chapa Serra/Aécio. Desta vez a bronca foi grande e pública. Serra e o presidente do PSDB, Sérgio Guerra, tiveram que se explicar. Já era tarde. Dois dias depois Aécio, como que deixando escapar sem querer, disse que seria candidato ao Senado. Sem o mineiro como vice, a candidatura do paulista perde grande parte de seu gás.
Agora o arremate: Aécio que desde o início agiu de forma mais ou menos combinada com Ciro Gomes e César Maia (que lidera uma dissidência no DEM contra Serra), poderá, mais lá da frente, afastar-se ostensivamente de seu colega paulista, adotando um postura independente. Isto poderá resultar num apoio informal e suprapartidário da máquina política mineira à candidatura de Ciro que teria, assim, definitivamente viabilizadas suas pretensões. Na verdade, Aécio e César querem desvencilhar-se do discurso neoliberal tucano, obsoleto, que está grudado em Serra.
Há 15 dias, quando a grande mídia ainda discutia a candidatura de Ciro ao governo de São Paulo, este blog informou que sua candidatura à presidência era irreversível e contava com a “compreensão” do presidente Lula. E aqui, juntam-se as duas pontas: Aécio e Ciro estão fazendo tabela desde o início. O ex-governador cearense chegou a dizer várias vezes que renunciaria à sua para apoiar a candidatura de seu amigo mineiro. A recíproca é verdadeira.
Tudo isto, enfim, é o enredo visível, da superfície. O que está subjacente e precisa ser considerado primordialmente é que o eixo ideológico brasileiro sofreu um importante deslocamento neste último ano, com o posicionamento de Lula numa postura nacionalista, estatizante e mais distributivista (populista para os desafetos), onde não falta um forte aroma getulista. Percebendo isto, FHC ataca na direção contrária, acusando o presidente de tentar implantar no Brasil um “arremedo” de peronismo. Teoricamente, com reparos importantes, ele não está totalmente errado, mas estas sua declarações agravam ainda mais o desastre eleitoral de Serra: tanto Vargas quanto Perón sempre foram absolutamente imbatíveis em termos eleitorais.
Para concluir, preparem-se para uma ofensiva dos serristas bem ao seu estilo (lembrem-se do que eles fizeram, há oito anos, com a Roseana Sarney), na base da baixaria, das intrigas e da fabricação de escândalos, desta vez contra Aécio, o novo alvo dos caçadores midiáticos. As altas e escabrosas fofocas deste feriadão são apenas o prenúncio disso.
Fonte: http://www.estadoanarquista.org/blog/
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