terça-feira, 24 de novembro de 2009

Reino Unido abre inquérito sobre participação na guerra do Iraque



Reino Unido abre inquérito sobre participação na guerra do Iraque

Um inquérito independente, aberto para investigar o papel do Reino Unido na guerra do Iraque, começará a colher seus primeiros depoimentos públicos hoje (24), que culminarão com o testemunho do ex-primeiro-ministro Tony Blair. Comandantes militares, diplomatas, ministros e altos funcionários serão chamados a depor perante o comitê de cinco membros que coordena a investigação, com o objetivo declarado de tirar conclusões da guerra.

O presidente do comitê de inquérito, o ex-funcionário público John Chilcot, disse ontem (23) que está confiante na obtenção de um relatório "completo e esclarecedor" sobre o processo decisório que levou o Reino Unido a se envolver no conflito. "Nossa meta não é apenas fazer um trabalho meticuloso, mas sim um trabalho que seja franco e que passe pelo crivo público", indicou Chilcot à BBC. "Todos os cinco membros do comitê estão agora completamente independentes", acrescentou.

John Scarlett, ex-diretor do serviço de inteligência exterior britânico, o MI6, e os então embaixadores britânicos nos Estados Unidos, Christopher Meyer, e nas Nações Unidas, Jeremy Greenstock, estão entre os primeiros convocados a depor.

Scarlett era diretor do principal comitê de inteligência do Reino Unido quando o governo de Blair produziu um dossiê denunciando a posse de armas de destruição em massa pelo Iraque - principal fator usado pelos Estados Unidos como justificativa para invadir o país em março de 2003.

O arsenal iraquiano, porém, jamais foi encontrado. O motivo pelo qual os ministros acreditaram em sua existência - e onde conseguiram evidências para crê-lo - é agora objeto de investigação do comitê de inquérito.

O ex-secretário geral da ONU Kofi Annan e o ex-inspetor de armas da ONU Hans Blix também constam da lista de testemunhas convocadas.

Blair
No entanto, a expectativa maior gira em torno do depoimento de Blair, que será divulgado - exceto trechos que possam comprometer a segurança nacional. O inquérito se debruçará sobre o período que vai de julho de 2001 a julho de 2009.

A decisão de Blair de apoiar a iniciativa bélica do então presidente americano George W. Bush e enviar 45 mil soldados britânicos para o Iraque enfrentou dura oposição no país e em toda a Europa, além de ter sido tomada sem a aprovação da ONU.

A campanha britânica, que formalmente terminou em julho deste ano com a retirada de todos os militares britânicos do Iraque - com exceção de uns poucos -, tornou-se símbolo do governo Tony Blair, que durante 10 anos ocupou os gabinetes de Downing Street.

Analistas sugerem que as divisões causadas na Europa pela adesão britânica à guerra no Iraque podem ter custado a Blair a eleição para a presidência da União Europeia, vencida na semana passada pelo premiê belga Herman Van Rompuy.

Blair e outras figuras de seu governo foram convocadas a depor no ano que vem, quando o Comitê de Inquérito estudará a delicada questão da legalidade do conflito iraquiano. O relatório final deve ficar pronto, na melhor das hipóteses no fim de 2010.

Chilcot afirmou que seu comitê não quer levar ninguém a julgamento, mas que não se intimidará com as críticas que certamente surgirão.

"Estou bastante confiante de que podemos produzir uma descrição completa e esclarecedora das diferentes considerações sobre a legitimidade da guerra", declarou à agência britânica de notícias Press Association.

Fonte: http:www.operamundi.com.br

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