segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
Israel ameaça Abbas de transformar a Cisjordânia em “uma segunda Gaza” se o presidente palestino não adiar votação do Relatório Goldstone
Israel ameaça Abbas de transformar a Cisjordânia em “uma segunda Gaza” se o presidente palestino não adiar votação do Relatório Goldstone
Israel ameaçou o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, para que adiasse uma votação no Conselho de Direitos Humanos da ONU do relatório do juiz Richard Goldstone sobre a última ofensiva israelense na Faixa de Gaza, informa hoje o jornal “Haaretz”.
“O pedido veio depois de um encontro particularmente tenso com o chefe do serviço de segurança interno, o Shin Bet”, informa hoje edição eletrônica do jornal israelense.
Segundo o “Haaretz”, a reunião entre o chefe do Shin Bet, Yuval Diskin, e Abbas ocorreu na Muqata, sede do governo de Ramalá.
Nela, Diskin disse a Abbas que, se não pedisse o adiamento da votação, Israel transformaria a Cisjordânia em “uma segunda Gaza”.
O relatório de Goldstone, estudado pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU em Genebra no mês de Outubro, denuncia crimes de guerra cometidos por Israel e pelo movimento islamita Hamas durante os 22 dias de confronto na Faixa de Gaza entre Dezembro de 2008 e Janeiro de 2009.
Durante a ofensiva militar israelwnse, a de maior envergadura em Gaza desde 1967, mil e 400 palestinos morreram – em sua maioria civis, enquanto 13 israelitas faleceram.
Por causa do pedido da ANP, o Conselho de Direitos Humanos apoiou o adiamento de uma votação para transferir o relatório para o Conselho de Segurança das Nações Unidas com a recomendação de que, se as partes não investigassem as denúncias até Março, o caso deveria ser levado para o Tribunal Penal Internacional.
Após o Hamas aproveitar a situação para desprestigiar Abbas, o presidente da ANP voltou a dar a ordem para pedir que o relatório fosse votado o mais rápido possível, e assim ocorreu.
Israel considera que as conclusões da comissão liderada por Goldstone são tendenciosas e que o relatório se dedicou desde o início a condenar o Estado judeu.
Segundo uma fonte palestiniana próxima a Abbas, o “Haaretz” assegura que Diskin chegou à Muqata como parte de uma missão diplomática estrangeira, e que altos comandantes do Exército fizeram paralelamente as mesmas ameaças a outros líderes palestinos.
De acordo com o jornal, Diskin ameaçou cancelar as medidas aplicadas por Israel durante 2009 para facilitar a liberdade de movimento na Cisjordânia, e retirar sua aprovação a uma nova operadora de telefonia celular, Watania, com quem o Governo da ANP tinha um contrato que, caso não cumprido, levaria ao pagamento de dezenas de milhões de dólares norte-americanos em compensações.
Diante de uma comissão palestina que investigou a estranha solicitação da ANP à ONU, Abbas assegurou que a decisão não respondia a pressões externas, disse que tinha cometido um erro e lamentou que a decisão tivesse sido aproveitada por seus adversários para prejudicá-lo.
no Blog do Atheneu
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