domingo, 23 de dezembro de 2012

México: zapatistas retomam marchas em Chiapas no fim da era maia – por Federico Mastrogiovanni

México: zapatistas retomam marchas em Chiapas no fim da era maia
Protesto silencioso foi marcado pela juventude dos manifestantes, escolarizados em centros educativos comunitários
Manifestação dos zapatistas ocorre um dia antes do aniversário de 15 anos do Massare de Acteal, que deixou 45 indígenas mortos

Em silêncio e sob chuva, milhares de zapatistas deixaram suas comunidades nas montanhas de Chiapas e tomaram pacificamente as ruas de San Cristobal de las Casas, Ocosingo e Las Margaritas. Caminhando com as bandeiras da EZLN (Exército Zapatista de Libertação Nacional) e do México, o grupo voltou a se manifestar depois de anos de silêncio.

Em um ato simbólico que durou algumas horas, os descendentes dos maias aproveitaram o dia em que muitos esperam o fim do mundo para sair às ruas do país.

Esta época é importante para os zapatistas porque foi em 22 de dezembro de 1997 que o Estado mexicano, por meio de cem paramilitares, assassinou 45 indígenas, sendo 18 crianças e 22 mulheres, enquanto rezavam em um templo religioso em Chiapas.

Depois de 15 anos, o massacre de Acteal, ainda não foi julgado. Em 30 de janeiro de 2008, porém, a Comissão Civil Internacional de Observação dos Direitos Humanos sinalizou que o Estado teve responsabilidade nos fatos.

Por essa razão, o presidente do México na segunda metade da década de 1990, Ernesto Zedillo, foi acusado de ser o responsável político pelo massacre. No entanto, em setembro deste ano Zedillo foi absolvido nos Estados Unidos, onde mora atualmente.
Os zapatistas saíram às ruas das três cidades de Chiapas desde a madrugada desta sexta-feira (21/12), com homens, mulheres e crianças em caminhonetes vestindo máscaras. Despostos em fileiras, desfilaram sem dizer uma palavra.
Apesar de os líderes do EZLN não terem feito nenhum discurso, chamou a atenção a juventude dos manifestantes, escolarizados nos centros educativos comunitários dos indígenas.

Durante os anos em que os zapatistas se mantiveram em silêncio, o Estado manteve uma guerra de baixa intensidade contra os mesmos, com violências, abusos e agressões. 

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