Organizando-se pelo direito à terra e ao mar de Gaza
A luta dos agricultores e pescadores palestinos para assegurarem seus direitos
Desde Palestina/BriarPatch
Agricultores palestinos plantam árvores de oliva dentro da “zona tampão”, na área de Zayton, durante um dia internacional de ações, em 6 de fevereiro, realizado para convocar um boicote dos produtos agrícolas israelenses
“Os dois pescadores capturados hoje voltaram para suas casas”, explica Zakaria Baker em sua casa, no abarrotado campo de refugiados de Al Shati, na noite de 20 de fevereiro.
Baker, um ativista da UAWC (sigla em inglês de União dos Comitês de Trabalho Agrícola), dirige os comitês de pescadores em cinco cidades da Faixa de Gaza.
“O barco deles está em Ashdod, e os israelenses atiraram no motor”, acrescenta.
Três dias depois, os dois pescadores recontam sua experiência no jardim arenoso da casa de sua família na cidade setentrional de Jabalia. Eles estão cercados por uma dezena de parentes, e mais uma dezena de crianças agrupadas do lado de fora de um portão de ferro.
“De repente, a marinha israelense chegou com dois navios pequenos, com cinco a sete soldados por barco”, diz Mohamed Shehda Sadalla.
“O capitão de um dos barcos nos ordenou soltar nossas redes e nadar até os navios da marinha. Nós protestamos, dizendo a eles que estávamos em águas palestinas. Eles disseram: ‘Calem a boca ou vamos atirar em vocês’. Nós não seguimos suas ordens, mas fomos até o motor e o ligamos. Então um dos soldados atirou nele”.
Enfrentando a violência letal, Mohamed e seu primo mais novo Mahmoud Moussa Sadalla seguiram as ordens dos soldados, tirando suas roupas e nadando pelo mar frio até a embarcação da marinha. Uma vez a bordo, diz Mohammed, eles foram vendados e algemados, e então transferidos para um barco maior que os levou para a parte israelense do porto de Ashdod.
Depois de exames médicos, os soldados os levaram até o posto de controle de Erez onde eles foram questionados sobre seu trabalho, suas vizinhanças e o porto de Gaza. “Eles pegaram nossos nomes, idades e endereços. Então mostraram para a gente uma foto exata do teto da nossa casa em um computador”.
Os interrogadores tentaram recrutá-los como colaboradores. “Eles nos perguntaram sobre nossa situação econômica e quanto nós ganhamos por dia e se nós poderíamos nos ajudar mutuamente”, diz Mohamed. Ele e Mahmoud foram liberados depois do posto de controle, dentro da Faixa de Gaza, no final do dia.
Desde Palestina/BriarPatch
“Os dois pescadores capturados hoje voltaram para suas casas”, explica Zakaria Baker em sua casa, no abarrotado campo de refugiados de Al Shati, na noite de 20 de fevereiro.
Baker, um ativista da UAWC (sigla em inglês de União dos Comitês de Trabalho Agrícola), dirige os comitês de pescadores em cinco cidades da Faixa de Gaza.
“O barco deles está em Ashdod, e os israelenses atiraram no motor”, acrescenta.
Três dias depois, os dois pescadores recontam sua experiência no jardim arenoso da casa de sua família na cidade setentrional de Jabalia. Eles estão cercados por uma dezena de parentes, e mais uma dezena de crianças agrupadas do lado de fora de um portão de ferro.
“De repente, a marinha israelense chegou com dois navios pequenos, com cinco a sete soldados por barco”, diz Mohamed Shehda Sadalla.
“O capitão de um dos barcos nos ordenou soltar nossas redes e nadar até os navios da marinha. Nós protestamos, dizendo a eles que estávamos em águas palestinas. Eles disseram: ‘Calem a boca ou vamos atirar em vocês’. Nós não seguimos suas ordens, mas fomos até o motor e o ligamos. Então um dos soldados atirou nele”.
Enfrentando a violência letal, Mohamed e seu primo mais novo Mahmoud Moussa Sadalla seguiram as ordens dos soldados, tirando suas roupas e nadando pelo mar frio até a embarcação da marinha. Uma vez a bordo, diz Mohammed, eles foram vendados e algemados, e então transferidos para um barco maior que os levou para a parte israelense do porto de Ashdod.
Depois de exames médicos, os soldados os levaram até o posto de controle de Erez onde eles foram questionados sobre seu trabalho, suas vizinhanças e o porto de Gaza. “Eles pegaram nossos nomes, idades e endereços. Então mostraram para a gente uma foto exata do teto da nossa casa em um computador”.
Os interrogadores tentaram recrutá-los como colaboradores. “Eles nos perguntaram sobre nossa situação econômica e quanto nós ganhamos por dia e se nós poderíamos nos ajudar mutuamente”, diz Mohamed. Ele e Mahmoud foram liberados depois do posto de controle, dentro da Faixa de Gaza, no final do dia.
Desde Palestina/BriarPatch
Barcos palestinos no porto da Cidade de Gaza. Pescadores, hoje, têm permissão de navegar até apenas 3 milhas náuticas da costa
A Faixa de Gaza, um trecho costeiro de 360 km quadrados, fica no cruzamento da África e da Ásia. Um dos territórios mais densamente populosos do mundo, a região contém 1,7 milhão de pessoas, dois terços delas refugiados que deixaram suas casas na Palestina por causa das milícias sionistas, e mais tarde por causa do exército israelense, durante a fundação do Estado de Israel, em 1948. Divide sua fronteira sudoeste com a península do Sinai, do Egito, e é cercada em todas as outras fronteiras por Israel ou pelo Mar Mediterrâneo, que é constantemente patrulhado pela marinha israelense.
Israel ocupou a faixa desde 1967, mas desmontou seus assentamentos em Gaza e redistribuiu suas forças terrestres em 2005. No entanto, manteve o controle das fronteiras do território, rotas marítimas, e espaço aéreo, além dos sistemas bancário e de telecomunicações, suas importações e exportações, registro populacional, e até a outorga de permissão de construções a organizações internacionais. Em 2007, Israel impôs um cerco incapacitante. Além do seu bloqueio náutico, reduziu bruscamente os bens permitidos a passar pelos postos de controle sob seu domínio, pondo fim a praticamente toda exportação agrícola da Faixa de Gaza.
Também reafirmou sua política de zona tampão, tipicamente imposta com tiroteios. Antes, Israel tinha banido os palestinos de chegar a 150 metros da barreira que separa a Faixa de Gaza e Israel ou de navegar mais de seis milhas náuticas da costa. Em 2008, a zona tampão tinha crescido para englobar uma faixa de 300 metros de largura ao redor do território e todas, com exceção de três milhas náuticas da costa.
Essas áreas incluíram mais de 35% da terra agrícola da Faixa de Gaza e, muitos dizem, todas as suas áreas de pesca. “De zero a oito milhas náuticas não há peixes”, diz Mohamed al Bakri, gerente geral da UAWC na Faixa de Gaza.
A UAWC, fundada em Jerusalém em 1986, organiza agricultores e pescadores na Faixa de Gaza e na Cisjordânia em comitês agrícolas e de pesca. “Nós temos 16 comitês locais de agricultores”, diz Sa’d Eddin Sha’ban Ziada, que coordena os comitês agrícolas da UAWC em Gaza. “Nós temos outros cinco para pescadores.”
No total, diz Al Bakri , os comitês da Faixa de Gaza incluem 5.125 agricultores, pescadores e outros trabalhadores agrícolas.
“Nós precisamos de comitês locais fortes que possam representar suas sociedades”, diz Ziada. “Nós os apoiamos através de diversos programas para edificar a capacidade deles: liderança, trabalho em equipe, assessoramento de necessidades, gênero, apoio e mobilização comunitária, organização de sindicatos, documentação dos ataques israelenses e soberania alimentar. A UAWC insiste que esses corpos sejam fortes”. Além de organizar o trabalho, a UAWC apoia agricultores com projetos como hortas caseiras, aguadeiros e programas de aquicultura.
Apesar dos esforços da UAWC, as restrições de Israel fizeram grandes estragos. Entre 2007 e 2009, a força de trabalho da Faixa de Gaza caiu 42% e a insegurança alimentar alcançou 61% da população. Até novembro de 2011, a Faixa de Gaza tinha apenas 3.097 pescadores registrados, muito menos que os 10.000 do ano 2000.
Um cessar-fogo unilateral
No dia 14 de novembro de 2012, forças israelenses usaram um drone para assassinar Ahmed al Jabari, o comandante das brigadas Izz ad Din al Qassam do Hamas, na Faixa de Gaza. Foram oito dias de ataques aéreos e bombardeios de drones israelenses, fogo de artilharia, e bombardeio naval, respondidos com o disparo de foguetes por grupos de resistência na Faixa de Gaza e em seguida com manifestações em massa na Cisjordânia. Até o dia 21 de novembro, quando se assegurou um cessar-fogo entre Israel e o grupo de resistência palestina Hamas, seis israelenses e 186 palestinos – incluindo dois na Cisjordânia– tinham sido mortos.
A primeira linha do acordo mediado pelo Egito dizia: “Israel deve parar todas as hostilidades pelo mar e ar da Faixa de Gaza, incluindo incursões e a mira de indivíduos”. O texto continuava para prometer que Israel “se abstivesse de restringir a livre circulação e o ataque a residentes nas áreas de fronteira”. No dia seguinte, o governo palestino em Gaza anunciou que o limite de pesca tinha voltado a ser de seis milhas náuticas e os agricultores começaram cautelosamente a explorar os 300 metros da zona tampão.
“Depois do cessar-fogo, o governo local disse aos agricultores que a terra deles estava aberta”, diz al Bakri. “Depois que eles a cultivaram, escavadeiras israelenses entraram e destruíram tudo”.
Baker diz que os pescadores tiveram ainda menos trégua. “Nos três dias que seguiram o cessar-fogo, quatro pequenos barcos a motor e uma traineira foram capturados. Um pequeno barco foi bombardeado e destruído. Os motores de dois outros foram baleados. Desde o dia 24 de novembro, cinco barcos foram capturados, cinco foram baleados e três pescadores foram feridos”.
As experiências desses agricultores e pescadores reflete as dos moradores da Faixa de Gaza como um todo. Nos três meses que seguiram o cessar-fogo, o jornalista britânico Ben White descobriu que ataques militares israelenses mataram quatro palestinos e feriram 91. As forças israelenses promoveram 63 ataques a tiros na Faixa de Gaza e fizeram 13 incursões militares a suas terras, assim como 30 ataques náuticos a pescadores.
Enquanto isso, grupos de resistência palestina mantiveram a parte deles do acordo, para “parar toda a hostilidade da Faixa de Gaza contra Israel, incluindo ataques de foguetes e todos os ataques ao longo da fronteira.” Fora dois morteiros lançados da Faixa de Gaza depois dos ataques israelenses de dezembro, o cessar-fogo se manteve – mesmo que unilateralmente – até a manhã de 26 de fevereiro, quando as brigadas de Al Aqsa Martyrs do Fatah lançaram um foguete em direção a Israel que o grupo chamou de “resposta preliminar” à morte de seu membro Arafat Jaradat, supostamente sob tortura, na prisão israelense de Megiddo três dias antes.
Os pescadores dizem que a maior parte dos ataques contra eles desde o cessar-fogo ocorrem dentro das seis milhas náuticas da costa. Mas, de acordo com Al Bakri, os novos limites continuam insuficientes. “Depois do cessar-fogo, eles apenas abriram mais algumas milhas do mar,” diz. “Não há peixes naquelas três milhas. Dá no mesmo. Eles só queriam mostrar para a comunidade internacional que Israel está dando algo aos palestinos. A situação é a mesma; o mercado é o mesmo. Nada mudou na vida dos pescadores”.
Desde Palestina
A Faixa de Gaza, um trecho costeiro de 360 km quadrados, fica no cruzamento da África e da Ásia. Um dos territórios mais densamente populosos do mundo, a região contém 1,7 milhão de pessoas, dois terços delas refugiados que deixaram suas casas na Palestina por causa das milícias sionistas, e mais tarde por causa do exército israelense, durante a fundação do Estado de Israel, em 1948. Divide sua fronteira sudoeste com a península do Sinai, do Egito, e é cercada em todas as outras fronteiras por Israel ou pelo Mar Mediterrâneo, que é constantemente patrulhado pela marinha israelense.
Israel ocupou a faixa desde 1967, mas desmontou seus assentamentos em Gaza e redistribuiu suas forças terrestres em 2005. No entanto, manteve o controle das fronteiras do território, rotas marítimas, e espaço aéreo, além dos sistemas bancário e de telecomunicações, suas importações e exportações, registro populacional, e até a outorga de permissão de construções a organizações internacionais. Em 2007, Israel impôs um cerco incapacitante. Além do seu bloqueio náutico, reduziu bruscamente os bens permitidos a passar pelos postos de controle sob seu domínio, pondo fim a praticamente toda exportação agrícola da Faixa de Gaza.
Também reafirmou sua política de zona tampão, tipicamente imposta com tiroteios. Antes, Israel tinha banido os palestinos de chegar a 150 metros da barreira que separa a Faixa de Gaza e Israel ou de navegar mais de seis milhas náuticas da costa. Em 2008, a zona tampão tinha crescido para englobar uma faixa de 300 metros de largura ao redor do território e todas, com exceção de três milhas náuticas da costa.
Essas áreas incluíram mais de 35% da terra agrícola da Faixa de Gaza e, muitos dizem, todas as suas áreas de pesca. “De zero a oito milhas náuticas não há peixes”, diz Mohamed al Bakri, gerente geral da UAWC na Faixa de Gaza.
A UAWC, fundada em Jerusalém em 1986, organiza agricultores e pescadores na Faixa de Gaza e na Cisjordânia em comitês agrícolas e de pesca. “Nós temos 16 comitês locais de agricultores”, diz Sa’d Eddin Sha’ban Ziada, que coordena os comitês agrícolas da UAWC em Gaza. “Nós temos outros cinco para pescadores.”
No total, diz Al Bakri , os comitês da Faixa de Gaza incluem 5.125 agricultores, pescadores e outros trabalhadores agrícolas.
“Nós precisamos de comitês locais fortes que possam representar suas sociedades”, diz Ziada. “Nós os apoiamos através de diversos programas para edificar a capacidade deles: liderança, trabalho em equipe, assessoramento de necessidades, gênero, apoio e mobilização comunitária, organização de sindicatos, documentação dos ataques israelenses e soberania alimentar. A UAWC insiste que esses corpos sejam fortes”. Além de organizar o trabalho, a UAWC apoia agricultores com projetos como hortas caseiras, aguadeiros e programas de aquicultura.
Apesar dos esforços da UAWC, as restrições de Israel fizeram grandes estragos. Entre 2007 e 2009, a força de trabalho da Faixa de Gaza caiu 42% e a insegurança alimentar alcançou 61% da população. Até novembro de 2011, a Faixa de Gaza tinha apenas 3.097 pescadores registrados, muito menos que os 10.000 do ano 2000.
Um cessar-fogo unilateral
No dia 14 de novembro de 2012, forças israelenses usaram um drone para assassinar Ahmed al Jabari, o comandante das brigadas Izz ad Din al Qassam do Hamas, na Faixa de Gaza. Foram oito dias de ataques aéreos e bombardeios de drones israelenses, fogo de artilharia, e bombardeio naval, respondidos com o disparo de foguetes por grupos de resistência na Faixa de Gaza e em seguida com manifestações em massa na Cisjordânia. Até o dia 21 de novembro, quando se assegurou um cessar-fogo entre Israel e o grupo de resistência palestina Hamas, seis israelenses e 186 palestinos – incluindo dois na Cisjordânia– tinham sido mortos.
A primeira linha do acordo mediado pelo Egito dizia: “Israel deve parar todas as hostilidades pelo mar e ar da Faixa de Gaza, incluindo incursões e a mira de indivíduos”. O texto continuava para prometer que Israel “se abstivesse de restringir a livre circulação e o ataque a residentes nas áreas de fronteira”. No dia seguinte, o governo palestino em Gaza anunciou que o limite de pesca tinha voltado a ser de seis milhas náuticas e os agricultores começaram cautelosamente a explorar os 300 metros da zona tampão.
“Depois do cessar-fogo, o governo local disse aos agricultores que a terra deles estava aberta”, diz al Bakri. “Depois que eles a cultivaram, escavadeiras israelenses entraram e destruíram tudo”.
Baker diz que os pescadores tiveram ainda menos trégua. “Nos três dias que seguiram o cessar-fogo, quatro pequenos barcos a motor e uma traineira foram capturados. Um pequeno barco foi bombardeado e destruído. Os motores de dois outros foram baleados. Desde o dia 24 de novembro, cinco barcos foram capturados, cinco foram baleados e três pescadores foram feridos”.
As experiências desses agricultores e pescadores reflete as dos moradores da Faixa de Gaza como um todo. Nos três meses que seguiram o cessar-fogo, o jornalista britânico Ben White descobriu que ataques militares israelenses mataram quatro palestinos e feriram 91. As forças israelenses promoveram 63 ataques a tiros na Faixa de Gaza e fizeram 13 incursões militares a suas terras, assim como 30 ataques náuticos a pescadores.
Enquanto isso, grupos de resistência palestina mantiveram a parte deles do acordo, para “parar toda a hostilidade da Faixa de Gaza contra Israel, incluindo ataques de foguetes e todos os ataques ao longo da fronteira.” Fora dois morteiros lançados da Faixa de Gaza depois dos ataques israelenses de dezembro, o cessar-fogo se manteve – mesmo que unilateralmente – até a manhã de 26 de fevereiro, quando as brigadas de Al Aqsa Martyrs do Fatah lançaram um foguete em direção a Israel que o grupo chamou de “resposta preliminar” à morte de seu membro Arafat Jaradat, supostamente sob tortura, na prisão israelense de Megiddo três dias antes.
Os pescadores dizem que a maior parte dos ataques contra eles desde o cessar-fogo ocorrem dentro das seis milhas náuticas da costa. Mas, de acordo com Al Bakri, os novos limites continuam insuficientes. “Depois do cessar-fogo, eles apenas abriram mais algumas milhas do mar,” diz. “Não há peixes naquelas três milhas. Dá no mesmo. Eles só queriam mostrar para a comunidade internacional que Israel está dando algo aos palestinos. A situação é a mesma; o mercado é o mesmo. Nada mudou na vida dos pescadores”.
Desde Palestina
Tanque israelense patrulha cerca da área de Khuza, na Faixa de Gaza. Desde cessar-fogo, em novembro, mais de 80 pessoas foram feridas pelos ataques israelenses contra a área agrícola perto da cerca ou no mar
No dia 21 de março, o porta-voz das forças de defesa israelenses anunciou que os limites de pesca seriam novamente reduzidos a 3 milhas náuticas.
Os agricultores, ele diz, têm poucas melhorias para determinadas culturas. “Alguns deles plantam trigo perto da zona tampão. Eles têm medo de que não vão poder cultivá-la”.
Na Faixa de Gaza, agricultores geralmente plantam culturas de acordo com a distância das paredes de concreto israelenses e torres de vigia: as que requerem menos atenção são plantadas mais perto das paredes. “De 50 a 150 metros, nós podemos cultivar trigo”, diz Ammar Saleh el Rahel, um agricultor de morangos em Beit Lahia. “Depois de 150 metros, nós podemos cultivar batatas. Depende de quanta água a plantação necessita. Nós não temos que tomar conta de trigo e batatas todos os dias. E a sua colheita só leva um ou dois dias. Nós arriscamos nossas vidas para cultivar essas plantações e ganhar qualquer lucro possível”.
A chácara alugada de 1,2 hectares de El Rahel está a 400 metros da barreira de separação – não longe o suficiente, ele diz, para economizar nas caras folhas de plástico usadas para cobrir as fileiras de morangos, à noite, e evitar que fossem alvo de balas durante os ataques de novembro. E como ele não pôde remover os plásticos durante oito dias, cerca de 80% do cultivo foi destruído. “Isso não aconteceu só comigo, mas com todos os agricultores de morango da área”.
“Nós precisamos de uma decisão clara da comunidade internacional”, diz Al Bakri. “Muitos deles falam de programas de desenvolvimento para zona tampão.” Na Cisjordânia, a UAWC organiza os agricultores em cooperativas agrícolas para distribuir seus produtos com eficiência. Através de parcerias com 16 organizações não governamentais internacionais, a UAWC lançou novos projetos para ajudar os agricultores locais a permanecer em suas terras.
Desde Palestina/BriarPatch
No dia 21 de março, o porta-voz das forças de defesa israelenses anunciou que os limites de pesca seriam novamente reduzidos a 3 milhas náuticas.
Os agricultores, ele diz, têm poucas melhorias para determinadas culturas. “Alguns deles plantam trigo perto da zona tampão. Eles têm medo de que não vão poder cultivá-la”.
Na Faixa de Gaza, agricultores geralmente plantam culturas de acordo com a distância das paredes de concreto israelenses e torres de vigia: as que requerem menos atenção são plantadas mais perto das paredes. “De 50 a 150 metros, nós podemos cultivar trigo”, diz Ammar Saleh el Rahel, um agricultor de morangos em Beit Lahia. “Depois de 150 metros, nós podemos cultivar batatas. Depende de quanta água a plantação necessita. Nós não temos que tomar conta de trigo e batatas todos os dias. E a sua colheita só leva um ou dois dias. Nós arriscamos nossas vidas para cultivar essas plantações e ganhar qualquer lucro possível”.
A chácara alugada de 1,2 hectares de El Rahel está a 400 metros da barreira de separação – não longe o suficiente, ele diz, para economizar nas caras folhas de plástico usadas para cobrir as fileiras de morangos, à noite, e evitar que fossem alvo de balas durante os ataques de novembro. E como ele não pôde remover os plásticos durante oito dias, cerca de 80% do cultivo foi destruído. “Isso não aconteceu só comigo, mas com todos os agricultores de morango da área”.
“Nós precisamos de uma decisão clara da comunidade internacional”, diz Al Bakri. “Muitos deles falam de programas de desenvolvimento para zona tampão.” Na Cisjordânia, a UAWC organiza os agricultores em cooperativas agrícolas para distribuir seus produtos com eficiência. Através de parcerias com 16 organizações não governamentais internacionais, a UAWC lançou novos projetos para ajudar os agricultores locais a permanecer em suas terras.
Desde Palestina/BriarPatch
Um grupo de palestinos caminha pela praia perto do porto da cidade de Gaza
Muitos doadores veem investimentos perto da zona tampão como investimentos pobres, diz Al Bakri, uma percepção que Israel faz pouco para desencorajar. “Representantes de diversos países europeus foram até a zona tampão algumas semanas atrás para inspecionar um terreno onde eles queriam implementar um projeto”, diz. “As tropas israelenses atiraram neles para que eles se assustassem e fossem desencorajados de ajudar a desenvolver qualquer nova infraestrutura aqui”.
No curto prazo, ele completa, “nós não esperamos pelas decisões de Israel sobre essa área. Nós apoiamos os agricultores que estão indo à zona tampão para exercitar seus direitos de usá-la. Nós sabemos que os tratores israelenses podem vir mais tarde e destruir os plantios. Mas nós temos de dizer à comunidade internacional, ‘Estes são nossos direitos. Essa é a nossa terra’”.
Os boicotes estão funcionado
É por causa da incerteza, diz Ziada, que a UAWC enfatiza a o engajamento político. “Nós procuramos incentivar os agricultores e pescadores a terem voz ativa e a expressarem as opiniões deles”.
Ele relata eventos nos quais os comitês locais mobilizaram dezenas de participantes: o “Dia do Prisioneiro”, o “Dia do Nakba (catástrofe, ou do êxodo palestino)”, o “Dia da Terra”, o “Dia do Trabalho”, um festival para apoiar a família Samouni de Gaza (que perdeu 21 de seus integrantes durante os ataques de Israel em janeiro de 2009), uma marcha para pescadores no porto, e um protesto contra o Relatório Palmer que negou a culpa de Israel por seu ataque contra a Flotilha da Liberdade em 2010.
Legenda: Ativistas palestinos e internacionais em manifestação para pedir o boicote a produtos israelenses dentro da zona tampão
Durante a maior parte de suas manifestações recentes, a UAWC reuniu-se com protestantes na Cisjordânia e em 40 cidades europeias para pedir um boicote às companhias agrícolas israelenses. Os eventos em Gaza, que duraram vários dias, terminaram com uma marcha e uma plantação massiva de árvores de oliva na zona tampão no dia 9 de fevereiro. No dia 3 de março, algumas centenas de pescadores navegaram em uma flotilha de mais de 50 barcos do porto de Gaza até a cidade setentrional de Beit Lahia para protestar contra os ataques navais de Israel contra embarcações de pesca.
"Para fazer pressão, nós precisamos de um boicote aos israelenses pela comunidade internacional,” diz Al Bakri. “Só isso vai forçá-los a permitir que os palestinos usem nossas terras e águas”.
Mas ele acha que a reação internacional mostra que as mobilizações da UAWC estão funcionando. “Quando eu recebo telefonemas da Bélgica, da Noruega, da Itália e da Inglaterra… Significa que nossa voz está mais alta e que as pessoas conhecem os problemas”.
(*) Joe Catron é um ativista e escritor estadunidense baseado em Gaza, na Palestina, com um histórico de campanhas norte-americanas antiguerra, pelo meio ambiente, trabalho e de arrendatários. Ele trabalha com grupos palestinos e redes de solidariedade internacionais, particularmente para apoiar o movimento Boycott, Divestment and Sanctions (BDS) e movimentos de prisioneiros. Seu blog é o joecatron.wordpress.com e sua conta no Twitter é @jncatron
Este artigo foi publicado na edição de maio /junho de 2013 de Briarpatch
Muitos doadores veem investimentos perto da zona tampão como investimentos pobres, diz Al Bakri, uma percepção que Israel faz pouco para desencorajar. “Representantes de diversos países europeus foram até a zona tampão algumas semanas atrás para inspecionar um terreno onde eles queriam implementar um projeto”, diz. “As tropas israelenses atiraram neles para que eles se assustassem e fossem desencorajados de ajudar a desenvolver qualquer nova infraestrutura aqui”.
No curto prazo, ele completa, “nós não esperamos pelas decisões de Israel sobre essa área. Nós apoiamos os agricultores que estão indo à zona tampão para exercitar seus direitos de usá-la. Nós sabemos que os tratores israelenses podem vir mais tarde e destruir os plantios. Mas nós temos de dizer à comunidade internacional, ‘Estes são nossos direitos. Essa é a nossa terra’”.
Os boicotes estão funcionado
É por causa da incerteza, diz Ziada, que a UAWC enfatiza a o engajamento político. “Nós procuramos incentivar os agricultores e pescadores a terem voz ativa e a expressarem as opiniões deles”.
Ele relata eventos nos quais os comitês locais mobilizaram dezenas de participantes: o “Dia do Prisioneiro”, o “Dia do Nakba (catástrofe, ou do êxodo palestino)”, o “Dia da Terra”, o “Dia do Trabalho”, um festival para apoiar a família Samouni de Gaza (que perdeu 21 de seus integrantes durante os ataques de Israel em janeiro de 2009), uma marcha para pescadores no porto, e um protesto contra o Relatório Palmer que negou a culpa de Israel por seu ataque contra a Flotilha da Liberdade em 2010.
Legenda: Ativistas palestinos e internacionais em manifestação para pedir o boicote a produtos israelenses dentro da zona tampão
Durante a maior parte de suas manifestações recentes, a UAWC reuniu-se com protestantes na Cisjordânia e em 40 cidades europeias para pedir um boicote às companhias agrícolas israelenses. Os eventos em Gaza, que duraram vários dias, terminaram com uma marcha e uma plantação massiva de árvores de oliva na zona tampão no dia 9 de fevereiro. No dia 3 de março, algumas centenas de pescadores navegaram em uma flotilha de mais de 50 barcos do porto de Gaza até a cidade setentrional de Beit Lahia para protestar contra os ataques navais de Israel contra embarcações de pesca.
"Para fazer pressão, nós precisamos de um boicote aos israelenses pela comunidade internacional,” diz Al Bakri. “Só isso vai forçá-los a permitir que os palestinos usem nossas terras e águas”.
Mas ele acha que a reação internacional mostra que as mobilizações da UAWC estão funcionando. “Quando eu recebo telefonemas da Bélgica, da Noruega, da Itália e da Inglaterra… Significa que nossa voz está mais alta e que as pessoas conhecem os problemas”.
(*) Joe Catron é um ativista e escritor estadunidense baseado em Gaza, na Palestina, com um histórico de campanhas norte-americanas antiguerra, pelo meio ambiente, trabalho e de arrendatários. Ele trabalha com grupos palestinos e redes de solidariedade internacionais, particularmente para apoiar o movimento Boycott, Divestment and Sanctions (BDS) e movimentos de prisioneiros. Seu blog é o joecatron.wordpress.com e sua conta no Twitter é @jncatron
Este artigo foi publicado na edição de maio /junho de 2013 de Briarpatch
Fonte: http://operamundi.uol.com.br
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