sábado, 31 de agosto de 2013
sexta-feira, 30 de agosto de 2013
quarta-feira, 28 de agosto de 2013
(Israel) Um leilão de arte para defender o grupo "Anarquistas Contra o Muro" - por ANA
(Israel) Um leilão de arte para defender o grupo "Anarquistas Contra o Muro"
O
grupo anarquista precisa de um milhão de shekels para pagar honorários
advocatícios em sua luta contra o Estado sionista e encontrou na arte
uma maneira de arrecadar fundos, com obras doadas por artistas
solidários.
Anarquistas
Contra o Muro - conhecido grupo anarquista contra à construção de
barreiras na fronteira com a Cisjordânia e a Faixa de Gaza - encontrou
uma maneira de se financiar: leiloando obras de arte.
Este
grupo, cujos membros são frequentemente detidos e perseguidos de
diversas formas pelo aparato judiciário-repressivo, encontrou no leilão
de arte uma maneira de cobrir os honorários advocatícios (que não são
poucos). Apesar de seus advogados cobrarem taxas reduzidas, a contas se
acumulam e chegam a um total de 1 milhão de shekels (cerca de 280.000
dólares). Graças a artistas como Sigalit Landau, que doou várias obras,
estes anarquistas encontram gênero que vender. Esta fórmula de
financiamento é inspirada em diversas ONGs que fazem isso há anos.
Recentemente,
membros do grupo anarquista foram se aproximando de artistas e
galerias, pedindo doações de obras para uma exposição de venda, em troca
de 25% do preço final. Cerca de 100 artistas concordaram em participar -
alguns internacionalmente conhecidos como Landau, David Reeb e David
Tartakover. Juntos, doaram mais de 150 obras, com um preço médio de 280
dólares. Embora cada artista decida que trabalho doar, muitos deles
aproveitaram e cederam obras de caráter político claro, o que dá mais
interesse para o leilão. A maioria dos artistas-doadores é de origem
israelense, embora a exposição também inclua obras de ativistas e
artistas palestinos que começaram sua carreira fotografando
manifestações em suas aldeias.
Por
uma "questão de princípio", Anarquistas Contra o Muro carece de
personalidade jurídica, de modo que, para fazer a venda, um dos
organizadores, Kobi Snitz, informou que chegou a um acordo com a ONG
israelense Mulheres pela Paz, e a estadunidense Justiça Global. Segundo
Snitz, esperam arrecadar 50.000 dólares através da venda e transformar
este leilão em um evento anual.
A
exposição será realizada na escola de arte Minshar em Tel Aviv e abrirá
ao público em 29 de agosto. Os trabalhos também podem ser comprados
online.
Veja as obras deste leilão aqui:
Mais informações (em Inglês) sobre o leilão aqui:
Anarquistas Contra o Muro:
agência de notícias anarquistas-ana
na teia de aranha
pernilongo desafina
fim da picada
Cachone
terça-feira, 27 de agosto de 2013
segunda-feira, 26 de agosto de 2013
[EUA] Sacco e Vanzetti por Mumia Abu-Jamal - por ANA
[EUA] Sacco e Vanzetti por Mumia
Abu-Jamal
[Evento comemorativo será realizado na
Biblioteca Antiautoritária Sacco e Vanzetti¹, em Santiago do Chile, nesta
sexta-feira, 23 agosto.]
Sacco e Vanzetti
Já se passaram 86 anos desde a
eletrocussão de dois anarquistas de origem italiana em 23 de agosto de 1927, em
Massachusetts.
Ferdinando Nicola Sacco e Bartolomeo
Vanzetti, foram acusados de assassinar dois homens durante um assalto à mão
armada de uma fábrica de sapatos em South Braintree, Massachusetts, em 1920.
Várias pessoas depuseram em vários lugares, sobre a data e hora do roubo e dos
assassinatos. De acordo com estas testemunhas, Sacco estava no extremo norte de
Boston, e Vanzetti, em Plymouth. Mas tais testemunhos foram em vão. Tanto o
juiz quanto a imprensa destacaram o pensamento anticapitalista e anarquista dos
acusados, que foi apresentado como prova não só de seu radicalismo, mas de
culpa.
Houve consideráveis evidências
conflitantes sobre balística e testemunhas oculares, mas todas foram
irrelevantes.
Sim, é verdade que, quando presos, os
dois homens deram nomes falsos, provavelmente por temer a deportação. Além
disso, eles andavam armados. Ao serem pressionados no tribunal para dizer por
que portavam armas, explicaram que eram anarquistas e, ao fazer isso, talvez
alentaram os prejuízos do júri ainda mais.
Quando os dois homens apresentaram
petições de demissão depois de condenados para conseguir um novo julgamento,
como esperado, o juiz Webster Thayer disse a um professor da Universidade de
Dartmouth: "Você viu o que eu fiz para aqueles bastardos anarquistas
alguns dias atrás?" O que ele fez foi negar um novo julgamento.
Entre as muitas pessoas que apoiaram
Sacco e Vanzetti, uma foi o professor de Direito na Universidade de Harvard,
Felix Frankfurter, que mais tarde tornou-se juiz da Suprema Corte da Nação. Ele
escreveu um artigo que mostrou a sua inocência, que foi publicado na
revista The Atlantic.
Em seu discurso no tribunal, Vanzetti
fez as seguintes observações comovedoras: "Eu fui forçado a conter as
lágrimas dos meus olhos e segurar a batida do meu coração na minha garganta
para não chorar diante dele. Mas o nome de Sacco vai viver nos corações das
pessoas como seu. Suas leis, suas instituições e seu falso deus não são mais do
que uma vaga lembrança de um passado maldito em que o homem era lobo do
homem".
Sacco e Vanzetti foram executados em 23
de agosto de 1927.
Em 1977, o governador de Massachusetts
emitiu uma proclamação exonerando os dois anarquistas - 50 anos depois de sua
eletrocussão.
Da nação encarcerada, sou Mumia
Abu-Jamal.
O áudio para ouvir a voz de Mumia,
aqui:
[1] A Biblioteca e Centro Social Sacco
e Vanzetti havia existido como okupa antes de vários membros do grupo serem
presos em uma caça à anarquistas em agosto de 2010, resultando em um processo
conhecido na imprensa como o "Caso Bombas". Depois de 9 meses em uma
prisão de segurança máxima, uma greve de fome de 65 dias e um julgamento que
durou seis meses, foram absolvidos de todas as acusações de conspiração e
associação terrorista. Em 14 de agosto passado inaugurou as novas instalações
da biblioteca, onde se encontra como parte de seu acervo um livro de Mumia
Abu-Jamal, “Queremos liberdade: Uma vida com os Panteras Negras”.
agência de notícias
anarquistas-ana
insônia:
uivo de lobos
nas pupilas
Cláudio Daniel
CIA assume envolvimento no golpe de Estado no Irã em 1953 - Esquerda.net
CIA assume envolvimento no golpe de Estado no Irã em 1953
Os serviços secretos americanos reconheceram publicamente
que estiveram diretamente envolvidos no golpe de Estado que derrubou o primeiro-ministro
Mohamed Mossadegh, democraticamente eleito em 1951. O ex-primeiro-ministro
queria o controle público dos recursos naturais do país, como o petróleo, o que
lhe valeu muitas inimizades no Ocidente.
A CIA reconheceu explicitamente que esteve por detrás do
golpe de Estado que derrubou o primeiro-ministro iraniano Mohamed Mossadegh em
1953, segundo documentos publicados no passado domingo pelo Arquivo da
Segurança Nacional.
Ainda que a agência tenha já difundido uma versão da sua intervenção nesses acontecimentos em 1981, esta é a primeira vez que se faz referência concreta ao seu envolvimento no planejamento e na execução do golpe.
O nome de código da operação da CIA era TPAJAX e nunca tinha sido mencionada nos documentos revelados pela agência em 1981. “As participações do Reino Unido e dos Estados Unidos sempre foram do domínio público e está bem documentada, mas esta é a primeira vez que a CIA reconhece que ajudou a criar e a levar a cabo o golpe de Estado”, assinala o Arquivo.
A operação TPAJAX incluía o uso de propaganda para minar a credibilidade política de Mossadegh, com a colaboração do Xá, o suborno a vários membros do Parlamento, a organização de forças de segurança e a incitação a manifestações e protestos.
A iniciativa prevista em TPAJAX falhou, mas finalmente todos que de alguma maneira compartilhavam o interesse em derrubar o primeiro-ministro, conseguiram coordenar e juntar as suas forças com sucesso a 19 de agosto.
“A nova propaganda acusa o primeiro-ministro de se fazer passar pelo “salvador do Irã” e admite que em vez disso construiu um amplo aparelho de espionagem para o qual capturou todos os setores da sociedade, desde o Exército à imprensa, passando por políticos e líderes religiosos. Mostram-se imagens da sua suposta aliança com os bolcheviques sob o lema: “É esta a maneira como pretendes salvar o Irã, Mossadegh? Sabemos o que queres salvar, queres salvar a ditadura de Mossadegh!”, lê-se nos documentos revelados sobre as operações de propaganda previstas no TPAJAX.
O novo papel da agência no golpe deu-se a conhecer na véspera do 60º aniversário da expulsão do poder de Mossadegh, eleito democraticamente como primeiro-ministro do Irã em 1951. O seu sucessor, o general Fazlollah Zahedi, foi imposto através de uma decisão conjunta dos serviços secretos britânicos MEU6 e da CIA.
“Aplaudimos a decisão da CIA em tornar acessível ao público estes documentos. A nova informação demonstra claramente que este material poderia se ter desclassificado perfeitamente há muitos anos sem nenhum perigo para a segurança nacional”, defende o Arquivo.
Durante muitos anos, membros da CIA asseguravam que os relatórios relativos ao sucedido no Irão nessa data tinham sido destruídos e extraviados em 1960. No entanto, nos últimos anos, várias publicações provaram o envolvimento da CIA e inclusive dois presidentes, Bill Clinton e Barack Obama, reconheceram a intervenção dos Estados Unidos da América no derrube de Mossadegh.
Ainda que a agência tenha já difundido uma versão da sua intervenção nesses acontecimentos em 1981, esta é a primeira vez que se faz referência concreta ao seu envolvimento no planejamento e na execução do golpe.
O nome de código da operação da CIA era TPAJAX e nunca tinha sido mencionada nos documentos revelados pela agência em 1981. “As participações do Reino Unido e dos Estados Unidos sempre foram do domínio público e está bem documentada, mas esta é a primeira vez que a CIA reconhece que ajudou a criar e a levar a cabo o golpe de Estado”, assinala o Arquivo.
A operação TPAJAX incluía o uso de propaganda para minar a credibilidade política de Mossadegh, com a colaboração do Xá, o suborno a vários membros do Parlamento, a organização de forças de segurança e a incitação a manifestações e protestos.
A iniciativa prevista em TPAJAX falhou, mas finalmente todos que de alguma maneira compartilhavam o interesse em derrubar o primeiro-ministro, conseguiram coordenar e juntar as suas forças com sucesso a 19 de agosto.
“A nova propaganda acusa o primeiro-ministro de se fazer passar pelo “salvador do Irã” e admite que em vez disso construiu um amplo aparelho de espionagem para o qual capturou todos os setores da sociedade, desde o Exército à imprensa, passando por políticos e líderes religiosos. Mostram-se imagens da sua suposta aliança com os bolcheviques sob o lema: “É esta a maneira como pretendes salvar o Irã, Mossadegh? Sabemos o que queres salvar, queres salvar a ditadura de Mossadegh!”, lê-se nos documentos revelados sobre as operações de propaganda previstas no TPAJAX.
O novo papel da agência no golpe deu-se a conhecer na véspera do 60º aniversário da expulsão do poder de Mossadegh, eleito democraticamente como primeiro-ministro do Irã em 1951. O seu sucessor, o general Fazlollah Zahedi, foi imposto através de uma decisão conjunta dos serviços secretos britânicos MEU6 e da CIA.
“Aplaudimos a decisão da CIA em tornar acessível ao público estes documentos. A nova informação demonstra claramente que este material poderia se ter desclassificado perfeitamente há muitos anos sem nenhum perigo para a segurança nacional”, defende o Arquivo.
Durante muitos anos, membros da CIA asseguravam que os relatórios relativos ao sucedido no Irão nessa data tinham sido destruídos e extraviados em 1960. No entanto, nos últimos anos, várias publicações provaram o envolvimento da CIA e inclusive dois presidentes, Bill Clinton e Barack Obama, reconheceram a intervenção dos Estados Unidos da América no derrube de Mossadegh.
Fonte: http://www.cartamaior.com.br/
sexta-feira, 23 de agosto de 2013
Denise Stoklos leva à reflexão em 'Carta ao Pai' – por Davi Brandão
Denise Stoklos leva à reflexão em 'Carta ao Pai'
“Teatro é considerado quase a forma embaixadora de um país,
pois mostra como ele é”. A explicação anunciada é de Denise Stoklos, nome
de referência na cena teatral brasileira, durante entrevista à nossa reportagem.
"Mas isso está longe de ser visto aqui, em especial pelos meios que
deveriam ver isso, como o Ministério da Cultura, Secretarias de Cultura, os
governos”, completou Denise.
Em comemoração aos 45 anos de carreira, a paranaense que se
transferiu para São Paulo no final dos anos 70 estreia na noite desta
sexta-feira seu novo espetáculo solo “Carta ao Pai”, baseado na obra homônima
de Franz Kafka. Em cartaz no palco Teatro Anchieta, no Sesc Consolação (R. Dr.
Vila Nova, 245, na Vila Buarque, o público poderá conferir até o dia 29 de
setembro o trabalho da artista reconhecida no mundo pela criação do método
Teatro Essencial, que leva o público à reflexão e destaca a essência do teatro
que pode ser feito de todos os modos, porém não sem a presença de um ator.
Em tom de acerto de contas, mas nunca entregue ao seu
destinatário, a carta de Franz Kafka a seu pai, Herman, um comerciante
austero e tirânico, tornou-se um clássico da literatura universal. Publicada em
1919 e, desde então, exaustivamente examinada por críticos e pesquisadores,
traduz com profundidade singular o universo kafkiano e sua extrema capacidade
de análise e argumentação sobre as relações humanas. “No Teatro Essencial o
ator é o fundamento da cena e sua contingência política é o ponto de
interpretação. Nesta “Carta ao Pai”, não é necessário fantasiar o texto ou
envolvê-lo de aspectos de 1919. A busca é justamente por entregar alguns
fragmentos de forma que a plateia os receba como atualizantes”, destaca.
Segundo a autora, diretora e atriz, que se especializou em
mímica em Londres, em 1979, um momento importante, pois o espetáculo reflete os
tempos atuais do Brasil que acordou e está nas ruas. Acompanhe o bate-papo:
Quando é observado
este dom para o segmento da arte?
Desde muito pequena. Creio que desde quando tenho percepção
de estar viva faço teatro. Como isso? Escrevendo, dirigindo, coreografando,
iluminando, interpretando, sempre para contar alguma coisa que me tocou
emocionalmente e isso sempre percebi. Depois comecei a fazer isso
profissionalmente. Estudei Ciências Sociais, na Universidade Católica e
Jornalismo, na Universidade Federal, áreas que me levaram a ter um approach
muito grande de sociologia dos meus temas e de jornalismo, por fazer uma
comunicação de tudo que estava me tocando.
As formações
acadêmicas também explicam o engajamento político observado em suas montagens?
Comecei profissionalmente em 1968, com 18 anos, quando
cursava o segundo ano de ambos os cursos. Claro, que o momento político da
época me trouxe uma noção de engajamento político e meu trabalho não pode
deixar de ser relacionado e baseado nas questões sócio, políticas e econômicas,
como é feito até hoje. Logo desenvolvi este trabalho do modo que eu desejei,
com o jeito que eu queria fazer, de me mexer no palco, a luz, as músicas. Fiz
algo que depois dei o nome de Teatro Essencial.
Comente um pouco mais
sobre este método.
Depois de muito tempo este Teatro Essencial, após muitas
peças foi reconhecido nos Estados Unidos, e fui convidada para dar aulas por
lá. Na verdade, o conceito do Teatro Essencial é de que o que se passa no palco
não é uma ficção, pois o espectador não assiste como um voyeur (somente olhando
pelo buraco da fechadura), mas neste teatro que eu faço o espectador é que dá o
sentido, ele quem dirá o que está acontecendo. Apresento em diversas camadas
sociais, da mais simples a literal, e cada um lê de acordo com quer ler e pode.
Um modo que chamo de fricção, onde não existe uma historinha. Sempre dou o
exemplo, que para fazer o “Padre Antônio Vieira” eu não coloco a batina, não
faço trejeitos de quando fazia seus sermões, não faço os cenários do Maranhão,
mas sim entro com o palco nu e com uma roupa de exercícios, e como eu mesmo,
como mulher falo o texto. O público ao ver e perceber pelo instrumento da cena
que é o ator e torna o texto atual e atualizante. Ele não assiste de fora, mas
sim participa e autêntica como verdadeiro ou não. Não é de mentira o teatro que
faço, mas sim uma espécie de dever da dona.
Poderia ser definido
como um teatro de simplicidade, mas com a compreensão da mensagem?
Exatamente. Totalmente simples que não tem enfeites que é
feito com a base do teatro. Um teatro sem texto ainda existe, um teatro sem luz
ainda existe, um teatro se cenário ainda existe, um teatro sem som ainda
existe, mas um teatro sem ator não é teatro. O teatro é ator, e o que ele tem
como instrumento, o corpo, a voz e essa parte que vai organizar o corpo a voz,
que é a sua inteligência, sua memória afetiva, suas escolhas ideológicas, sua intuição.
E com isso se faz o teatro, que não é um passatempo, mas sim um ganha tempo,
onde a pessoa vai para refletir sobre a natureza humana.
Na verdade não existe
entretenimento, como é trabalho o teatro atual?
Não é entretenimento. Não tem como entreter-se, pois o
espectador tem que ler o que está acontecendo. Ele tem que dar um sentido para
aquilo que está vendo, pois não tem enfeites, histórias. Tem que se identificar
com aquilo. As pessoas precisam refletir. O teatro se faz necessário. Por
isso que se diz “pão e circo”, pão para o alimento e o circo [teatro] para
reflexão. Inclusive na Grécia Antiga os médicos receitavam pessoas de teatro
para as pessoas melhorarem a compreensão de justiça ou altivez da vida. É algo
sagrado e não entretenimento. Hoje é ruim pois é considerado supérfluo, e
muitos que fazem correm para a televisão, vislumbrando o financeiro.
Muitos especialistas discutem o teatro atual. Você acredita
que muitos dos problemas são reflexos desta perda de essência
Não acho que tenha perdido. Na verdade é que as manchetes
sempre dizem que está morrendo. Mas isso hoje, ontem, o ano passado, sempre foi
dito isso. Isso porque ele não possui produto, pois ele não é defendido por
ninguém. Ele não paga para ninguém o suficiente para ele fazer aqui. Ele produz
reflexão e isso não é produto, não é commodity. Ele vai sobrevivendo porque tem
alguns apoiadores. Por isso temos que festejar quando chegamos aos 45 anos de
profissão e o jovem tem que ver que mesmo diante de muita luta é possível fazer
teatro e nem sempre é necessário se esconder na televisão
E você sempre se
manteve do teatro? Recebeu convites para esse esconderijo chamado televisão?
Sou privilegiada e com essa oportunidade que tive de ter uma
carreira internacional me beneficiou. Também o método construído foi
importante. Tive minha valorização que me abriu muitas chances. Tenho um
apoiador que é o Sesc, uma das mais importantes entidades do País. Não somente
recebi, como fiz minha experiência na televisão. O Abujamra diz que todo ator
tem que fazer uma novela na vida e eu já fiz uma, na TV Bandeirantes. Na
televisão você tem um patrão, você fica preso àquilo e você perde o seu eu.
Felizmente consigo manter minha carreira no teatro.
Algumas pessoas
criticam o público, pois ainda o vê muito distante do teatro. Qual sua
avaliação sobre isso?
Vivemos em um país cheio de contrastes, onde temos falta de
escolas, de hospitais, de transporte. E claro que o teatro se torna uma coisa
supérflua e difícil e nem todos tiveram a oportunidade de estar em uma sala de
teatro. Isso é diferente na Escandinávia, por exemplo, pois lá a vida social é
resolvida.
Você também destaca a juventude, comente sobre o jovem
brasileiro deste imenso Brasil.
Eles são maravilhosos. O bom é que continuam fazendo teatro,
algo de vanguarda. Talvez seja neste tempo de comunicação virtual, a única que
irá permanecer, pois é a oportunidade de gente viva se encontrar com gente
viva.
Nesta sexta-feira, um
dos presentes destes 45 anos de trajetória é a estreia do espetáculo “Carta ao
Pai”, certo? Comente sobre este texto, que traz ao brasileiro um texto
refletido no mundo, com fragmentos de Franz Kafka.
“Carta ao Pai” é um texto muito importante do Kafka, pois
ele inaugurou a literatura e o jornalismo moderno. Este texto serve muito ao
meu teatro, pois fazer o filho aqui para mim, não é aquele que morava na
Tchecoslováquia, que teve um pai severo. O filho é um ser brasileiro que
é maltratado pelo pai, que é o Estado. Aqui o filho fala para o pai, o que ele
fez com ele. Como o espanca moralmente e quanto é difícil para ele ter uma vida
de pé com toda essa repressão e opressão daquele que deveria estar defendendo
este homem brasileiro. Então como eu não faço ficção, aqui a gente assiste nós
todos, o ser brasileiro falando, se manifestando, apontando o que o sistema faz
com a gente. A Carta ao Pai foi uma carta escrita onde ele denunciava tudo
isso, nada de choro, mas sim como muita ação, de renúncia que sua mãe nunca
deixara entregar ao seu pai, que nunca a leu. Mas todo o mundo leu.
O texto pode servir
de reflexão para o atual momento vivenciado pelo Brasil, que decidiu ir às ruas
para lutar pelos direitos sociais?
Com certeza. É completamente aplicado a isso. Estamos
apontando: não suba os vinte centavos no ônibus, não faça isso, pois
impede que consigamos melhorar o Produto Interno Bruto, em virtude deste
desvalidando aplicado por aqueles que estão no comando. Então “Carta ao Pai”
vem muito em um momento apropriado que o Brasil vive.
Fonte: http://www.dci.com.br
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