Lucros corporativos têm alta recorde nos Estados Unidos
Os lucros corporativos tiveram um salto de 36,8% no último ano, para uma taxa anual de US$ 1,68 trilhão, e estão agora 61,5% acima da queda registrada no quarto semestre de 2008. Esta situação ofusca os níveis de lucros pré-recessão e representa o maior salto nestes registros desde 1947. Este salto nos lucros corporativos foi atingido através de agressivas políticas de reestruturações elaboradas pelas corporações em 2009, que fizeram milhões de pessoas perderem seus empregos.
Os lucros corporativos nos EUA atingiram o seu nível mais alto na história, enquanto que as vendas de novas casas caíram para o seu patamar mais baixo em todos os tempos, de acordo com dados divulgados esta semana pelo governo federal. A atual "recuperação" econômica está sendo levada a cabo inteiramente às custas da classe trabalhadora.
Os lucros corporativos tiveram um salto de 36,8% no último ano, para uma taxa anual de US$ 1,68 trilhão, e estão agora 61,5% acima da queda registrada no quarto semestre de 2008. Esta situação ofusca os níveis de lucros pré-recessão e representa o maior salto nestes registros desde 1947. Os dados foram liberados dia 25 de março pela Secretaria de Análises Econômicas, como parte de uma nova revisão das estimativas do Produto Interno Bruto.
Este salto nos lucros corporativos foi atingido através de agressivas políticas de reestruturações elaboradas pelas corporações em 2009, que fizeram milhões de pessoas perderem seus empregos. A produtividade cresceu em 1,9% no último ano, de acordo com um relatório anterior do governo, enquanto que os trabalhadores viram seus ganhos reais despencarem, apesar de estarem trabalhando mais duro.
A política de restruturamento drástico – cuja ponta de lança foi a administração Obama e sua intervenção na indústria automotiva – resultou numa aguda redução nas condições de vida da classe trabalhadora. Isso é melhor refletido no contínuo declínio do mercado de casas. As vendas de novos lares caíram 16,9% em fevereiro, o terceiro mês consecutivo de quedas, para um patamar de 250.000 por ano, de acordo com estatísticas liberadas na quarta-feira pelo Departamento de Comércio. Os números do último mês estão 28% abaixo do ano anterior.
O preço médio de uma casa nova caiu para US$ 202.000 em fevereiro, abaixo dos US$ 234.000 de janeiro e dos US$ 221.900 em fevereiro de 2010. Enquanto isso, o tempo para se conseguir vender uma casa tem aumentado de 8.6 meses em fevereiro de 2010 para 8.9 meses em fevereiro de 2011.
Os economistas atribuem a deterioração do mercado de residências principalmente ao problema crônico da alta taxa de desemprego, que deixa os compradores desprovidos de crédito, aliado a maiores restrições por parte dos bancos. Mas salários estagnados e aumento de preços tiveram um papel significativo no empobrecimento da população, o que está alimentando a crise no setor dos imóveis residenciais.
O ganho real médio da hora trabalhada pelos trabalhadores caiu quatro centavos ao longo do último ano, de acordo com um relatório da Secretaria de Estatísticas do Trabalho do começo deste mês de março. Os salários reais estão para cair ainda mais enquanto que os preços continuam a aumentar. Os preços para o consumidor aumentaram 0,5% em fevereiro, e têm aumentado 2,1% durante o último ano, de acordo com o relatório.
A tendência é de aumentos de preços ainda mais expressivos. Como a Secretaria observou em seu relatório, a taxa de inflação do últimos ano quase dobrou nos últimos seis meses.
As altas inflacionárias estão sendo lideradas pelos aumentos dos preços dos alimentos e de energia. O petróleo chegou a US$ 106 o barril nesta semana, enquanto estava abaixo dos US$ 70 em maio de 2010. Os preços médios da gasolina nos Estados Unidos chegaram a US$ 3,56 por galão, contra US$ 2,76 de um ano atrás.
Os preços dos alimentos também subiram de forma expressiva neste ano, com aumentos de 0,5% em janeiro e 0,6% em fevereiro, de acordo com dados da Secretaria de Estatística do Trabalho.
Estes aumentos de preços elevaram as expectativas de inflação para seus níveis mais altos desde o final de 2008, de acordo com informações divulgadas na sexta pelo índice de impressões do consumidor medido pela Thomson Reuters em parceria com a Universidade de Michigan. Os consumidores esperam uma inflação média de 3,2% ao longo dos próximos cinco anos, 50% mais alta do que no último ano.
Os receios sobre a inflação, aliados a um persistente índice de alto desemprego e salários estagnados, causou uma aguda retração nos sentimentos dos consumidores, cujos números caíram para os seus níveis mais baixos desde novembro de 2009, de acordo com o estudo da Reuters/UM. O índice caiu 12% em março, enquanto que os analistas disseram que isso "indica claramente que os números reais de gastos com consumo irão diminuir".
As últimas informações sobre o PIB, divulgadas na sexta, mostram que a economia norte-americana cresceu mais rapidamente do que as estimativas anteriores previram para 2010, expandindo-se numa taxa de 3,1% no quarto semestre, resultando num crescimento anual de 2,9%. Esse ritmo, no entanto, mal cobre o declínio de 2,6% que o PIB sofreu em 2009, e não representa crescimento econômico suficiente para ter um impacto significativo sobre os empregos.
Os dados mais recentes comprovam a tendência mostrada pelos números do ano passado: as corporações e seus donos estão se enriquecendo através do sofrimento de milhões.
O excedente de mão de obra criado pelo índice de desemprego persistentemente alto – junto com as decorrentes pioras nas condições de trabalho – é a base para o contínuo aumento nos lucros. Mas, para os trabalhadores, os próximos anos anunciam preços mais altos e queda dos salários reais, além dos altos índices de desemprego esperados para perdurar ainda por anos a fio.
(*) Traduzido para Diário Liberdade por Henrique Abel
Fonte: Carta Maior
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