Palestinos mostram repulsa ao assassinato de ativista italiano em Gaza
Faixa de Gaza, 15 abr (EFE).- Centenas de palestinos se manifestaram nesta sexta-feira pelas ruas da Cidade de Gaza e de Ramala para mostrar sua repulsa ao assassinato do jovem ativista italiano Vittorio Arrigoni, morto esta madrugada após ser sequestrado por um grupo extremista salafista, simpatizantes da Al Qaeda.
"O povo aqui está conosco. Os palestinos rejeitaram categoricamente o crime, nos dizem que é uma vergonha, que o sentem muitíssimo e que apreciam muito o trabalho que fazemos aqui e o que fazia Vittorio", disse à Agência Efe o cooperador espanhol Nacho García, amigo e colega de Arrigoni.
"Todas as ONG locais e internacionais que trabalham em Gaza estão aqui", disse García em conversa por telefone desde a Praça do Soldado Desconhecido (Al Jundi Al Majhull), na Cidade de Gaza, onde centenas de palestinos se reuniram para protestar pelo assassinato do ativista, de 36 anos de idade.
Arrigoni era membro do Movimento de Solidariedade Internacional (ISM) e morava desde 2008 em Gaza, aonde chegou em um navio do Movimento Libertem Gaza para romper o bloqueio israelense e onde permaneceu para realizar projetos pacifistas e de sensibilização e luta não violenta contra a ocupação.
Também na praça de Al Manara, em Ramala (Cisjordânia), se reuniram esta tarde dezenas de pessoas para mostrar sua solidariedade e condenação ao crime.
"Os palestinos estão em estado de choque, ninguém entende o que aconteceu, estão zangados e também muito tristes", disse à Efe por telefone de Ramala Anna Stevens, uma porta-voz do ISM.
Esta noite será realizada uma vigília com velas em frente à sede das Nações Unidas em Gaza, para honrar a memória do jovem italiano e rejeitar seu assassinato. Todas as facções palestinas condenaram o fato.
O porta-voz do Ministério do Interior em Gaza, Ihab al-Ghusein, declarou que se trata de "um crime horrível que não representa nossos valores, nossas crenças nem nossas tradições. Continuaremos perseguindo os criminosos até que sejam castigados".
Segundo Ghusein, o ocorrido "não reflete a situação real de segurança e disciplina na Faixa de Gaza e não significa que haja uma deterioração da segurança. O Governo (do Hamas) vai continuar trabalhando em prol da estabilidade e da ordem em Gaza".
Khalil Abu Shamallah, diretor da ONG Adameer, assinalou que "o assassinato de Vittorio é uma grande vergonha para o povo palestino, que não foi capaz de proteger uma pessoa que veio expressar sua solidariedade".
Na mesma linha se expressou o porta-voz do Governo do Hamas em Gaza, Fawzi Barhum, assinalando em comunicado que se está perante um crime vergonhoso contra um homem que veio de seu país para apoiar seu povo e contar ao mundo o sofrimento que resulta da ocupação.
A Jihad Islâmica também condenou o sucedido em comunicado enviado aos jornalistas, no qual pedem "um castigo duro e exemplar contra os que cometeram o crime", e lembram que "o Islã é uma religião de misericórdia e nunca apelou pela realização de crimes como este, que são proibidos por Deus".
Um grupo salafista desconhecido e denominado Brigada do Cavaleiro Companheiro do Profeta Maomé assumiu o sequestro de Arrigoni em um vídeo psotado na internet, no qual ameaçavam matar o ativista se o Hamas não libertasse imediatamente todos os presos salafistas das prisões de Gaza.
O líder salafista Iyad Ash-Shami disse que nenhum grupo de Gaza seguidor dessa tendência está por trás do assassinato e ressaltou que todos os líderes desse movimento religioso extremista concordam em que o assassinato "não tem nada a ver com o Islã".
A chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, também condenou o "sequestro e atroz assassinato" do jovem italiano, um fato "ainda mais deplorável ao se ter em conta que Arrigoni esteve ajudando o povo palestino na Faixa de Gaza durante muitos anos".
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