quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Cinco dias depois de despejo, sem teto permanecem sem atendimento em São Paulo - Redação

Cinco dias depois de despejo, sem teto permanecem sem atendimento em São PauloFamílias ainda estão na calçada da avenida São João

Desde o despejo que sofreram na última quinta-feira (02), as famílias que ocupavam o prédio da Avenida São João permanecem na calçada sob lonas aguardando atendimento da prefeitura de São Paulo.

Osmar Borges, coordenador da Frente de Luta por Moradia (FLM), afirma que, somente nesta terça-feira (07), um representante da prefeitura esteve no local e se comprometeu a agendar uma reunião entre os sem-teto e membros das Secretarias Municipais que devem prestar assistência às famílias. “Ele falou que iria marcar uma reunião com uma comissão para discutir o impasse do acampamento. Mas ainda não houve ninguém que viesse para informar o horário da reunião ou se eles têm alguma proposta”, conta.

O coordenador da FLM reclama da demora e da falta de informação da prefeitura com relação ao atendimento das famílias. Segundo ele, o prefeito Gilberto Kassab (PSD) tem dado declarações somente à imprensa sem, de fato, providenciar um local para encaminhar os sem teto.

Após o despejo, assistentes sociais estiveram no acampamento propondo o encaminhamento das famílias para albergues, no entanto, a proposta foi recusada. “Quer levar as famílias para alojamento, a gente aceita um espaço onde possam ficar todos juntos”, afirma. Não vamos aceitar o albergue, porque vai separar as famílias, vai levar mulheres e crianças para um lado, homens para outro”, alega Borges.

As cerca de 230 famílias ocupavam o prédio de três andares que fica na esquina das avenidas Ipiranga e São João, onde funcionava um bingo, desde 6 de novembro de 2011.

Elas foram despejadas após uma decisão judicial que determinou a reintegração de posse do imóvel. Sem ter para onde ir, os sem teto decidiram permanecer na calçada da Avenida São João.

Um acampamento chegou a ser montado com placas de madeiras, mas na sexta-feira (03) a Guarda Civil Metropolitana (GCM) recolheu os materiais, deixando as famílias apenas com seus pertences. Lonas foram colocadas, então, para abrigar as famílias.

Segundo Borges, os sem teto aguardam, ainda nesta terça-feira, uma reunião com representantes do Ministério Público para cobrar uma ação em favor das famílias. O Ministério Público havia conseguido uma liminar que obrigava a prefeitura a prestar assistência às famílias e providenciar moradias definitivas. No entanto, a administração municipal recorreu e conseguiu a autorização do desembargador José Maria Câmara Junior, da 9ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça, para alojar as famílias em abrigos e albergues municipais.

O coordenador da FLM explica que o Ministério Público recorreu da decisão, mas ainda não teve parecer da Justiça. Agora, os sem teto querem cobrar dos promotores uma atitude em relação à situação em que se encontram. “O que está acontecendo com essas famílias é um terrorismo por parte da prefeitura, isso não pode ser tolerado”, protesta.

Truculência
No domingo, em torno de 300 guardas civis fecharam o quarteirão onde as famílias estão acampadas. De acordo com Borges, a GCM se posicionou em frente ao acampamento, deixando as famílias acoadas. Logo após, iniciou-se um confronto entre os guardas e os sem teto. “Toda a confusão começou quando um GCM jogou um spray de pimenta na cara de uma das mães e outros GCMs começaram a agredir com cassetete as outras pessoas que estavam no acampamento”, relata.

O coordenador da FLM conta que as famílias apenas tentaram se defender da ação truculenta da Guarda Civil. “Algumas crianças foram socorridas e levadas ao PS, com problemas de respiração por conta do spray e do gás da bomba de efeito moral. Saíram pessoas machucadas, com hematomas”, descreve.

Segundo Borges, a ação da GCM foi “desnecessária” já que as famílias permanecem no local de forma pacífica. “Ninguém aqui estava dando motivo para uma ação como essa contra as famílias que estão lutando por moradia”, defende.
Fonte: http://www.brasildefato.com.br/

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