quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Torcidas e política no Egito: um massacre - Por Aldo Cordeiro Sauda

Torcidas e política no Egito: um massacre
Muitos companheiros estão dizendo que isto é uma punição coletiva, organizada pela polícia, para se vingar dos torcedores do Ahly, que estiveram nas linhas de frente dos confrontos com a polícia. Por Aldo Cordeiro SaudaHoje, 1º de fevereiro, morreram 73 companheiros da torcida do Ultras Ahly, a maior torcida organizada do Egito. Foram assassinados pelos torcedores do Massry, um time de Port Said. Antes do jogo começar foram espalhados boatos em Port Said de que os torcedores do Ahly estavam armados e iriam atacar e destruir a cidade. De acordo com alguns jornalistas, estes boatos fizeram com que os torcedores do Massry, com medo de serem massacrados pelos torcedores do Ahly, se armassem para enfrentar seus inimigos. O Massry é um time relativamente pequeno quando comparado com o Ahly (o maior) e o Zamalak (o segundo maior).

Já fui a jogos com a torcida organizada do Ahly. Eles são extremamente pacíficos em relação às outras torcidas e muito politizados. Esta torcida está presente desde o início das mobilizaçõe na Praça Tahir e, ao lado da torcida Ultras Zamalak, promoveram uma fusão entre as torcidas organizadas e agora se apresentam como ”Ultras Freedom”, ou seja “Ultras Liberdade”. No início do jogo de hoje começaram a ofender do Marechal Tantawi, chefe da Junta Militar egípcia que preside o país.

O ataque aos torcedores do Ahly provocou uma reação da torcida do Zamalak. Alguns relatos contam que, em solidariedade aos que caíram, eles atearam fogo no Estádio do Cairo. Outros relatos informam que a torcida do Zamalak, principal rival do Ahly, falou que irá marchar até à cidade de Port Said para defender seus companheiros do Ultras Ahly que estão sendo massacrados pela polícia e pelos torcedores do Massry. É mais ou menos o equivalente à Mancha Verde [Torcida do Palmeiras] atear fogo no Pacaembu [estádio municipal de São Paulo] em solidariedade a um massacre da Gaviões da Fiel [torcida do Cortinthians] em um jogo contra o Sport Recife.Muitos companheiros estão dizendo que isto é uma punição coletiva, organizada pela polícia, para se vingar dos torcedores do Ahly, que estiveram nas linhas de frente dos confrontos com a polícia. O fato é que em todas a imagens podemos ver a polícia apenas assistindo ao massacre, o que é confirmado pelo relato de todas as testemunhas.

É provável que este episódio desencadeie um processo de vingança, porque, pela tradição familiar egípcia, é uma questão de honra vingar seus primos mortos. O massacre gera então um processo de destabilização das Ultras, importante grupo na Revolução Egípcia.Os torcedores do Ultras Ahly saudam os mártires de Suez, a mãe da revolução
Neste momento ocorre um ato em solidariedade aos mortos. Concentraram-se em frente à sede do clube, inicialmente com 300 pessoas, e foram caminhando até à estação de trem. Os relatos indicam que o ato não para de crescer e não sabemos ao certo quantas pessoas estão lá neste momento. Agora o ato se dirige a uma delegacia de Polícia. Entre os manifestantes existe a certeza de que o massacre foi obra de agentes provocadores.
Apesar de alguns gritos contra Massry, a grande maioria dos cantos exige a execução dos generais que comandam a junta militar.
Fonte: http://passapalavra.info/

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