segunda-feira, 12 de março de 2012

Após massacre, Afeganistão exige julgamento público de soldado dos EUA - por Marina Terra

Após massacre, Afeganistão exige julgamento público de soldado dos EUAMilitar abriu fogo contra civis no domingo. Obama se disse "profundamente triste" com as mortes

O Parlamento afegão ordenou que os norte-americanos envolvidos no massacre de 16 civis no domingo (11/03), no sul do país, tenham um julgamento público. O presidente dos Estados Unidos, Barak Obama, disse que estava profundamente triste com as mortes e falou que era um incidente "trágico e chocante". Os talibãs, por sua vez, prometeram nesta segunda-feira (12/03) vingar o massacre.

Na manhã de domingo, um soldado da Isaf (Força Internacional de Assistência para a Segurança, na sigla em inglês), saiu de sua base na província de Kandahar, um reduto talibã, e matou os moradores de três casas de vilarejos próximos, incluindo nove crianças e três mulheres. Depois ele queimou os corpos.

O banho de sangue aconteceu poucas semanas depois da queima de exemplares do Alcorão por soldados dos EUA na base de Bagram (norte), um ato considerado uma blasfêmia e que desencadeou uma onda de violentas manifestações antiamericanas no país que deixaram quase 40 mortos.

O massacre ameaça complicar ainda mais as difíceis negociações em curso entre Washington e Cabul, que tentam chegar a um acordo sobre as condições de uma associação estratégica em longo prazo. O acordo pretende, entre outras coisas, definir a modalidade da presença norte-americana no Afeganistão depois de 2014, data em que a OTANH pretende já ter retirado todas as tropas de combate do país.

A eventual criação de bases permanentes é um tema sensível em um país historicamente contrário a qualquer presença militar estrangeira. Washington fracassou quando tentou concluir um acordo similar no Iraque, ao não obter do governo de Bagdá uma garantia para a imunidade judicial de seus soldados, e teve que retirar todas as tropas do país.

A matança de domingo lembra o que aconteceu em novembro de 2005 em Haditha, no Iraque. Segundo a acusação, militares norte-americanos abriram fogo, apesar da ausência de rebeldes, por três horas para vingar a morte de um colega na explosão de uma bomba. No total, 24 iraquianos morreram, incluindo crianças.

Nos EUA, uma pesquisa mostra que 60% dos norte-americanos acreditam que a guerra no Afeganistão não valeu a pena e 54% desejam uma retirada imediata. De acordo com a pesquisa da rede ABC News e do jornal Washington Post, 35% dos entrevistados consideram que o conflito de mais de uma década valeu a pena.
Fonte: http://operamundi.uol.com.br/

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