Uma terrível normalidade: os massacres e as aberrações da História
Nós precisamos nos esforçar de toda forma possível pelo desenrolar revolucionário, uma revolução de democracia
Ao longo de boa parte da história, o anormal tem sido a norma, Este é o paradoxo que vamos examinar. Aberrações, tão abundantes que formam uma terrível normalidade própria, caem sobre nós com uma consistência medonha.
A quantidade de massacres na história, por exemplo, é quase maior do que nós podemos nos lembrar. Houve o holocausto do Novo Mundo, que consistiu no extermínio de povos indígenas americanos nativos por todo o hemisfério ocidental, estendendo-se por quatro ou mais séculos e continuando até tempos recentes na região amazônica.
Foram séculos de escravidão cruel nas Américas e em outros lugares, seguidas por um século inteiro de linchamentos a da segregação de Jim Crow nos Estados Unidos, e pelos numerosos assassinatos e prisões da juventude negra pela polícia atualmente.
A quantidade de massacres na história, por exemplo, é quase maior do que nós podemos nos lembrar. Houve o holocausto do Novo Mundo, que consistiu no extermínio de povos indígenas americanos nativos por todo o hemisfério ocidental, estendendo-se por quatro ou mais séculos e continuando até tempos recentes na região amazônica.
Foram séculos de escravidão cruel nas Américas e em outros lugares, seguidas por um século inteiro de linchamentos a da segregação de Jim Crow nos Estados Unidos, e pelos numerosos assassinatos e prisões da juventude negra pela polícia atualmente.
Wikicommons
Linchamento público de Henry Smith, negro norte-americano morto por espancamento em 1893 em Paris, Texas
Não nos esqueçamos do extermínio de 200 mil filipinos pelo exército dos Estados Unidos no começo do século 20, o massacre genocida de 1.5 milhão de armênios pelos turcos em 1915, e a matança em massa dos africanos pelos colonialistas ocidentais, incluindo as 63 mil vítimas do genocídio de hererós e namaquas, no sudoeste africano alemão, em 1904, e a brutalização e escravização de milhões de belgas do Congo desde o final dos anos 1880 até a sua emancipação em 1960 – seguida pelos anos de exploração do livre-comércio neocolonial e pela repressão no que era o Zaire de Mobutu.
Os colonizadores franceses mataram 150 mil argelinos. Mais tarde, muitos milhões faleceram em Angola e Moçambique ao lado de outros 5 milhões na impiedosa região hoje conhecida como a República Democrática do Congo.
O século vinte nos deu – além de outros horrores – mais de 16 milhões de vidas perdidas e de 20 milhões de feridos ou mutilados na Primeira Guerra Mundial, seguidos pelos estimados 62 a 78 milhões de mortos na Segunda Guerra Mundial, incluindo 24 milhões de militares e civis soviéticos, 5.8 milhões de judeus europeus, e somados como um todo, muitos milhões de sérvios, poloneses, ciganos, homossexuais e uma porção de outras nacionalidades.
Nas décadas depois da Segunda Guerra Mundial, muitos, se não a maioria, dos massacres e guerras foram abertamente ou secretamente patrocinados pelo estado de segurança nacional dos Estados Unidos. Isso inclui os mais ou menos dois milhões deixados mortos ou desaparecidos no Vietnã, ao lado dos 250 mil cambojanos, 100 mil laosianos e 58 mil americanos.
Em boa parte da África, Ásia Central, e no Oriente Médio, hoje, existem guerras “menores”, cheias de atrocidades de todos os tipos. A América Central, a Colômbia, a Ruanda e outros lugares numerosos demais para listar sofreram massacres e extermínios em massa de centenas de milhares, uma constância de horrores violentos. No México, uma “guerra contra as drogas”, tirou a vida de 70 mil pessoas e deixou 8 mil desaparecidas.
Houve a chacina de mais de meio milhão de indonésios socialistas ou nacionalistas democráticos pelo exército indonésio patrocinado pelos Estados Unidos em 1965, que terminou seguida pelo extermínio de 100 mil timorenses do leste pelo mesmo exército apoiado pelos Estados Unidos.
Considere os 78 dias de destruição aérea da Iugoslávia pela OTAN, completada com [armas de] urânio empobrecido, e o bombardeio e invasão do Panamá, Granada, Somália, Líbia, Iêmen, Paquistão Ocidental, Afeganistão, e agora a guerra devastadora do atrito intermediado contra a Síria. Enquanto eu escrevo (no começo de 2013) sanções patrocinadas pelos Estados Unidos contra o Irã estão plantando severas dificuldades para a população civil daquele país.
Tudo o que foi citado acima faz parte de uma muito incompleta lista da injustiça feia e violenta no mundo. Um inventário completo encheria volumes. Como nós registramos os outros incontáveis abusos que marcam vidas, os muitos milhões que sobreviveram a guerras e massacres, mas seguem para sempre com corpos e espíritos quebrados, condenamos a uma vida de sofrimento e privações sem dó, refugiados que não têm comida ou remédios ou água e serviços sanitários em países como Síria, Haiti, o sul do Sudão, Etiópia, Somália e Mali?
Não nos esqueçamos do extermínio de 200 mil filipinos pelo exército dos Estados Unidos no começo do século 20, o massacre genocida de 1.5 milhão de armênios pelos turcos em 1915, e a matança em massa dos africanos pelos colonialistas ocidentais, incluindo as 63 mil vítimas do genocídio de hererós e namaquas, no sudoeste africano alemão, em 1904, e a brutalização e escravização de milhões de belgas do Congo desde o final dos anos 1880 até a sua emancipação em 1960 – seguida pelos anos de exploração do livre-comércio neocolonial e pela repressão no que era o Zaire de Mobutu.
Os colonizadores franceses mataram 150 mil argelinos. Mais tarde, muitos milhões faleceram em Angola e Moçambique ao lado de outros 5 milhões na impiedosa região hoje conhecida como a República Democrática do Congo.
O século vinte nos deu – além de outros horrores – mais de 16 milhões de vidas perdidas e de 20 milhões de feridos ou mutilados na Primeira Guerra Mundial, seguidos pelos estimados 62 a 78 milhões de mortos na Segunda Guerra Mundial, incluindo 24 milhões de militares e civis soviéticos, 5.8 milhões de judeus europeus, e somados como um todo, muitos milhões de sérvios, poloneses, ciganos, homossexuais e uma porção de outras nacionalidades.
Nas décadas depois da Segunda Guerra Mundial, muitos, se não a maioria, dos massacres e guerras foram abertamente ou secretamente patrocinados pelo estado de segurança nacional dos Estados Unidos. Isso inclui os mais ou menos dois milhões deixados mortos ou desaparecidos no Vietnã, ao lado dos 250 mil cambojanos, 100 mil laosianos e 58 mil americanos.
Em boa parte da África, Ásia Central, e no Oriente Médio, hoje, existem guerras “menores”, cheias de atrocidades de todos os tipos. A América Central, a Colômbia, a Ruanda e outros lugares numerosos demais para listar sofreram massacres e extermínios em massa de centenas de milhares, uma constância de horrores violentos. No México, uma “guerra contra as drogas”, tirou a vida de 70 mil pessoas e deixou 8 mil desaparecidas.
Houve a chacina de mais de meio milhão de indonésios socialistas ou nacionalistas democráticos pelo exército indonésio patrocinado pelos Estados Unidos em 1965, que terminou seguida pelo extermínio de 100 mil timorenses do leste pelo mesmo exército apoiado pelos Estados Unidos.
Considere os 78 dias de destruição aérea da Iugoslávia pela OTAN, completada com [armas de] urânio empobrecido, e o bombardeio e invasão do Panamá, Granada, Somália, Líbia, Iêmen, Paquistão Ocidental, Afeganistão, e agora a guerra devastadora do atrito intermediado contra a Síria. Enquanto eu escrevo (no começo de 2013) sanções patrocinadas pelos Estados Unidos contra o Irã estão plantando severas dificuldades para a população civil daquele país.
Tudo o que foi citado acima faz parte de uma muito incompleta lista da injustiça feia e violenta no mundo. Um inventário completo encheria volumes. Como nós registramos os outros incontáveis abusos que marcam vidas, os muitos milhões que sobreviveram a guerras e massacres, mas seguem para sempre com corpos e espíritos quebrados, condenamos a uma vida de sofrimento e privações sem dó, refugiados que não têm comida ou remédios ou água e serviços sanitários em países como Síria, Haiti, o sul do Sudão, Etiópia, Somália e Mali?
Pense nas milhões de mulheres e crianças ao redor do mundo e ao longo dos séculos que foram traficadas de maneiras impronunciáveis, e os milhões em cima de milhões presos em uma armadilha de exploração, sejam eles escravos, servos, ou trabalhadores mal pagos. O número de empobrecidos está agora crescendo em uma taxa que supera a população mundial. Some a isso os incontáveis atos de repressão, encarceramento, tortura e outros abusos criminosos que se abateram sobre o espírito humano em todo o mundo e todos os dias.
Não deixemos passar batidas a onipresente corrupção corporativa e as massivas fraudes financeiras, a pilhagem dos recursos naturais e o envenenamento industrial de regiões inteiras, o deslocamento forçado de populações inteiras, as catástrofes intermináveis de Chernobyl e Fukushima e outros desastres iminentes esperando o envelhecimento de muitos reatores nucleares.
As mais horrorosas aberrações do mundo são tão comuns e implacáveis que elas deixam de ser extremas e nós nos tornamos acostumados ao horror de tudo. “Quem hoje se lembra dos armênios?”, é uma pergunta que Hitler teria feito enquanto planejava sua “solução final” para os judeus. Quem hoje se lembra dos iraquianos e da morte e destruição que eles sofreram em larga escala pela invasão norte-americana de suas terras? William Blum nos faz lembrar que mais da metade da população do Iraque está ou morta, ou ferida, traumatizada, presa, deslocada ou exilada, enquanto seu meio-ambiente é saturado com urânio empobrecido (do armamento estadunidense) provocando horrorosos defeitos de nascimento nos bebês.
Não deixemos passar batidas a onipresente corrupção corporativa e as massivas fraudes financeiras, a pilhagem dos recursos naturais e o envenenamento industrial de regiões inteiras, o deslocamento forçado de populações inteiras, as catástrofes intermináveis de Chernobyl e Fukushima e outros desastres iminentes esperando o envelhecimento de muitos reatores nucleares.
As mais horrorosas aberrações do mundo são tão comuns e implacáveis que elas deixam de ser extremas e nós nos tornamos acostumados ao horror de tudo. “Quem hoje se lembra dos armênios?”, é uma pergunta que Hitler teria feito enquanto planejava sua “solução final” para os judeus. Quem hoje se lembra dos iraquianos e da morte e destruição que eles sofreram em larga escala pela invasão norte-americana de suas terras? William Blum nos faz lembrar que mais da metade da população do Iraque está ou morta, ou ferida, traumatizada, presa, deslocada ou exilada, enquanto seu meio-ambiente é saturado com urânio empobrecido (do armamento estadunidense) provocando horrorosos defeitos de nascimento nos bebês.
Padrões
O que será feito disso tudo? Primeiro, nós não podemos atribuir essas aberrações ao acaso, a confusões inocentes e a consequências não intencionais. Nem deveríamos acreditar nas justificativas comuns sobre espalhar a democracia, lutar contra o terrorismo, promover resgates humanitários, proteger os interesses nacionais dos Estados Unidos e outras palavras de ordem gritadas pelas elites dominantes e seus porta-vozes.
Os padrões repetitivos de atrocidade e violência são tão persistentes que nos convidam a suspeitar que eles geralmente sirvam a interesses reais; eles são estruturais e não incidentais. Toda essa destruição e chacina deu altíssimos lucros aos plutocratas que buscam a expansão econômica, a aquisição de recursos, o domínio de territórios e a acumulação financeira.
Os interesses dominantes estão bem servidos por sua superioridade em armas de fogo e força de ataque. A violência é do que nós estamos falando aqui, não apenas a do tipo selvagem e arbitrária, mas a persistente e bem organizada. Como um recurso político, a violência é o instrumento da autoridade suprema. A violência permite a conquista de terras inteiras e das riquezas que elas contêm, enquanto se aproveita de trabalhadores deslocados e outros escravos.
Os governantes da plutocracia acham necessário maltratar ou exterminar multidões inquietas para fazer com que elas morram de fome enquanto os frutos de suas terras e o suor de seu trabalho enriquecem os círculos sociais privilegiados.
Assim, nós tivemos uma lei imperial regida pelo lucro que ajudou a causar a grande fome no norte da China, entre 1876-1879, resultando na morte de por volta de 13 milhões de pessoas. Mais ou menos ao mesmo tempo, a fome de Madras, na Índia, levou as vidas de nada menos que 12 milhões enquanto as forças coloniais enriqueceram ainda mais. E noventa anos antes, a Grande Fome na Irlanda levou a um milhão de mortes, com outro desesperado milhão emigrando de sua terra natal. Nada acidental aí: enquanto os irlandeses morriam de fome, seus patronos ingleses exportavam carregamentos de grãos e gado para a Inglaterra e outros países, ganhando para si lucros consideráveis.
Essas ocorrências devem ser vistas como algo mais que apenas anomalias históricas flutuando sem rumo no tempo e no espaço, causadas apenas por impulsos arrogantes ou casualidades. Não é suficiente condenar os eventos monstruosos e os tempos ruins, nós precisamos tentar entendê-los. Eles devem ser contextualizados no quadro mais amplo das relações sociais históricas.
O que será feito disso tudo? Primeiro, nós não podemos atribuir essas aberrações ao acaso, a confusões inocentes e a consequências não intencionais. Nem deveríamos acreditar nas justificativas comuns sobre espalhar a democracia, lutar contra o terrorismo, promover resgates humanitários, proteger os interesses nacionais dos Estados Unidos e outras palavras de ordem gritadas pelas elites dominantes e seus porta-vozes.
Os padrões repetitivos de atrocidade e violência são tão persistentes que nos convidam a suspeitar que eles geralmente sirvam a interesses reais; eles são estruturais e não incidentais. Toda essa destruição e chacina deu altíssimos lucros aos plutocratas que buscam a expansão econômica, a aquisição de recursos, o domínio de territórios e a acumulação financeira.
Os interesses dominantes estão bem servidos por sua superioridade em armas de fogo e força de ataque. A violência é do que nós estamos falando aqui, não apenas a do tipo selvagem e arbitrária, mas a persistente e bem organizada. Como um recurso político, a violência é o instrumento da autoridade suprema. A violência permite a conquista de terras inteiras e das riquezas que elas contêm, enquanto se aproveita de trabalhadores deslocados e outros escravos.
Os governantes da plutocracia acham necessário maltratar ou exterminar multidões inquietas para fazer com que elas morram de fome enquanto os frutos de suas terras e o suor de seu trabalho enriquecem os círculos sociais privilegiados.
Assim, nós tivemos uma lei imperial regida pelo lucro que ajudou a causar a grande fome no norte da China, entre 1876-1879, resultando na morte de por volta de 13 milhões de pessoas. Mais ou menos ao mesmo tempo, a fome de Madras, na Índia, levou as vidas de nada menos que 12 milhões enquanto as forças coloniais enriqueceram ainda mais. E noventa anos antes, a Grande Fome na Irlanda levou a um milhão de mortes, com outro desesperado milhão emigrando de sua terra natal. Nada acidental aí: enquanto os irlandeses morriam de fome, seus patronos ingleses exportavam carregamentos de grãos e gado para a Inglaterra e outros países, ganhando para si lucros consideráveis.
Essas ocorrências devem ser vistas como algo mais que apenas anomalias históricas flutuando sem rumo no tempo e no espaço, causadas apenas por impulsos arrogantes ou casualidades. Não é suficiente condenar os eventos monstruosos e os tempos ruins, nós precisamos tentar entendê-los. Eles devem ser contextualizados no quadro mais amplo das relações sociais históricas.
Crises econômicas
O sistema socioeconômico dominante atual é o capitalismo de livre-comércio (em todas as suas variações). Junto com seu terrorismo imperialista implacável, o capitalismo de livre-comércio proporciona “anomalias normais” dentro de sua própria dinâmica, criando escassez e um excesso mal distribuído, cheio de duplicações, desperdício, superprodução, destruição ambiental assustadora, e variedades de crises financeiras, trazendo inchadas recompensas para um grupo seleto e dificuldades contínuas para multidões.
Wikicommons
O sistema socioeconômico dominante atual é o capitalismo de livre-comércio (em todas as suas variações). Junto com seu terrorismo imperialista implacável, o capitalismo de livre-comércio proporciona “anomalias normais” dentro de sua própria dinâmica, criando escassez e um excesso mal distribuído, cheio de duplicações, desperdício, superprodução, destruição ambiental assustadora, e variedades de crises financeiras, trazendo inchadas recompensas para um grupo seleto e dificuldades contínuas para multidões.
Wikicommons
[Grafitti em Milão, na Itália, manda aviso ao ex-premiê Silvio Berlusconi: "Pague você a crise!]
As crises econômicas não são excepcionais; elas são o modus-operandi do sistema capitalista. Outra vez, o irracional é a norma.
Considere a história do livre-comércio: depois da Guerra da Independência dos Estados Unidos, houve as rebeliões de débito do final dos anos 1780, o pânico de 1791, a recessão de 1809 (que durou muitos anos), os pânicos de 1819 e 1837, as recessões e quebras ao longo de boa parte do restante daquele século. A séria recessão de 1893 continuou por mais de uma década.
Depois do desemprego industrial de 1900 a 1915 veio a depressão agrária dos anos 1920 – escondida atrás do que ficou conhecido entre nós como a “Era do Jazz”, seguida de uma horrenda quebra da bolsa e da Grande Depressão de 1929-1942. Ao longo de todo o século 20 nós tivemos guerras, recessões, inflação, lutas laborais, alto desemprego – raramente um ano que pudesse ser considerado “normal” em qualquer sentido agradável. Um período normal estendido seria ele mesmo uma anormalidade. O livre-comércio é desenhado para ser inerentemente instável em todos os aspectos fora o acúmulo de riquezas para os poucos selecionados.
O que nós estamos testemunhando não é um acaso irracional em uma sociedade basicamente racional, mas o contrário: o “racional” (a ser esperado) é o acaso de uma sociedade fundamentalmente irracional. Isso significa não podemos escapar aos horrores? Não, eles não feitos por forças sobrenaturais. Eles são produzidos pela ganância plutocrática e pela decepção.
Então, se o anômalo é a norma e o horror é crônico, na nossa revanche nós temos que dar menos atenção ao idiossincrático e mais ao sistêmico. Guerras, massacres e recessões ajudam a aumentar a concentração do capital, o monopólio de mercado e dos recursos naturais, e destroem organizações trabalhistas e a resistência popular transformadora.
Os caprichos brutais da plutocracia não são produto de personalidades particulares, mas de interesses sistêmicos. O presidente George W. Bush foi ridicularizado por errar as palavras, mas sua construção de impérios e remoção de serviços e regulamentos governamentais revelou uma grande devoção aos interesses da classe dominante. Da mesma maneira, o presidente Barack Obama não é covarde. Ele é hipócrita, mas não confuso. Ele é (em sua própria descrição) um antigo “liberal republicano”, ou como eu diria, um fiel servidor das corporações da América.
Nossos diferentes líderes são bem informados, não iludidos. Eles vêm de diferentes regiões e diferentes famílias, e têm personalidades diferentes, mas ele buscam basicamente as mesmas políticas representando a mesma plutocracia.
Depois do desemprego industrial de 1900 a 1915 veio a depressão agrária dos anos 1920 – escondida atrás do que ficou conhecido entre nós como a “Era do Jazz”, seguida de uma horrenda quebra da bolsa e da Grande Depressão de 1929-1942. Ao longo de todo o século 20 nós tivemos guerras, recessões, inflação, lutas laborais, alto desemprego – raramente um ano que pudesse ser considerado “normal” em qualquer sentido agradável. Um período normal estendido seria ele mesmo uma anormalidade. O livre-comércio é desenhado para ser inerentemente instável em todos os aspectos fora o acúmulo de riquezas para os poucos selecionados.
O que nós estamos testemunhando não é um acaso irracional em uma sociedade basicamente racional, mas o contrário: o “racional” (a ser esperado) é o acaso de uma sociedade fundamentalmente irracional. Isso significa não podemos escapar aos horrores? Não, eles não feitos por forças sobrenaturais. Eles são produzidos pela ganância plutocrática e pela decepção.
Então, se o anômalo é a norma e o horror é crônico, na nossa revanche nós temos que dar menos atenção ao idiossincrático e mais ao sistêmico. Guerras, massacres e recessões ajudam a aumentar a concentração do capital, o monopólio de mercado e dos recursos naturais, e destroem organizações trabalhistas e a resistência popular transformadora.
Os caprichos brutais da plutocracia não são produto de personalidades particulares, mas de interesses sistêmicos. O presidente George W. Bush foi ridicularizado por errar as palavras, mas sua construção de impérios e remoção de serviços e regulamentos governamentais revelou uma grande devoção aos interesses da classe dominante. Da mesma maneira, o presidente Barack Obama não é covarde. Ele é hipócrita, mas não confuso. Ele é (em sua própria descrição) um antigo “liberal republicano”, ou como eu diria, um fiel servidor das corporações da América.
Nossos diferentes líderes são bem informados, não iludidos. Eles vêm de diferentes regiões e diferentes famílias, e têm personalidades diferentes, mas ele buscam basicamente as mesmas políticas representando a mesma plutocracia.
Ações
Então não é suficiente denunciar atrocidades e guerras, nós também temos que entender quem as propaga quem lucra com elas. Nós temos que perguntar porque a violência e a decepção são ingredientes constantes.
Consequências não intencionais e outras esquisitices acontecem em assuntos mundanos, mas nós também temos que levar em consideração as intenções racionais orientadas pelo lucro. É mais comum que as aberrações – sejam elas guerras, quebras de mercado, fomes, assassinatos individuais ou matanças em massa – tomem forma porque aqueles no topo estão buscando expropriações lucrativas. Muitos podem sofrer e perecer, mas alguém em algum lugar esta lucrando sem limites.
Conhecer nossos inimigos e o que eles são capazes de fazer é o primeiro passo na direção de uma oposição efetiva. O mundo deixa de ser uma confusão terrível. Nós podemos resistir a esses agressores quando nós vemos quem eles são e o que eles estão fazendo conosco e com nosso sagrado meio-ambiente.
As vitórias democráticas, não importa se são pequenas ou parciais, devem ser abraçadas. Mas as pessoas não devem ficar satisfeitas com favores cintilantes oferecidos pelos líderes suaves. Nós precisamos nos esforçar de toda forma possível pelo desenrolar revolucionário, uma revolução de democracia, o tipo de onda irresistível que parece surgir do nada enquanto leva tudo que está à sua frente.
* Michael Parenti é um escritor e historiador norte-americano. Seus livros mais recentes são The Culture Struggle (2006), Contrary Notions: The Michael Parenti Reader (2007), God and His Demons (2010), Democracy for the Few (9th ed. 2011), e The Face of Imperialism (2011). Para mais informações sobre o trabalho dele, visite seu site: www.michaelparenti.org. Artigo originalmente publicado no site Global Research.
Então não é suficiente denunciar atrocidades e guerras, nós também temos que entender quem as propaga quem lucra com elas. Nós temos que perguntar porque a violência e a decepção são ingredientes constantes.
Consequências não intencionais e outras esquisitices acontecem em assuntos mundanos, mas nós também temos que levar em consideração as intenções racionais orientadas pelo lucro. É mais comum que as aberrações – sejam elas guerras, quebras de mercado, fomes, assassinatos individuais ou matanças em massa – tomem forma porque aqueles no topo estão buscando expropriações lucrativas. Muitos podem sofrer e perecer, mas alguém em algum lugar esta lucrando sem limites.
Conhecer nossos inimigos e o que eles são capazes de fazer é o primeiro passo na direção de uma oposição efetiva. O mundo deixa de ser uma confusão terrível. Nós podemos resistir a esses agressores quando nós vemos quem eles são e o que eles estão fazendo conosco e com nosso sagrado meio-ambiente.
As vitórias democráticas, não importa se são pequenas ou parciais, devem ser abraçadas. Mas as pessoas não devem ficar satisfeitas com favores cintilantes oferecidos pelos líderes suaves. Nós precisamos nos esforçar de toda forma possível pelo desenrolar revolucionário, uma revolução de democracia, o tipo de onda irresistível que parece surgir do nada enquanto leva tudo que está à sua frente.
* Michael Parenti é um escritor e historiador norte-americano. Seus livros mais recentes são The Culture Struggle (2006), Contrary Notions: The Michael Parenti Reader (2007), God and His Demons (2010), Democracy for the Few (9th ed. 2011), e The Face of Imperialism (2011). Para mais informações sobre o trabalho dele, visite seu site: www.michaelparenti.org. Artigo originalmente publicado no site Global Research.
Nenhum comentário:
Postar um comentário