quinta-feira, 31 de maio de 2012

Gilmar Mendes condena Wagner Moura - por The i-Piauí Herald

Gilmar Mendes condena Wagner Moura
Gilmar Mendes exigiu também que Wagner Moura fizesse trabalhos vocais forçados com Susana Vieira

NAS FAVELAS, NO SENADO - Indignado com um falsete emitido por  Wagner Moura na interpretação de A Via Láctea, o ministro Gilmar Mendes, do STF, condenou o ator a fazer uma ponta em Malhação por 6 anos. "Os gângsters da MTV organizaram essa homenagem aos bandidos da Legião  Urbana com o claro intuito de desviar o foco do julgamento do mensalão", vociferou, em si bemol.

Ao se deparar com outro maneirismo vocal na canção Teorema, Gilmar Mendes perdeu o controle: "Maneirismo ignorante! Coisa de gente de gente burra, de uma nota só! Vamos parar com isso! Quem precisa disso!? Eu e a música popular brasileira não precisamos desses recursos para sobreviver". A seguir, ainda exaltado, completou: "Esse show é uma orquestração do Lula com o setores radicais da MPB para desmoralizar o Supremo".

Ainda fora de si, o ministro balbuciou palavras desconexas em alemão, tais como "mensalonen", "marmeladen", "Demostenen und Ich". "Era uma menção ao pacto com o Demo, no Fausto, de Goethe", explicou depois o assessor para assuntos germânicos do STF.

Socorrido com um copo de água benta, o ministro recobrou a consciência e perguntou "Que país é esse?". Depois, bateu palmas e, ainda pálido, comentou: "Puxa, não tocaram Faroeste Cabloco'. É a minha predileta!"

A Europa e os gregos: Deus nos salve dos salvadores! - Por Slavoj Žižek

A Europa e os gregos: Deus nos salve dos salvadores!

Os gregos não são vítimas passivas. Os gregos estão em guerra contra o establishment econômico europeu. Precisam de solidariedade nessa luta, porque a luta dos gregos é a luta de todos nós.
Imagine uma cena de um filme distópico que mostre nossa sociedade num futuro próximo. Guardas uniformizados patrulham ruas semivazias dos centros das cidades, à caça de imigrados, criminosos e desocupados. Os que encontram, os guardas espancam. O que parece fantasia de Hollywood já é realidade hoje, na Grécia.

Durante a noite, vigilantes uniformizados com as camisas negras do partido neofascista Golden Dawn [Aurora Dourada], de negadores do Holocausto –, que receberam 7% dos votos no segundo turno das eleições gregas e que contam com o apoio, como ouve-se pela cidade, de 50% da Polícia de Atenas – patrulham as ruas, espancando todos os imigrados que cruzem seu caminho: afegãos, paquistaneses, argelinos. É como a Europa defende-se hoje, na primavera de 2012.

O problema de defender a civilização europeia contra a ameaça dos imigrantes é que a ferocidade com que os defensores europeus defendem-se é ameaça muito maior a qualquer ‘civilização’, que qualquer tipo de invasão de muçulmanos, e ainda que todos os muçulmanos decidissem mudar-se para a Europa. Com defensores como esses, a Europa não precisa de inimigos. 

Há cem anos, G.K. Chesterton deu forma articulada ao impasse em que se metem todos os que criticam a religião:
“Homens que se ponham a combater igrejas em nome da liberdade e da humanidade espantam de si mesmos a liberdade e a humanidade, no momento em que atacam a primeira igreja (...). Os secularistas não provocaram o naufrágio das coisas divinas; só fizeram naufragar coisas seculares... se isso lhes serve de consolo”.  [1] (Gilbert K. Charleston)

Tantos guerreiros liberais andam tão furiosamente decididos a combater o fundamentalismo não democrático, que acabam esquecendo qualquer liberdade e qualquer democracia, tudo em nome de combater o terror. Se os “terroristas” só pensam e fazer naufragar esse nosso mundo por amor pelo outro mundo, os nossos guerreiros antiterror só pensam em por a pique qualquer democracia, por ódio ao próximo muçulmano. Alguns deles são tão perdidamente apaixonados, fanatizados pela dignidade humana [e, no Brasil, pela chamada “ética”], que chegam a legalizar a tortura... para defender a dignidade humana. É a inversão do processo pelo qual os fanáticos defensores da religião começaram por atacar a cultura secular contemporânea e acabaram por sacrificar até as próprias credenciais religiosas, na ânsia de erradicar todos os aspectos que odeiam no secularismo.

Mas os defensores que insistem em defender a Grécia contra imigrantes não são o principal perigo: não passam de subproduto do perigo muito maior, da ameaça mãe de todas as ameaças: a política de “austeridade” que causou a desgraça da Grécia. As próximas eleições na Grécia estão marcadas para dia 17 de junho.

O establishment europeu alerta que são eleições cruciais: não estaria em jogo só o destino da Grécia, mas o destino de toda a Europa. Um resultado – o correto, segundo eles – levará ao processo doloroso,. mas necessário de recuperação, pela austeridade, para continuar. A alternativa – no caso de vitória do Partido Syriza, de “extrema esquerda” – seria votar pelo caos, pelo fim do mundo (europeu) como o conhecemos.

Syriza
Os profetas do apocalipse estão corretos, mas não como supõem ou pretendem. Críticos dos arranjos democráticos hoje vigentes reclamam que as eleições não oferecem opção real: votamos para escolher apenas entre uma centro-direita e uma centro-esquerda cujos programas são quase absolutamente idênticos. Mas dia 17 de junho, afinal, haverá escolha significativa: de um lado o establishment (Nova Democracia e Pasok); do outro lado, a Coalizão Syriza. E, como acontece quase sempre em que haja escolhas reais no mercado eleitoral, o establishment está em pânico: caos, pobreza e violência eclodirão imediatamente, dizem, se os eleitores escolherem “errado”. A mera possibilidade de vitória da Coalizão Syriza, como se ouve, já dispara convulsões de medo nos mercados. A prosopopéia ideológica é rampante: os mercados falam como se fossem gente, manifestam “preocupação” pelo que acontecerá se as eleições não produzirem governo com mandato para manter o programa de austeridade e reformas estruturais de UE-FMI. Os cidadãos gregos não têm tempo para pensar nas preocupações “dos mercados”: mal conseguem ter tempo para preocupar-se com a sobrevivência diária, numa vida que já alcança graus de miséria que não se viam na Europa há décadas.

Todas essas são previsões enunciadas para se autocumprirem, causar mais pânico e, assim, forçar as coisas a andarem na direção “prevista”. Se a Coalizão Syriza vencer, o establishment europeu ficará à espera de que nós aprendamos com nossos erros o que acontece quando alguém tenta interromper, por via democrática, o ciclo vicioso de cumplicidade bandida, entre os tecnocratas de Bruxelas e a demagogia suicida do populismo anti-imigrantes.

Alexis Tsipras
Foi exatamente o que disse Alexis Tsipras, candidato da Coalizão Syriza, em entrevista recente: que sua prioridade absoluta, no caso de sua coalizão vencer as eleições, será conter o pânico: “Os gregos derrotarão o medo. Não sucumbirão. Não se deixarão chantagear.”

A tarefa da Coalizão Syriza é quase impossível. A coalizão não traz a voz da “loucura” da extrema esquerda, mas a voz do falar racional contra a loucura da ideologia dos mercados. No movimento de prontidão para assumir o governo da Grécia, já derrotaram o medo de governar, tão característico do “esquerdismo”; já mostraram que não temem fazer a faxina do quadro confuso que herdarão. Terão de mostrar-se capazes de montar e cumprir uma formidável combinação de princípios e pragmatismo; de compromisso democrático e presteza para intervir com firmeza onde seja preciso. Para que tenham uma mínima chance de sucesso, precisarão de toda a solidariedade dos povos europeus; não só de respeito e tratamento decente pelos demais países europeus, mas, também, de ideias mais criativas – como a de um “turismo solidário” nesse verão, que já propuseram.

T. S. Eliot
Em suas Notes towards the Definition of Culture, T.S. Eliot [2] observou que há momentos em que a única escolha é entre a heresia e o não crer – i.é, quando o único meio para manter viva uma religião é promover uma divisão de seitas. Essa é, hoje, a posição em que está a Europa. Só uma nova “heresia” – representada hoje pela Coalizão Syriza – pode salvar o que valha a pena salvar do legado europeu: a democracia, a confiança no voto do povo, a solidariedade igualitária etc. A Europa que haverá para nós, se a Coalizão Syriza for descartada, é uma “Europa com valores asiáticos” – os quais, é claro, nada têm a ver com a Ásia, e tem tudo a ver com a tendência do capitalismo contemporâneo, para suspender a democracia.

Eis o paradoxo que mantém o “voto livre” nas sociedades democráticas: cada um é livre para escolher, desde que faça a escolha certa. Por isso, quando se faz a escolha errada (como quando a Irlanda rejeitou a Constituição da União Europeia), a escolha é tratada como erro; e o establishment imediatamente exige que se repita o processo “democrático”, para que o erro seja reparado.

Quando George Papandreou, então primeiro-ministro grego, propôs um referendo sobre a proposta de resgate que a Eurozona apresentara no final do ano passado, até o referendo foi descartado como falsa escolha.

Há duas principais narrativas na mídia, sobre a crise grega: a narrativa alemã-europeia (os gregos são irresponsáveis, preguiçosos, gastadores, não pagam impostos etc.; e têm de ser postos sob controle, com aulas de disciplina financeira); e a narrativa grega (nossa soberania nacional está ameaçada pelo tecnologia neoliberal imposta por Bruxelas).

Quando se tornou impossível ignorar o suplício do povo grego, emergiu uma terceira narrativa: os gregos estão sendo apresentados hoje como vítimas de desastre humanitário, carentes de ajuda, como se alguma guerra ou catástrofe natural tivesse atingido o país.

As três são falsas narrativas, mas a terceira parece ser a mais repugnante. Os gregos não são vítimas passivas. Os gregos estão em guerra contra o establishment econômico europeu. Precisam de solidariedade nessa luta, porque a luta dos gregos é a luta de todos nós.

A Grécia não é exceção. É mais uma, dentre várias pistas de testes de um novo modelo socioeconômico de aplicação quase ilimitada: uma tecnocracia despolitizada, na qual banqueiros e outros especialistas ganham carta branca para demolir a democracia.

Ao salvar a Grécia de seus ditos “salvadores”, salvaremos também a Europa.

Notas dos tradutores
[1]  CHESTERTON, Gilbert K., Orthodoxy [1908], “VIII: The Romance of Orthodoxy”, em inglês.
[2] ELIOT, T. S. - Notas para uma definição de cultura. Lisboa: Século XXI, 1996.
Publicado por redecastorpohoto. Tradução Vila Vudu.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Charge especial para a Marcha das Vadias nacional: A Crucificação - por Latuff


Fonte: http://twitpic.com/photos/CarlosLatuff
Foto: Alexandra Martins / Marcha das Vadias DF 2012

Mensagem contra a exploração: Banda de Morrissey usa camiseta contra SeaWorld - Por Natalia Cesana (da Redação)

Mensagem contra a exploração: Banda de Morrissey usa camiseta contra SeaWorld
Foto: PETA
Como você gostaria de comemorar seu aniversário? Que tal se fosse curtindo um som e ajudando os animais? Foi exatamente isso que o cantor Morrissey fez no dia 22, data em que completou 53 anos: desde que a turnê vegana que ele promove parou em San Diego, cidade sede do parque aquático Sea World, o protetor animal de longa data deu a todos da banda uma camiseta onde se lê “Sea World Sucks” para ser usada no palco.
Foto: PETA
Os frequentadores do parque que estavam no show devem ter abaixado suas cabeças quando Morrissey cantou os hits “You Should Have Been Nice to Me” ou “Shame Is the Name” [“Você deveria ter sido legal comigo” e “Vergonha é o nome”].
O que eles poderiam esperar de um cara que jamais perde a oportunidade de falar em favor dos animais?

terça-feira, 29 de maio de 2012

São Paulo vai morrer - Por João Sette Whitaker Ferreira

São Paulo vai morrer

Há meio século, o lema de São Paulo era “a cidade não pode parar”. Hoje, nosso slogan deveria ser “São Paulo não pode morrer”. Porém, parece que fazemos todo o possível para apressar uma morte anunciada
As cidades também morrem. Há meio século, o lema de São Paulo era “a cidade não pode parar”. Hoje, nosso slogan deveria ser “São Paulo não pode morrer”. Porém, parece que fazemos todo o possível para apressar uma morte anunciada. Pior, o que acontece em São Paulo tornou-se infelizmente um modelo de urbanismo que se reproduz país afora. A seguir esse padrão de urbanização, em médio prazo estaremos frente a um verdadeiro genocídio das cidades brasileiras.

Enquanto muitas cidades no mundo apostam no fim do automóvel, por seu impacto ambiental baseado no individualismo, e reinvestem no transporte público, mais racional e menos impactante, São Paulo continua a promover o privilégio exclusivo dos carros. Ao fazer novas faixas para engarrafar mais gente na Marginal Tietê, com um dinheiro que daria para dez quilômetros de metrô, beneficia os 30% que viajam de automóvel todo dia, enquanto os outros 70% se apertam em ônibus, trens e metrôs superlotados. Quando não optam por andar a pé ou de bicicleta, e freqüentemente demais morrem atropelados. Uma cidade não pode permitir isso, e nem que cerca de três motociclistas morram por dia porque ela não consegue gerenciar um sistema que recebe diariamente 800 novos carros.

Não tem como sobreviver uma cidade que gasta milhões em túneis e pontes, em muitos dos quais, pasmem, os ônibus são proibidos. E que faz desaparecer seus rios e suas árvores, devorados pelas avenidas expressas. Nenhuma economia no mundo pode pretender sobreviver deixando que a maioria de seus trabalhadores perca uma meia jornada por dia – além do duro dia de trabalho – amontoada nos precários meios de transporte. Mas em São Paulo tudo se pode, inclusive levar cerca de quatro horas na ida e volta ao trabalho, partindo-se da periferia, em horas de pico.

Uma cidade que permite o avanço sem freios do mercado imobiliário (agora, sabe-se, com a participação ativa de funcionários da própria prefeitura), que desfigura bairros inteiros para fazer no lugar de casas pacatas prédios que fazem subir os preços a patamares estratosféricos e assim se oferecem apenas aos endinheirados; prédios que impermeabilizam o solo com suas garagens e aumentam o colapso do sistema hídrico urbano, que chegam a oferecer dez ou mais vagas por apartamento e alimentam o consumo exacerbado do automóvel; que propõem suítes em número desnecessário, o que só aumenta o consumo da água; uma cidade assim está permanentemente se envenenando. Condomínios que se tornaram fortalezas, que se isolam com guaritas e muros eletrificados e matam assim a rua, o sol, o vento, o ambiente, a vizinhança e o convívio social, para alimentar uma falsa sensação de segurança.

Enquanto as grandes cidades do mundo mantêm os shoppings à distância, São Paulo permite que se levante um a cada esquina. Até sua companhia de metrô achou por bem fazer shoppings, em vez de fazer o que deveria. O Shopping Center, em que pese a sempre usada justificativa da criação de empregos, colapsa ainda mais o trânsito, mata o comércio de bairro e aniquila a vitalidade das ruas.
Uma cidade que subordina seu planejamento urbano a decisões movidas pelo dinheiro, em nome do discutível lucro de grandes eventos, como corridas de carro ou a Copa do Mundo, delega as decisões de investimentos urbanos não a quem elegemos, mas a presidentes de clubes, de entidades esportivas internacionais ou ao mercado imobiliário.

Esta é uma cidade onde há tempos não se discute mais democraticamente seu planejamento, impondo-se a toque de caixa políticas caça-níqueis ou populistas, com forte caráter segregador. Uma cidade em que endinheirados ainda podem exigir que não se faça metrô nos seus bairros, em que tecnocratas podem decidir, sem que se saiba o porquê, que o mesmo metrô não deve parar na Cidade Universitária, mesmo que seja uma das maiores do continente.

Mas, acima de tudo, uma cidade que acha normal expulsar seus pobres para sempre mais longe, relegar quase metade de sua população, ou cerca de 4 milhões de pessoas, a uma vida precária e insalubre em favelas, loteamentos clandestinos e cortiços, quando não na rua; uma cidade que dá à problemática da habitação pouca ou nenhuma importância, que não prevê enfrentar tal questão com a prioridade e a escala que ela merece, esta cidade caminha para sua implosão, se é que ela já não começou.

Nenhuma comunidade, nenhuma empresa, nenhum bairro, nenhum comércio, nenhuma escola, nenhuma universidade, nem uma família, ninguém pode sobreviver com dignidade quando todos os parâmetros de uma urbanização minimamente justa, democrática, eficiente e sustentável foram deixados para trás. E que se entenda por “sustentável” menos os prédios “ecológicos” e mais nossa capacidade de garantir para nossos filhos e netos cidades em que todos – ricos e pobres – possam nela viver. Se nossos governantes, de qualquer partido que seja, não atentarem para isso, o que significa enfrentar interesses poderosos, a cidade de São Paulo talvez já possa agendar o dia se deu funeral. Para o azar dos que dela não puderem fugir.

João Sette Whitaker Ferreira, arquiteto-urbanista e economista, é professor da Faculdade de Urbanismo da Universidade de São Paulo e da Universidade Mackenzie.
Fonte: http://www.revistaforum.com.br/

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Os cuidados de Obama para a Síria vão matar o paciente! – por Latuff

Fonte: http://twitpic.com/photos/CarlosLatuff

Código Florestal: o discurso vazio dos ruralistas – por Ladislau Dowbor

Números do IBGE atestam: para preservar natureza ampliando produção agropecuária, basta combater mau-uso da terra e apoiar pequeno produtor

O drama do Código Florestal mexe frequentemente mais com o fígado do que com a cabeça, e vale a pena examinar alguns dados básicos. Nada melhor do que ir à fonte primária dos dados, que têm origem essencialmente no Censo Agropecuário do IBGE.
A superfície do Brasil, como todos aprendemos na escola, é de cerca de 8,5 milhões de quilômetros quadrados. Em hectares, isto representa 850 milhões. Desta superfície total, descontando a Amazônia distante, regiões demasiado secas do Nordeste ou alagadas do Pantanal, temos uma parte apenas em estabelecimentos agrícolas, representando um total de 334 milhões de hectares. Descontando as áreas paradas dos estabelecimentos agrícolas, temos 225 milhões de hectares de terras classificadas como “em uso”.
Muito interessante ver o que está contido neste “em uso”. Basicamente, temos, como atividade relativamente intensiva, a lavoura temporária, que ocupa 48 milhões de hectares, e a lavoura permanente que ocupa 12 milhões. Incluindo matas plantadas, que ocupam 5 milhões, temos um total de 65 milhões de hectares dedicados à lavoura, sobre um uso total de 225 milhões. O que acontece com os 160 milhões restantes? Trata-se de pasto, natural ou melhorado, mas consistindo essencialmente no que se chama de pecuária extensiva. Ocupa 71% do solo agrícola em uso. Quase duas vezes e meio a superfície da França.
A tabela abaixo mostra as proporções de uso do solo nas últimas décadas [1].
No documento do Censo Agropecuário de 2006, publicado em 2009, encontramos os dados complementares seguintes [2]. Primeiro, a pecuária ocupa o solo de maneira pouco produtiva ao extremo: “A taxa de lotação em 1996 era de 0,86 animais/ha e foi de 1,08 animais/ha em 2006”. (p.8) Disto resulta que a atividade que ocupa 71% do solo em uso do país participe com apenas 10% do valor da produção agropecuária. (p.2) Trata-se de uma gigantesca subutilização do solo agrícola já desmatado.
O Censo também mostra que, entre 1996 e 2006, “houve uma redução de 12,1 milhões de hectares (-11%) nas áreas com matas e florestas contidas em estabelecimentos agropecuários“ (p.2). É interessante cruzar este desmatamento com o fato que “os maiores aumentos dos efetivos bovinos entre os censos foram nas Regiões Norte (81,4%) e Centro-Oeste (13,3%).
As reduções do número de estabelecimentos com bovinos e dos rebanhos do Sul e do Sudeste mostram que a bovinocultura deslocou-se do Sul para o Norte do país, destacando-se, no período, o crescimento dos rebanhos do Pará, Rondônia, Acre e Mato Grosso. Nestes três estados da região Norte, o rebanho mais que dobrou, enquanto que em Mato Grosso o aumento foi de 37,2%” (p.8).
A pecuária extensiva emprega muito pouco. Em 2006, foram recenseados 17 milhões pessoas ocupadas em estabelecimentos agropecuários, 19% do total (p.9). São os pequenos estabelecimentos que geram mais empregos: “Embora a soma de suas áreas represente apenas 30% do total, os pequenos estabelecimentos (área inferior a 200 ha) responderam por 84,36% das pessoas ocupadas em estabelecimentos agropecuários. Mesmo que cada um deles gere poucos postos de trabalho, os pequenos estabelecimentos utilizam 12,6 vezes mais trabalhadores por hectare que os médios (área entre 200 e 2000 ha) e 45,6 vezes mais que os grandes estabelecimentos (área superior a 2.000 ha)” (p.10)
Outro ponto importante, a concentração do controle da terra continua absurda: “Os resultados do Censo Agropecuário 2006 mostram que a estrutura agrária brasileira, caracterizada pela concentração de terras em grandes propriedades rurais, não se alterou nos últimos 20 anos”. (p. 3). Basicamente, 50 mil estabelecimentos com mais de 1.000 hectares — ou seja, 1% do total de estabelecimentos – concentram 43% da área (146,6 milhões de hectares). São os que mais subutilizam a terra. E como os grandes empregam pouco, gera-se a pressão sobre as cidades. A questão do uso do solo e a contenção do desmatamento fazem parte do mesmo problema da racionalidade do uso dos nossos recursos naturais e da estabilidade dos trabalhadores da terra. Tem a ver com todos nós, e não apenas com ruralistas.
As conclusões são relativamente óbvias. Dada a imensa subutilização das terras já desmatadas, é simplesmente absurdo exigir mais desmatamento. O desmatamento está se dando em áreas vulneráveis (a maior expansão da pecuária está nas bordas da Amazônia), e mantém o ciclo destrutivo. O ciclo agrícola deve conjugar os objetivos de produção, emprego e preservação do capital-solo e dos recursos naturais. Claramente, o caminho é o da intensificação tecnológica, capacitação e apoio ao pequeno e médio agricultor, levando a um aproveitamento melhor e mais limpo do solo agrícola já usado; e apropriação maior de terras já desmatadas e subutilizadas pela pecuária extensiva.
Os dados do Censo mostram elevado nível de analfabetismo. Mais de 80% dos produtores rurais têm baixa escolaridade. Mais da metade dos estabelecimentos onde houve utilização de agrotóxicos não recebeu orientação técnica (pp 1 e 4). Não é de mais química e de mais desmatamento que a agricultura precisa, e sim de um salto formação, de eficiência tecnológica, social e ambiental. Temos os conhecimentos e recursos necessários. É um novo século. Produzir não é apenas expandir, é melhorar. Meio ambiente não é entrave, é oportunidade para um novo ciclo. E francamente, quando os grandes do agronegócio se colocam em defesa do pequeno, devemos olhar melhor os argumentos.
* Ladislau Dowbor é professor titular da PUC de São Paulo, e consultor de várias agências das Nações Unidas. Os seus textos estão disponíveis em http://dowbor.org/
NOTAS
[1] IBGE – Indicadores de Desenvolvimento sustentável 2010, p.65 - http://bit.ly/JGrG4e
[2] IBGE, Censo Agro 2006: IBGE Revela retrato do Brasil Agrário
Fonte: http://www.outraspalavras.net/

O povo Sírio no meio do fogo cruzado! – por Latuff

Fonte: http://twitpic.com/photos/CarlosLatuff

sexta-feira, 25 de maio de 2012

De ex a anti-esquerdistas - por Emir Sader

De ex a anti-esquerdistas

Isaac Deutscher tem um artigo que ele intitula “De hereges a renegados”, delineando o caminho de gente que começa rompendo com teorias e posições esquerdistas, para terminarem como furibundos anti-esquerdistas. São figuras que povoam a direita de todo o mundo, ao longo do tempo.

Alguns se valeram do stalinismo para terminarem condenando a Lenin e, finalmente, a Marx e ao marxismo. Não por acaso uma proporção não desprezível deles teve origem trotskista, para absolutizar o “totalitarismo stalinista”, passando a identificá-lo com o nazismo e dali estão já a um passo do liberalismo e do anti-comunismo.

Há os tipos padrão, os que foram de esquerda, militantes mesmo, de repente “se arrependem”, largam tudo, renegam, denunciam seu passado e seus companheiros, os ídolos em que acreditaram cegamente, para se entregar de armas, bagagens e, frequentemente, emprego, para a direita.

Alguns se mantem na esquerda, no seu espaço mais moderado, com um tom fortemente anti-esquerdista, denunciando o que não seria “democrático” em correntes da própria esquerda. São adeptos fortes de alianças com correntes do centro e mesmo da direita, tendem a diluir as distinções entre direita e esquerda.

Outros, os casos mais conhecidos, se tornam militantes da direita, de suas correntes mais fundamentalistas, no velho estilo anti-comunista da guerra fria. Ganham espaços na mídia de direita – desde direção de revistas a colunas em jornais, convites para a televisão – como prêmio pela sua adesão.

Há ainda escritores, intelectuais, músicos, decadentes, em triste fim de carreira, que abandonam posturas rebeldes que tiveram no passado para submeter-se aos donos do poder e dos meios de comunicação em troca de espaços para escrever, prêmios, elogios, que confirmam sua perda de dignidade no fim da carreira.
Fonte: http://www.cartamaior.com.br/

Quem acredita nas eleições livres no Egito? – por Latuff


Fonte: http://twitpic.com/photos/CarlosLatuff

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Pré-fabricado - por Rodrigo Vargas Souza

Pré-fabricado
A parede é pré-fabricada
tudo em sua volta é pré-fabricado
o que você pensa é pré-fabricado
o que você vê é pré-fabricado
todas as pessoas que conheço
parecem pré-fabricadas
o que você apreende na escola é pré-fabricado.
O que você pensa hoje,
amanhã,
já pensaram;
o seu futuro e o seu passado
são  pré-fabricados.
A TV é pré-fabricada.
Você não pensa além de uma forma,
seu intelecto é condicionado;
tudo é pré-moldado,
você não cria nada
já ganhou tudo pronto,
concreto armado.
Tua perspectiva cinza e acadêmica já está feita,
você é pré-fabricado (!?)


Poesia e fotografia:  Rodrigo Vargas Souza  

Quem vai interromper o sono dos torturadores? - por Latuff

Fonte: http://twitpic.com/photos/CarlosLatuff

Catracas liberadas? - Por Passa Palavra

Catracas liberadas?

A greve dos metroviários de São Paulo deixa em aberto uma questão: como avançar na proposta da liberação das catracas?
Nesta quarta feira, 23 de maio, 17 horas após o início da greve dos metroviários, a assembleia da categoria aceitou a nova proposta da empresa e decidiu encerrar a greve. Para além de felicitar os trabalhadores pela conquista, cabe perguntar: quais os possíveis caminhos da luta por transportes a partir desta greve?

Do ponto de vista dos trabalhadores do metrô, há um avanço inegável em relação à organização. A última greve da categoria, em 2007, não conseguiu paralisar a operação do sistema, foi massacrada midiaticamente e teve como saldo a demissão de diversos trabalhadores; desde então a precarização do serviço tem avançado, com a superlotação, falta de manutenção e sobrecarga de trabalho. Já em 2011, após uma votação dividida numa assembleia lotada, a proposta de greve foi retirada pela diretoria do Sindicato. A paralisação ocorrida hoje devolve força para a categoria dos metroviários, possibilitando-lhes maior enfrentamento.
Mas esta greve inseriu no debate outra possibilidade ainda mais interessante, a proposta de liberação de catracas. Feita em uma assembleia como protesto alternativo à greve, ela foi levada à direção da companhia, com intuito de fazer recair nos empregadores o ônus pela paralisação do funcionamento do metrô. Demonstrou-se assim um avanço na possibilidade de articulação entre trabalhadores e usuários do transporte. Porém, esperava-se realmente a anuência da companhia para liberação das catracas? A proposta contou com a ampla divulgação, nas redes sociais, do vídeo com o presidente do Sindicato falando sobre a liberação das catracas (veja aqui); no entanto, não foram distribuídos informativos para população com a proposta e também não foi usada a comunicação interna do metrô (o PA) para divulgá-la para a população. Estas duas ações serviriam para aumentar a legitimidade da mobilização dos metroviários, além de lançar as bases para real efetivação da proposta. Outra pergunta a ser feita é se estavam os próprios metroviários convencidos da viabilidade desta proposta. Faz-se necessário, então, reforçar as atividades coletivas de discussão sobre transporte, como os seminários, informativos e debates públicos sobre o tema.

A população percebeu a possibilidade aberta e, no momento em que as portas da estação Barra Funda foram abertas, pularam as catracas. Uma vez mais, a partir das tensões concretas vividas no dia-a-dia do transporte, os usuários criaram o transporte que queriam. A partir da ação direta, os passageiros viveram uma experiência prática de Tarifa Zero e reforçaram a luta dos metroviários por transporte público. Esse ano tivemos outra situação semelhante em São Paulo: depois de uma pane nos trens, os usuários se revoltaram e destruíram as catracas, bilheterias e câmeras da estação Francisco Morato da CPTM [Companhia Paulista de Trens Metropolitanos]. E no dia seguinte puderam viajar de graça durante a manhã, porque as catracas estavam destruídas e não houvera tempo suficiente para o seu conserto. Leia mais aqui. Começamos a vislumbrar novos caminhos para as lutas por transporte?

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Greve em SP: Como sempre para o Povo a mão pesada, repressiva e violenta do Estado – por Provos Brasil

Greve em SP: Como sempre para o Povo a mão pesada, repressiva e violenta do Estado!
Mais uma vez o povo paulistano foi tratado pelo Estado como lixo - com total desrespeito e violência.

Mais uma greve nos transportes (Metrô e Trens) desta cidade sucateada por um “grupinho de amigos” traz o drama e desespero aqueles que precisam dos transportes coletivos para chegar ao seu local de trabalho.

E esses “trabalhadores” hoje na região de Itaquera sentiram mais uma vez o que o Estado reserva para eles quando não estão exercendo o seu papelzinho de cordeirinhos alienados, a truculência e a violência policial através de cassetetes e suas famosas BOMBAS DE EFEITO MORAL!
Quem será que tem essa MORAL por aqui nos dias de hoje?

A cidade de São Paulo como o Estado estão abandonados a própria sorte de algum secretário amigão, que na sanha de ajudar com o caixa da próxima eleição não medira esforços e truques para continuar enchendo os bolsos de corruptos por aí afora, enquanto o povo sobre nos transportes coletivos mais raros do Brasil e quando resolve sair de sua inércia e protestar rapidamente os cachorros do Estado mostram suas armas contra o Povo a violência!   
O Brasil esta infestado deste câncer que é a Política Partidária, o Estado brasileiro continua no seu processo de esfacelamento, e como vivemos nas cidades, nos municípios essas mudanças são mais urgentes, e não é político de partido A ou B ou C que realizara algo, já que todos mentem, todos estão na política por interesses próprios e atrás da tal PROFISSIONALIZAÇÃO POLÍTICA, já que por aqui ser político é algo profissional.

Mas o povo paulista e paulistano deve estar muito satisfeitos, já que sempre se repente em suas escolhas para a administração da sua cidade, e a vida segue ao som de cavalos e bombas de efeito MORAL para aqueles que ainda tentam resgatar algo em meio a essa guerra!

Provos Brasil
* Fotos retiradas da rede!

Associação Palestina de Hemofilia pede SOCORRO! – por Latuff

Fonte: http://twitpic.com/photos/CarlosLatuff

[França] 3º Do It Yourself Festival em Nancy - por ANA

[França] 3º Do It Yourself Festival em Nancy
[A terceira edição do Do It Yourself Festival acontecerá no próximo fim de semana, 26 e 27 de maio, em MJC des trois maisons, Nancy.]

Comunicado:

Num processo de autonomia, o DIY (Faça Você Mesmo) é a vontade de se apropriar do saber fazer. Em muitas áreas, é possível fazer as coisas sozinho, isso muitas vezes é mais simples e gratificante do que consumir um produto já pronto.

• No DIY Festival, voluntários, muitas vezes autodidatas, oferecem e realizam oficinas onde você pode aprender todo o tipo de coisas.

• No DIY Festival, não há nem professores nem alunos: todos têm algo a transmitir aos outros e evitam-se as palestras.

• No DIY Festival, não há nem vendedores nem consumidores: entrada gratuita, oficinas gratuitas ou a preço livre. Dê o que você quiser ou o que você pode, e as atividades são participativas.

• No DIY Festival, há também festa: concertos e eventos fazem parte dele, especialmente à noite.

O programa deste ano: couro, tricô, costura, crochê, cintos, crachás, brinquedos macios, olaria e cerâmica, minizine, linocut, tipografia, cartografia, reparação de bicicletas, iniciação à autodefesa, jardinagem, fazer a sua manteiga, sua mostarda, sua pasta de dentes, o seu fogão a álcool, o seu banheiro seco, o seu forno solar.

Mais infos:

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Traçando os baralhos
confundo na noite o mundo
de alhos com bugalhos.
Luciano Maia

terça-feira, 22 de maio de 2012

[EUA] Ramona África: “Somos nossos próprios libertadores” - por ANA

[EUA] Ramona África: “Somos nossos próprios libertadores”

[No dia 13 de maio de 1985, Ramona África saiu das chamas da casa coletiva da organização MOVE, na Filadélfia, com o pequeno Birdy África em seus braços; haviam sobrevivido à matança em que onze integrantes de sua família foram queimados vivos depois do bombardeio de sua casa. Em 24 de abril de 2012, Ramona falou do lado de fora do Departamento de Justiça em Washington, DC, sobre o que faz falta para que se libertem Mumia Abu-Jamal, “os 9 do MOVE”, aprisionados desde 1978, e todas e todos os presos políticos.]

Nos movamos! Viva a revolução!

Não vou falar muito tempo, mas vou lhes dizer porque estou aqui. Estou aqui porque estive envolvida e sigo envolvida na revolução que é necessária para libertar Mumia Abu-Jamal, minha família do MOVE e a todas e todos os presos políticos. Porque é isto que faz falta para levá-los para casa.

É comum que as pessoas nos parem e perguntem: Acreditam que Mumia vai sair daí algum dia? Acreditam que "os 9 do MOVE" algum dia chegarão em casa?

O que lhes digo é que isto depende de nós. Não depende deles, mas de nós.

Temos que decidir que os princípios de liberdade e justiça são o mais importante para nós. Enquanto não forem o mais importante para nós, nunca vão ser importantes para eles.

O importante é o que nós estamos fazendo e seguimos fazendo e o que animamos outras pessoas a fazerem.
Não podemos ficar de braços cruzados e pensar que há um salvador que descerá do céu, talvez alguém chamado Obama, que irá agitar sua varinha mágica e fazer com que tudo saia bem. Isto nunca vai acontecer.

Nós somos nossos próprios salvadores. Nós somos nossos próprios libertadores.

Houve alguém, talvez Martin Luther King ou um de seus filhos, que falou da traição do silêncio. É certo que o silêncio é uma traição. Não temos a opção de ficar calados, inativos, estagnados. Temos a obrigação de fazer este trabalho, não para “os 9 do MOVE” ou para Ramona África, ou para Mumia Abu-Jamal, mas para nós mesmos, para nossas próprias famílias, para as e os bebês que vem aqui hoje mesmo. É nossa obrigação.

O fundador do MOVE, John África, nos ensinou que é criminoso que alguém oprima, maltrate ou brutalize as pessoas e outras formas de vida como o fazem os oficiais, os governantes. Mas também é criminoso permitir que alguém nos oprima, nos maltrate, ou nos brutalize sem responder.

Dizem grandes besteiras sobre a violência, como “Não sejam violentos…”

A violência está dirigida a nós. Não é violento quando você se defende. Pelo contrário, é violento que você permita que alguém te ataque e não responde. Neste caso, está encorajando a violência. Está respaldando a violência. Você é masoquista. Você atrai a dor e o sofrimento.

As pessoas do MOVE não acreditam nisto. Não acreditamos em dar a outra face quando alguém nos dá una bofetada, mas em parar a bofetada. Este é o compromisso do MOVE. E devemos todos assumir este compromisso se pensamos em dar fim a submissão de nossas mentes e nossos corpos.

Nos movamos! Viva John África! Libertem Mumia! Libertem “os 9 do MOVE”, Leonard Peltier, Dr. Mutulu Shakur! Libertem a todos! Viva o espírito dos anos 60! Viva a revolução!

Ramona África
Tradução > Marina Knup

agência de notícias anarquistas-ana
Insetos que cantam...
Parece que as sombras se amam
nos cantos escuros.
Teruko Oda