Eu sou a mulher negra que nasceu no Zimbábue
e entrou num mundo de racismo. Durante muito tempo, tive medo de escrever,
falar ou mesmo de enfrentar os problemas. Tinha medo de perder amigos e de
perder oportunidades. Medo de ser renegada como a mulher negra irritada ou a
mulher que é amarga. Mas eu olho para a minha cor todos os dias e serei negra
até à morte, pelo que se há algo para lutar, é contra a supremacia branca.
Eu sou a
mulher negra que grita “Vidas Negras Importam”, e ainda assim não sou afro-americana.
No entanto, a história afro-americana e a história do continente africano estão
e para sempre estarão inextricavelmente entrelaçadas. Não só por causa do grave
crime contra a humanidade que foi o tráfico de escravos transatlântico, mais do
que isso porque a experiência afro-americana no combate ao racismo deu origem
ao pan-africanismo que, por sua vez, levou a lutas pela libertação no
continente africano.
Uma
história racista é complicada, mas é ainda assim uma história racista. Quando
comecei a escrever isto, queria explicar, educar, mostrar exemplos de racismo
por parte do sistema e de indivíduos contra mim. Queria educar sobre as
diferenças entre termos tais como pessoas de cor e pessoas negras. Eu queria
falar sobre a opressão dos negros e das negras, o racismo que eu sofri aqui,
mas percebo que a narrativa já está à tona se estiverem estado atentos.
Foi uma
semana verdadeiramente excepcional. Significativa, importante e francamente,
assustadora. E tenho feito o meu melhor para deixar-me estar no desconforto de
não saber se algum dos protestos, as palavras escritas e a indignação vão
realmente lascar a supremacia branca.
Eu sou
emocional. Estou com raiva e estou com prejuízo porque já lamentamos demasiadas
vezes, tantas famílias foram devastadas pelo racismo, nos EUA e também aqui no
Reino Unido. As detenções falsas, as longas sentenças, o escândalo da Windrush,
as deportações, a negação da papelada a pessoas legítimas, a lista é longa, mas
estes são exemplos concretos de que também temos um problema aqui e esta luta é
para a justiça para George e para todos e todas as negras. Estou zangada porque
podemos compreender a dimensão do problema e conhecemos o seu racismo e, no
entanto, nada muda.
Então não,
não tenho muito otimismo nem visões nebulosas de deixar o que quer que seja nas
mãos de Deus. Mas estou grata, grata por todos e todas as que vieram para ficar
juntos e juntas com o povo negro na nossa luta. Ficando juntos e juntas
conosco, mesmo que não entendam completamente seu privilégio, mas de pé porque
sabem que o inimigo é a supremacia branca. O inimigo é o racismo. O inimigo é a
polícia. O inimigo é o capitalismo. Vamos ficar juntas e lutar contra o inimigo
porque Vidas Negras Importam.
Mitchelle A
Fonte: https://freedomnews.org.uk/the-enemy-is-racism-the-enemy-is-the-police-the-enemy-is-capitalism/
Tradução > Ananás
agência de notícias
anarquistas-ana
Casa
abandonada—
a aranha faz sua teia
na porta de entrada
a aranha faz sua teia
na porta de entrada
Regina
Ragazzi
Fonte: https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2020/06/10/reino-unido-o-inimigo-e-o-racismo-o-inimigo-e-a-policia-o-inimigo-e-o-capitalismo/
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