Breve artigo a respeito do relatório sobre terrorismo do Departamento de Estado dos Estados Unidos
Precisamente hoje encontramos uma nota no site de noticias la rebelión, onde se reproduz parte de um documento emitido pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos a propósito do Terrorismo em diferentes países. O dito documento (reproduzimos parte dele no final deste texto) sugere que o EPR (Exército Popular Revolucionário) e a FLA (Frente de Libertação Animal) sejam os dois grupos ou organizações no México que colocam em perigo ou representem um risco para a segurança nacional.
Tanto o governo do México como o dos Estados Unidos desempenham um papel importante na transmissão e manipulação das informações à opinião pública e à sociedade em geral, com a finalidade de esconder a realidade de um crescimento, tanto em qualidade como em quantidade, de ações diretas e grupos de afinidades no México. Para eles qualquer ataque cometido é de um único grupo, embora nas reivindicações se constate que são diferentes organizações ou células as que levam à prática esta luta.
O relatório aponta que apenas 6 as ações foram realizadas durante o ano, quando por outro lado, em sites de informação como liberación.total.net, são documentadas a efervescência de novos grupos e o aumento rápido de ações de sabotagem.
No México atuam por volta de 15 grupos ou células de ação, alguns destes grupos têm reclamado apenas um ato ou dois, embora os que têm sido mais ativos sejam: a Frente de Libertação da Terra (FLT), Células Autônomas da Revolução Imediata/Praxedis G. Guerrero (CARI/PGG), Frente Subversiva de Libertação Global (FSLG), Ação Anarquista Anônima (AAA) e a Frente de Libertação Animal (FLA). Cada uma destas organizações utilizou políticas de lutas diversas, ainda que afins em algumas reivindicações.
As ações realizadas pelos grupos de ação no México são diversas e se espalharam para várias partes do país. Toluca, Tijuana, Guadalajara, San Luis Potosi, Leon, Estado do México e o Distrito Federal são os locais com a principal e permanente presença de grupos de ação. Ações que vão desde ataques incendiários, sabotagem com explosivos, expropriações e rajadas de armas contra unidades policiais, entre outras coisas, que põem em evidência e contradizem os esforços do governo para minimizar a guerra social que está cada vez mais aguda, tanto no México como no mundo.
No entanto, se o modo de se organizar entre um grupo e outro são semelhantes, bem como o seu modo de operar, não é porque tudo pertença a um só e mesmo grupo dividido em células, mas porque esta maneira de ação é uma forma organizativa muito utilizada em todo o mundo, desde tempos históricos (por assim dizer), por exemplo: com o grupo Bandeira Negra da Rússia e o Culmine da Argentina, estes últimos reunidos sob o conceito de afinidade tanto nas idéias como nas práticas, a operatividade era a mesma, deixar e retirar-se sem ser visto pelo inimigo, além de utilizar materiais não especializados e de fácil obtenção.
Mais recentemente tivemos grupos como Angry Brigade, da Inglaterra, que utilizavam a mesma operatividade; realizavam atentados contra propriedades de gente poderosa e corpos policiais durante os anos 80, sem esquecer as muitas ações que grupos anarquistas têm posto em prática contra o poder e que por decisão própria não reivindicaram com nenhum nome. A esta forma organizativa informal ácrata, o anarquista italiano Alfredo Maria Bonanno (atualmente com 73 anos de idade, preso depois de um assalto na Grécia) tem vindo a agregar-lhe um toque teórico que sintetiza toda esta forma de operatividade dos núcleos autônomos informais anarquistas de ação.
Ainda que para muito/as esta forma de organização para a ação anarquista tenha em Bonanno o seu criador ou principal teórico, após um par de transcrições de conferências como, “A tensão anarquista”, esta configuração de organização e ação já se vinha praticando na Itália durante os chamados “Anos de chumbo”, nos anos 70. Atualmente os muitos grupos de ação que operam em todo o mundo organizam-se através de modo semelhante, se bem que, alguns, variem nos conceitos, reivindicações e práticas, a operatividade é a mesma, chegar ou atacar e retirar-se.
A seguir um parágrafo da nota escrita pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos, o relatório para os diversos países sobre “Terrorismo 2009”, onde eles apontam o Exército Popular Revolucionário e a Frente de Libertação Animal, como duas organizações mexicanas que significariam um risco para a segurança nacional.
“Apesar dos incidentes de terrorismo doméstico, que não se incrementaram no ano passado, o México recebeu ameaças de um grupo já ativo anteriormente, e foi testemunha da aparição de um novo elemento. O Exército Popular Revolucionário (EPR) interrompeu as conversações com o governo em abril e ameaçou voltar a empregar medidas violentas para forçar uma resposta para as suas reivindicações acerca de uma investigação do governo sobre a desaparição de dois dos seus membros. Em 2009, não houve atos de terrorismo atribuídos ao EPR. De maio a agosto, a Frente de Libertação Animal se responsabilizou pelo ataque a bancos e recintos comerciais em toda a Cidade do México, usando bombas de gás propano. Três bombas foram descobertas sem explodir, embora outras três causaram danos materiais em propriedade, mas sem vítimas.”
O poder oculta o que não quer que se veja. A expansão da guerra social. De nós depende que a revolta continue de pé.
Anarquistas anônimo/as
Tradução > Liberdade à Solta
agência de notícias anarquistas-ana
As águas do mar
e o vento nos arvoredos
dissolvem meu pranto
Antônio Gonçalves Hudson
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