terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Estado fascista do Partido da Socialdemocracia - Por Gislene Bosnich

Estado fascista do Partido da Socialdemocracia
São Paulo é um Estado Fascista de Direito Pleno da Burguesia. Seja na demolição especulativa dos imóveis da Luz, encobertos por projeto escuso de “reurbanização/revitalização” quando o certo seria reespeculação; seja como ontem em São José dos Campos.Ontem dia 22 de janeiro, um domingo, a PM do governador Geraldo Alckmin invadiu um terreno ocupado há oito anos por cerca de três mil famílias e conhecido como Pinheirinho. Sob a alegação de reintegração de posse, que foi contestada em instância superior e transformou-se em uma paralela e obscura disputa de poder dentro dos meandros do direito que só existem e servem para punir a classe trabalhadora, mais de 1800 policiais iniciaram a ofensiva de gases e bombas, atiradas de próprio punho ou por helicóptero para causar mais impacto. Como tantas vezes foi dito ontem no ato que ocorreu na Avenida Paulista: Habeas Corpus, suspensão de penas e outras incríveis facetas do Direito só existem para a burguesia e para seus representantes zelosos, casos de muitos que devem ter enchido suas contas bancárias nesta reintegração imoral e insana sob os olhos da razão.

Antes de mencionar o absurdo que foi a retirada a base de porrada e chumbo grosso e não somente balas de borracha – o que já não seria pouco - é preciso esclarecer alguns pontos que a imprensa, através de meus “coleguinhas” repórteres, editores e fotógrafos, não conta.

O que a imprensa não contou:
- a área estava já em processo adiantado de regularização para enfim transformar-se oficialmente em bairro;

- toda ocupação visa fazer cumprir a função da terra, que não é de caráter especulativo. E inclusive, para aqueles que são tão comprometidos com a Lei, legalistas que só querem que a lei funcione para o trabalhador, o caráter consta de nossa Constituição e também do Estatuto da Cidade;

- toda ocupação visa comprar a terra que ocupou. E não “ganhá-la” do Poder Público. Isso só acontece com os burgueses;

- Poucos devem saber que as nossas montadoras, nada nacionais, tiveram seus terrenos doados pelo Poder Público para se instalarem no ABC Paulista, ainda na década de 50. Alguns incautos devem pensar: Mas eles geraram emprego! Vale lembrar um pouco da aula de História do Ensino Fundamental. O mundo não começou com o capitalismo e não precisa acabar com ele. Tais empresas instalaram-se aqui naquele momento em que uma “nova” modalidade de imperialismo desenvolvia-se, sem precisar invadir com soldados enviaram seu capital para explorar a preço barato a nossa força de trabalho com todos os subsídios possíveis que inclusive não existiram para a formação de uma indústria nacional automobilística. Quem não se lembra do Gurgel?

- O terreno é do megaespeculador Naji Nahas que em 1989 detonou a Bolsa de Valores do Rio, o que exigiu o salvamento da burguesia financista da época com a injeção de dinheiro público. Que ninguém pagou. Muito menos Naji Nahas.

- Por que proteger um megaespeculador num terreno de uma massa falida? Ou seja, o dinheiro pode ser pago pelo financiamento da habitação dos milhares que lá se encontravam. Pagos por eles com juros que todos sabem estão longe de ser aqueles aplicados ao financiamento dos produtos da burguesia;- Por que desmantelar um bairro já formado se há em São José dos Campos um déficit de 25 mil moradias a partir da desapropriação do Pinheirinho?

- Para que esta truculência? Quando especuladores do porte de um Salvatore Cacciola são presos há praticamente um pedido de licença para a colocação das algemas mesmo que isso seja apenas um mise-én-scene. Não foi esta mise-én-scene que marcou a condição das mulheres, homens e crianças que foram feridos, alguns com muita gravidade. Havia notícia, não sei até o momento se confirmada, que tratores já destruíam casas com móveis dentro e tudo que estas pessoas acumularam durante a vida. Hoje há relatos sobre furto de móveis das casas das pessoas por parte dos leões de chácara que prosseguem no local.

O que a imprensa contou:
- Polícia enfrenta moradores. Quase anedótico, trata-se, todavia, de uma imoralidade. São os moradores que enfrentaram a PM e infelizmente sem nenhuma condição de defesa porque foram pegos de surpresa, já que havia uma situação de aparente trégua de 15 dias dos quais não havia decorrido nem três. Donde é possível novamente concluir que esperar justiça da instituição justiça é uma ilusão que infelizmente ainda temos diante de tanta nojeira e embuste;

- Polícia tem receio que traficantes vão para outros bairros. Nossa! Podem ter exclamado os pudicos ou inocentes despolitizados de plantão. Acaso há algum bairro em que não haja traficante? O Pinheirinho não é uma extensão idealista de vida terrena; é um bairro com trabalhadores e trabalhadores em sua maioria. Isso é o que importa.

- Há pessoas que estão no Pinheirinho que alugaram suas casas e estão ali para conseguir outra? Esse tipo de “denúncia” é ainda mais imoral. Onde estarão estas pessoas agora? Deixaram de existir? Ou nunca existiram? E se acaso existirem, são a maioria deste povo?
O que o Governador do Estado Fascista do Partido da Socialdemocracia disse:

Vários sites noticiosos destacaram hoje, dia 23 de janeiro, que o Governador Geraldo Alckmin disse que foi legítima a reintegração de posse do Pinheirinho. Essa legitimidade, que o aparente voto assegura, não pode valer para os trabalhadores. É preciso desmascarar essa vilania infindável dos ricos burgueses contra esses miseráveis que somos nós, que lutamos uma vida para ter direito àquilo que dizem já nascemos tendo: moradia, educação, saúde, lazer e cultura.

Haverá um dia em que não seremos cronistas destes tristes momentos em que passamos recebendo balas de chumbo e de borracha como único direito.Por último, o que possibilitou o ato de ontem na avenida Paulista a partir das 17h foi a convocação rápida e funcional via twitter e facebook. Em menos de três horas o ato foi chamado e contou com mais de 500 pessoas, como saiu na imprensa em fotos ridículas que mostravam poucos PM´s porque os demais estavam espancando os trabalhadores em São José dos Campos.

Todavia também não é verdade como a imprensa contou que foi algo quase espontaneísta. Ocorre que os militantes têm nome e por isso quando alguém que não é figura pública começa a divulgar um horário e um local, a imprensa rapidamente se esforça em dizer que tudo é espontaneísta. Que não é preciso nem partido nem organização. Não é verdade. Tanto que os que estiveram na avenida Paulista sabem que houve dezenas de organizações que puderam expressar sua solidariedade, através de seus militantes.
É preciso parar de enaltecer esse antipartidarismo fanático. Porque aqueles que são contra partidos de esquerda podem nem desconfiar, mas estão defendendo os de direita, os explicitamente de direita.

Até a próxima, esperamos que com lágrimas de felicidade pela conquista que pertence ao povo de fato e já não sei se por direito, não esse que grassa por nossas terras tupiniquins. O Direito à verdade, porque essa sim é revolucionária, como já dizia nosso velho camarada.
Fonte: http://www.novae.inf.br/

2 comentários:

Era uma vez de verdade disse...

Este texto é meu. E eu não o postei neste blog. Ele é público, mas é conveniente dizer que foi o responsável pelo blog que o coletou do site originalmente publicado e o reinseriu neste.
Grata.
Gislene Bosnich

Provos Brasil disse...

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