Como FHC ameça a recuperação econômica
Até os anos 90, o PT foi um partido que, na oposição, jogava
exclusivamente no negativismo. Foi contra assinar a Constituição, insurgiu-se
contra o Plano Real, resistiu contra a desburocratização da economia e montou
uma exercício continuado de disseminação de dossiês.
Naqueles tempos, o PSDB despontava como o lado racional,
supostamente um partido de técnicos, intelectuais, com visão socialdemocrata,
tão contra o dogmatismo que, quando Fernando Collor abriu as portas de seu
governo, o então senador Fernando Henrique Cardoso e o deputado José Serra
entraram em desabalada carreira porta a dentro. Foi preciso um safanão do então
governador Mário Covas para conter seu ímpeto.
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Quando o PT tornou-se poder, imaginou-se que finalmente o
país caminharia para o aperfeiçoamento democrático. Como poder, o PT deixaria
de lado o estilo carbonário. E, já tendo sido poder, o PSDB montaria uma
oposição de peso, sem resvalar para a busca da desestabilização política – como
ambos os partidos fizeram no impeachment de Collor.
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O que se passa hoje no jogo político tucano – especialmente
com FHC e Serra – é a reedição da irresponsabilidade petista. Com a diferença
que o PT praticou o estilo carbonário na infância; e FHC e Serra exercitam na
decrepitude.
Passada a guerra eleitoral, há um enorme desafio econômico
pela frente, demandando bom senso, equipe econômica de peso, pacificação das
guerras políticas no interesse de todos.
Em países maduros, o governo empreenderia as mudanças de
rumo e a oposição permaneceria crítica, apontando erros e apresentando-se como
alternativa. Depois do período da graça – que todo governo recebe –
voltar-se-ia à carga, mas sem visar a desestabilização política econômica.
O governo sendo ou não bem sucedido, a partir do segundo ano
a oposição já começaria a se preparar para a próxima campanha eleitoral,
construindo candidaturas e propostas.
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Não é esta a intenção de FHC e José Serra.
Ambos estão empenhadíssimos no “terceiro turno”, visando a
qualquer custo manter o clima de guerra e desestabilizar politicamente o país.
Em seu artigo semanal para o Estadão, FHC insiste na tese da
ilegitimidade do governo. É a mesma levantada em 1964 para justificar as
ilegalidades dos Atos Institucionais.
A eleição de Dilma foi legal, mas não foi legítima, buzina o
ex-príncipe dos sociólogos brasileiros. A legalidade não nos defende do
bolchevismo, bradavam os generais que assinaram o Ato Institucional número 1.
Se somos a parte legítima – pensam ambos – temos que nos sobrepor à parte
legal.
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É importante entender quem ganha ou quem perde com esse
jogo.
Nem Serra nem FHC dependem do clima econômico para suas atividades.
Portanto nada tem a perder com a desestruturação da economia, com a demora para
a sua normalização. Pelo contrário, quanto mais desestabilizada a economia,
mais fraco o governo, melhor para seus objetivos.
Perderão as empresas como um todo, o mercado, o emprego,
pagando o óbolo da ambição de dois políticos que, até pela idade, nada mais têm
a ambicionar, que não a revanche, a vingança.
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Há enorme dificuldade do cidadão comum em entender as
implicações econômicas desses processos. Quando sobrevier o desemprego e a
recessão, talvez caia a ficha.
Fonte: http://jornalggn.com.br/noticia/como-fhc-ameaca-a-recuperacao-economica
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