Nasce na Grande São Paulo a Juventude Anarquista de Osasco
[Acaba de surgir na Grande São Paulo a Juventude Anarquista de Osasco (JAO). Um grupo formado por jovens trabalhadores e estudantes libertários. "Nossa meta é educar as pessoas em todos os sentidos, seja ecológico, político... Nossas principais ações no momento são contra o aumento abusivo das tarifas dos ônibus no município e contra um rodeio na cidade. Nossas futuras atuações serão bem mais abrangentes, e gostaríamos de nos unir a outros coletivos libertários. Queremos retomar a força do movimento anarquista na região através da conscientização, da autonomia e de ações diretas”, explicam. A seguir um comunicado do grupo.]
Carta de apresentação da Juventude Anarquista de Osasco
Camaradas anarquistas de Osasco,
Camaradas? Camaradas não, é coisa do passado, precisamos de uma nova linguagem.
Trutas de Osasco indignados como nós. Mas que também são camaradas, amigos, companheiros.
Bem, quer dizer... mal. Mal porque vivemos em uma região muito problemática, todos nós sabemos. Aqui as escolas parecem prisões, a paisagem da cidade é marcada pela tonalidade cinza de concreto, o ar é sujo como os córregos que cortam a cidade, as pessoas prendem-se em vícios (fé, televisão, drogas, uso excessivo de álcool, fanatismo futebolístico etc.), pois enxergar a crueza da realidade é muito cruel, falta cabedal para muitos, muitas vezes a nós mesmos, para enfrentar de cara o chicote que estrala todos os dias.
Se não tivesse citado o nome desta logo de início poderia estar falando de qualquer outra cidade do mundo ocidental. Ou pelo menos a maioria das atingidas pela modernidade, onde não há mecanismos suficientes de satisfação momentânea para satisfazer o mínimo de desejo de seus cidadãos (as cidades ou bairros “modelos”, por exemplo), em que encontramos uma “tragédia” a cada esquina – isto é, se não estivermos andando no Parque dos Príncipes ou na Granja Vianna sendo um executivo ou profissional liberal que se encontra abaixo daqueles que moram em Ipanema, Leblon, Morumbi ou Jardins.
Esta região é realmente problemática, aliás, quanto mais nos dirigimos à periferia ou ao “Oeste” da Grande São Paulo a situação piora, à Oeste, Sul, Norte, ou Leste. Na verdade, os problemas se encontram em todos os extremos. Mas moramos nessa região, agiremos mais nessa por praticidade e por estarmos condicionados neste campo de concentração de trabalhadores assalariados. Pelo menos essa é a nossa proposta. Não podemos é nos isolar, pelo contrário, devemos nos comunicar, agir em outras regiões, aprender e conhecer os desfavorecidos como nós, assim nos fortalecemos e podemos adquirir mais experiência.
É difícil de acreditar, mas esse lugar já foi até pior. Não parece, pois esse tipo de história não aprendemos nas escolas, nem nos livros didáticos, nem no museu que fica na Av. dos Autonomistas em frente à Av. João Baptista, muito menos no site da prefeitura ou no artigo do Wikipédia sobre a cidade, no entanto houve muitos subversivos como nós ao longo da história daqui. Houve assaltos e atentados ao quartel do Quitaúna, atentados à bomba, manifestações e greves imensas autodirigidas pelos próprios trabalhadores (nada de Sindicato pelego querendo se promover), ações estudantis sem interesse nas próximas eleições, panelaços, autoridades com medo de morrer. Aliás, a história dos operários de Osasco começa com uma “migração” forçada de trabalhadores anarquistas advindos da Vidraria Santa Marina localizada entre a Barra Funda e a Lapa que foram expulsos da Vila Operária (onde o mesmo dono da indústria era o “Seu Barriga” da vilinha) após uma greve iniciada pelas crianças exploradas!
O que temos que enfrentar são problemas diversos. As ações que faremos devem ser de ordem diversa também. De início podemos começar com coisas mais simples, como fizemos da última vez. Intervenções com estêncil, elaboração de um fanzine (quem sabe, com o tempo, um futuro boletim, jornal, ou outro tipo de mídia escrita), panfletagem, colagem, promoção de eventos subversivos etc.
Para fazermos tudo isso precisamos também construir meios de auto-sustentação. Para bancar as cópias, o spray e essas coisas. Por enquanto, só teremos nosso bolso de crédito. Mas já podemos pensar em vender camisetas, DVDs piratas, churrasquinhos em Verdurada, entre outras idéias que já foram levantadas ou que poderão alçar feito efeito de viagra.
Podemos pensar nosso grupo como um grupo de ação com diversas estratégias. Traçar metas de curta, média e longa duração (para o resto de nossas vidas e talvez para as gerações posteriores). De curta é o que estamos fazendo, coisas mais simples, como acabei de dizer nos últimos parágrafos mais a formação de um grupo de estudos onde estudaríamos novos modos de ação para semearmos os próximos passos, assim como acharia interessante também o exercício intelectual no campo da anarquia, da filosofia, da arte (de todas!) etc. Onde, ao contrário das universidades e modelos tradicionais de educação, esses estudos não seriam apenas teóricos, mas práticos e físicos também. Com um pouco de química até fazemos uma bomba!
De média podemos projetar eventos mais complexos, a sedimentação de contatos com grupos desse mísero país e de outras regiões do mundo, talvez até uma espécie de sede, um lugar onde poderíamos morar e promover ações, convidar pessoas, criar eventos etc.!
De longa, meus amigos, a grande revolução! Grandes rebeliões etc.! Mas antes, quem sabe, podemos constituir cooperativas autogestionárias, escolas com pedagogias libertárias, comunidades alternativas pelo interior do Brasil-sil-sil ou da Bolívia-via-via, ou por qualquer outro canto do universo! Quem sabe até lá o Zé Polvinho já tenha construído a sua espaço-nave e nos levado para um lugar mais agradável como o Planeta Verde em que conspiraremos contra a (dês) Ordem terrestre!
Juventude Anarquista de Osasco (JAO): jaosasco@gmail.com
agência de notícias anarquistas-ana
No verde da praça
a rã salta, salta, salta
e assusta quem passa.
Nilton Manoel
Fonte: ANA
segunda-feira, 27 de abril de 2009
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