Rua 8 de Fevereiro? Não!. "Rua 7 de Abril", Pádua.
Toni Negri, Paris, 25/3/2009
Rua 8 de Fevereiro[i]? Não!. "Rua 7 de Abril". Um professor universitário local Pádua propôs essa modificação na toponímia da cidade de Pádua, imediatamente depois das prisões. Não sei se fizeram alguma mudança, mas os tempos agora estão maduros.
Dia 7 de abril de 1979 teve início um affaire judicial improvável. Desde o início pareceu à maioria coisa improvisada e, dali em diante, mal remendada. Até as modalidades nas quais aconteceu a grande operação de prisões daquela manhã foram totalmente confusas. Antes de prenderem-me, por exemplo, a polícia, que chegara "para executar mandato de busca e apreensão" às 10h da manhã (não às 5h, como sempre fizera nos meses precedentes), muito pouco convicta do que fazia, demorou até às 13h para exibir o mandato de prisão. O delegado, constrangido, passou duas horas ao telefone, falando com toda a Itália para saber o que fazer (falava do meu telefone e eu absurdamente só pensava na conta...). Coisa parecida contaram também outros presos.
De fato, Fais e Calogero (os dois procuradores de Pádua) não estavam ainda preparados para as prisões; mas, de Roma, Gallucci e Vitalone exigiam pressa, fosse como fosse: precisavam de acontecimento novo, de muito barulho ("descobertos e presos os assassinos de Moro"), para encobrir o barulho que tinha feito, algumas semanas antes, o homicídio Pecorella. Além disso, aproximavam-se as eleições e era preciso – o hábito republicano – prender algum grande criminoso. “A certeza da pena” pode ter muitas variantes, mas sempre eleitoralmente úteis. Assim, a improvável tese acusatória de Calogero (“a Autonomia é Organização que controla e dirige os movimentos sociais, os operários e os armados") entrou em cena. Foi como jogada em mesa de pôquer, que pode ser mágica e pode ser blefe: era blefe.
Que a operação "7 de Abril" tenha sido juridicamente uma invenção indecente e, politicamente, uma precária operação repressiva, não significa que já não estivesse sendo preparada há longo tempo; pelo menos desde 68, se não desde antes. Desde imediatamente depois do atentado da Praça Fontana[ii], os Servizi (Serviços Reservados de inteligência italianos e “atlânticos") já haviam construído o projeto sórdido dos "extremismos opostos". Que significava isso? Que eles mesmos explodiam as bombas e, depois, a culpa tinha de recair sobre os movimentos extra-parlamentares. Já haviam feito com os anarquistas, depois da Praça Fontana (1969), mas já não se podia repetir com os mesmos anarquistas, o que as polícias européias e norte-americanas eram acostumadas a fazer por pelo menos um século: os anarquistas já estavam protegidos pela compaixão universal e pela simpatia geral e não podiam ser outra vez declarados culpados. Foi o fruto distante de Sacco e Vanzetti e do sacrifício ainda recente de Pinelli. Então... os Servizi resolveram que o bode expiatório seria a Autonomia. Pobres untorelli[iii]! Ainda não haviam compreendido o quanto a autonomia estudantil, proletária e operária pode ser forte e honesta.
E sabem algo disso os funcionários do PCI que se puseram à disposição, coração e mente, da operação de repressão.
O que resta desses desgraçados? Infâmia e desonra, que ficaram aderidas à pele deles. Carregam também aquela responsabilidade convertida em máscara da traição. Hoje talvez estejam começando a entender: perderam o pelo e também os vícios, na corrida ao poder e nos seus muitos compromissos, converteram-se em nada, e o ódio dos traídos ainda os persegue.
Por outro lado, que cooperação falha e imprevidente tinham a oferecer! Com que vergonhosa trupe de provocadores tiveram de trabalhar! Havia de tudo, de fato, naquele bando de acusadores da Autonomia: de jovens romancistas fascinados por spenglerianos declínios ocidentais, a filósofos discípulos de Evola[iv]; de policiais adestrados para o terrorismo no Sul-Tirol[v] a jovens neofascistas organizados para a infiltração, a provocação e o terror nas legiões anticomunistas da operação Gladio[vi]; de algum débil propagandista do pós-moderno até alguns professores de história de nobre ascendência stalinista; jovens aprendizes da federação vêneta do PCI; e uma nuvem de jornalistas vendidos, aos quais se oferecia fartura – nesse caso, antecipada – de notícias, informações, esquemas de interpretação, respostas em interrogatórios, transcrição de conversas gravadas em telefones, depoimentos a procuradores, modelos para mistificar notícias, fatos etc. E sobretudo, mentiras: caluniosas e difamantes.
Lembro-me de foto em que apareço ao lado do terrorista Carlos, no aeroporto de Argel, evidente e grosseira fotomontagem; lembro a quantidade enorme de pseudo-documentos reunidos para demonstrar que Luciano Ferrari Bravo, Ferruccio Gambino, Sergio Bolonha e Nanni Balestrini (além de mim) havíamos sido treinados em campos de treinamento atrás da Cortina de Ferro. Lembro de uma gravação da minha voz apresentada ao público como se fosse a voz do assassino de Moro, distribuída como encarte de uma revista semanal. Todas lorotas, de que jamais me pediram desculpas.
No meio de tudo isso, Pietro Calogero, posto a trabalhar sem de nada entender. Acusação grotesca, acusador patético: em quatro anos e meio de prisão preventiva, só o vi duas vezes. A primeira, dia 10 de abril, na Delegacia de Pádua, eu já preso, leu-me o texto da acusação; quando eu, incrédulo, ri na sua cara, mandou-me sair da sala; a segunda vez, em junho de 1983, enquanto eu esperava o resultado da eleição que me teria levado ao Parlamento, veio encontrar-me (acho que para estragar meu dia...) na prisão de Rebibbia; e eu o mandei sair. Sentia-se como se fosse portador de uma verdade revelada. De início convicto, depois gaguejante. Tabacômano sempre. Pelo menos nisso nos parecíamos. Era adulado pelos compadres, pelos políticos, investido no papel de "salvador da pátria". Estávamos presos há dois dias, e o Presidente da República, o inefável Pertini, enviou-lhe telegrama de congratulações.
Conforme a Constituição e as leis, devíamos, no mínimo, ser presumidos inocentes. Não. Pertini estava de tal modo convencido do contrário, que continuou a considerar o processo "7 de abril" essencial para o desenvolvimento da cultura jurídica italiana e, correspondentemente, não escondeu que via em mim "homem que Lombroso definiria como delinquente nato" – o que se lia em artigo de jornal daqueles anos, que recortei, e até hoje me causa náuseas. Imagine-se então a que ponto o procurador Calogero, "salvador da pátria", sentiu-se enfeitiçado por essa iluminação científica de um "pai da pátria".
Quanto à Universidade de Pádua, o Reitorado teve comportamento simplesmente ignóbil. Para compreender, é preciso lembrar um dado essencial: o 68 italiano durou dez anos. Explode em 68, mas estende-se por dez anos. Ora, em Pádua, nos ambientes culturais e universitários, sentiu-se pouco o maio francês. O que se formou em 68 (os vários grupos políticos estudantis), em vez de tomar o rumo da universidade, articulou-se e confundiu-se imediatamente com as transformações industriais e com a modernização cultural daquele nosso território. Em nenhum outro lugar da Itália, 68 teve efeitos de tanta radicalização – cultural, política e produtiva – sobre a composição de uma sociedade até aquele momento terrivelmente retraída, dominada por elites da Democracia Cristã, seguramente menos brutal que os seguidores da Liga Norte, mas, sim, ainda mais reacionária.
68 quebrou essa crosta, mudou não só a cultura, mas a antropologia dos vênetos. Quando, pois, nos anos 70s, os novos movimentos fizeram-se sentir dentro da universidade, a classe acadêmica (partícipe em grande parte das velhas tradições acomodadas e reacionárias e satisfeita em sua acomodação ao mesmo tempo aristocrática e de empreendimento) ficou em pânico.
Era uma classe dirigente ainda chocada com a tragédia do Vajont[vii] pela qual fora cientificamente e empresarialmente responsável, pela qual foi processada e da qual (mas com muito esforço!) fora absolvida. Uma classe acadêmica envelhecida e isolada, mesmo na cidade.
Os dois outros pólos de poder em Pádua, o bispado e as classes comercial e industrial, consideravam a classe acadêmica local – bem como merecia – sobrevivente financeira e simbolicamente desnecessária; um grupo de parasitas, do ponto de vista industrial; barrocos, do ponto de vista cultural. Nos anos subseqüentes, a Universidade de Pádua seria desagregada dos poderes centrais e distribuída por vários pontos do território vêneto, para correr atrás da indústria difusa.
Portanto, quando, como já acontecera dez anos antes em Roma, Turim, Milão ou Bolonha, e também em Paris e Berlim, algumas violências estudantis machucaram, a reação em Pádua foi desproporcional e aterrorizada, duríssima, fora da medida. Expressão dos grupos que viviam na universidade, assediados como se fossem um pequeno Kremlim. O que podiam fazer então aqueles acadêmicos, que, além do mais, pouco entendiam do que estava acontecendo? Produziram a cena estrelada por Angelo Ventura[viii], para vergonha eterna da honrada história da Patavina Libertas[ix]. Na abertura do ano letivo, com a presença de Pertini, Angelo Ventura leu o ato acusatório de Calogero contra os presos de "7 de abril", como prelúdio para os anos seguintes. A Rivista Storica Italiana, patrocinada por Leo Valiani[x], publicou aquele prelúdio.
Como é possível que tenha acontecido, na mesma cátedra da qual Concetto Marchesi proclamara o início da Resistência na Itália do Norte? Como é possível que a Rivista Storica Italiana tenha publicado um texto não apenas falso do início ao fim, e ignóbil pela finalidade repressiva, mas também sectário na própria proposta política?
Ainda mais: como é possível que – com desprezo à verdade e à inocência absolutamente evidentes e em situação pelo menos duvidosa – a totalidade da grande imprensa tenha-se posto de tal modo unanimemente a favor da condenação dos presos no caso "7 de Abril"? Do Corriere della Sera sabe-se bem que, naquele momento havia sido comprado pela Loja P2. La Repubblica teve, ao contrário, comportamento emblemático. Ante uma operação (a do "compromisso histórico") que defendia, o jornal desenvolveu – e bem de acordo com o completo absurdo do caso “7 de Abril” – duas linhas. Pela primeira delas, com perfeita hipocrisia, o jornal justificava (não sem alguma pietas) a operação "7 de Abril", por razões de Estado: foi a linha de Eugenio Scalfari. Giorgio Bocca, por sua vez, fez o jogo de uma comiseração irônica: vocês são inocentes... mas por que desafiar tanto as razões de Estado?
Devo acrescentar que, dentro da universidade, muitos professores duvidaram e lutaram contra essa terrível vocação acadêmica para a repressão. Minha lembrança agradecida e amiga àquele professor de Glotologia que destruiu, frente aos funcionários da Central Intelligence Agency (CIA), o registro acústico que provaria que eu teria telefonado à Sra. Moro para avisá-la da morte do marido.
Alguns membros do PCI de Pádua foram cúmplices, no meu caso, da CIA. Para não falar de um egrégio linguista italiano, sempre ligado ao PCI, que pôs a mão no fogo para garantir, com segurança acadêmica, o que logo se revelaria completamente falso.
Minha lembrança muito agradecida vai também para muitos jornalistas, de jornais grandes e pequenos, e sobretudo da RAI, que muitas vezes, insistentemente, generosamente, se opuseram à montagem do "7 de Abril".
Cerca de um mês depois de ter sido preso, encontrei-me com Luciano Ferrari Bravo, na seção de “alta segurança” da agradável prisão de Rebibbia. Luciano disse, logo que me viu: "Mas estão completamente loucos!". Respondi "Estão, é claro. Mas acho que, depois do bordel e da infâmia que foi a operação, ficaremos aqui os primeiros quatro ou cinco anos." Foi o que aconteceu.
Os presos da operação "7 de Abril" – em conjunto – cumpriram cerca de 300 anos de prisão preventiva, antes de serem completamente absolvidos, como aconteceu na grande maioria dos casos – e falo só dos que foram presos dia 7 de Abril, não dos que foram presos depois e depois absolvidos, em março, em dezembro etc.
Pecchioli, Ministro (sombra) do Interno do PCI; Tarsitano, advogado para assaltos daquele partido; Iblio Paolucci, o jornalista falsário da Unità – são três tipos que uma criminologia um pouco mais moderna e um pouco menos selvagem e menos positivista que a criminologia do século 18 (coerente com o modo de sentir de Pertini) poderia descrever como delinquentes da sociedade da comunicação do século 20.
Mas contra o quê, de fato, lutaram esses senhores? Em primeiro lugar, contra um instituto universitário: o Instituto de Ciências Políticas de Pádua. Quase todos os professores do Instituto foram presos naquele 7 de Abril – acusados de terem constituído organização subversiva e grupo armado. Também, porque o Instituto foi exemplo de didática aberta e um excepcional laboratório de produção científica. Reconhecido pelas grandes instituições estrangeiras e grandes casas editoras europeias e norte-americanas, o Instituto construíra um modelo de "ensino participativo" e desenvolvera várias pesquisas sobre transformações sociais e políticas na Itália e na Europa sobre problemas do sul e sobre a imigração, sobre sociologia industrial e sindical. Ora – disseram os poucos cúmplices universitários de Calogero –, tudo isso contraria os cânones da ataraxia acadêmica!
Passados 30 anos, as pesquisas do instituto paduano de então ainda são consideradas base metodológica e científica em várias das grandes universidades globalizadas. E mesmo sem tentar nos comparar a Galileu e Giordano Bruno – para não mencionar tantos outros infelizes vênetos – temos de reconhecer humildemente que estamos entre os que experimentamos e sofremos o que eles experimentaram e sofreram.
Em segundo lugar, tratava-se de destruir a capacidade dos grupos de estudantes e professores da Faculdade de Pádua em revolta, de associar-se às lutas da classe operária. Antes do 7 de Abril, já haviam sido demitidos da Fiat 61 operários, sob a única acusação de liderarem as lutas e de manterem contato com professores universitários vênetos.
No que nos diga respeito diretamente, não se deve esquecer a importância da participação de estudantes de Pádua na construção das novas instituições do proletariado de Marghera[xi]. Organizaram-se lutas operárias colossais, para as quais também muito colaboraram os estudantes de Pádua; desenvolvia-se, assim nutrido, um amplo processo de emancipação que aproximava as fábricas e a universidade. São daquela época as primeiras denúncias sobre "fábricas da morte" que cresciam em Marghera; as batalhas ecológicas que hoje são comuns também foram inventadas e promovidas então. Tudo isso portanto tinha de ser destruído. Não por acaso, aliaram-se e comprometeram-se contra tudo isso os oportunistas do PCI e representantes da classe dirigente vêneta (Il Gazzettino à frente).
Mas o comando industrial e sindical até então considerado forte – apesar dos golpes que lhe aplicou a insurreição operária –, estava acabado. Naquele momento, estavam tentando construir, com a expulsão de muitos operários da indústria-massa dos epicentros produtores vênetos, aquele imenso fenômeno que foi a fábrica difusa, descentralizada, do nordeste da Itália.
Nesse campo, os alunos e professores revolucionários de Pádua já estavam pesquisando novas formas de relações sociais, políticas e produtivas – e haviam construído as categorias de "operário social" e "trabalho cognitivo" que receberam muitos desenvolvimentos nas décadas seguintes.
Do outro lado, o grupelho dos amigos de Calogero – os quais, já no século 21, parecem ainda querer reunir-se (velhotes pervertidos) para encobrir o fracasso de sua operação de repressão e para reencenar uma verdade burlada – nada entendiam das transformações pelas quais passava a região do Vêneto, nem dos resultados políticos.
Quanto aos "ilustradíssimos" professores, essa ignorância afinal revelada é ainda pior do que a violência já denunciada com que agiram.
O que falta dizer? Que a Itália não conheceu revolução verdadeira propriamente dita; que foi unificada por fora, por monarcas estrangeiros; que, por dentro, continua, dominante, um poder integralista e tirânico, como o Vaticano – tudo isso já se sabe. Que o grande movimento socialista e comunista construíra durante um século, do fim do Oitocentos ao fim de 68, uma grande alternativa, ao mesmo tempo italiana e internacionalista, àquele destino secular de submissão e exploração (o qual, no melhor dos casos, fora travestido em ideal patriótico) – isso também já se sabe.
Mas por que, nos anos 70s (e o "7 de Abril" é elo fundamental desse processo), na continuação da reação que sempre dominou a Itália, somou-se a ela a loucura stalinista, e todos se alimentaram do imbróglio ideológico de uma esquerda que se pretendera comunista? Isso, não compreendemos até hoje. E nos felicitamos de não o compreender – porque bem pode acontecer que, ao compreender a corrupção, a inteligência também se corrompa e a alma adoeça.
A história posterior mostrou contudo que aquela passagem foi fatal e produziu poderosas toxinas que o organismo inteiro da esquerda italiana nunca mais conseguiu digerir. Tampouco conseguiu neutralizá-las e transfigurá-las politicamente mediante uma autocrítica necessária.
Todas as acusações feitas na operação "7 de Abril" são falsas – e aqui só comentamos as acusações de agitação nas ruas e nas fábricas. Não comentamos a acusação grotesca que identificava a Autonomia às Brigadas Vermelhas; nem a acusação ridícula de que o Instituto de Ciências Políticas de Pádua seria o centro de organização da luta armada na Itália e em toda a Europa; nem as acusações infamantes (que vieram logo depois, quando se desmascararam as primeiras mentiras, e foi preciso inventar outras para nos manter na prisão) que foram feitas, mediante um jogo sórdido com espiões improvisados, mentirosos infiltrados e subornados (eufemisticamente chamados de "arrependidos"), os crimes terríveis de que foram acusados os presos de 7 de Abril.
Todas as acusações eram falsas, exceto uma: a acusação de insurreição. Os movimentos italianos dos anos 70s foram verdadeiramente tentativa de transformar, pela via extra-parlamentar, a constituição do país. E isso conseguiram. Apesar de tudo, isso conseguiram: porque, de fato, a sociedade italiana foi atravessada por um novo desejo, de justiça, de criatividade, que permanece no cérebro e na consciência da maior parte dos jovens daquela geração.
E, para terminar, houve o efeito de desmitificação. Deram-se mal todos os nossos adversários. Até um Berlusconi escarnece hoje da tradição (comunista e católica-reformista) da qual eram portadores. E, paradoxalmente, só cabe a vergonha. Pena para a Itália, pena para eles.
Assim sendo, apesar do cortejo de inocentes acusados e condenados a tantos anos de prisão sem qualquer explicação; apesar das famílias destruídas; das carreiras truncadas; dos filhos criados sem pai ou sem mãe; das mortes precoces; das vidas desencaminhadas por mentiras e pela força tremenda da razão de Estado (pois é a razão de Estado que quer falsos culpados para mascarar as suas próprias responsabilidades), apesar também daquela profunda, nauseante injustiça... É hora, sim, de brindarmos em homenagem ao 7 de Abril, afinal nome de rua, em Pádua!*
NOTAS DA TRADUÇÃO
[i] "8 de Fevereiro" é o nome da rua em que se localiza a Universidade de Pádua. Homenageia um levante de estudantes, em 1848, em luta contra a ocupação austríaca.
[ii] 12/12/1969. Sobre o atentado, ver
http://it.wikipedia.org/wiki/Strage_di_Piazza_Fontana.
[iii] Em 1977, Enrico Berlinguer, do PCI, disse, em discurso sobre os movimento da autonomia de Bolonha: "Esses pestilentos [it. untorelli] não destruirão Bolonha". Falava de jovens radicais que pregavam comportamentos de ruptura, como modos de se apropriarem da vida quotidiana para fazer um tipo de revolução "aqui e agora". Sobre "os untorelli", ver Franco Berardi, "Les untorelli", s/d, Recherches (Fontenay-sous-Bois).
[iv] Giulio Cesare Evola (1898-1974), filósofo italiano, em cuja obra neopagã se têm inspirado várias organismos e correntes políticas do fascismo. Sobre isso, ver http://pt.wikipedia.org/wiki/Julius_Evola.
[v] Região do extremo norte da Itália onde houve, nos anos 1950, um movimento separatista para reunificar a região à Áustria.
[vi] Sobre isso, ver http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=9556.
[vii] Barragem construída nas montanhas do Vêneto onde, por falhas dos estudos de geologia, um pedaço gigantesco da montanha tombou no lago artificial. O tsunami assim gerado matou milhares de habitantes dos vilarejos próximos.
[viii] Professor de história da mesma universidade.
[ix] Lema da Università degli Studi di Padova, Universidade de Pádua, fundada no século 13 e das mais antigas do mundo: Universa Universis Patavina Libertas.
[x] Colunista ultra-conservador do diário Corriere della Sera.
[xi] Zona industrial de Veneza, com grande pólo petroquímico.
* Tradução do italiano, de Caia Fittipaldi. 2/4/2009, São Paulo. Correções e comentários são bem-vindos para caia.fittipaldi@uol.com.br
Fonte: www.novae.inf.br
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