Direitos animais na África: Ativistas combatem plano de matança de focas em Angola
Foto: Reuters
Os ativistas afirmam que o motivo real da matança de focas em Angola, na África, não é o alegado “equilíbrio ecológico”, mas sim a demanda que vem da Ásia pelos produtos provenientes desses animais. As informações são do Mail & Guardian.
O plano encaminhado ao Parlamento foi elaborado pela Ministra do Meio Ambiente, Maria de Fátima Jardim, que disse que o país deve “aproveitar ao máximo” os recursos obtidos pela matança das focas, “desde a pele até os ossos”, e falou aos políticos, em tom de brincadeira, sobre seus “lindos” sapatos de pele de foca, feitos na Namíbia.
Os pescadores angolanos vêm, há muito, se queixando sobre o declínio na quantidade de peixes na Baía dos Tigres, perto da fronteira com a Namíbia, devido ao “consumo destes pelas focas”. Nesta região vive uma grande população desses mamíferos que vêm sendo, anualmente, assassinados em nome de um controverso “controle populacional”, gerando pesadas críticas dos defensores dos direitos dos animais em todo o mundo. Um estudo publicado no final de 2012, pelo Instituto Nacional de Investigação Pesqueira, estima que a população de focas em Angola é composta de aproximadamente 27.500 indivíduos e que esta população apresentou um crescimento de 14% nos últimos seis anos.
Notícias divulgadas pela mídia estatal citam dirigentes de distintas associações de pescadores que dizem que uma foca adulta pode alimentar-se de algo em torno de 8kg a 30kg de peixes por dia.
No entanto, Sheryl Fink, diretora da campanha contra a caça comercial de focas da International Fund for Animal Welfare (IFAW), afirmou que “até hoje, não existe, em lugar algum no mundo, nenhum estudo científico que demonstre que a matança de focas tenha qualquer efeito positivo na manutenção da população de peixes”.
Chamando a atenção para a África do Sul que, há muito tempo, suspendeu a matança de focas, Sheryl disse que tentativas para controlar populações de predadores, como as focas, poderiam resultar em impactos “imprevisíveis” nos delicados ecossistemas e que qualquer plano para matança “controlada” de animais deve ser visto com “muita cautela”.
‘Tudo pelo dinheiro’
Sheryl Fink, que atua em Toronto, Canadá, também questionou a viabilidade econômica da comercialização de produtos derivados de focas que agora estão proibidos em toda União Europeia, mencionando, também, que a chacina de focas “para controle populacional”, onde os bebês foca são separados de suas mães e, em seguida, golpeados com bastões até a morte, causava um stress incalculável aos animais.
Nikki Botha, um ativista pelos direitos dos animais da Cidade do Cabo, África do Sul, que luta contra o massacre das focas na Namíbia, pronunciou-se, dizendo que “tudo isso é uma questão de dinheiro”. “Trata-se não somente de vender a pele das focas, mas também seus órgãos genitais para o mercado asiático”.
“Se isto era em função da pesca, por que, então, a ministra gabou-se de seus sapatos de pele de foca?”
Sergio Calundungo, um ativista angolano, disse: “É indispensável que o governo seja transparente com relação a esses planos. Numa democracia, é importante que a sociedade civil seja primeiramente consultada a respeito de decisões tão sérias. Estas não podem, simplesmente, ser deliberadas em seu nome”.
“A ministra deve ser clara sobre o objetivo desta matança. O intuito é salvar os peixes, ou criar uma indústria de produtos de focas? Do meu ponto de vista, Angola é um país rico em muitos outros recursos. Não precisamos assassinar as focas para vender suas peles”.
A possibilidade da matança das focas também foi levantada pela Ministra da Pesca, Victória de Barros Neto, em uma reunião junto ao Conselho de Ministros, conforme publicado pela agência de notícias Angop (Agência AngolaPress).
No entanto, um porta-voz do Ministério do Meio Ambiente declarou: “A ministra foi questionada pelo Parlamento Angolano sobre a possibilidade de intervenção para ajudar os pescadores. A ministra respondeu que havia meios de fazê-lo, sendo um deles, a matança de focas. Isto foi considerado como certo pelos meios de comunicação, o que não é o caso”. O porta-voz acrescentou, também, que estudos estavam sendo realizados e que a questão ainda estava em discussão.
Fonte: http://www.anda.jor.br/
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