Guarani Kaiowá é assassinado no Mato Grosso do Sul
Índios querem enterrar a vítima em fazenda localizada dentro de um território reivindicado por eles; PF e Força Nacional tentam evitar
Na manhã da última quarta-feira (12), Celso Rodrigues, indígena da aldeia Paraguassú, no município de Paranhos, no Mato Grosso do Sul, foi assassinado. O índio caminhava para o trabalho quando foi morto a tiros por pistoleiros, segundo testemunhas. O corpo de Rodrigues foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) de Ponta Porã. A Polícia Civil este no local do crime e abriu inquérito para investigar a morte.
O cacique Nicolau Guarani Kaiowá conversou com representantes do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e deu sua versão sobre o assassinato. “Dois pistoleiros o tocaiaram enquanto ele passava perto de um córrego. O pai dele está muito triste e revoltado. Eu também, é muito doloroso ver parentes morrerem.”
Aldeia Laranjeiras, dos Guarani-Kaiowá, em Rio Brilhante (Foto Assessoria de Comunicação MPF/MS)
Para Marcelo Christovão , assessor de comunicação do Ministério Público Federal do Mato Grosso do Sul, ainda é cedo para determinar o que ocorreu de fato. “A situação de conflito entre índios e fazendeiros existe e é escancarada aqui. Ainda não podemos dizer a motivação, mas tem características de pistolagem.”
As cerimônias do funeral acontecerão nesta quinta-feira (13) e os índios prometem enterrá-lo em uma fazenda que está dentro do território reivindicado por eles. Em agosto de 2012, os Guarani Kaiowá retomaram parte do tekoha (terra sagrada) Arroio Korá, em Paranhos. A Polícia Federal e a Força Nacional estão no local tentando evitar que o corpo seja sepultado em uma área considerada particular.
Cinco Guarani-Kaiowá foram presos
Ainda na última quarta-feira (12), cinco Guarani-Kaiowá foram presos no acampamento Ita’y Ka’agurussu, no município de Douradina. Entre os detidos, está a cacique Isigeninha Hirto, que está grávida. Os cinco foram acusados de matar um produtor rural da região, que também era ex-policial. A vítima teria invadido a aldeia atirando e sido imobilizada pelos indígenas, que teriam a matado em seguida.
Segundo testemunhas, Isigeninha recebeu voz de prisão na frente de representantes do CIMI e da Funai. Os presos foram conduzidos para a Cadeia Pública de Dourados.
Christovão resume a situação dos índios no região sul do estado. “As comunidades indígenas são ilhas de pobreza e violência no meio de mar de riqueza.”
* A cobertura, no Mato Grosso do Sul, dos conflitos por terra entre indígenas e fazendeiros é uma parceria entre a revista Fórum e a Mídia Ninja. Acompanhe em tempo real: www.fb.com/midianinja
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