[Canadá] Liberem nossos amigos! Atualização sobre os detidos do G20
Enquanto os líderes do G20 se reuniam atrás de uma jaula de aço e sob uma operação de um bilhão de dólares gastos em segurança, vimos um esquema policial como nunca antes experimentado na cidade de Toronto. A brutalidade das forças de segurança contra os manifestantes, jornalistas, observadores legais, médicos e transeuntes, veio na forma de detenções indiscriminadas, arbitrárias e estendidas, surras, spray de pimenta na cara, balas de borracha, ataques com a cavalaria montada, buscas e confiscos ilegais em residências e espaços sociais. Em custódia, as pessoas foram forçadas a ficarem em gaiolas de aço com até 40 pessoas por cela; a dormirem em cima de pisos de concreto com banheiros abertos; foram negados aos detidos comida, água, papel higiênico e produtos sanitários; as mulheres detidas foram vítimas de assédio sexual, ameaças, humilhação e intimidação; o acesso a atenção médica foi recusado, assim como as chamadas de telefone e ao conselho legal.
Muitos foram golpeados e brutalizados, e por isso houve muitas pessoas lesionadas e hospitalizadas. Segundo um artigo escrito pelos médicos do grupo Toronto Street Medics: “Todas as lesões graves foram infligidas pela polícia. Enquanto a violência contra a propriedade recebeu muita cobertura midiática, a violência contra as pessoas – ossos quebrados, cabeças abertas e olhos cheios de spray de pimenta – ainda não recebeu nenhuma reportagem da mídia corporativa. Nossas equipes de médicos testemunharam e trataram de pessoas que tinham sido golpeadas na cabeça por aparatos policiais, tinham escoriações dos escudos policiais e foram esmagadas pela cavalaria montada dos policiais.”
No fim de semana, aconteceu 1090 detenções, no qual 113 pessoas foram soltas sem acusações, 714 foram acusadas de violação da paz e soltas em 72 horas, 263 foram liberadas com acusações pendentes.
Cerca de 20 pessoas ainda estão presas. Os números exatos de detidos e acusações que pesam contra eles ainda não estão claros no momento, se sabe que 17 pessoas estão encarando uma variedade de acusações fabricadas e politicamente motivadas, inclusive conspiração.
No momento de escrever este texto, 9 de julho, 4 pessoas foram soltas após pagamento de fiança, mas designadas à prisão domiciliar; uma foi recusada ao pagamento de fiança; e os outros estão esperando audiência de pagamento de fiança nas próximas semanas.
Essas 17 pessoas são nossas amigas. Elas vem de bairros de Ontário e Québec, e são ativistas respeitados e comprometidos em diversas causas, como justiça ambiental, questões dos imigrantes, direitos das mulheres, justiça econômica, anti-guerra, direitos indígenas, liberação queer e trans... Eles acreditam e personificam mundos enraizados em amor, justiça, liberdade e autodeterminação. São conhecidos nas suas comunidades como trabalhadores, estudantes, amigos dos animais, provedores de assistência infantil, pesquisadores acadêmicos...
Muitos foram alvos e detidos sob a mira de armas, em ataques antes dos protestos contra a reunião dos líderes do G20 já tivessem começado.
Nós continuamos firmes na defesa de nossos amigos. Os poderosos não vão conseguir enfraquecer nosso movimento de justiça social e ambiental, nem enfadar, deter, isolar e criminalizar ativistas comunitários e a dissidência com as políticas violentas do G20, que perpetuam a degradação ambiental, a militarização, à exploração de trabalhadores, o roubo de terras e recursos indígenas e espalha a miséria pelo mundo. Esses ataques intensos contra indivíduos e grupos não vão intimidar e silenciar todos nós, nossos movimentos e comunidades no Canadá.
Recentemente uma carta aberta contra as táticas do estado policial com signatários proeminentes nos chama para uma campanha para defender os direitos civis daqueles que estão encarando acusações absurdas e excessivas. Exigimos que o Estado canadense solte imediatamente os detidos, e pare de perseguir e criminalizar diariamente os indígenas, os imigrantes e as comunidades marginalizadas.
Encorajamos nossas redes a continuarem essa solidariedade dentro de nossos movimentos sociais diversos, lutando para liberar nossos amigos e exigir que as acusações contra todos os detidos no G8 e G20 sejam anuladas, e continuarmos se organizando para a liberação de todos os presos, especialmente os que diariamente lidam com a opressão policial, corporativa e do Estado.
Não podem prender nossos corações!
Para doar ao fundo de defesa legal em Ontário: http://g20.torontomobilize.org/
Para doar ao fundo de defesa legal de Québec: claclegal2010@gmail.com
Tradução > Jenny Garcia
agência de notícias anarquistas-ana
No primeiro frio,
sopro de longe que vem
embaçar o rio.
Alckmar Luiz dos Santos
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