sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Rumo a tarifa impossível - Por Passa Palavra

Rumo a tarifa impossível

Anunciado para o dia 5 de janeiro o aumento do ônibus em São Paulo para R$ 3,00. Por Passa PalavraO prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, confirmou nesta terça feira, dia 28/12, o aumento da passagem de ônibus dos atuais R$ 2,70 para R$ 3,00, entrando em vigor no dia 5 de janeiro. O aumento, de 11%, é o quarto desde de 2005, totalizando 76%, enquanto os diversos índices de inflação oscilaram em torno dos 30%.

O aumento começou a ser debatido abertamente no final de setembro, quando foi enviada para a Câmara de Vereadores a proposta de orçamento para 2011, que previa o aumento para R$ 2,90. Nesta mesma proposta de orçamento pudemos observar uma arrecadação recorde na cidade de R$ 34,6 bilhões, demonstrando que o aumento de tarifas ocorre não pela falta de recursos mas por uma opção política do poder público.

Vale destacar a ligação dos irmãos Kassab com o empresariado do transporte coletivo. Pedro Kassab é um dos sócios da IPK Engenharia, empresa especialista em cálculo tarifário, que há mais de 15 anos presta consultoria aos empresários dos setor, além de ter sido ele próprio consultor do SPURBANUSS (Sindicato patronal). Já o outro irmão, Marcos Kassab, atuou na expansão do metrô, foi diretor da EMTU (Empresa Metropolitana de Transporte Urbano), acessor da presidência da SPTrans (empresa municipal que gerencia o setor), além de realizar palestras sobre o cálculo tarifário em transporte coletivo.
Com o ônibus a três reais, o trabalhador que depende do transporte coletivo gastará ao menos 120 reais por mês, isto se ele não utilizar o trem e o metrô, não tiver filhos e usar o transporte apenas para trabalhar. Ainda assim, é mais de 1/5 do salário mínimo. Um valor elevado como este evidencia uma perversidade da lógica do sistema de transporte atual, pois promove a retirada dos usuários que não têm condições de pagar a tarifa (já são 37 milhões no Brasil) e daqueles que consideram melhor pagar as 72 parcelas de 120 reais em uma motocicleta – talvez seja esta a proposta de solução para resolver a superlotação.

Já que o transporte é inteiramente custeado pelos usuários, os gastos sobem todo ano, as taxas de lucro dos empresários não podem diminuir e o poder público não encara o transporte como direito, em breve chegaremos a uma tarifa impossível.

Como tem alertado o Movimento Passe Livre (MPL), enquanto a lógica do transporte coletivo não for alterada os aumentos continuarão a acontecer, uma vez que o transporte é organizado apenas para garantir a ida ao trabalho e a manutenção do lucro dos donos das empresa de ônibus e não de acordo com o interesse da população. A mudança desta lógica depende da participação ativa da população. Neste sentido o MPL está a convocando para o dia 13/01/2011 a terceira manifestação contra ao aumento, às 17h, em frente ao Teatro Municipal.
Fonte: http://passapalavra.info/

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