terça-feira, 31 de maio de 2011

Your emotions are nothing but politics…(suas emoções são nada além política...)

Your emotions are nothing but politics…(suas emoções são nada além política...)
No início dos anos 90 éramos todos viciados em hardcore old school. Quando o hardcore dos EUA do início dos anos 80 atingiu o seio da Juventude Libertária de São Paulo (que antes era influenciada musicalmente em sua maioria pelo punk europeu de bandas como Conflict, Concrete Sox, Crass e etc.) foi a febre entre a molecada. Minor Threat, 7 Seconds, Black Flag, Circle Jerks, SOA, SSD, etc… A coletânea Flex Your Head circulava mais entre as casas dos membros que qualquer outro disco. Não demorou para aparecerem as primeiras bandas, Positive Minds, Clear Heads, Personal Choice.

O primeiro disco do Personal Choice, “Raise Your Head”, de 1993, era total old school, com influências dessa cena, mas também da cena política que apontava na Europa, de bandas como Nations On Fire, Manliftingbanner e Refused. Então, novamente com 10 anos de atraso, a cena revolution summer de 1984 de Washington DC chegou ao nosso meio. Veja bem, era 1994, não havia acesso a internet, os poucos discos que chegavam viravam dezenas de fitas K7 e eram compartilhados, quando muito os lps vinham com encartes e alguem sabia falar inglês para traduzir para centenas de garotos e garotas sedentos de conhecimento.

Esse disco, em particular, me atingiu muito, quando ainda cantava no Personal Choice. Ian MacKaye do Minor Threat mudando a forma de expor suas idéias, menos cheio de convicções na ponta dos dedos (não que eu discordasse das letras na época) e mais uma pessoa com sentimentos e escrevendo de uma maneira que me cativou profundamente:

No more lying down / We’ve got to speak and move / No more righteousness / Everything is far too wrong / No more selfish tears / You haven’t paid for them / No more dressing up / Please leave your costumes home / No more looking down / You might bump your head / The purpose is within yourself / The movement is within yourself / Your emotions are nothing but politics / So get control / No more alcohol / It’s a Kool-aid substitute / No more heroin / Death is not glamourous / No more ruling class / You’re a bunch of silly kids / No more image fight / It’s just a sucker punch / Hurt wastes your energy / Suffering wastes energy / Your emotions are nothing but politics / So get control / No more number one / We’ve got to quit that game / No more attitude / Give it back to the TV set / No more tough-guy stance / I hear your mommy call / No more suicide / It kills everyone / No more petty love / No more petty hate / No more pettiness / No more pain

Muitos na época falavam que Ian “não tinha voz” para melodia, e eu discordava totalmente. Aliás isso era o que menos importava! Esse tipo de comentário não tinha nada a ver com o que o punk havia me ensinado por toda minha vida. O Embrace era poesia em música, expressão artística acima de tudo, e isso me fascinou. A música do Embrace era tudo o que eu precisava escutar naquele momento.

Com o fim do Personal Choice, em 1995, no início de 1996 comecei a ensaiar um projeto inspirado em Embrace e também na cena da Initial e Doghouse, de bandas como Endpoint, Split Lip, Falling Forward. Uma cena que muitos chamavam de “rock emo” nos catálogos de importação das distribuidoras. Um termo que mal imaginávamos o que se tornaria 10 anos depois… (acho que 10 anos é um intervalo cabalístico rsrsrs). De uma música desse LP eu tirei o nome desse projeto, que poucos anos depois se tornaria a banda de minha vida. Dance of Days.
Fonte: http://nenealtro.wordpress.com

Um comentário:

coffeeboy disse...

Eu lembro desse texto do fabio Altro! Muito bom, e achei muito legal vcs postarem! Força a, tamo junto provos!