[EUA] Bill Weinberg está trabalhando para salvar o Clube do Livro LibertárioAqui vai uma história incomum: anarquistas em busca de ordem. Bill Weinberg, um antigo âncora da rádio WBAI (Nova Iorque), está trabalhando para salvar o Clube do Livro Libertário, fundado por anarquistas judeus e italianos em 1946. Um anúncio recente na revista “The Brooklyn Rail” diz: “Na rua da amargura: prestes a perder nosso escritório no antigo Peace Pentagon (339 Lafayette) – sem dinheiro – antigo/as companheiro/as envelhecendo – etc.” E continua: “Ajude-nos a reerguer a bandeira negra no século XXI”.
“No momento, o fardo está majoritariamente nos meus ombros,” disse Weinberg. “Tenho esperanças que irá sobreviver”.
Perguntei se ele tinha certeza de que eram a mais antiga e contínua organização anarquista na cidade. Recebi a seguinte resposta de Weinberg: “Nomeie outra”.
No imaginário popular, o anarquismo conjura imagens de discurso demagógico, manifestos violentos, e argumentos bêbados que permeiam os meandros da revolução. O Clube do Livro Libertário, no entanto, é mais mundano, hospedando fóruns como as populares e anuais palestras do “Dia do Caos”. Em décadas passadas, a organização era conhecida como uma distribuidora de escritos anarquistas.
O debate sobre a utilização do termo “libetário” no título, se tornou mais latente. O grupo diz que adotou o termo “quando ainda não havia sido cooptado pela direita do livre-mercado”. O nome do Clube é irrelevante, disse Paul Berman, autor de “Poder e os Idealistas” (W. W. Norton, 2007), adicionando que o nome foi escolhido pelos fundadores em uma época em que “não era momento de ostentar o próprio ultra-radicalismo”.
Em abril, Weinberg, que é o autor de “Homenagem para Chiapas: As Novas Lutas Indígenas no México” (Verso, 2002) disse diante do grupo em “Nem OTAN nem Qaddafi, Obrigado: Perspectivas Anarquistas na Líbia, a Primavera Árabe e a Crise no Norte da África”. Que ele havia recém fundado o NewJewishResistance.org (NovaResistênciaJudaica.org), que pode ser descrita como uma oposição ao sionismo e unidade “pan-semítica”. O logotipo tem uma espessa e vermelha letra “A” anarquista sobreposta em uma estrela de David negra.
A localização atual do Clube do Livro Libertário é no “Peace Pentagon” (Pentágono da Paz), no “East Village” (Vila Leste), que abriga outras organizações políticas de esquerda, como a Liga dos Resistentes à Guerra (originalmente “War Resisters League”, uma organização comprometida em eliminar a guerra e suas causas). Lá, o Clube do Livro Libertário divide espaço com o grupo anarco-sindicalista amplamente difundido chamado “Aliança Solidária de Trabalhadores” (Workers Solidarity Alliance). Weinberg pensa que pode ser “cada vez mais uma extravagância ter um escritório” na era da Internet, mas é inseguro quanto a positividade disso.
O Pentágono da Paz é a mais recente localização onde os anarquistas suspendem seus chapéus. Candace Falk, editor dos Documentos de Emma Goldman, disse que a própria Goldman e outros, freqüentavam a taverna de Justus Schwab, na primeira rua da Leste 50: “Ela utilizava este lugar como seu endereço de remetente”, disse Falk. No seu apogeu, os anarquistas ídiches se reuniam no Café Sach, na rua Suffolk. Os encontros do Clube do Livro Libertário percorreram entre lugares como o Círculo do Trabalhador (Workmen’s Circle)/Anel do Árbitro (Arbiter Ring), Fórum Brecht, e a companhia de teatro experimental “Living Theatre”.
Através das décadas, os destaques do Clube incluíram Alexandra Kropotkin, falando de seu famoso pai, o teórico do anarco-comunismo, Piotr Kropotkin. Outro orador foi Roger Baldwin, o fundador da União Americana das Liberdades Civis, que foi um “funcionário da reinserção social em St. Louis quando participou da palestra de Emma Goldman”, de acordo com falecido historiador do anarquismo, Paul Avrich.
A revolta emergiu ao longo dos anos no Clube do Livro Libertário. William Taback, um eletricista, e sua esposa Sarah, foram retirados de seus cargos em meados dos anos 70 sob acusação de opressão. “Todo título oficial foi abolido por causa disso, e todos foram declarados simplesmente como membros, em termos igualitários para todos”, escreve Avrich. O marido ficou tão desalentado que iria assinar cartas como “Bill Taback, membro oficial”.
O escritor e editor Doug Puchowski relembra alguns dos mais recentes desacordos entre membros do grupo: “Haviam algumas vezes em que eu refletia sobre o fato de que, em uma cidade de 8 milhões de pessoas, o Clube do Livro anarquista apenas atraía 40 pessoas, e entre estes 40, haviam mais ou menos 5 facções”.
Weinberg demonstra que está total em desacordo: "No meu tempo por lá, nós nunca fomos organizados o suficiente para ter facções”.
Por Gary Shapiro
Tradução > Malobeo
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