sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Fórum Social Mundial Palestina Livre sofre pressões e ameaças de boicote - por Marco Aurélio Weissheimer

Fórum Social Mundial Palestina Livre sofre pressões e ameaças de boicote
Representantes de entidades da comunidade judaica do Rio Grande do Sul - e também entidades em nível nacional - estão pressionando autoridades do governo do Estado, da prefeitura de Porto Alegre e da Assembleia Legislativa a não apoiar com cessão de espaços ou outro tipo de suporte a realização do Fórum Social Mundial Palestina Livre, que ocorrerá na capital gaúcha de 28 de novembro a 1º de dezembro.

Porto Alegre - Representantes de entidades da comunidade judaica do Rio Grande do Sul estão pressionando autoridades do governo do Estado, da prefeitura de Porto Alegre e da Assembleia Legislativa a não apoiar com cessão de espaços ou outro tipo de suporte a realização do Fórum Social Mundial Palestina Livre, que ocorrerá na capital gaúcha de 28 de novembro a 1º de dezembro.

Segundo Humberto Carvalho, coordenador do Comitê Gaúcho de Solidariedade à Luta do Povo palestino, o Fórum previa a utilização de prédios do Estado e do município de Porto Alegre para sediar o evento. Em princípio, a Usina do Gasômetro concentraria a maior parte das atividades, conforme informação publicada na página do evento. Mas a menos de duas semanas do seu início, o que há de concreto são pressões e incertezas.

Humberto Carvalho encaminhou uma carta esta semana ao presidente da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, deputado Alexandre Postal (PMDB), protestando contra a decisão de não permitir a utilização do prédio da Assembleia para abrigar eventos ligados ao Fórum Social Mundial Palestina Livre.

Na carta, Carvalho afirma: “a negativa de V. Exa. implica uma postura, em relação ao já longevo conflito Israel- Palestina, incompatível com a alta função que V. Exa. desempenha, fazendo coro aos que querem confundir o elementar direito de resistência que qualquer povo possui, expresso até na Declaração de Independência dos Estados Unidos, com terrorismo”.

“Temos uma grande colônia palestina em nosso Estado que em muito contribui para o desenvolvimento do Rio Grande do Sul e um Poder do Estado não deveria se posicionar contra os interesses gerais desses cidadãos”, acrescenta Carvalho em sua manifestação ao chefe do Legislativo gaúcho. E acrescenta:

“Como a Comunidade Internacional, desejosa da paz no Oriente Médio, verá essa negativa de V. Exa, ao não permitir que, em próprio do Estado, reúnam-se pessoas de boa vontade, oriundas de diversos países do mundo, justamente para discutir e levar adiante uma luta pela paz? O tempo responderá a essa pergunta e a resposta, certamente, não será favorável a V. Exa. Considero não só lamentável, mas deplorável esse gesto de V. Exa. porque fere princípios humanitários agasalhados na consciência universal e também na dos gaúchos”.

Na terça-feira (13), o governo do Estado do Rio Grande do Sul divulgou nota esclarecendo a posição oficial do Executivo sobre o evento. Neste dia, o governador Tarso Genro conversou com o presidente da Confederação Israelita do Brasil (Conib), Claudio Lottenberg, sobre o Fórum Social Palestina Livre.

Segundo a nota divulgada pela assessoria de imprensa do governo gaúcho, “Tarso Genro assegurou que eventuais posições que possam ser manifestadas neste evento só serão apoiados pelo governo do Rio Grande do Sul se estiverem norteadas pela posição do governo brasileiro sobre o conflito entre israelenses e palestinos no Oriente Médio”.

O governador gaúcho afirmou ainda que o “o apoio ao evento foi aprovado por se tratar de uma atividade vinculada ao Fórum Social Mundial, sem compromisso com as posições políticas que ali serão sustentadas pelos diversos integrantes do fórum”. Tarso Genro esclareceu que as posições do governo do Rio Grande do Sul que serão reafirmadas durante o evento, estão baseadas nos seguintes princípios:

- Apreço às comunidades israelense e palestina, que convivem em harmonia no Rio Grande do Sul, e colaboração no debate para promover uma paz negociada e justa na região, com cessação completa das hostilidades;

- Reconhecimento do direito do povo palestino de estruturar seu Estado soberano e reconhecimento do direito à existência do Estado de Israel;

- Aplicação dos acordos de Oslo e apoio às decisões das Nações Unidas sobre o conflito.

Tarso Genro propôs ainda que as comunidades gaúchas de palestinos reúnam-se com ele no Palácio Piratini, repetindo o que ocorreu quando ele era prefeito de Porto Alegre.

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