sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Experimentos realizados por EUA podem ter deixado 71 mortos na Guatemala

Experimentos realizados por EUA podem ter deixado 71 mortos na Guatemala

Por Redação

Pelo menos 71 guatemaltecos utilizados nas experiências dos Estados Unidos com sífilis e gonorreia na década de 1940 morreram durante a pesquisa. As informações são de Prensa Libre, com base em um relatório publicado pelo Departamento de Saúde e Recursos Humanos dos Estados Unidos (HHS, por sua sigla em inglês).

De acordo com a reportagem da agência de notícias, assinada por Óscar Ismatul e Antonio Ordóñez, HHS publicou na internet um documento em que revela que o projeto e a condução das pesquisas realizadas na Guatemala nos anos 1940 foram "pouco éticas em muitos aspectos".

A investigação mostra que 71 pessoas infectadas com sífilis e gonorreia nos experimentos morreram durante a fase de observação. Entretanto, ainda não se sabe se as mortes foram causadas pela condição das experiências ou por outros fatores.

"Durante a observação, 71 das pessoas a quem se lhes inoculou a enfermidade morreram (...) ainda que os arquivos não permitam determinar se os decessos têm alguma relação com os procedimentos aos quais se lhes submeteram", aponta.

O Departamento dos Estados Unidos ainda destacou que apenas 331 dos 497 contagiados pela sífilis receberam tratamento e que "só terminou de administrar a dose de penicilina em 85".

O documento foi elaborado dias após a publicação de um estudo da médica Susan Reverby, no qual aponta que guatemaltecos e guatemaltecas foram usados para experimentos médicos entre os anos 1946 e 1948. Durante esse período, profissionais a serviço da saúde pública dos Estados Unidos infectaram 696 guatemaltecos - intencionalmente e sem conhecimento ou consentimento deles - com sífilis e gonorreia.

O objetivo dos experimentos era observar os efeitos das doenças transmitidas sexualmente e como a penicilina poderia combatê-las. O caso tornou-se público após a investigação de Reverby, quem descobriu os arquivos de John Cutler, um dos responsáveis pelo experimento. Na sexta-feira passada (1º), depois de tomar conhecimento sobre o assunto, o governo dos Estados Unidos lamentou e pediu desculpas ao país centro-americano por tais experiências.

Comissão da Guatemala
Tudo indica que as investigações referentes ao episódio não sairão apenas dos Estados Unidos. Na última segunda-feira (4), o mandatário guatemalteco, Álvaro Colom, formou uma comissão para descobrir "como foi possível" que pesquisadores estadunidenses realizassem tal experiência na Guatemala.

Além de Colom, integram a comissão o vice-presidente Rafael Espada, e os ministros: da Saúde, Ludwig Ovalle; do Interior, Carlos Menocal; da Defesa, Abraham Valenzuela. A equipe ainda contará com a ajuda de representantes do Colégio de Médicos da Guatemala.

A partir do Adital: http://www.adital.com.br

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