domingo, 19 de janeiro de 2014

2.500 Animais por ano: Matança ameaça botos da Amazônia – por ANDA


2.500 Animais por ano: Matança ameaça botos da Amazônia
Pescadores brasileiros matam o boto cor-de-rosa (acima) para usar sua carne como isca na pesca da piracatinga (Foto: Yasuyochi Chiba/AFP)

As águas escuras do Rio Amazonas e seus afluentes estão manchadas de sangue. A cada ano, cerca de 10% dos botos, ou seja, 660 animais, são assassinados, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), do governo federal. As informações são do site Infosur Hoy.

Já o Instituto Piagaçu, formado por estudiosos da Amazônia, tem números ainda mais pessimistas: cerca de 2.500 botos são mortos a cada 12 meses.

A matança acontece porque a carne do boto é usada como isca na pesca da piracatinga (Colophysius macroptreus). Também conhecido como “urubu d’água”, o piracatinga é um peixe necrófago, ou seja, se alimenta de animais mortos em decomposição.

“A matança dos botos começou em 2000, quando o peixe capaz (Pimelodus grosskopfii), de sabor parecido ao da piracatinga, começou a sumir dos rios da Amazônia colombiana”, explica Nívia do Carmo, presidente da Associação Amigos do Peixe-Boi (Ampa).

Para pescar o capaz, os colombianos já usavam a carne do boto, segundo o Ampa. A escassez do peixe fez com que os colombianos fossem ao Brasil ensinar os pescadores a capturar a piracatinga da mesma forma para vender no mercado latino-americano.

Além de ser uma figura lendária, o boto é protegido pela Lei nº 7.643/1987, que determina pena de dois a cinco anos de reclusão e multa para quem for flagrado pescando ou molestando esses animais.
Décadas atrás, o boto vermelho ou cor-de-rosa (Inia geoffrensis), o boto cinza (Sotalia guianensis) e o tucuxi (Sotalia fluviatilis) eram abundantes nas bacias do Rio Orinoco, que cruza a Venezuela e a Colômbia, e do Rio Amazonas, que abrange os territórios brasileiro, boliviano, colombiano, equatoriano, peruano e venezuelano, além das Guianas.

Esses mamíferos são na verdade golfinhos de água doce, com características diferentes entre si e seu primos da água salgada. Agora eles correm o risco de desaparecer, por causa da caça intensiva e da baixa taxa de reprodução – as fêmeas dão à luz a um filhote por vez, amamentam por um ano e cuidam do filhote por até quatro anos.

Na tentativa de impedir a matança, o procurador do Ministério Público Federal no Amazonas (MPF/AM) Rafael da Silva Rocha estuda formas de responsabilizar o poder público e aqueles que estão envolvidos neste massacre mediante inquérito civil público.

Em 2007, o governo brasileiro foi cobrado formalmente pela matança dos botos na 59ª Reunião da Comissão Internacional da Baleia (CIB). A CIB recomendou medidas urgentes de prevenção e fiscalização. “Numa audiência pública, em outubro de 2013, o IBAMA informou que realizou três operações de fiscalização neste ano, mas que em nenhuma delas conseguiu flagrar a atividade ilegal”, diz Rocha.

O procurador lamenta que atualmente, não há “nenhuma ação significativa em curso” para coibir a matança de botos no estado. “Nem mesmo o constrangimento internacional do relatório elaborado pela CIB surtiu efeito para que uma ação realmente efetiva, conduzida pelos órgãos de fiscalização do Amazonas, fosse implementada”, diz ele.

Nota da Redação: A pescaria é um ato violência, que causa a morte não só dos botos, mas também, não menos importante, a de milhares de peixes que têm o direito de viver livres em seu habitat sem a interferência humana.

Fonte: http://www.anda.jor.br/

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