A atualidade de uma marxista rebelde
Como Rosa Luxemburgo, morta há 95 anos, ajuda a reinventar,
em tempos de crise do capitalismo, o pensamento de Marx
Há cinco anos, surgiu e cresce, em paralelo a uma crise do
capitalismo duradoura e de final imprevisível, um movimento intelectual
surpreendente: a reabilitação das ideias de Karl Marx. O filósofo alemão, que
muitos desprezaram após a queda do Muro de Berlim, está de volta. Seus livros
são republicados
em todo o mundo, com tiragens e repercussão expressivas. Não raro, sua
importância e contemporaneidade são reconhecidas até mesmo por publicações
conservadoras e por consultores
ilustres das grandes finanças globais.
Num 15 de janeiro como hoje, era assassinada, em Berlim, uma
pensadora e militante que se apaixonou pelo marxismo muito jovem, viveu
intensamente sob sua influência e contribuiu para enriquecê-lo – mas foi
esquecida, no século 20, tanto pelo socialismo soviético quanto pelas correntes
hegemônicas entre a esquerda. Estamos falando de Rosa Luxemburgo.
Talvez esta polonesa judia, que se tornou líder da Revolução
Alemã de 1918 (1 2 3) seja importante hoje exatamente pelos motivos que a
fizeram maldita no passado. É o que pensa a filósofa Isabel
Loureiro, principal estudiosa da obra de Rosa no Brasil, autora de diversos
livros sobre a líder da Revolução Alemã de 1918 e organizadora de uma
vasta coletânea sobre sua obra, em três volumes (1 2 3),
A primeira particularidade de Rosa, avalia Isabel, é ponto
de vista extremamente sofisticado sobre Revolução, Reformas e Poder. Rosa
enxergava a importância (e a beleza…) das revoluções — as mudanças inesperadas,
os grandes movimentos da História em que as maiorias desafiam o automatismo
enfadonho das relações sociais e viram a mesa. Mas via estes momentos como a
abertura de um longo processo de mudanças, não como mera oportunidade para
instalar novos grupos no poder de Estado.
Disso derivava seu grande empenho em construir formas
avançadas de democracia. Para transformar a vida, pensava ela, as sociedades
precisavam enxergá-la; deviam superar a alienação, a repetição quase
inconsciente de relações consolidadas ao longo do tempo. Esta lenta conquista
de autonomia exige, é claro, abertura ao debate, à crítica e à polêmica. Por
isso, Rosa, embora aliada a Lênin na luta contra o amortecimento e burocratização
do marxismo, no início do século 20, divergiu abertamente das tendências
centralizadoras do revolucionário russo. Em consequência, “foi posta no índex
dos partidos comunistas”, diz Isabel Loureiro.
Mas esta combinação de rebeldia contra o capitalismo e
desejo de valorizar a autonomia não fará de Rosa uma autora a ser estudada com
atenção especial em nossos dias? Sua obra não será, de certa forma, um convite
a rever a obra de Marx e reinventar seus sentidos? Isabel pensa que
sim. Na entrevista abaixo, ela, que dedicou um dos três volumes da
coletânea de Rosa à correspondência trocada com amigos e amantes, frisa: “Pelas
cartas, podemos acompanhar seu doloroso processo de amadurecimento, conflitos
amorosos, desejo de ser feliz, suas reclamações de como a vida política era
desumana, seu grande amor à natureza e suas reflexões sobre arte”. (A.M.)
Isabel Loureiro: “Rosa tem uma concepção aberta do marxismo.
Para ela, Marx não era uma Bíblia com verdades prontas e imutáveis, mas
manancial que permite levar adiante trabalho de compreensão do mundo
contemporâneo”
Pouco mais de um ano depois de lançar uma coletânea de três
volumes sobre a obra de Rosa Luxemburgo, você organizou, em 2013, um seminário
de três meses sobre o tema. Em que Rosa e sua visão particular do marxismo
podem ajudar os novos movimentos que questionam o capitalismo no século 21?
Essa foi precisamente a pergunta que me fiz quando comecei a
preparar o seminário. Por que, quase cem anos depois de seu assassinato, voltar
a discutir as ideias de uma revolucionária marxista clássica, formada na
cultura humanista europeia do século 19, cujo mundo desmoronou com a Primeira
Guerra Mundial? A resposta não é evidente. Por que sua interpretação de Marx
ainda hoje é atual? Para começar, Rosa tem uma concepção aberta do marxismo. No
seu entender a teoria de Marx não era uma Bíblia com verdades prontas e
imutáveis que os fieis tinham que seguir sem questionar, mas um manancial
inesgotável que permite levar adiante o trabalho de compreensão do mundo
contemporâneo.
Por isso mesmo, ela nunca hesitou em criticar as vacas
sagradas do marxismo europeu, como Bernstein e Kautsky, e nem sequer o próprio
Marx. Essa independência intelectual é, para os marxistas – que infelizmente
têm uma tendência ao dogmatismo e à ossificação – uma indicação de que precisam
continuar pesquisando e criando conceitos que permitam dar conta da nova fase
da acumulação do capital e da nova situação em que se encontram as forças
sociais. Além disso, Rosa acrescenta à teoria de Marx algo original,
propriamente seu: a ideia de que as transformações sociais são fruto da ação
autônoma das massas populares que, na luta quotidiana pela ampliação de
direitos e, sobretudo, na luta revolucionária pela transformação radical da
sociedade capitalista, ou seja, no seu processo de existência real, forjam sua
consciência político-social. Em resumo, e simplificando muito, se queremos
mudar o que está aí, devemos agir aqui e agora, porque a nossa ação é o que
pode interromper o curso da história em direção ao abismo.
Alguns aspectos centrais que você enxerga no pensamento de
Rosa têm muito a ver com a nova cultura política de autonomia e
horizontalidade. Por que você a identifica com a crítica ao vanguardismo, à
burocratização e ao centralismo?
Esses pontos que você menciona resumem bem o que opôs Rosa
Luxemburgo à social-democracia e ao bolchevismo e continuam sendo de grande
atualidade na cultura da esquerda. Durante o século 20, Rosa foi posta no índex
dos partidos comunistas devido à sua crítica a Lênin e aos bolcheviques. Foi
usada como ícone revolucionário pelos comunistas da antiga Alemanha Oriental
(RDA), mas suas ideias democráticas e libertárias foram deixadas na sombra ou
censuradas. O stalinismo acusou-a de espontaneísta, de não dar importância à
organização política.
É preciso deixar claro que Rosa não é contra a organização
(afinal ela sempre militou num partido político), e sim contra uma concepção de
partido como vanguarda de revolucionários profissionais, hierarquicamente
separada das massas, e que leva de fora a consciência às massas informes. Essa
crítica era endereçada tanto à social-democracia, quanto ao bolchevismo. Para
Rosa, que é herdeira do Iluminismo, o verdadeiro líder político é aquele que
esclarece, que destrói a cegueira da massa, que transforma a massa em
liderança, que acaba com a separação entre dirigentes e dirigidos, que
contribui para formar aquilo que ela considera o mais importante pré-requisito
de uma humanidade emancipada: a autonomia intelectual, o pensamento crítico das
massas trabalhadoras. E, por sua vez, a autonomia intelectual requer a
existência de liberdades democráticas: direito de reunião, associação, imprensa
livre, etc. Daí a crítica que Rosa faz aos bolcheviques por terem eliminado o
espaço público, que ela vê como o único antídoto contra a burocratização do
partido e dos sovietes.
No seminário, uma sessão foi dedicada à “dialética entre
reforma e revolução”. Algumas das características mais marcantes da nova
cultura é o desejo de produzir mudanças, ainda que parciais; a recusa a reduzir
a política a eleições, ou mesmo a apostar na revolução como um momento mágico e
transcendente, em que toda a sociedade se transforma. O que Rosa poderia dizer
sobre isso?
Esse é mais um ponto em que Rosa continua sendo atual. Ela
queria uma humanidade em que houvesse liberdade e justiça social; para isso,
era necessário passar do capitalismo ao socialismo. Porém, essa transição só
seria possível com a mais ampla participação dos de baixo nos assuntos que lhes
dizem respeito, o que significava um longo processo de amadurecimento, de
correção de rota, etc. Daí a necessidade do debate público. A revolução não
consistia na troca de homens no poder, era muito mais que isso, era todo um
processo econômico, social, cultural e, claro, político – isto é, de tomada do
poder pelos trabalhadores, que levaria muito tempo para se efetivar. Resumindo:
no pensamento de Rosa Luxemburgo a ideia de tomada do poder – revolução como
quebra rápida das relações de poder existentes – não se separa da ideia de
mudança estrutural da sociedade, o que implica mudança de valores, ou seja, uma
revolução no longo prazo. Para ela, as duas coisas precisam ocorrer
conjuntamente.
Vivemos num mundo em que estão abertas janelas tanto para
enormes transformações como para riscos de desumanização inéditos. Estão aí os
drones, a tentativa de controlar a internet e vigiar os cidadãos por meio dela,
os sinais de xenofobia, os grupos nazistas em certos países europeus.
“Socialismo ou barbárie”, uma consigna de Rosa, tem a ver com este futuro tão
aberto?
Quando Rosa diz que a humanidade está perante o dilema
“socialismo ou barbárie”, o que ela tem diante dos olhos é o horror da Primeira
Guerra Mundial que, para aquela geração, foi um cruel divisor de águas. Pela
primeira vez, as pessoas se deram conta de que os avanços tecnológicos podiam
ser mortíferos, de que a modernização capitalista destruiria todos os
obstáculos que aparecessem no caminho de seu avanço infernal. E a esquerda
radical alemã, de que Rosa era uma das lideranças, via no socialismo a única
alternativa capaz de barrar essa descida aos infernos.
Mas, ao mesmo tempo, ela também se dava conta de que, com a
guerra e o chauvinismo, que haviam engolido as massas trabalhadoras europeias,
a luta em prol do socialismo tinha se tornado infinitamente mais difícil. Acho
que podemos fazer um paralelo com o que se passa hoje. Depois da queda do
comunismo burocrático, parecia que agora sim o terreno estava finalmente livre
para que as ideias socialistas democráticas vingassem. Mas o que vemos é que,
precisamente num momento em que o capitalismo está em crise e sofre um golpe
poderoso, no momento em que constantes e gigantescas manifestações da população
europeia mostram claramente que o capitalismo chegou ao fim da linha, o que
acontece em termos de mudança no rumo de uma sociedade mais justa, mais
igualitária? Absolutamente nada!
Os governantes continuam fazendo os ajustes pedidos pelo
capital financeiro e as populações vivem num permanente estado de sítio
econômico, sem saber o que o dia de amanhã lhes reserva. Precisamos nos
perguntar por que, precisamente num momento em que caiu a máscara ideológica do
neoliberalismo, a esquerda não consegue aparecer como alternativa. É necessário
rever a história da esquerda institucional europeia para entender porque isso
acontece. E aqui, mais uma vez, Rosa Luxemburgo tem o que dizer com sua crítica
à adesão da social-democracia alemã ao estado de coisas vigente.
A democracia institucional está esvaziada e em crise, mas os
novos movimentos reivindicam formas cada vez mais democráticas de decisão —
inclusive em seu próprio interior. De que forma o debate sobre o partido, que
opôs Rosa Luxemburgo a Lênin, no início do século XX, pode informar este anseio
por democracia?
É preciso que fique claro que Rosa Luxemburgo é contra a
abolição da democracia “burguesa” tal como ocorreu no mundo soviético. O que
ela quer é complementar a liberdade política com a igualdade social. Isso
significa que o pluralismo partidário, a imprensa livre, a liberdade de
associação, etc. devem ser preservados. Rosa era uma marxista clássica, como eu
disse, que tinha uma visão muito crítica dos regimes autoritários do seu tempo,
como o czarismo e o império alemão.
Ao mesmo tempo, também se deve enfatizar que ela,
diferentemente de seu companheiro de partido Eduard Bernstein, não tem ilusões
quanto à democracia burguesa parlamentar. Ela não acredita na transição ao
socialismo pela via eleitoral. Durante a revolução alemã de 1918, Rosa ficou
entusiasmada com os conselhos de operários e soldados que surgiram no início do
movimento, vendo neles uma forma de ampliar a participação dos de baixo. Mas
não foi muito longe nestas reflexões, pois foi assassinada pouco tempo depois.
É muito comum que a esquerda libertária recorra ao exemplo
dos conselhos como panacéia que supostamente resolveria os problemas da
democracia representativa. É sem dúvida uma forma democrática que deve ser
preservada, sobretudo no âmbito local. Mas penso que devemos pensar, como Rosa
indicou sem aprofundar em seu texto de crítica aos bolcheviques escrito na
prisão em 1918, que o ideal é combinar mecanismos de democracia representativa
com mecanismos de democracia direta.
Hugo Chávez, símbolo do “socialismo do século 21″ para parte
da esquerda, baseou sua ação num Estado forte e num comando centralizado. Em
contrapartida, os zapatistas difundem a ideia de ”mudar o mundo sem tomar
o poder”, cunhada por John Holloway. O que o pensamento de Rosa
sugeriria, sobre esta polêmica?
Rosa defende a tomada do poder de Estado pelos
trabalhadores. Nesse sentido, ela se oporia à fórmula de Holloway. No entanto,
ao defender a necessidade da transformação radical dos valores
burgueses-capitalistas na transição ao socialismo ela percebe que a revolução é
um processo muito mais complicado, lento e doloroso que a simples tomada do
poder de Estado. Ao mesmo tempo, ela não recusa a tomada do poder, vendo aí um
meio de acelerar as mudanças necessárias. Porém, acima de tudo, para Rosa
Luxemburgo, o novo grupo que chega ao poder tem a obrigação de preservar e/ou
construir mecanismos de participação, de formação política, de criação de
autonomia da massa popular e não eliminar os mecanismos democráticos
existentes, como se fossem apenas expressão da dominação burguesa.
Crescem em todo o mundo, e em particular no Brasil, os
movimentos que criticam a crença cega no “desenvolvimento”. A tradição marxista
mais difundida também é desenvolvimentista. Materialista, acredita que o
“desenvolvimento das forças produtivas” é anterior aos avanços da consciência.
Rosa tem algo a dizer sobre isso?
Rosa é filha do seu tempo, e também filha do marxismo do seu
tempo. Isso quer dizer que, por um lado, ela é defensora do desenvolvimento das
forças produtivas, ou seja, da modernização capitalista. Mas, por outro – e
isso é interessante e atual sobretudo para nós da América Latina –, ela também
enfatiza o aspecto sombrio dessa modernização capitalista, com todo o seu
conhecido séquito de horrores: destruição violenta de modos de vida primitivos
pelo capitalismo europeu, a fim de submetê-los aos mecanismos do mercado;
guerra do ópio na China; enriquecimento da metrópole às custas do endividamento
da periferia; acumulação de capital mediante compras de armas pelo Estado, o
que favorece guerras de todos os tipos, etc. Essa postura avessa ao
eurocentrismo e à ideia de que o progresso da civilização justifica os
sofrimentos dos povos periféricos dá-nos elementos para repensar no que
consiste verdadeiramente o progresso e se o capitalismo é mesmo o horizonte
inelutável da humanidade.
De que forma permanece atual a noção de imperialismo, que
era cara a Rosa Luxemburgo? Como este conceito sobrevive num mundo marcado pelo
declínio dos EUA e Europa, pela ascensão dos BRICS e, ao mesmo tempo, pela
difusão, nestes países, dos modos de vida típicos do capitalismo?
Para Rosa, o imperialismo não é, como para Lênin, uma “etapa
superior do capitalismo” e sim uma característica do capitalismo desde as
origens. Desde o início, o capitalismo precisou de mercados externos (por
exemplo, ao transformar as economias primitivas em economias de mercado) para
se reproduzir. A violência e o saque das camadas sociais não-capitalistas, que
Marx restringia ao período da chamada “acumulação primitiva”, Rosa Luxemburgo
considera uma característica do capitalismo até sua plena maturidade.
Hoje assistimos à mercantilização de tudo que ainda não foi
transformado em mercadoria: serviços públicos, saúde, educação, cultura,
conhecimento, direitos autorais, recursos ambientais, etc. É precisamente aqui
que David Harvey, ao analisar o novo imperialismo, procede a uma interessante
atualização da teoria de Rosa Luxemburgo, forjando o conceito de “acumulação
por expropriação”. As feministas alemãs, também inspiradas em Rosa, incluem
nesse âmbito o trabalho doméstico feminino. Logo, como podemos ver, apesar da
ascensão dos BRICS, e apesar de algumas alterações na divisão do mundo entre
centro e periferia, a verdade é que o imperialismo, ainda que novo, vai bem,
obrigado.
Um dos três volumes da coletânea organizada por você trata
da vida privada de Rosa, recupera cartas pessoais, discute sua condição de
mulher. Por que este destaque, pouco comum na literatura marxista?
Antes de mais nada, é preciso observar que tivemos a sorte
de suas cartas terem sido preservadas praticamente intactas graças à devoção
dos amigos. Essa correspondência é um documento precioso sobre o socialismo
alemão e internacional da época. Mas a minha escolha recaiu sobre as cartas aos
amantes e amigos, pois queria mostrar, pelo exemplo de uma revolucionária, que
mesmo a militância política requer qualidades que muitas vezes são desprezadas
como pequeno-burguesas, ou sei lá o que.
O exemplo de Rosa se opõe à imagem falsificada do militante
como um ser puritano que dedica 24 horas do dia à causa revolucionária. Pelas
cartas, podemos acompanhar seu doloroso processo de amadurecimento, conflitos
amorosos, desejo de ser feliz, suas reclamações de como a vida política era
desumana, seu grande amor à natureza, reflexões sobre arte.
Ela vai se libertando aos poucos de um relacionamento
amoroso que não a satisfazia e se afirmando como uma intelectual dona do seu
nariz, que intervém no espaço público, que não teme enfrentar as vacas sagradas
da social-democracia alemã, com uma vida privada bastante livre para os valores
da época. É uma personagem muito rica do ponto de vista emocional, uma ótima
escritora, uma pessoa com um amplo espectro de interesses: fala de pintura,
literatura, botânica, geologia, e, sobretudo nas cartas da prisão, descreve o
pouco de natureza que pode enxergar da janela da cela ou do pátio da prisão com
grande sensibilidade e riqueza de detalhes. As cartas aos amigos eram seu jeito
de fugir do cárcere. As cartas da prisão, publicadas pela primeira vez logo
depois do seu assassinato e republicadas inúmeras vezes, levaram gerações de
militantes a se interessarem por Rosa Luxemburgo. Quem sabe acontece o mesmo com
a nossa coletânea, publicada em 2011 pela Editora UNESP?
Entrevista de Isabel Loureiro | Imagem: Rolando
Astarita
(Publicado originalmente em 19/3/13. Atualizado em 15/1/14)
Fonte: http://outraspalavras.net
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