sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Marighella receberá título de cidadão paulistano



Marighella receberá título de cidadão paulistano

No dia 4 de novembro, completam-se 40 anos do assassinato de Marighella, em uma emboscada armada pela polícia política comandada pelo delegado Fleury, no centro da cidade de São Paulo. Nesse dia, Marighella tinha um encontro marcado com frades dominicanos. Acabou sendo emboscado e fuzilado, sem chance de defesa. A data será motivo de várias homenagens. Entre elas, a entrega do título de Cidadão Paulistano "in memorian", às 19h, no salão nobre da Câmara de Vereadores de São Paulo.

Redação - Carta Maior

A Câmara de Vereadores de São Paulo entregará, dia 4 de novembro, às 19 horas, o título de Cidadão Paulistando “in memorian” a Carlos Marighella, deputado constituinte em 1946 pelo Partido Comunista Brasileiro e criador da Ação Libertadora Nacional (ALN), que participou da resistência armada à ditadura militar. Iniciativa do vereador Ítalo Cardoso, a homenagem ocorrerá no salão nobre da Câmara Municipal.

No dia 4 de novembro, completam-se 40 anos do assassinato de Marighella, em uma emboscada armada pela polícia política comandada pelo delegado Fleury, no centro da cidade de São Paulo. Nesse dia, Marighella tinha um encontro marcado com frades dominicanos. Acabou sendo emboscado e fuzilado, sem chance de defesa. A data será motivo de várias homenagens.

Ainda no dia 4, será realizado, às 11h, um ato político no local onde ele foi assassinado (Alameda Casa Branca, 806, Jardim Paulista). Às 18h, ocorrerá a exibição do filme “Marighella; retrato falado de um guerrilheiro”, de Silvio Tender, no salão nobre da Câmara Municipal de São Paulo.

No dia 7 de novembro, às 11h, será aberta a exposição “Marighella”, no Memorial da Resistência de São Paulo (Largo General Osório, 66). Às 11h30min, ocorrerá apresentação de poemas de Marighella, musicados pelo percussionista Dinho Nascimento, acompanhado por Gabriel Nascimento e Cecília Pellegrini. Às 12h30min, será a vez do espetáculo “O Amargo Santo da Purificação”, do grupo Tribo de Atuadores Oi Nóis Aqui Traveiz. A exposição vai de 8/11 a 25/04 de 2010, com entrada gratuita de terça a domingo, entre às 10 e 17h30min.

Fonte: http://www.cartamaior.com.br/

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

“Anarquia” na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo - ANA



“Anarquia” na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo

A Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, na sua 33ª edição, selecionou 424 filmes de vários países para serem exibidos, de 23 de outubro à 5 de novembro de 2009, em diversas salas da cidade. Desta vez o festival traz dois filmes “anarquistas”: A Mulher do Anarquista (Die Frau Des Aanarchisten) - 2008 - Alemanha,
Espanha, França; e Louise Michel, A Rebelde (Louise Michel) - 2009 – França. Os filmes serão exibidos nos dias 30 e 31 de outubro e 01 e 05 de novembro.Confira os horários e locais aqui: www.mostra.org

A Mulher do Anarquista

Sinopse
Mais de um milhão de pessoas perderam a vida na Guerra Civil Espanhola, dois milhões tornaram-se prisioneiros e meio milhão foram expulsas da Espanha. Durante esses angustiantes anos entre o golpismo de Franco e o fim da 2ª Guerra, passa-se a história de uma jovem e seu eterno amor. O advogado Justo Calderón, brilhante republicano, luta contra Franco tanto nas trincheiras quanto no rádio como a “Voz da Revolução”. Sua elegante e jovem esposa Manuela é mimada, apolítica, mas uma amorosa mãe para a filha Paloma, e muito apaixonada por seu marido. A jovem família sofre os horrores da Guerra Civil, toda a dor da traição, o confinamento, a tortura e as angústias da separação. Quando as tropas de Franco vencem, Manuela perde contato com Justo. Sozinha, sem dinheiro, ela e Paloma lutam para sobreviver. Mas Manuela não perde as esperanças de reencontrar Justo um dia. Na sua incansável busca pelo marido, ela vê uma foto num artigo de uma revista sobre prisioneiros num antigo campo de concentração e se convence que é ali que Justo está. Agora, sua busca tem uma nova urgência.

Louise Michel, A Rebelde

Sinopse
Louise Michel é uma francesa revoltosa da Comuna de Paris. Embora todos saibam seu nome, ninguém sabe quem ela é. Condenada por ter combatido as tropas de Bismark, depois de um tempo na prisão Rochefort, ela é enviada como milhares de revolucionários para a distante Nouméa, na Nova Caledônia, enquanto em Paris o jovem George Clémenceau tenta obter anistia para todos os comunas. Professora, amiga do famoso Victor Hugo, torna-se em Nouméa uma resistente admirada por todos os homens. Ela não só anima suas companheiras de prisão como também faz amigos entre os nativos da ilha, conhecidos como Kanaks. Ensina-lhes francês, aprende os seus costumes e fica ao lado deles quando se levantam contra a autoridade colonial. Sua anarquia não é uma ideologia, mas uma atitude moral. Ela conclui a detenção lecionando numa escola que reúne na mesma sala crianças Kanaks e outras etnias.

agência de notícias anarquistas-ana
Relvas de verão
sob as quais os guerreiros
sonham.

Matsuo Bashô

Prêmio Nobel da Guerra



Prêmio Nobel da Guerra
29.10.2009

Não é de se estranhar que durante o levantamento do Maio francês de 1968 alguém escrevesse nas paredes da cidade que um fim de semana de paz capitalista era infinitamente mais sangrento que um mês de revolução absoluta. Por José Antonio Gutiérrez D.

Nunca fui muito bom em matemática, mas o seguinte cálculo é bastante exato. Somam-se 10.000 tropas novas no Afeganistão, violações sistemáticas nas ocupações deste país e do Iraque, silêncio cúmplice diante de dois genocídios, um em Gaza e outro no Sri Lanka (onde ainda há 300.000 seres humanos em campos de concentração), um golpe de Estado em Honduras em que a participação norte-americana foi algo que todos sabiam – mas que ninguém quis denunciar diretamente (ainda que o tiro tenha saído pela culatra) –, sete novas bases militares na Colômbia, e o que temos de resultado? Um prêmio Nobel da “Paz” para o presidente dos E.U.A., Barack Obama.

Na realidade, não me tira o sono o que fazem ou deixam de fazer com um prêmio que vale bem pouco, e que o único mérito que se conta para obtê-lo é a estratégia política. É verdade que este prêmio foi recebido por pessoas de incontestável valor como Pérez Esquivel, Rigoberta Menchú, Martin Luther King ou Desmond Tutu. Mas estes casos são, na verdade, bem excepcionais. Na lista encontramos gente como Theodore Roosevelt (1906), que popularizou a fórmula de “dar com uma mão e bater com a outra” ao se referir às relações internacionais dos E.U.A. no início de sua fase imperialista, aplaudiu o assassinato judicial dos Mártires de Chicago em 1886 (pois se atreveram a lutar pela jornada de oito horas) e que se caracterizou pelo tratamento brutal ao movimento operário de sua época.

Woodrow Wilson, outro presidente norte-americano, também recebeu o Nobel da Paz em 1919. Seus méritos? Ter participado da criação da Liga das Nações. Certamente não se levou em consideração os seguintes “detalhes”: foi o presidente que declarou os E.U.A. em guerra durante a Primeira Guerra Mundial, invadiu, durante seu governo, o México de Zapata, Cuba, Haiti, República Dominicana, Nicarágua e o Panamá. Como se isso fosse pouco, foi abertamente racista e defensor das virtudes da escravidão; opôs-se abertamente ao direito dos negros serem estudantes e negou que o sul dos E.U.A. pudesse ter direito a voto. Além disso, se opunha ao direito de votar dos negros em qualquer parte da “terra da liberdade” e estabeleceu nos departamentos federais, sob mando de seu governo, a segregação racial. Não é de se estranhar que, como corroboração ao seu racismo, fez também apologia ao Ku Klux Klan.

Outro dos premiados com o Nobel da “Paz” é ninguém mais ninguém menos que Henry Kissinger (1973) que, como cruel paradoxo, recebeu este prêmio precisamente no mesmo ano em que, como Secretário de Estado dos E.U.A., maquinou a queda de Allende e a ascensão ao poder de Pinochet, que durante 17 anos semeou a morte e o terror em todo o Chile. O prêmio lhe foi outorgado por haver negociado a retirada das tropas yanquis que haviam invadido o Vietnam. Que um personagem sinistro como Kissinger receba o prêmio Nobel da “Paz” é realmente tragicômico e revela o escasso valor deste prêmio: seu prontuário inclui bombardeios massivos no Camboja e no Vietnam, onde milhares de seres humanos foram carbonizados com NAPALM, apoio irrestrito à ditadura de Suharto na Indonésia e apoio militar à sua invasão genocida no Timor Leste, apoio a grupos paramilitares em Angola (UNITA) e Moçambique (RENAMO), alimentando suas ações criminosas que custaram a vida de mais de um milhão de pessoas, apoio ativo às ditaduras do Cone Sul da América Latina e o seu “Plano Condor”, que selou o assassinato covarde, a tortura e o desaparecimento de milhares de militantes de esquerda no Chile, na Argentina, na Bolívia, no Uruguai, no Paraguai e no Brasil. Isso sem mencionar sua assessoria a George W. Bush antes da invasão do Iraque em 2003.

Bem, agora, qual é a razão para dar esse reconhecimento a Sua Majestade Obama? Parece que é seu suposto papel para melhorar a cooperação no mundo ou algo assim. Suponho que perdi alguma coisa, já que as benditas bases militares na Colômbia quase nos armam uma área de conflito na América do Sul e avivaram “os ventos de guerra” que sopram entre os Andes e o Amazonas, e nos meteu em uma corrida armamentista que é por demais preocupante. Obama, com essas bases, avivou o fogo do regime de ultra-direita de Uribe, que se encontra manchado pelos seus vínculos com o paramilitarismo genocida. Sua atitude permissiva ante as violações sistemáticas de Israel ao povo palestino tem sido uma constante, e hoje recebemos a notícia que seu governo se opôs ativamente ao informe Goldstone sobre crimes de guerra realizados por Israel na ofensiva de janeiro contra Gaza, realizando numerosas manobras diplomáticas para influir no voto dos membros do Conselho de Direitos Humanos da ONU. Entretanto, essa pressão fracassou e é provável que continue boicotando o estabelecimento da verdade e de alguma medida de reparação a este povo faminto e bombardeado, no Conselho de Segurança da ONU ou em outras instâncias superiores. Que serviço à paz! É necessário falar sobre a sua decisão de continuar com a política de guerra e sua seqüela de violações intermináveis e de danos colaterais contra a população afegã. Se o prêmio é para esforços de “Paz”, há algo que não se enquadra…

Não é por nada que Eyad Bornat, dirigente palestino do Comitê Popular B’ilin [1], que durante anos se opôs à ocupação israelense e à construção do muro do “Apartheid” que divide suas comunidades e as executa como animais, escreveu as seguintes palavras do fundo de seu coração, com dor e ironia:

“Os E.U.A ainda estão no Afeganistão e no Iraque e a Palestina continua sob a ocupação (…), não vimos nenhuma mudança. Por que o comitê não deu esse prêmio para o Bush? Lembro que há nove anos Bush pronunciou um excelente discurso sobre o estabelecimento de um Estado palestino para 2005. Logo após esse discurso, Sharon invadiu a mesquita de Al Aqsa e os E.U.A. invadiram o Iraque. Por que então não deram a esse homem o prêmio, e no lugar disso, a única coisa que recebeu foi uma sapatada? Isto é uma injustiça!

Eu lamento senhor Bush. Você trabalhou duro, durante oito anos, assassinando crianças, lançando guerras e apoiando a ocupação, e ainda assim deram o prêmio a outro homem.”

Somando e subtraindo, parece, o único mérito que restou a esse “bravo pacificador” foi seu discurso grandioso e eloqüente sobre um mundo “sem armas nucleares…” Seja dito de passagem que, até hoje, os E.U.A. não deram o passo de desmantelar nem sequer uma das inumeráveis ogivas nucleares que possuem, as quais no total somam um poder bélico capaz de destruir oito vezes o planeta Terra…

Já não há mais espaço para a vergonha, ainda que Obama, respondendo com as mesmas palavras de Kissinger, recebeu o prêmio com “humildade”. Como a velha canção camponesa “El Diablo en el Paraíso”, que celebrava o “mundo ao inverso”, agora são os senhores da guerra, os imperialistas e os que violam sistematicamente os direitos humanos em nome dos argumentos elásticos da segurança nacional e de guerra contra o terror, os que são confundidos com pombas de paz… As coisas que têm de se ver! Se esta é a paz sistemática capitalista, não é de se estranhar que os compadres parisienses, durante o levantamento do Maio Francês de 1968, escreveram nas paredes de sua cidade que um fim de semana de paz capitalista era infinitamente mais sangrento que um mês de revolução absoluta. Hoje essa afirmação tem mais lucidez e verdade do que nunca.

Nota

[1] http://www.bilin-ffj.org/index.php?option=com_content&t…mid=1

Tradução: Bruno Domingos Azevedo

Fonte: http://passapalavra.info

A matemática dos tanques de Israel = Matar crianças

Rondônia: O Império da Pistolagem - Por Latuff

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Serra supera seu antecessor!



Serra supera seu antecessor!

Estudo mostra que Serra fez governo ainda pior que o de Alckmin
O governo de Geraldo Alckmin (PSDB) em São Paulo não deixou nenhuma saudade. Tímida, burocrática e marcada pelo abandono das questões sociais, sua gestão apenas empurrou com a barriga os problemas mais graves do Estado. Mas a atual gestão de seu sucessor, José Serra, consegue ser ainda pior. É o que mostra um estudo feito pela liderança do PT na Assembleia Legislativa de São Paulo.

A administração do governador de São Paulo e pré-candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra (PSDB), revela a marca de um programa próprio de aceleração do “crescimento”. Iniciado em janeiro de 2007, o Governo Serra acelerou o crescimento da carga tributária cobrada dos contribuintes; das vendas de bens públicos ao setor privado; da terceirização de serviços públicos; da tolerância com os grandes devedores e do calote aos credores de precatórios. Ao mesmo tempo, reduziu a participação dos gastos com Educação, Saúde e Segurança no orçamento estadual.

Um amplo diagnóstico financeiro e orçamentário dos sucessivos governos tucanos em São Paulo, concluído na semana passada pela liderança do PT na Assembleia Legislativa, não apenas reafirma o modelo das administrações do PSDB. O estudo também evidencia que o governador Serra, que ambiciona suceder o presidente Lula, comanda um governo menos atento aos problemas da população do que o de seu antecessor e companheiro de partido Geraldo Alckmin. A participação dos gastos em Educação, Saúde e Segurança, por exemplo, no orçamento estadual, era maior no Governo Alckmin do que tem sido no Governo Serra.

O diagnóstico começa apontando a fúria arrecadatória dos governos do PSDB. A carga de tributos aumentou continuamente desde 2002. Em valores corrigidos pelo IPCA, o peso dos impostos sobre cada contribuinte subiu de R$ 1.732,89, em 2002, para R$ 2.268,75. Só escaparam dessa fúria os grandes devedores do Estado. A dívida deles quase triplicou – de R$ 37,2 bilhões, em 1997, para R$ 92,6 bilhões, no ano passado.

Ao longo dos governos tucanos cresceram, além da carga tributária, os gastos com terceirizações de serviços públicos – de R$ 6,74 bilhões, no ano 2000, para R$ 10,1 bilhões no ano passado.

A venda de patrimônio público teve ritmo e volume variados nas sucessivas administrações do PSDB, que privatizaram as empresas de energia – CPFL, Eletropaulo e CESP, os bancos Banespa e Nossa Caixa, mais a Comgás, a Fepasa e outras estatais e ainda as rodovias, concedidas depois de duplicadas.

O primeiro governo do PSDB em São Paulo (1995/98), comandado por Mário Covas, vendeu R$ 46,1 bilhões. O próprio Covas, no segundo mandato, e seu sucessor, Geraldo Alckmin, desaceleraram as vendas. Elas caíram para R$ 18,4 bilhões, entre 1999 e 2002, e para R$ 4,3 bilhões, entre 2003 e 2006. No Governo Serra as privatizações voltaram a crescer. Ao fim de 2010 as vendas deverão chegar a R$ 10,4 bilhões – valor quase 150% superior ao da última gestão de Alckmin.

Para fazer caixa e garantir superávits primários artificiais, os governantes do PSDB fizeram crescer a cada ano o calote aos credores de precatórios. A dívida para com esses credores aumentou de R$ 10,7 bilhões, em 2002, para R$ 19,6 bilhões neste ano.

Toda a dívida pública cresceu sob os governos tucanos. Em 1997 somava R$ 130 bilhões; em 2008 chegou ao ápice: R$ 168 bilhões.

Ao mesmo tempo, entre 1998 e 2008, os gastos com Educação, Saúde e Segurança perderam participação no orçamento estadual.

Em 1998 o Governo Covas gastou 14,45% em Educação; Alckmin, em 2003, gastou 16,40%; e Serra, em 2008, gastou menos de 13%.

Na Segurança, o governo de São Paulo gastou em 2002, sob o comando de Alckmin devido à morte de Covas, 10,59% do orçamento. No ano passado, sob Serra, os gastos foram inferiores a 8%.

Algo próximo se repetiu na área da Saúde. Os gastos do Governo Alckmin em 2004 chegaram a 10,42% do orçamento estadual. No ano passado, o segundo do Governo Serra, ficaram abaixo de 9%.

Na área da Habitação, os governos tucanos sequer cumpriram a lei estadual que manda destinar 1% da arrecadação do ICMS para a construção de moradias. Os investimentos previstos no período 2001 e 2008 somavam R$ 8,3 bilhões, mas foram aplicados somente R$ 5,2 bilhões. Ou seja: R$ 3,1 bilhões foram esquecidos.

Já os gastos com propaganda só aumentaram. Em 2000, somaram R$ 88 milhões; em 2008, R$ 180 milhões.

Pelos cálculos do PT, Serra está longe de cumprir algumas das metas com que se comprometeu. O governador disse que criaria 50.000 vagas para o ensino médio, mas até agora criou pouco mais da metade. Serra prometeu também atender 31.650 famílias com obras e serviços de urbanização de favelas. Até agora atendeu menos de 12 mil.

Carga tributária
Em 2002, cada contribuinte paulista pagou R$ 1.732,89 em impostos estaduais. No ano passado, pagou R$ 2.268,75.

Privatizações
O Governo Serra acelerou o crescimento do programa de privatizações. A venda de patrimônio público, que alcançou R$ 4,3 bilhões no período 2003 e 2006, somará R$ 10,4 bilhões ao fim do período 2007/2010.

Gastos com terceirizações
As despesas com serviços terceirizados aumentaram de R$ 6,74 bilhões em 2000 para R$ 10,1 bilhões no ano passado.

Aumento da dívida pública
A dívida do Estado de São Paulo aumentou de R$ 130 bilhões, em 1997, para R$ 168 bilhões, em 2008.

Tolerância com grandes devedores
Os valores devidos pelos grandes contribuintes cresceram 150% – de R$ 37,2 bilhões, em 1997, para R$ 92,6 bilhões, em 2008.

Calote nos precatórios
O calote aos precatórios cresceu de R$ 10,7 bilhões, em 2002, para R$ 19,6 bilhões em 2009.

Redução de investimentos
Os governos tucanos previram a aplicação de R$ 8,3 bilhões na construção de moradias, no período 2001 a 2008. Aplicaram R$ 5,2 bilhões – R$ 3,1 bilhões a menos. Os gastos com educação, que representavam 16,40% do orçamento em 2003, passaram a representar 12,69% do orçamento em 2008. A participação dos gastos em Segurança no orçamento paulista caiu de 10,59% em 2002 para 7,67% em 2008 – mesmo nível de 10 anos antes. A participação dos gastos com Saúde caiu de 10,42%, em 2004, para 8,98% em 2008.

Investimento em propaganda
As despesas com publicidade do governo aumentaram de R$ 88 milhões, no ano 2000, para R$ 180 milhões no ano passado.

Promessas
Serra prometeu criar 50.000 vagas para o ensino médio. Criou 26.900.

Prometeu atender 31.650 famílias com urbanização de favelas. Até agora atendeu 11.935

Prometeu construir 40 unidades para a Polícia Técnica entre 2008 e 2010. Construiu 13.
Fonte: Brasília Confidencial – Enviado por André Lux
Retirado do: http://www.estadoanarquista.org/blog/

O Expresso do Descaso (Expresso Tiradentes ex-Fura Fila) – Por Provos Brasil






O Expresso do Descaso (Expresso Tiradentes ex-Fura Fila) – Por Provos Brasil

As fotos não ficaram muito nítidas, mas as imagens do descaso ficou muito clara. O Governo do Estado de São Paulo continua com a sua difusão de propagandas enganosas sobre mudanças nos transportes públicos, mais especificamente refiro-me ao Metrô, já que a historinha de se chegar de Itaquera até o Murumbi em 46 minutos é a coisa bem imbecil que vi nos últimos anos.

Mas isso tem uma boa e única explicação: esses senhores que falam, ditam, e impõem suas regras e idéias jamais utilizaram o Metrô em suas medíocres vidas.

As fotos acima mostra como funciona as Estações do Expresso Tiradentes (Ex-Fura Fila) em dias chuvosos nesta São Paulo suja, cinza e abandonada (http://saopauloabandonada.com.br/) que a tudo engole. Inclusive o Metrô desabou em 2007, sete pessoas perderam suas vidas e faço aqui uma pergunta: O que aconteceu? Quem foi responsabilizado? Quais os engenheiros que foram demitidos? Como sempre o descaso é mantido e silenciado por uma grande parte da mídia podre e corporativa, já que os “amiguinhos” não podem ficar “sujos na foto”!

Essas fotos foram tiradas na segunda-feira (26.10.2009) por volta das 18:00HS na Estação “Rua do Grito” quando caiu sobre São Paulo uma chuva forte, mas com pouca duração. O mais absurdo são esses baldes que ficam pela estação embaixo das goteiras, uma coisa lastimável – todas as Estações do Expresso são ridículas, e pessimamente feitas. Na Estação “Ana Neri” quando chove você não pode ficar esperando o ônibus no lugar adequado, já que os carros que passam pela Avenida do Estado jogam água em quem esta esperando na plataforma, um absurdo que acontece sempre quando chove.

Em outras ocasiões já presenciei senhores que caíram na Estação “Rua do Grito”, sem contar que os ônibus que percorrem esse trajeto são péssimos para as pessoas com baixa estatura e acima do peso. Os ônibus nas partes internas são desproporcionais, com degraus de impedem pessoas com idade avançada de se movimentar dentro do mesmo. E no ano que vem vamos ter que pagar 2,80 para andar nestes péssimos ônibus.

Provos Brasil

Fotos: By Nema Herrero

Os Palestinos da Amazônia - Carlos Latuff



Os Palestinos da Amazônia

Latuff

Cansados de esperar por uma reforma agrária que nunca chega,camponeses fazem a "revolução agrária" na Amazônia.Por Latuff *A convite do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos (CEBRASPO),passei uma semana na companhia de lavradores nos acampamentos da Ligados Camponeses Pobres (LCP), no interior do estado de Rondônia. Nestesmeus dias ao lado dos aldeões, tive a honra de comer de sua comida,participar de suas conversas, de sua rotina, tomar conhecimento desuas necessidades, de suas demandas e seus sonhos. Povo forte, quesofre o diabo, mas que não tem medo dele.

Por duas vezes passei a noite numa cabana de palha, onde vivem seuAbel e sua esposa Zilda. Reservaram uma cama pra mim, me receberam comtodo carinho e gentileza. Mesmo na simplicidade daquela choupana,havia uma extrema preocupação em me agradar, na melhor tradição dehospitalidade do homem do campo. Acordava-se bem cedo, ainda escuro."Bom dia, dormiu bem?". Escova de dentes na mão, rumo ao rio que beiraa cabana. No moedor a manivela, os grãos de café eram preparados parao desjejum. O leite fervia no fogão a lenha. A mesa posta, os copos,os talheres, o silêncio era discretamente interrompido tanto por mimquanto pelos pássaros. Daqui a pouco seu Abel já estava seguindo paraa roça, pra cortar lenha, pra capinar a terra, irrigar as mudas,trabalho árduo para transformar seu pequeno pedaço de selva em lar. Oslavradores humildes precisam de bem pouco para viver uma vida digna, enem mesmo isso lhes é permitido. Com o argumento do combate aodesmatamento, o IBAMA persegue e aplica multas altas aos que vivem daagricultura de subsistência, usam da Polícia Federal, da ForçaNacional de Segurança e mesmo tropas do Exército para sufocar ascomunidades, como no caso de Rio Pardo, onde barreiras foram erguidasnas entradas e saídas, pessoas e veículos revistados, postos decombustível do acampamento removidos, um rigor que não tem sidoaplicado aos latifundiários, que transformam vastas extensões defloresta nativa em pasto ou monocultura.

O histórico de violência naquela área já vem de longe. No BrasilColônia, o vale do Guaporé foi palco de disputas imperialistas entrePortugal e Espanha, que só terminaram com as demarcações de terraacordadas pelo Tratado de Madrid em 1750. No século 18 com o ciclo damineração e particularmente no final do século 19 com o ciclo daborracha, uma grande leva de migrantes de diversas partes do Brasilforam atraídos para a região, causando conflitos agrários com avizinha Bolívia, que foram resolvidos em 1903 com o Tratado dePetrópolis. Em 1943, como resultado do desmembramento de áreas dosestados do Amazonas e Mato Grosso, foi criado por Getúlio Vargas oTerritório Federal de Guaporé, tendo sido rebatizado para Rondônia em1956, em homenagem ao Marechal Cândido Rondon, militar que entre 1910e 1940 comandou expedições de Cuiabá até o Amazonas para instalarlinhas telegráficas e levar a boa e velha civilização branca para oseio dos povos indígenas. Rondônia torna-se estado em 1982.

A Liga dos Camponeses Pobres surgiu em agosto de 1995, quandotrabalhadores rurais que ocupavam terras da Fazenda Santa Elina, nacidade de Corumbiara, resistiram ao brutal despejo promovido porpoliciais e jagunços, resultando na morte de 11 pessoas (em númerosoficiais), incluindo a menina Vanessa de apenas 6 anos, no que ficouconhecido como o "Massacre de Corumbiara". De lá pra cá, cansados deesperar por uma reforma agrária que nunca chega, os camponeses e suasfamílias decidiram promover a "revolução agrária" no peito e na raça.São eles os acusados pela revista Isto É de serem sanguináriosguerrilheiros ligados (adivinhem) as FARC.

O que pude presenciar durante minha visita aos acampamentos foramtrabalhadores rurais e suas famílias armados, isso sim, de uma forçade vontade poderosa, capaz de enfrentar os rigores da AmazôniaOcidental. O clima equatorial, extremamente quente e úmido, onde o solinclemente castiga a carne, as doenças tropicais como a leshmaniose ea malária, que por aquelas bandas são tão comuns quanto um resfriado,animais selvagens como onças, porcos-do-mato e serpentes venenosas, umrisco sempre presente, oculto pela densa vegetação.

Mas não são os rigores da selva amazônica os maiores inimigos do povodo campo. São os fazendeiros milionários e seus exércitos particularesformados por assassinos de aluguel e policiais, cujas ações criminosassão sustentadas por políticos locais e a imprensa corrupta, quealimentada com verbas publicitárias e mesmo matérias pagas, tentademonizar a justa resistência dos pequenos agricultores. Os matadoressão conhecidos por todos, andam tranquilamente pelas ruas, por vezesostensivamente armados. Não são raras as execuções a luz do dia, avista de todos. Qualquer um que tenha coragem de, por exemplo,denunciar os pistoleiros num programa de rádio, corre o sério risco deser assassinado assim que por os pés pra fora da emissora. Conceitoscomo direitos humanos e cidadania inexistem nos cantões de Rondônia,onde a pistolagem é uma instituição consagrada pela sociedade. Numacorrida de taxi em Ariquemes, junto com mais três passageiros, passei

a viagem que durou cerca de 45 minutos ouvindo animadas histórias defazendeiros, políticos e mortes encomendadas. Uma delas reproduzoaqui.

Um homem pescava num rio. Conseguiu apanhar dois pintados. Amarrou ospeixes na garupa de sua bicicleta e seguiu tranquilamente por umaestrada. No meio do caminho foi parado por um fazendeiro e seu jagunçonuma caminhonete.

- "Onde você pescou isso?", perguntou o fazendeiro.

- "Naquele rio logo ali", respondeu o sujeito.

- "Então pode deixar por aí mesmo, que aquele rio é meu", disse ofazendeiro, no momento em que o capanga já saía do veículo de formaameaçadora. O pescador teve de fugir. Ao comentar esse caso com opessoal da LCP, me disseram que ele teve sorte de não ter sidosimplesmente baleado. Essa é somente uma das histórias que explica bema razão da revolta que o camponês de Rondônia traz consigo no peito.

Historicamente, a reforma agrária no Brasil nunca se deu de maneiraespontânea pelos governos, e sim pela pressão feita pelos movimentospopulares de luta pela terra, que no caso da LCP, sequer contam com oINCRA para assentar as famílias. Para os integrantes da LCP, nãoexiste o conceito de "desapropriação de terras improdutivas", vistoque mesmo as produtivas, estando em mãos de ricos fazendeiros,servirão invariavelmente aos interesses do agronegócio. Os camponesesda LCP escolhem as grandes fazendas, as ocupam, erguem lonas, resistemao ataque de jagunços, e depois de 2 a 3 meses fazem demarcação doslotes, o chamado "corte popular", inicialmente erguendo cabanas depalha e depois de madeira. Depois de algum tempo, os acampamentos seassemelham a povoados do velho oeste norte-americano, como no caso deJacinópolis, com farmácia, escola, mercado, tudo feito detábuas.

Diferente da confortável vida das grandes cidades, onde restaurantes,lanchonetes e supermercados estão logo ali na esquina, nas áreas deacampamento o supermercado mais próximo pode estar a 80km de estradasde terra acidentadas. É natural portanto que os camponeses tenham decaçar para comer, o que justifica a posse de velhas espingardas queservem também para a defesa contra onças e porcos selvagens. Operaçõesconstantes do IBAMA e das polícias, tentam tomar estes armamentosrústicos das mãos dos lavradores, impedindo que eles se defendam tantode animais ferozes quanto de pistoleiros. O direito a legítima defesatambém lhes é negado. Os camponeses, no entanto, seguem resistindo aestas agressões como podem. Fecham estradas, bloqueiam o avanço dapolícia com barricadas, criam seus próprios sistemas de vigilância esegurança. Não se entregam nunca.

São os palestinos da Amazônia.

* Latuff é cartunista.

Fonte: http://www.novae.inf.br

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Anistia acusa Israel de negar acesso à água potável aos palestinos - Midia Corporativa



Anistia acusa Israel de negar acesso à água potável aos palestinos
BBC-BRASIL

Relatório diz que governo mantém controle total sobre os recursos hídricos compartilhados.

- A organização de direitos humanos Anistia Internacional (AI) acusou o governo de Israel de negar aos palestinos o acesso livre à água potável, ao manter um controle total sobre os recursos hídricos compartilhados e seguir políticas discriminatórias.

Em um relatório divulgado nesta quarta-feira, a AI afirma que Israel restringe sem razão a disponibilidade de água nos territórios ocupados da Cisjordânia. No caso da Faixa de Gaza, o bloqueio israelense teria levado o sistema de fornecimento de água e esgoto a um "ponto crítico".

No documento, de 112 páginas, a Anistia sugere que Israel utiliza mais de 80% da água procedente do Aquífero da Montanha, um aquífero subterrâneo partilhado com os palestinos, que, por sua vez, só têm acesso a 20% do total.

Segundo a organização, por essa razão, o consumo médio de água entre os palestinos é de 70 litros por dia, comparados com 300 litros entre os israelenses. A organização ressalta que há casos em que palestinos consomem apenas 20 litros de água por dia - a quantidade mínima recomendada em casos de emergências humanitárias.

Além disso, o documento sugere ainda que cerca de 180 mil palestinos que vivem em áreas rurais não têm acesso à água corrente e o Exército israelense proibiria com frequência a coleta de água da chuva. Em contraste, o relatório destaca que os israelenses que vivem na Cisjordânia possuem grandes fazendas de irrigação, jardins luxuosos e grandes piscinas.

"Israel só permite aos palestinos o acesso a uma parte dos recursos hídricos compartilhados, que se encontra em sua maioria na Cisjordânia ocupada, enquanto os assentamentos israelenses ilegais recebem praticamente provisão ilimitada", explica Donatela Rovera, investigadora sobre Israel da AI.

Governo

Segundo a organização, o governo de Israel proíbe que palestinos perfurem poços e ainda foi responsável pela destruição de cisternas e pelo fechamento de tanques de água.

"A água é uma necessidade básica e um direito, mas para muitos palestinos, obter quantidades baixas e de pouca qualidade apenas para a sobrevivência se tornou um luxo que eles mal conseguem pagar", disse Rovera.

"Israel precisa encerrar essas políticas discriminatórias e imediatamente levantar as restrições que impõe ao acesso à agua entre os palestinos", afirmou a investigadora.

O governo de Israel nega as acusações feitas pela organização e afirmou que o relatório está incorreto.

De acordo com o porta-voz Mark Regev, os palestinos têm mais acesso à água do que o previsto no acordo de Oslo, da década de 90.

Regev acusa ainda os palestinos de não administrarem os recursos hídricos de maneira adequada e rejeitou que o governo tenha proibido a perfuração de poços.

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segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Chamado internacional à luta contra a OMC em Genebra - ANA



Chamado internacional à luta contra a OMC em Genebra

No final deste ano, entre 30 de novembro e 2 de dezembro, em Genebra, acontecerá a sétima reunião da Conferência Ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC). Dez anos depois de Seattle, o berço do movimento anti-globalização, esta será a oportunidade para os poderosos reiniciarem as negociações sobre a Rodada de Doha, para recolher e remendar os pedaços do capitalismo já enfraquecido pelo abalo financeiro de outubro de 2008. O objetivo é sempre o mesmo, promover o livre comércio, incrementar a circulação de mercadorias sem restrições, com todas as suas conseqüências criminosas que conhecemos: a deslocalização, exclusão dos indivíduos e comunidades pouco rentáveis, transformadas em objetos descartáveis, o enriquecimento dos mais ricos, mais poluição, destruição em massa de matérias-primas não renováveis e da natureza.

Nesta ocasião, tudo o que mexe e se diz ativista por todo o mundo irá convergir para Genebra para realizar o tradicional percurso de lamentações. O protesto folclórico vai tentar reunir-se e produzir os seus tradicionais discursos. Após dez anos de altermundialização o panorama é desolador, e reduz-se a quatro palavras: a paralisia é total.

No entanto, nestes últimos dez anos, eclodiu um sem fim de motivos para a revolta, mas a desolação ativista é seguida por uma pobreza intelectual.

Olhemos os fatos de frente: o "alternativismo" não soube e não pode enfrentar a pobreza. Não existe alternativa dentro do capitalismo, só na sua destruição se encontra uma perspectiva. Os altermundialistas, porque pretendem "gerir as crises", mantendo os critérios de gestão dos causadores do desastre, não se opõem, falemos claro, à governança global.

Uma Organização Mundial do Comércio com "rosto humano" não lhes levantariam problemas. Eles agem como força de "domesticação" e "controle" no seio da sociedade atual. Os sindicatos tradicionais participam deste "apaziguamento social", os políticos são o aval democrático do sistema, a oposição “saudável”.

Os sindicatos, os partidos de esquerda e as ONGs constituem aquilo a que se chama "uma parceria social" com o Estado, seus interlocutores. As prestações sociais e outros subsídios que os ricos estão dispostos a conceder fazem parte das medidas de pacificação social, que têm destruído qualquer forma de contestação. Estamos bem "protegidos" de forma que a nossa vidinha seja bem anestesiada. A "esquerda" transformou-se em co-gestora da crise e, de fato, é uma espécie de contra-revolução permanente, contra qualquer possibilidade de emancipação!

Em contraste, um fantasma assombra a Europa: o autônomo. Uma coisa é clara: depois de Gênova, Rostock e Estrasburgo, o altermundialismo se esgotou e o movimento radical está em pleno crescimento. Não queremos intervir de forma episódica e espetacular para levar a cabo uma negociação. Em vez disso, somos parte da guerra contínua e generalizada que o Estado e o Capital estão impondo contra os pobres, os explorados e a natureza. Vivemos diariamente numa guerra, uma guerra difusa onde cada indivíduo é um ator e uma vítima. Aceitar a pacificação levada a cabo pelos co-gestores, pela esquerda, é aceitar a nossa impotência. Temos de fazer uma ruptura com a ordem estabelecida: nenhum diálogo, nenhuma reivindicação. Combater para não ser derrotado, não devemos fugir, mas enfrentar o velho mundo, de frente, para não mais sofrer.

Apelamos à participação massiva na grande manifestação de 28 de novembro, em Genebra. Tentemos deter a máquina da OMC. Um centro de convergência será organizado para nos servir de apoio de 27 de novembro até 2 de dezembro, assim como alojamento, centro médico, um centro de mídia independente e apoio jurídico.

Superando o imediatismo, esta convergência deve esboçar uma nova correlação de forças à escala internacional. No espírito de uma ampla organização de grupos radicais na Europa e noutros locais, e para superar a divisão entre teoria e prática, convidamos todos e todas a compartilhar a sua experiência, redes e contatos no decorrer do fórum para a autonomia, domingo, 29 de novembro.

P r o g r a m a ç ã o
> Sábado, 28 de novembro: Manifestação Internacional em Genebra, partida da Place Neuve.
> Domingo, 29 de novembro: Discussões, projeções e fórum.
> Segunda-feira, 30 de novembro - 2 de dezembro: Dias de ação direta e boicote. Temáticas: segunda-feira: Alimentar; terça-feira: Crise; quarta-feira: Mudanças Climáticas.

Action Autonome

Mais infos: http://www.autonome.ch/

Tradução > Liberdade à Solta

agência de notícias anarquistas-ana

joão-de-barro
construção solene
ninho de amor

Civana

Israel e sua indústria da morte!



Fotojornalismo

Palestinos olham barricada após confronto com policiais israelenses que deuxou 20 feridos ontem, em Jerusalém. Os conflitos aconteceream após líderes religiosos terem convocado os muçulmanos para protegerem os lugares sagrados da religião.

Foto de Menahen Kahana/France Presse

Fonte: http://escrevinhamentos.blogspot.com

Blogueiros discutem os rumos da mídia - Redação - Carta Maior



Blogueiros discutem os rumos da mídia

Cinco dos principais nomes da blogosfera independente brasileira estarão em Brasília, entre os dias 26 e 30 de outubro, para discutir com estudantes de comunicação e profissionais da imprensa o papel das novas mídias. Paulo Henrique Amorim, Luís Nassif, Luiz Carlos Azenha, Rodrigo Vianna e Marco Weissheimer foram convidados a falar da internet como alternativa de informação para o público, o novo mundo das redes sociais, a crise da mídia corporativa e o exercício da cidadania online.

Redação - Carta Maior

Data: 25/10/2009
Cinco dos principais nomes da blogosfera independente brasileira estarão em Brasília, entre os dias 26 e 30 de outubro, para discutir com estudantes de comunicação e profissionais da imprensa o papel das novas mídias. À frente de blogs campeões de audiência, Paulo Henrique Amorim, Luís Nassif, Luiz Carlos Azenha, Rodrigo Vianna e Marco Weissheimer vão conversar sobre a importância das novas mídias.

Esse time vem promovendo, na internet, um amplo debate sobre a qualidade da informação oferecida pelas mídias tradicionais, servindo como paradigma na mediação entre público e notícia. Os cinco jornalistas foram convidados a falar da internet como alternativa de informação para o público, o novo mundo das redes sociais, a crise da mídia corporativa e o exercício da cidadania online.

O ciclo de palestras será gratuito e realizado no auditório principal do IESB, no Campus Edson Machado, na Asa Sul, em Brasília, das 19h às 21h30, e é uma iniciativa da própria instituição, uma das mais respeitadas da capital federal, em conjunto com a Escola Livre de Jornalismo. O objetivo é estimular estudantes de comunicação e jornalistas a debater os rumos da chamada grande imprensa e a conhecer o pensamento crítico de alguns dos principais nomes da blogosfera independente.

Segundo o jornalista Paulo Henrique Amorim, responsável pelo site Conversa Afiada, o grupo é a “Armata Brancaleone” da blogosfera brasileira, uma definição bem humorada, mas que revela o poder de influência que exercem sobre parcela significativa dos formadores de opinião no Brasil.

“Eles são uma das principais redes informais de blogs independentes, cuja missão primordial tem sido a de ser o ‘grilo falante’ da mídia tradicional corporativa, até então um poder hegemônico”, afirma o jornalista Leandro Fortes, repórter da revista CartaCapital e um dos fundadores da Escola Livre de Jornalismo, ao lado do jornalista Olímpio Cruz Neto, entidade voltada à formação de novos profissionais da imprensa. Junto com o IESB, a Escola Livre de Jornalismo é responsável pela organização do ciclo de palestras. “Unir esses jornalistas é uma oportunidade histórica para aqueles que querem falar sobre os rumos da comunicação social brasileira”, afirma Olímpio Cruz Neto.

Os cinco jornalistas convidados vêm sendo requisitados a participar de palestras e debates, Brasil afora, para falar sobre a função crítica emergente dos blogs. O papel desses novos meios tem modificado as relações entre público e mídia no país e forçado os veículos de comunicação a se adaptarem aos novos tempos. Afinal, agora, leitores atuam não apenas como consumidores de notícias, mas fiscais da imprensa, interagindo com editores e jornalistas em tempo real.

26/10 - Paulo Henrique Amorim – Jornalista com mais de 30 anos de experiência, mantém o blog Conversa Afiada, um ambiente de fluxo constante de textos entrecortados de crítica e informação. Dono de uma verve sarcástica e bem humorada, Amorim tornou-se uma referência de acompanhamento e vigilância dos erros e das manipulações da mídia, além de tratar com grande propriedade das mazelas gerais do cotidiano brasileiro. Atualmente, trabalha na Rede Record de Televisão, mas teve passagens pela Rede Globo, Rede Bandeirantes, UOL, Veja e Jornal do Brasil.

27/10 - Luiz Carlos Azenha – Veterano no uso da internet como ferramenta de comunicação desde os tempos em que era correspondente da TV Globo nos Estados Unidos, Azenha mantém está à frente de um dos blogs mais ecléticos da blogosfera brasileira, o Vi o Mundo. Trata-se de um espaço permanente de debates e idéias, com formato e dinâmica de uma revista eletrônica, permeado por artigos, reportagens e vídeos. O blog vem tratando de temas relevantes, como campanhas de prevenção a Aids e análises de conjuntura política e social. Azenha tem sido um crítico incansável do mau jornalismo praticado, em grande escala, por parte da mídia brasileira. Atualmente, é repórter da Rede Record e documentarista independente.

28/10 - Luís Nassif – Pioneiro no mundo do jornalismo eletrônico, foi um dos primeiros profissionais da imprensa brasileira a compreender a dimensão e a força da internet como meio realmente democrático de comunicação. Há dois anos, lançou-se, em seu Blog do Nassif, em uma guerra solitária ao escrever uma série de análises jornalísticas sobre a revista Veja, da Editora Abril, obra ainda em progresso. Essa iniciativa serviu para popularizar o espaço dos blogs como ambiente de discussão, crítica e fiscalização da mídia brasileira. Jornalista econômico respeitado, Nassif tem mais de 30 anos de profissão e é criador e editor-chefe da Agência Dinheiro Vivo e comentarista da TV Brasil. Antes, foi colunista e membro do conselho editorial do jornal Folha de S.Paulo, tendo iniciado a carreira na revista Veja.

29/10 - Rodrigo Vianna – O blog de Vianna, Escrevinhador, tornou-se uma voz ativa e analítica da realidade e do jornalismo brasileiro. Repórter por excelência, é dono de um texto irônico e, em muitos aspectos, divertido, cuidadosamente montado a partir de idéias e informações. Vianna faz da crítica midiática uma missão do blog. Atualmente, é repórter da Rede Record de Televisão, depois de longa experiência na TV Globo.

30/10 - Marco Weissheimer – Foi graças ao blog de Marco Weissheimer, o RS Urgente, que o cidadão do Rio Grande do Sul pode sair da escuridão midiática na qual tem sido mantido, ao longo de três décadas, por conta da hegemonia de um só grupo de comunicação social, a mandar em praticamente em todos os veículos jornalísticos do estado. Foi o blog de Weissheimer que primeiro deu visibilidade e, posteriormente, conseqüência às denúncias de corrupção que envolvem, no Rio Grande do Sul, a governadora Yeda Crusius. Por causa disso, o RS Urgente virou referência crítica e noticiosa imprescindível no Sul, sobretudo para os jornalistas gaúchos.

www.cartamaior.com.br

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Comunismo da forma - Editora Alameda



Som+imagem+tempo
Livro e exposição debatem o videoclipe na produção artística contemporânea

Como uma “mídia bastarda” da TV e do cinema, os vídeos musicais se tornaram algo mais do que um gênero. Resultado de sua velocidade de produção e exibição – e do fato de ser um produto de consumo gerado e exigido pela indústria –, os videoclipes passaram a ser habitados por artistas capazes de vencer as limitações da mídia. Com a ausência de hierarquia entre o velho e o novo, o tecnológico e o artesanal, o videoclipe coloca em movimento todo o repertório do mundo.

Comunismo da Forma - Som, Imagem e Política da Arte, organizado por Fernando Oliva e Marcelo Rezende, propõe uma investigação das possibilidades apresentadas pelo formato do vídeo musical, ao mesmo tempo produtor e conseqüência do nosso momento histórico – o hipercapitalismo.

O livro surgiu a partir da exposição Comunismo da Forma: Som + Imagem + Tempo - A Estratégia do Vídeo Musical, mas não é um catálogo. Trata-se de uma publicação que debate os temas levantados pelo projeto por meio de ensaios e entrevistas, textos que refletem a respeito da força do império das imagens quando este se une a uma nem sempre descartável canção para criar um comentário sobre a política e a sociedade.
Entre os autores que participam do livro estão Anselm Jappe (filósofo italiano, autor de L’avant-garde inacceptable : Réflexions sur Guy Debord), Nicolas Bourriaud (curador e crítico francês, autor de Estética Relacional e Post-Production), Charity Scribner (autora de Requiem for Communism), Alexei Monroe (autor de Interrogation Machine: Laibach and NSK) e Earl Miller (curador canadense).

O livro será lançado durante a abertura da exposição, nesta sexta-feira, 20/7, às 20h. A exposição fica em cartaz até 4/8, na Galeria Vermelho (Rua Minas Gerais, 350 – São Paulo).

Sobre os organizadores/ curadores:
Fernando Oliva é curador e professor da Faculdade de Artes Plásticas da Faap. Colabora com as publicações Lapiz - Revista Internacional de Arte (Espanha), Contemporary (Inglaterra) e C (Canadá). É editor do catálogo do 16º Videobrasil (2007). Concebeu e dirigiu o projeto de crítica online Bienal ETC., que veiculou entrevistas e ensaios inéditos em torno da 27ª Bienal, no site da comunidade digital Canal Contemporâneo (www.canalcontemporaneo.art.br). Foi co-curador, ao lado de José Augusto Ribeiro, da mostra VOL., centrada em questões sonoras na produção contemporânea, na Galeria Vermelho (2004).

Marcelo Rezende é escritor, curador e ensaísta. É autor do romance Arno Schmidt (Planeta, 2005) e do ensaio Ciência do Sonho - A imaginação sem fim do diretor Michel Gondry (Alameda, 2005). Criou e dirige a coleção de ensaios Situações (Alameda).

* Provos Brasil recomenda, excelente livro e menção super honrosa ao texto: Laibach: Made in Iugoslávia.

Saiu no PIG! Ameaçado de perder mandato, Chalita diz que Serra não gosta de professores

Ameaçado de perder mandato, Chalita diz que Serra não gosta de professores

da Folha Online

O vereador Gabriel Chalita (PSB) usou o Twitter (microblog) para criticar a política educacional do governador de São Paulo, José Serra (PSDB). A crítica acontece depois de o PSDB anunciar que entrará na Justiça para cobrar o mandato de Chalita --que trocou o PSDB pelo PSB.

"Projeto do governo de São Paulo mostra que Serra não gosta de professor. Nada de aumento agora. Projeção de aumento mediante prova em alguns anos", escreveu ele hoje no Twitter.

O Diretório Municipal do PSDB entrou ontem no TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral) de São Paulo com pedido para tirar o mandato de Chalita. Na ação, são arrolados como testemunhas de defesa do partido o presidente estadual, Mendes Thame, e secretário estadual da Educação, Paulo Renato Souza, informa Renata Lo Prete, editora do "Painel" da Folha.

Inicialmente, o PSDB havia informado que não pediria o mandato de Chalita. Mas mudou de opinião depois que Chalita saiu do partido fazendo várias críticas a Serra.

A reportagem entrou em contato com a assessoria de Chalita, que informou que ele só poderia dar entrevistas na parte da tarde. A reportagem está em contado com a assessoria de Serra e do PSDB.

Professores
Reportagem da Folha informa que a Assembleia Legislativa aprovou na madrugada de ontem projeto do governo de São Paulo que prevê reajuste salarial de 25% aos professores da rede estadual mais bem avaliados em uma prova de conhecimentos.

Além da prova, também contará o número de faltas dos docentes e o tempo de permanência na mesma escola. Receberão o aumento os mais bem avaliados nos exames (haverá nota de corte para a ascensão).

Palavras para as vésperas - Eduardo Galeano

Palavras para as vésperas

Em discurso proferido no encerramento da campanha da Frente Ampla, no Obelisco de Montevidéu, o escritor Eduardo Galeano manifestou a esperança de que a eleição deste domingo no Uruguai vai libertar o país de "duas traves metidas na roda da democracia". Uma delas é a que impede o voto por correio dos uruguaios que vivem no exterior. A outra é a lei da impunidade, a lei de caducidade da pretensão punitiva do Estado (contra os crimes da ditadura), "batizada com esse nome rocambolesco pelos especialistas na arte de não chamar as coisas pelo seu nome".

Eduardo Galeano - La Jornada
Data: 22/10/2009
Falta muito pouco para que o povo uruguaio eleja novo governo.

Ao mesmo tempo, nas mesmas urnas, será submetida a plebiscito a possibilidade de libertar-nos de duas traves metidas na roda da democracia.

Uma delas é a que impede o voto por correio dos uruguaios que vivem no exterior. A lei eleitoral, cega de cegueira burocrática, confunde a identidade com o domicílio. Diga-me de onde vens e te direi quem tu és. Os uruguaios da pátria peregrina, em sua maioria jovens, não têm direito a voto se não podem pagar a passagem. Nosso país, país de velhos, não só castiga os jovens negando-lhes trabalho e obrigando-os ao exílio, como também nega o exercício mais elementar dos direitos democráticos. Ninguém se vai porque quer. Os que foram para o exterior são traidores? É traidor um de cada cinco uruguaios? Traidores ou traídos?

Oxalá consigamos acabar de uma vez por todas com essa discriminação que nos mutila.

E oxalá acabemos também com outra discriminação ainda pior, a lei da impunidade, lei de caducidade da pretensão punitiva do Estado, batizada com esse nome rocambolesco pelos especialistas na arte de não chamar as coisas pelo seu nome.

A Corte Suprema de Justiça acaba de estabelecer que essa lei viola a Constituição. Há muito tempo se sabe que também viola nossa dignidade nacional e nossa vocação democrática. É uma triste herança da ditadura militar, que nos condenou ao pagamento de suas dívidas e ao esquecimento de seus crimes.

No entanto, há 20 anos, essa lei infame foi confirmada por um plebiscito popular. Alguns dos proponentes daquele plebiscito estão reincidindo agora, e com muita honra: perdemos, por muito pouco, mas perdemos, e não nos arrependemos. Acreditamos que aquela derrota foi em grande medida ditada pelo medo, um bombardeio publicitário que identificava a justiça com a vingança e anunciava o apocalipse, larga sombra da ditadura que não queria ir embora; e acreditamos que nosso país demonstrou, nestes primeiros anos de governo da Frente Ampla, que já não é aquele país que o medo paralisava.

Acreditamos nisso e, oxalá, não me equivoque.

Oxalá triunfe o senso comum. O senso comum nos diz que a impunidade estimula a delinquência. O golpe de Estado em Honduras só o confirmou. Quem pode surpreender-se que os militares hondurenhos tenham feito o que fazem há muitos anos, com o treinamento do Pentágono e a permissão da Casa Branca?

A luta contra a impunidade, impunidades dos poderes e dos poderosos, está se desenvolvendo nos quatros pontos cardeais do mundo. Oxalá possamos contribuir para desmascarar os defensores da impunidade, que hipocritamente gritam aos céus ante a falta de segurança pública, ainda que saibam que os ladrões de galinhas e os assaltantes de bairros são bons alunos dos banqueiros e dos generais recompensados por suas façanhas criminais.

Oxalá o próximo domingo confirme nossa fé em uma democracia sem coroas, nem as do uniforme militar, nem as do dinheiro.

Oxalá possamos envolver esta lei em papel celofane, em um pacote bem amarrado, com laço e tudo, para enviá-lo de presente a Silvio Berlusconi. Este grande mago da impunidade universal que já atravessou mais de 60 processos e não conhece nenhum cárcere nem sequer de visita, nos agradecerá o obséquio e seguramente saberá encontrar para ele alguma utilidade.

Oxalá.

A única coisa certa é que, aconteça o que aconteça, a história continuará, e continuará o incessante combate entre a liberdade e o medo.

Eu só quero invocar uma palavra, uma palavra mágica, uma palavra que abre portas, que é, quiçá, a mais universal de todas. É a palavra “abracadabra”, que em hebraico antigo significa: Envia teu fogo até o final. Como uma homenagem a todos os fogos caminhantes, que vão abrindo portas pelos caminhos do mundo, eu a repito agora:

Caminhantes da justiça,
portadores do fogo sagrado,
Abracadabra, companheiros!

(Versão do discurso pronunciado no Obelisco de Montevidéu, no fechamento da campanha contra a lei de impunidade, na noite do dia 20 de outubro)

Publicado originalmente no jornal La Jornada (México)

Tradução: Katarina Peixoto

Mostra Internacional de Cinema na Matilha‏



MATILHA RECEBE MOSTRA INTERNACIONAL DE CINEMA

A sala de cinema da Matilha faz parte pela primeira vez da programação da 33ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo e exibirá filmes de diversas nacionalidades em sessões gratuitas. Amanhã começa a corrida da Mostra! Quem vier à Matilha, poderá conferir fotos da exposição A HUMANIDADE EM GUERRA.

Programação dos filmes da Mostra que serão exibidos na Matilha Cultural nos próximos dias está abaixo. Para conferir programação completa, acesso o site da Matilha ou da Mostra Internacional.

Os ingressos serão distribuídos 1 (uma) hora antes do inícios de cada sessão.

Obrigad@!

Matilha Cultural

www.matilhacultural.com.br

www.mostra.org


23/10/09 sexta-feira

Sessão 106 - 14:00 - 1ª VEZ 16MM (1ª VEZ 16MM), de Rui Goulart (140'). PORTUGAL. Falado em português. Legendas eletrônicas em português. Indicado para: 12 ANOS.

Sessão 107 - 16:40 - RACHEL (RACHEL), de Simone Bitton (100'). FRANÇA, BÉLGICA. Falado em inglês, árabe, hebraico. Legendas em inglês. Legendas eletrônicas em português. Indicado para: 14 ANOS.

Sessão 108 - 18:40 - PROGRAMA DE CURTAS 6 (PROGRAMA DE CURTAS 6) (85'). Legendas eletrônicas em português. Indicado para: 16 ANOS.

Sessão 109 - 20:30 - HEIRAN (HEIRAN), de Shalizeh Arefpour (88'). IRÃ. Falado em farsi. Legendas em inglês. Legendas eletrônicas em português. Indicado para: 14 ANOS.

24/10/2009 - Sábado

Sessão 220 - 14:00 - HEIRAN (HEIRAN), de Shalizeh Arefpour (88'). IRÃ. Falado em farsi. Legendas em inglês. Legendas eletrônicas em português. Indicado para: 14 ANOS.

Sessão 221 - 15:50 - JOGO DUPLO (DOUBLE TAKE), de Johan Grimonprez (80'). BÉLGICA, HOLANDA, ALEMANHA. Falado em inglês. Legendas em inglês. Legendas eletrônicas em português. Indicado para: 14 ANOS.

Sessão 222 - 17:30 - HEMINGWAY, ADEUS (EDINSTVENATA LIUBOVNA ISTORIA, KOIATO HEMINGWAY NE OPISA), de Svetoslav Ovcharov (89'). BULGÁRIA. Falado em búlgaro, inglês. Legendas em inglês. Legendas eletrônicas em português. Indicado para: 14 ANOS.

Sessão 223 - 19:20 - TRIMPIN: O SOM DA INVENÇÃO (TRIMPIN: THE SOUND OF INVENTION), de Peter Esmonde (77'). EUA. Falado em inglês, alemão. Legendas em inglês. Legendas eletrônicas em português. Indicado para: 10 ANOS.

Sessão 224 - 21:00 - TEMPO SUSPENSO (HANGTIME - KEIN LEICHTES SPIEL), de Wolfgang Groos (95'). ALEMANHA. Falado em alemão. Legendas em inglês. Legendas eletrônicas em português. Indicado para: 12 ANOS.

25/10/2009 - Domingo

Sessão 327 - 14:00- VINTE (BIST), de Abdolreza Kahani (88'). IRÃ. Falado em farsi. Legendas em inglês. Legendas eletrônicas em português. Indicado para: 18 ANOS.

Sessão 328 - 15:50 - IMACULADA CONCEPÇÃO (THE IMMACULATE CONCEPTION OF LITLE DIZZLE), de David Russo (97'). EUA. Falado em inglês. Legendas eletrônicas em português. Indicado para: 16 ANOS.

Sessão 329 - 17:50 - HUACHO (HUACHO), de Alejandro Fernández Almendras (90'). CHILE. Falado em espanhol. Legendas em inglês. Legendas eletrônicas em português. Indicado para: 14 ANOS.

Sessão 330 - 19:40 - ALTIPLANO (ALTIPLANO), de Peter Brosens, Jessica Woodworth (109'). ALEMANHA, BÉLGICA, HOLANDA. Falado em espanhol, quechua, inglês, francês, farsi. Legendas em francês. Legendas eletrônicas em português. Indicado para: 12 ANOS.

Matilha cultural / Rua Rego Freitas, 542 / São Paulo - SP / Brasil / (11) 23562636 www.matilhacultural.com.br

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

O ponto de saturação - Por Saul Leblon



O ponto de saturação

Ataques ao governo Lula fazem parte da paisagem jornalística brasileira. Tornaram-se previsíveis como os acidentes geográficos; irremediáveis como o dia e a noite. Naturalizaram-se, a tal ponto que já se lê os jornais pulando essas ocorrências, como os olhos ignoram trechos vulgares de caminhos rotineiros. O que mais espanta, porém – e a cobertura da viagem do São Francisco reforça esse desconcerto - não é a crítica , mas o tom desrespeitoso desse jornalismo. Com a aproximação das eleições de 2010, ansiedade pelo fracasso recrudesceu. A tal ponto ela se tornou caricatural que já aparecem os primeiros sintomas de saturação. O artigo é de Saul Leblon.

Saul Leblon

“Alojamento de Lula tem risoto, uísque e roda de viola até a madrugada.” Sob esse título auto-explicativo, a Folha [edição de 16-10] resumiu em uma retranca o espírito da cobertura oferecida aos seus leitores durante a viagem de três dias feita pelo Presidente Lula às obras de interligação de bacias do rio São Francisco, uma das mais importantes do seu governo.

O propósito de diminuir e tratar o assunto com escárnio e frivolidade se reafirmou em legendas de primeira página ao longo da visita. No dia 15-10, o jornal carimbava uma foto de Lula e da ministra Dilma Rousseff pescando no São Francisco, em Buritizeiro (MG), com a chamada: 'Conversa de Pescadores' . A associação entre a legenda e o discurso da oposição, para quem as obras são fictícias e a viagem, eleitoreira, sintetiza o engajamento de um jornalismo que já não se preocupa mais em simular isenção.

No dia 17, de novo na primeira página , o jornal estampa a foto do Presidente atravessando o concreto ainda fresco sobre a legenda colegial: ‘A ponte do rio que caiu’. A imagem de Lula equilibrando-se em tábuas improvisadas inoculava no leitor a versão martelada em toda a cobertura: trata-se de uma construção improvisada, feita a toque de caixa, com objetivo apenas eleitoreiro. É enfadonho dizê-lo, mas o próprio jornal se contradiz ao entrevistar Dom Luis Cappio, o bispo de Barra (BA), um crítico ferrenho da obra. Segundo afirmou o religioso ao jornal, ‘as obras avançam como um tsunami’. Sua crítica recai no que afirma ser a ‘marolinha’ das medidas - indispensáveis - de recuperação ambiental do rio. Diga-se a favor do governo que estas, naturalmente, serão de implementação mais lenta, na verdade talvez exijam um programa permanente.

Como o próprio bispo de Barra esclarece, não se trata apenas de promover o saneamento de esgotos e dejetos nas cidades ribeirinhas, como já vem sendo feito, ineditamente, talvez, na história dos rios brasileiros de abrangência interestadual. O resgate efeitvo do São Francisco passa também pela recuperação das matas ciliares, prevista nas obras, mas remete igualmente à recuperação de toda a ecologia à montante e para além dos beiradões, inclusive as veredas distantes onde estão nascentes, olhos d’água, lagoas de reprodução destruídos pela rapinagem madereira e carvoeira. Só quem acredita em milagres pode exigir, como faz Dom Cáppio, que um único governo reverta essa espiral de cinco séculos de omissão pública da parte, inclusive, daqueles que demagogicamente criticam as obras hoje como ‘uma ameaça ao velho Chico’.

O único acesso que a família Frias ofereceu aos leitores para que pudessem avaliar a verdadeira dimensão da obra ficou escondido na página interna da edição do dia 17, na belíssima foto que ilustra a página 12. Ali, um Lula solitário caminha por um gigantesco canal de concreto que rompe o horizonte até lamber o céu sertanejo. Há um simbolismo incontornável na imagem de um Presidente que se despede diluindo-se em uma obra gigantesca. Ela consagra seu retorno à terra de onde partiu como retirante e para onde voltou, Presidente, levando água a quem não tem - compromissos mantidos, apesar de tudo.

A solenidade da foto contrasta com o tom de adolescência abusada da cobertura, o que impediria o jornal de utilizar a imagem na primeira página, embora do ponto de vista estético e jornalístico ela fosse muito superior à escolhida. Tanto que o editor da página 12 não se conteve e abriu cinco colunas para a fotografia.

Ataques ao governo Lula fazem parte da paisagem jornalística brasileira. Tornaram-se previsíveis como os acidentes geográficos; irremediáveis como o dia e a noite. Naturalizaram-se, a tal ponto que já se lê os jornais pulando essas ocorrências, como os olhos ignoram trechos vulgares de caminhos rotineiros.

O que mais espanta, porém – e a cobertura da viagem do São Francisco reforça esse desconcerto - não é a crítica , mas o tom desrespeitoso desse jornalismo. Nesse aspecto não houve rigorosamente qualquer evolução após seis anos em que todos os preconceitos contra Lula foram desmoralizados na prática. A retomada do crescimento com inflação baixa e maior equidade social, por exemplo, distingue seu governo positivamente da paz salazarista imposta pela ortodoxia tucana no segundo mandato de FHC. A popularidade internacional do chefe de Estado brasileiro constitui outro fato sem precedente, só suplantado, talvez, pela velocidade da recuperação da nossa economia em meio à maior crise do capitalismo desde 1930. Tudo desautoriza as previsões catastróficas das viúvas provincianas do tucano poliglota.

Mas se a realidade desmentiu o preconceito, em nenhum momento a mídia conservadora deu trégua a um indisfarçável desejo de vingança que pudesse comprovar a pertinência de uma rejeição de classe ao governo Lula . Com a aproximação das eleições de 2010, a ansiedade pelo fracasso recrudesceu. A tal ponto ela se tornou caricatural que já aparecem os primeiros sintomas de saturação.

Em artigo publicado no Estadão [19-10] o físico José Goldemberg, por exemplo, um quadro de extração tucana, saiu em defesa da construção de hidrelétricas pelo governo Lula, objeto de críticas estridentes de um jornalismo que prefere esquecer a origem do apagão em 2001/2002. Na área da saúde, o respeitado cardiologista Adib Jatene, que já foi secretário de Paulo Maluf mas supera qualquer viés político pela inegável competência científica e discernimento público, tem vindo a campo com freqüência defender a necessidade de um novo imposto, capaz de mitigar o estrago causado à saúde pública pela revogação da CPF. Mais uma ‘obra coletiva’ assinada pela mídia e a coalizão demotucana.

O economista Luiz Carlos Bresser Pereira, do staff serrista, foi outro a manifestar seu desagrado com o estado das coisas. Bresser, que já defendeu abertamente o projeto de Lula para o pré-sal, rechaçou a demonização do MST articulada pela mídia e ruralistas, por conta da derrubada de laranjeiras em terras públicas ocupadas pela Cutrale [artigo na Folha 19-10]. Pode ser apenas miragem do horário de verão, mas o que essas manifestações parecem indicar é uma rebelião da inteligência –ainda que avessa ao PT - contra a a idiotização da agenda nacional promovida pelo jornalismo demotucano.

A patogenia infelizmente não é privilégio brasileiro. Na Argentina, o cerco da grande imprensa ao governo Cristina Kirchner recorre a expedientes idênticos de mentiras, fogo e fel . Com Morales, na Bolívia, não tem sido diferente. Na Venezuela, há tempos, o aparato midiático tornou-se paradigma de um engajamento que atravessou o Rubicão do golpismo impresso para se incorporar fisicamente à quartelada que quase derrubou Chávez em 2002 . Enganam-se os que enxergam aí também a evidência de uma fragilidade congênita à democracia latinoamericana. Acima do Equador as coisas não vão melhores. O democrata Barack Obama é vítima de um cerco raivoso e racista de jornais e redes, como é o caso da Fox, do direitista Rupert Murdoch que detém também o Wall Street Journal.

A repetição e o alcance dos mesmos métodos e argumentos nas mais diferentes latitudes parece indicar que estamos diante de um fenômeno de recorte histórico mais geral. O fato é que o conservadorismo está acuado em diferentes fronteiras após o esfarelamento econômico e político do credo neoliberal. A falência dos mercados financeiros desregulados na maior crise do capitalismo desde 1930 já é reconhecida, à direita e à esquerda, como um novo divisor histórico. Corroído em seus alicerces de legitimidade pela falência de empresas, famílias e bancos, ademais do recrudescimento do desemprego e da insegurança alimentar - inclusive nas sociedades mais ricas - o conservadorismo vê sua base social derreter. A radicalização do seu ‘braço midiático’ soa como uma tentativa derradeira de reverter o processo ainda nos marcos da democracia, desqualificando o adversário mais próximos formado por partidos e governos progressistas. A radicalização é proporcional à ausência de um projeto conservador alternativo a oferecer à sociedade.

Abre-se assim uma etapa de absoluta transparência, uma radicalização aberta; um embate bruto de forças em que a mídia dominante não tem mais espaço para esconder os interesses que representa. Tampouco parece ter pejo em descartar uma neutralidade – que, diga-se, a rigor nunca existiu - mas da qual sempre se avocou guardiã para descartar a democratização efetiva dos meios de comunicação. A isenção parece, enfim, não representar mais um valor passível sequer de ser simulado.

A diferença entre o que acontece no caso brasileiro e o resto do mundo é o grau de envolvimento do governo na reação em sentido contrário a essa ofensiva. A liberdade de informação e o contraditório aqui respiram cada vez mais por uma rede de blogs e sites de gradiente ideológico amplo, qualidade crescente e capacidade analítica incontestável. Mas ainda de alcance restrito. O protagonismo do governo e o dos partidos e sindicatos que poderiam ir além na abrangência de massa, é tíbio. Na Venezuela não é assim. Na Bolívia – que acaba de criar um grande jornal diário de recorte progressista-- não está sendo. Na Argentina onde foi votada uma lei de comunicação que desmonta a estrutura monopolista do conservadorismo midiático, caminha-se também sobre pernas da urgência. Acima da linha do Equador a contundência das respostas oficiais destoa igualmente do acanhamento brasileiro. Na verdade, talvez a caracterização mais dura da decadência dos princípios liberais na mídia tenha partido justamente dos porta-vozes do governo Obama, Anita Dunn, Diretora de Comunicações do Presidente e David Axelrod,principal assessor de comunicação do democrata.

"A rede Fox está em guerra contra Barack Obama (...) não precisamos fingir que o modo como essa organização trabalha é jornalístico. Quando o presidente fala à Fox, já sabe que não falará à imprensa, propriamente dita. O presidente já sabe que estará debatendo com um partido da oposição", resumiu recentemente a atilada Diretora de Comunicações da Casa Branca. Numa escalada de entrevistas e disparos cuidadosamente arquitetados, Dunn e Axelrod falaram alternadamente a diferentes segmentos midiáticos de todo o país. E o fizeram com o mesmo propósito de colocar o dedo numa ferida chamada Rupert Murdoch. "Mr. Rupert Murdoch tem talento para fazer dinheiro, e eu entendo que sua programação é voltada a fazer dinheiro. Só o que argumentamos é que [seus veículos] não são um canal de notícias de verdade. Não só os âncoras, mas a programação toda. Não é notícia de verdade, mas é a pregação de um ponto de vista. E nós vamos tratá-los assim ", bateu Axelrod em seguida ao ataque de Anita Dunn.

O guarda-chuva dos ataques a Obama têm como alvo o projeto de reforma do sistema de saúde, que, entre outras medidas, quer colocar sob responsabilidade do Estado cerca de 50 milhões de norte-americanos hoje ao desabrigo de qualquer cobertura.

A defesa do livre mercado na saúde é só a ponta do iceberg do ataque midiático. Por trás desse biombo o que se move é uma engrenagem endogâmica em que se entrelaçam o fanatismo e o dinheiro da direita republicana, postados dentro e fora da mídia. Sua meta é clara: desconstruir e imobilizar o sucessor de George W. Bush. Não há muita diferença entre o que se passa nos EUA e a divisão de trabalho observada no Brasil, onde as rádios chutam o governo Lula abaixo da linha da cintura; os jornalões desgastam e denunciam, enquanto a Globo faz a edição final no JN, transformando o boa noite diário da dupla Bonner & Fátima uma espécie de ‘meus pêsames, brasileiros pelo governo que escolheram; não repitam isso em 2010’.

No caso dos EUA, um país visceralmente conservador e racista não há , a rigor, grande surpresa pelos ataques da Fox & Cia a um Presidente negro e democrata. O que surpreende, de fato, é que Obama está reagindo. E o faz com um grau de contundência que, oxalá, sirva de inspiração para que um dia também possamos ouvir nos trópicos um porta-voz do Presidente Lula dizer com igual limpidez e serenidade, sem raiva, mas pedagogicamente: "A Folha está em guerra contra Lula(...) não precisamos fingir que o modo como essa organização trabalha é jornalístico. Quando o Presidente fala à Folha já sabe que não falará à imprensa, propriamente dita. O Presidente já sabe que estará debatendo com um partido da oposição."

Fonte: http://www.cartamaior.com.br

A midia escondeu a verdade sobre Elinor Ostrom, Nobel de Economia

A midia escondeu a verdade sobre Elinor Ostrom, Nobel de Economia

O chamado Prêmio Nobel de Economia de 2009 mereceu destaque parcial porque foi destinado a uma mulher, mas a mídia brasileira e mesmo a internacional não ressaltaram com a devida ênfase o objeto dos estudos da premiada, a professora Elinor Ostrom (foto), da Universidade de Indiana (EUA).

O Prêmio Nobel de Economia, criado em 1969, foi concedido pela primeira vez a uma mulher. Elinor Ostrom, de 76 anos, doutora em ciência política e pesquisadora em gestão de recursos por comunidades. Ela dividiu o prêmio com Oliver Williamson, de 77 anos, professor da Universidade da Califórnia e doutor em economia. Ele estuda tomadas de decisão em empresas.

No ano da crise estrutural do capitalismo financeiro, o comitê de Estocolmo deixou de lado trabalhos focados em macroeconomia e em modelos abstratos.

Os vencedores desenvolveram pesquisas de campo que procuram compreender como as pessoas cooperam entre si fora dos mercados convencionais. Um dos fatores em comum entre os trabalhos é a questão da regulação.

Para o comitê do prêmio Nobel de Economia, que a rigor é instituído pelo Banco Central da Suécia (poucos sabem dessa importante condição), embora a teoria econômica tenha iluminado de forma abrangente as virtudes e as limitações dos mercados, tradicionalmente prestou menos atenção aos arranjos institucionais de iniciativa das comunidades interessadas.

O trabalho de Ostrom tem implicações em políticas ambientais e questões relacionadas ao aquecimento global. Seu trabalho derruba a tese de que, quando as comunidades administram recursos ou bens finitos, acabarão por destruí-los, e que o melhor seria uma regulação centralizada ou a privatização.

Com base em exemplos de gestão de áreas de floresta, suprimento de água e pastagens para animais no meio rural, Ostrom comprovou que a gestão comunitária pode ter resultados melhores do que o previsto pelo pensamento hegemônico.

Em entrevistas, a professora premiada comentou seu trabalho: "Desde que nós descobrimos que algumas vezes os burocratas não têm as informações corretas, enquanto cidadãos e usuários dos recursos têm, nós esperamos que isso ajude a encorajar um senso de capacidade e de poder" das comunidades organizadas.

Na prática, o trabalho de Ostrom indica que políticas públicas, principalmente ambientais, têm mais resultados quando são baseadas na colaboração entre as partes, e não na simples imposição de regras ou o cumprimento de critérios privatistas de gestão - conforme ficou consagrado nos últimos trinta anos de hegemonia cultural do neoliberalismo.

Em um trabalho de 2006, afirma que, quando os usuários estão engajados nas decisões referentes a regras que afetam a maneira como usam os recursos, a probabilidade de seguirem o que foi definido e monitorarem os outros é bem maior do que quando uma autoridade simplesmente impõe normas.

Redator: Cristóvão Feil

Fonte: http://www.novae.inf.br

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Gênova 2001: um século de prisão contra os "Black Bloc” - ANA



Gênova 2001: um século de prisão contra os "Black Bloc”

Um século de prisão para os manifestantes que "devastaram" e "saquearam" Gênova nos protestos antiglobalização do G8 de 2001

Na sexta-feira, 9 de outubro, dois dias após a absolvição do ex-chefe da Polícia italiana Gianni De Gennaro e do antigo responsável do Grupo Policial Antiterrorista da Itália (Digos) Spartaco Mortola de um processo sobre os distúrbios registrados na cúpula do G8 de 2001 em Gênova, ocorreram novamente as mais duras medidas, contra 10 citados membros dos "Black Bloc" : 98 anos e 9 meses de prisão, no seu conjunto. Prescrição e absolvição para 15 outros citados participantes nas "desordens", mas com a atenuante de terem reagido a uma carga ilegal da polícia [referente aos dissidentes do Tute Bianche, agora Disobbedienti].

Na segunda seção do Tribunal de recurso liguriano foi lido o veredicto, ao meio-dia: Vincenzo Puglisi foi condenado a 15 anos de prisão, Vincenzo Vecchi 13 anos e 3 meses, Marina Cugnaschi a 12 anos e 3 meses. "As penas a que condenaram estes jovens nem a assassinos costumam ser aplicadas...” , “Se esses jovens cometeram algum delito foi contra coisas, objetos, não contra pessoas","Engavetar 10 para dar lição a 10 milhões", foram alguns dos protestos que se ouviram da parte do público, na sala de julgamento do Tribunal.

Os advogados estão desconcertados e consideram a decisão "inacreditável" (esperada há 3 meses), apesar das considerações escritas do veredicto falarem por si, "sobre isto tinha a intuição, após as mais recentes sentenças, de que iria correr mal: mas neste caso há argüidos que foram condenados há mais de 10 anos por estragos de apenas uma vitrine! ", comentou o advogado dos réus Roberto Lamma.

Maria Rosaria de Angelo, Presidente do Tribunal, alterou parcialmente a decisão decidida em primeira instância em dezembro de 2007: o total das sentenças diminuiu pouco (10 anos menos), para um pequeno grupo, mas endureceu as penas contra os "Black Bloc".

Juízes confirmaram que a carga da polícia sobre a multidão, no dia 20 de julho, na via Tolemaide, foi ilegítima. Esse ataque contra a manifestação semeou um caos infernal, causando ainda a morte de Carlo Giuliani [assassinado pelos policiais, que utilizaram uma espingarda, durante a tentativa daquele de virar um jipe dos carabineiros (Polícia Militarizada)].

Massimiliano Monai, que esteve ao lado de Giuliani, no grupo de jovens que tentou virar o jipe e o tentou proteger da espingarda que o matou, foi condenado em primeira instância, a 5 anos de prisão, mas não irá cumprir a pena, por prescrição da mesma.

"Sinto-me honrado em ter participado, como homem livre, num dia de protesto contra a economia capitalista", disse Vincenzo Vecchi, pouco depois de ter ouvido a sentença.

Carlo Cuccomarino foi condenado a 8 anos, Luca Finotti a 10 anos e 9 meses, Alberto Funaro a 10 anos, Dario Ursino a 7 anos. Antonino Valguarnera, que tinha completado o serviço militar na Bósnia, antes do G8 e até foi condecorado, acusado de ter atirado coquetéis molotov, foi condenado há oito anos.

Texto lido por um anarquista durante o processo dos 25, em 7 de dezembro de 2007, na sala de julgamento do Tribunal de Gênova

Antes de tudo desejava fazer um parêntese: como anarquista, considero que os conceitos burgueses de culpabilidade ou de inocência são destituídos de sentido.

A decisão de desejar debater, no curso de um processo de “ações criminais que me são atribuídas” e a outras pessoas, sobretudo de exprimir idéias que caracterizem a minha maneira de ser e de perceber as coisas poderá ser objeto de interpretação errôneas: antes de mais nada é necessário precisar que o espírito dentro do qual eu fiz esta declaração,após anos de especulação midiática dos fatos que estão em discussão nesta sala e também que sou eu o porta-voz de outros inculpados.

Nesta breve declaração não procuro nem escapatórias nem justificações: é completamente absurdo que aqui decidam o que é legítimo para se revoltar ou não... nunca conseguirão impedir a revolta!

Relendo os fatos, numa certa ótica, com um certo tipo de linguagem (o da burocracia dos tribunais, para ser claro), não resistindo a considerá-los de maneira parcial, mas também em deformar a imagem, a disposição histórica, social e política, isso significará retirar os acontecimentos completamente de todo o contexto no qual foram produzidos.

O que me acusam neste processo, o delito de “devastação e saque”, implica na linguagem do código que “uma pluralidade de pessoas tomou posse de forma indiscriminada de uma quantidade considerável de objetos a fim de produzir uma devastação”. Penas muito elevadas são reclamadas para este tipo de delito, se bem que ele não se revista de ações particularmente odiosas ou atrozes.

Tenho sempre assumido a plena responsabilidade e as eventuais conseqüências das minhas ações, e confirmado a minha presença em 20 de julho de 2001 na jornada de mobilização contra o G8, melhor, honra-me ter participado como homem livre numa ação radica coletiva, sem nenhuma estrutura à minha volta.

E eu não estava só, estavam como eu centenas de milhares de pessoas, cada uma delas empenhando-se com os parcos meios para se opor a uma ordem mundial apoiada numa economia capitalista que se tem definido pela presença neoliberal... a famosa globalização econômica edificada sobre a fome de milhões de pessoas espalhadas pelo planeta, que obriga as massas ao exílio, para em seguida as deportar e as encarcerar, que provoca guerras e massacres de populações inteiras: é a isto que denomino, eu, devastação e roubo!

No curso desta enorme experiência a céu aberto, realizada em Gênova, (os meses anteriores e os seguintes onde se teve a “quermesse dos devastadores e saqueadores ao nível planetário”) que certos retardatários se obstinam a designar por gestão da rua, foi realizada uma ruptura tempo: a partir de Gênova, nada será como antes, nem nas ruas nem nos processos que surgirão de eventuais desordens.

Com tais veredictos, abre-se a via a um modus operandi que desenvolverá uma práxis natural em casos similares, quer dizer, carregar sobre a multidão de manifestantes para intimidar quem se atrever a participar em manifestações, comícios, passeatas...

...Eu não pretendo falar sobre as medidas preventivas contra o terrorismo psicológico, nem discutir o conceito de violência sobre aqueles que a perpetuam e que dizem que dela nos defendem etc. Não que eu tenha uma posição ambígua sobre o uso ou não de certos meios na luta de classes, mas porque não é este o lugar para desenvolver um debate que pertence ao movimento antagonista ao qual pertenço.

Uma observação a propósito do processo contra as forças da ordem¹. No julgamento das referidas forças, tenta-se fazer um sentido à justiça... Os procuradores têm buscado comparar a polícia e os manifestantes, em relação à violência entre eles, como se trata-se de uma guerra de gangues: sem rodeios, vou apenas dizer que eu nunca sonharia em beliscar sequer pessoa algemadas, ajoelhadas, nuas, numa atitude obviamente inofensiva na intenção de humilhá-las no seu corpo e na sua mente...

Agora estou acostumado a ser comparado a um provocador, um infiltrado etc. [acusações pronunciadas após Gênova pelos Tute Bianche, ATTAC etc. contra o Black Bloc] e mais ainda, ser comparado a um torturador de uniforme é realmente chocante! É digno de quem o formulou.

E, em seguida, realizar um julgamento contra a polícia e os carabineiros, só para dizer que estamos numa democracia, significa reduzir tudo a um punhado de desviantes violentos, por um lado, a um caso de excesso de zelo na aplicação do código, por outro.

Isso, além de ser sinônimo de pobreza intelectual, mostra quão pouco há motivo para perder tempo a fim de preservar a ordem atual das coisas.

Do meu ponto de vista, para processar a polícia paralelamente aos manifestantes significa investir as forças chamadas de ordem um papel importante nos acontecimentos. Isso significa devolver importância às pessoas que saíram às ruas para expressar o que pensavam desta sociedade, relegando-as ao seu papel de vítimas históricas de um poder onipotente.

Carlo Giuliani, como tantos outros dos meus companheiros, foi morto por ter expressado tudo isso com a coragem e dignidade que sempre caracterizaram os insubmissos a esta ordem das coisas.

Embora as relações entre os indivíduos sejam reguladas por órgãos externos, que representam apenas uma pequena minoria social, isso não vai durar.

E como eu não tenho ilusões, eu atribuo um significado preciso à palavra democracia: a idéia de que um representante da ordem estabelecida seja julgado por ter cumprido a lei faz-me sinceramente sorrir. O Estado julga o Estado, como diria alguém com um título adequado.

Haverá provavelmente condenações no nosso processo e eu certamente não as considerarei como um sinal de indulgência ou de uma cabala contra nós.

Elas devem, em todos os casos, ser consideradas como um ataque contra todos aqueles que de uma forma ou de outra, sempre terão de pôr em perigo as suas vidas a fim de transformar o existente da melhor maneira possível.

[1] Paralelo ao processo contra as 25 pessoas acusadas de "devastação e saque" que teve contra a polícia (e médicos) acusados das torturas mais graves nas casernas da Bolzaneto. Em 11 de março de 2008, os procuradores pediram quase 76 anos contra 44 argüidos (5 anos e 8 meses no máximo), sabendo que todos os crimes serão prescritos em 2009 e a data da sentença não está determinada.

Tradução > Liberdade à Solta

agência de notícias anarquistas-ana

Procurando pouso
Na rua movimentada,
Borboleta aflita

Edson Kenji Iura

Gambiarra - criatividade tática



Gambiarra - criatividade tática

Por Felipe Fonseca e Hernani Dimantas

A gambiarra aparece como a arte de fazer. A re-existência do faça-você-mesmo. Sem todo o ferramental, sem os argumentos apropriados, mas com o conhecimento acumulado pelas gerações. Fazer para modificar o mundo. Um contraponto ao empreendedor selvagem. Fazer para transformar aquilo que era inútil num movimento ascendente de criatividade. A inovação está presente no DNA pós-moderno, no pós-humano. Numa vida gasosa. Abrimos aqui parênteses para fazer uma crítica ao Bauman com suas diversas modernidades líquidas. O líquido se acomoda ao recipiente. Seja um copo, um vaso ou apenas a terra contra a qual o oceano se deixa existir. O gasoso flui no espaço, no tempo e no ser em existência. Não só líquida ou gasosa, a pós-modernidade é a multiplicidade de estados que se misturam, na confluência da Ipiranga com a São João, na co-existência de todos os níveis de desenvolvimento econômico e tecnológico. Uma gambiarra que remixa, modifica, transforma e se mistura.

Traço comum da inventividade cotidiana, do improviso, da descoberta espontânea, da transformação de realidades a partir da multiplicidade de usos. O mais trivial dos objetos, lotado de usos potenciais: na solução de problemas, no ornamento improvisado, na reinvenção pura e simples. O potencial de desvio e reinterpretação em cada uso. A inovação tática, acontecendo no dia a dia, em toda parte.

Gambiarra é um termo em português que no dicionário denota uma extensão elétrica, mas ali no mundo real adotou (naturalmente?) outro significado ao qual só podemos tentar aproximações: improviso, solução temporária, bricolage, desconstrução, precariedade. É tida como consequência de uma sociedade ainda não totalmente amadurecida: como não temos as estruturas apropriadas, as ferramentas adequadas, os profissionais especializados (ou o dinheiro para contratá-los), a gente improvisa. Desloca a finalidade desse e desse objeto, soluciona as coisas por algum tempo, e assim vai levando.

Mas a gambiarra é muito mais do que isso. O ideal de sociedade hiper-especializada, com conhecimento compartimentado, guardado em gavetinhas e vendido em embalagens brilhantes, já deu sinais de esgotamento. A aceleração da aceleração do crescimento econômico já começou a vacilar (e nem vamos falar em crise, ok?). O modelo de desenvolvimento do século XX não fechou a conta: os países ricos não conseguiram integrar as populações de imigrantes, criaram uma sensação de estabilidade e prosperidade totalmente ilusória, transformaram toda produção cultural e toda solução de problemas em comércio. Em nome do pleno emprego e de uma sociedade totalmente funcional, as pessoas comuns perderam uma habilidade essencial: a de identificar problemas, analisar os recursos disponíveis e com eles criar soluções. Em vez de usar a criatividade para resolver problemas, as pessoas pegam o telefone e o cartão de crédito. Todos vítimas da lógica do SAC!

Esse movimento embute a semente de sua própria reação. O faça-você-mesmo é a sequela dele. As novas gerações assumem a necessidade de ação. Não dá para ficar com a boca escancarada cheia de dentes esperando a morte chegar. Há que se fazer a diferença. Mesmo nos países ricos e nos centros urbanos brasileiros, a repressão ao impulso inventivo cotidiano causa uma insatisfação que acaba sendo canalizada para atividades criativas. Inventores e inventoras em potencial buscam reconhecimento e troca em seus pares, e a gambiarra renasce. A entrada das novas tecnologias nos tem aberto alguns espaços. As pessoas estão cada vez mais construindo atalhos para a participação em rede. Grupos de afinidade se encontrando para organizar hacklabs, iniciativas faça-você-mesmo, software livre, robótica de baixo custo, hardware aberto e experimentos de diversas naturezas. Nesse sentido, a gambiarra, nosso traço tão brasileiro da gambiarra, não é atraso ou inadequação, mas sim um aviso e um apelo ao mundo: desenvolvam essa habilidade essencial, e a sensibilidade que ela exige em relação a objetos e usos. Não se alienem de sua criatividade! Não acreditem nas estruturas do mundo ocidental que querem transformar a criatividade (as "indústrias criativas" e todas as suas falácias) em nada mais que um setor da economia, restrito e regulamentado. Criatividade não se trata de submissão individual ao mercado "criativo" que tudo transforma em produto, mas do estímulo à capacidade de invenção em todas as áreas.

A gambiarra ainda não virou produto. Precisamos resistir a isso. Nosso espírito antropofágico facilita, mas as tentação de uma sociedade plenamente consumista estão sempre na esquina (ali na frente do shopping center, pra ser exato). Curiosamente, não é a precarização das pontas que faz do mundo globalizado uma ameaça para a gambiarra. O perigo é justamente o outro lado: traz o espectro de um tipo burro de desenvolvimento para os quase-desenvolvidos. Não podemos acreditar demais no sonho civilizado de uma sociedade em que toda aplicação de conhecimento vira consumo, porque isso destrói o potencial de criação nas pontas que vai ser cada vez mais importante.

Da mesma forma, é também fundamental questionar o uso de um referencial da gambiarra como mero instrumento de renovação estética, sem tratar desse aspecto importante de entender a criatividade como processo distribuído e transformador. Fica no ar a pergunta de Aracy Amaral citada em artigo de Juliana Monachesi questionando a chamada "estética da gambiarra" na mostra Rumos Artes Visuais 2005-2006 – Paradoxos Brasil: "Seria uma circunstância necessária com que os artistas brasileiros se deparam para produzir ou trabalhar com o descarte tornou-se um maneirismo?”. A gambiarra não pode ser mero ornamento formal para ocupar galerias - para desenvolver toda sua potência precisa ser legitimada, perder a aura de atraso e envolver cada vez mais gente na perspectiva de criatividade tática. Essas são as bases da Gambiologia. Não pretendemos um elogio da precariedade, do que é abaixo do ideal, daquilo que está aquém. Não, estamos atuando e construindo um mundo em que toda condição é vista como abundância. Com o espectro da invenção latente no dia a dia, qualquer problema é pequeno. Basta exercitar o olhar.

Fonte: http://www.novae.inf.br/